Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 14
Capitulo Catorze




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Perto esta o Senhor do coração quebrantado e espírito contrito. Sl. 34-18

Três meses Depois
Lorena acordou em um rompante e correu para o banheiro debruçando-se sobre o vaso. Fraca, levantou-se lavando o rosto e a boca.
— Droga. Murmurou sendo atingida por outra ânsia. Momentos depois, tomou um banho relaxante que a ajudou se acalmar.
Quando chegou a Editora, ainda sentia o corpo mole, afetado pelas crises.
— Bom dia. Há que horas você chegou? Eva, sua colega de trabalho, falou colocando a bolsa sobre a mesa.
— Cedo. Lorena falou erguendo os olhos de um manuscrito para olha-la. _ Bom dia Eva.
— Você esta pálida. Esta tudo bem? Lorena levou as mãos as têmporas sentindo-se nauseada.
— Acho que estou ficando doente.
— Devia ir ao medico.
— Não posso. Preciso finalizar a revisão deste manuscrito hoje.
— Não acha que esta trabalhando demais? Talvez esteja precisando descansar um pouco. Ate na sua folga fica revisando este livro.
— Não tive escolha. Se não tivesse levado feito isso, não estaria terminando este livro. Murmurou voltando a digitar uma ultima observação. _ Serio, vou ficar bem.
— Você que sabe. Mas se não melhorar, deveria ir ao medico.
— Se não passar, eu irei. Concordou salvando o arquivo e levantando-se para ir a sala do chefe.
— Com licença. Terminei o livro. Avisou e ele fez um gesto para que ela entrasse.
— Ótimo. Bem a tempo.
— Eu disse que conseguiria. Ela relembrou.
— Eva. Seu patrão chamou e Eva entrou na sala. _ Dê andamento na produção do livro que a Lorena acabou de revisar. _ Você correu contra o tempo para finalizar este livro. Organize suas coisas e tire o restante do dia de folga. Parece que esta precisando descansar. Ele observou olhando sua expressão.
— Obrigada, mas estou bem.
— Mesmo assim, o dia é seu. Você merece depois de tudo.
— Obrigada. Ela falou seguindo para a sua, começando a organiza-la em seguida.

Pouco tempo depois, ela entrava de volta no apartamento. Jogando a bolsa no sofá, deu uma olhada ao redor decidindo que o melhor seria uma faxina pelo local já que havia negligenciado sua casa, na correria pra finalizar o livro.
— Certo. Mãos a obra. Murmurou trocando de roupa e colocando uma musica suave ao fundo. Começou colocando as roupas para lavar, limpando o quarto, a sala, a cozinha e o banheiro. Estava estendendo as roupas quando seu celular tocou.
— Oi Mãe. Falou prendendo o celular entre o ombro e o ouvido.
— Lorena, esta na Empresa? Queria almoçar com você hoje. Ela pegou olhos as horas no celular contado que já era uma da tarde e só então notou que estava faminta.
— Mãe estou em casa. Falou. _ A senhora pode vir ate aqui? Eu vou pedir comida para nós duas.
— Deixa que eu levo.
— Esta bem. Ela concordou apressando-se em terminar a roupa e tomar um banho.
.................................
— Você esta mesmo com fome. Sua mãe observou ao vê-la comer com vontade.
— Eu perdi a noção da hora limpando a casa. Alem do mais, é minha primeira refeição hoje. Comentou.
— Não esta comendo? Por que?
— Acordei me sentindo mal e não consegui comer nada. Deve ser estresse por causa do livro, mas agora que acabei, estou melhor.
— Há quanto tempo você esta assim? Rute perguntou a analisando.
— Alguns dias. Deu de ombros tomando um pouco de suco. _ Estou bem mãe. Não se preocupe.
— Esta bem, mas se voltar a passar mal, nada de ficar protelando. Me ligue e eu vou com você ao medico, a hora que for entendeu? Insistiu e ela acenou.
— Sim senhora. Brincou batendo continência. _ Obrigada. Rute sorriu e voltou a comer.
— Tem falado com o Rafael? Ela acenou concordando. _ Como ele esta?
— Bem.
— Por quanto tempo mais ele vai ficar la?
— Mais dois meses. Esta quase acabando. As duas continuaram conversando ate que Rute, após um café, olhou o relógio abismada notando que a tarde inteira havia passado, levantou-se pronta para ir embora.
Lorena jogou-se na cama, sentindo o corpo cansado, pegou no sono em seguida.
E como em uma espécie de Dejavu, Lorena se pegou mais uma vez debruçada sobre o vaso no banheiro.
Um pouco mais calma, lavou o rosto e escovou os dentes voltando a deitar-se. Respirando fundo e controlando a vontade de chorar, tateou pela cama procurando o celular.
— Mãe, pode vir aqui? Perguntou apertando o cobertor. _ Eu não acordei me sentindo bem, e vou ao medico.
— Claro. Já chegou ai. Sua mãe respondeu do outro lado e desligou. Obrigando-se a levantar, pegou uma roupa qualquer e se vestiu fazendo um coque meio solto nos cabelos longos.
Estava na sala quando a campainha tocou e ela saiu pendurando a bolsa no ombro.
— O que você esta sentindo, filha?
— Enjoo, mal estar, uma ânsia muito forte e minha cabeça parece que vai explodir. Falou enquanto as duas caminhavam para a garagem.
Rute dirigiu em silencio, enquanto Lorena encostava a cabeça no banco, com os olhos fechados.
Não demorou e logo ela estava sendo atendida.
Após alguns conversar com o medico e alguns exames, as duas esperavam na sala de espera quando a enfermeira chamou o nome dela.
— O resultado do seu exame chegou Lorena.
— O que eu tenho doutor?
— Você está grávida. Meus parabéns. O médico disse sorrindo e Rute abraçou Lorena emocionada.
— Parabéns filha.
— Grávida? Tem certeza? Lorena perguntou atordoada.
— Sim. Aqui está o resultado do exame. O medico falou lhe entregando o exame e Lorena apertou o envelope contra o peito.
— Eu vou pedir uma ultrassom ainda hoje, tudo bem?
— Sim, mas... Doutor, eu estava me prevenindo. Como isto aconteceu?
— Nenhum método é 100%.
— Entendi. Murmurou ainda atônita.
— Vamos fazer a ultrassom? O medico perguntou levantando-se.
— Sim, claro.
— Deite-se aqui. Pediu indicando a maca.
Lorena respirou fundo sentindo o medico erguer sua blusa e depositar um gel gelado em sua barriga.
— Aqui esta. Ele disse apontando na tela. _ E este é o coração dele.
— Tão rápido. Lorena murmurou invadida por um sentimento novo e desconhecido e lagrimas escorreram dos seus olhos. Aquele som parecia tornar tudo real.
— Você esta com treze semanas de gestação. O doutor explicou. _ Primeiro neto? O medico perguntou simpático ao ver Rute chorar emocionada.
— Sim. Me desculpe doutor, é que eu estou muito emocionada.
— Esta tudo bem. E você mamãe, como se sente?
— Surpresa. Lorena falou sem conseguir acreditar.
— Entendo. Esta gravidez não estava nos planos?
— Definitivamente não. O medico a olhou. _ É complicado. Justificou
— Esta tudo bem com você e o bebê. Pode levantar. Pediu lhe entregando folhas de papel toalha e voltando a sua mesa. _ Eu vou receitar uma vitamina que vai ajudar na formação do feto, a partir de hoje você vai precisar fazer consultas mensais para a gente poder acompanhar o desenvolvimento gestacional.
— Esta bem. Obrigada doutor. Concordou pegando a receita.
— Mantenha uma alimentação saudável, exercícios leves e oito horas de sono.
— Que bom que você falou doutor por que ela foca tanto no trabalho que esquece de si mesma.
— Mãe. Lorena falou envergonhada.
— Descansar é importante Lorena. Aqui. Tire o dia de folga hoje e descanse. Ele falou entregando o atestado.
— Obrigada. Ela agradeceu mais uma vez.
— Não esqueça de marcar seu retorno daqui a trinta dias. Pediu finalizando a consulta.
— Claro. Obrigada.
Elas saíram do consultório em silencio. Lorena perdida em pensamentos e Rute respeitando seu espaço.
— O que vai fazer agora? Rute perguntou dirigindo de volta.
— Eu não sei, preciso de um tempo para digerir a novidade.
— Estou tão feliz Lorena. Vou ser a avó mais boba do mundo. Disse tocando a barriga dela, enquanto estavam paradas no sinal vermelho e Lorena sorriu imaginando a cena. _ Precisa contar ao seu marido, filha.
— Eu sei mãe. Como a senhora acha que ele vai reagir? Perguntou olhando para a mãe.
— Acho que ele vai ficar feliz.
— Se ao menos ele estivesse aqui... Suspirou. _ Estou com medo de como ele pode reagir.
— Esta se preocupando a toa Lorena. Rute falou estacionando o carro na garagem. _ Vamos, eu vou preparar um café reforçado para vocês, afinal, agora você precisa comer por dois. Lorena sorriu ante o carinho e cuidado.
— Obrigada mãe. Vou avisar a Editora que não irei hoje.
— Faça isso.
Rute foi embora pouco depois do almoço após deixar varias recomendações e Lorena a abraçou apertado.
— Obrigada mãe. Por tudo.
— De nada meu tesouro. Respondeu usando o apelido carinhoso e Lorena sorriu fechando a porta.
— E agora? O que vamos fazer? Sussurrou alisando a barriga. _ O seu pai vai surtar quando souber. Suspirou. _ Devemos contar a ele? Perguntou e o silencio reinou. Ela sorriu notando que conversava com seu bebê, seu frágil e minúsculo bebê, que crescia protegido em seu ventre.
Lorena tomou um longo banho, secando os cabelos calmamente enquanto tentava decidir o que fazer. Como que resolvendo seu impasse, o celular tocou em uma chamada de vídeo e ela respirou fundo antes de atender.
— Oi amor.
— Oi. Rafael falou do outro lado. _ Tudo bem?
— Sim. Estava secando os cabelos. Mas que bom que você ligou.
— Por que? Alguma novidade?
— Sim. Eu tenho algo para te contar.
— O que é? Ele perguntou e ela ficou a olha-lo. As palavras presas na garganta. _ Diga. Rafael incentivou do outro lado.
— Lembra daquele livro que eu disse que estava consumindo meu tempo? Terminei de trabalhar nele ontem. Desconversou torcendo para ele acreditar.
— Que bom amor. Ele falou e sorriu para ela.
— Estou contando os dias para você voltar.
— Em breve. Voltou a prometer.
............................
— Falou com o Rafael? Rute perguntou passando uma camiseta. Ela foi vê-la no dia seguinte logo após o trabalho e insistiu em fazer o trabalho, alegando que ela deveria evitar esforços. A contra gosto, Lorena concordou quando ela ameaçou ficar chateada por não poder ajudar.
— Eu não consegui falar na hora. Travei. As palavras não saíram.
— Você ficou nervosa?
— Fiquei. Mas não é só isso. Mãe, eu acho não posso contar assim, por telefone. 
— Então o que vai fazer? 
— Eu vou para Londres. Sua mãe a olhou surpresa. _ Só por alguns dias, já conversei na Editora e vou pegar meus dias de folga que eles estavam me devendo.
— Será que o Rafael conhece alguma pousada de confiança por lá para te indicar?
— Na verdade, eu não vou dizer a ele que estou indo. Quero fazer uma surpresa. 
— Mas você não precisaria de um passaporte para ir até lá?
— Eu já tenho um mãe. Tirei no fim do ano quando não tinha certeza se ele poderia vir nas férias, então me preparei para ir. Sua mãe a olhou atordoada. 
— Então você vai mesmo? Já esta tudo decidido.
— Sim. Disse abrindo o notebook e acessando o site de busca por passagem. _ Só preciso comprar minha passagem e fazer a mala.
— Esta bem. Eu vou fazer um chá para nós duas. Avisou e Lorena concordou com um aceno de cabeça.
— Nada ainda? Rute perguntou lhe entregando uma caneca de chá e provando o seu. 
— Estão muito caras para meu orçamento. Ela deixou o ar sair de seus pulmões, frustrada. _ Talvez eu deva só ligar para ele e contar, será bem mais barato. Murmurou contrariada.
— E enlouquecê-lo por telefone? Toma. Disse lhe entregando o cartão. 
— Mãe. Lorena falou surpresa.
— Compre a passagem de ida e volta.
 _ Não posso fazer isso.
— Pode sim. Anda logo. Você precisa estar para o caso dele surtar com a notícia.
— A senhora acha? Ela perguntou preocupada.
— Ele vai se surpreender, com certeza, mas vai ficar tudo bem. 
— Obrigada mãe. Falou dando um beijo estalado no rosto da mãe. _ Eu vou pagar de volta, prometo.
— Você vai ter coisas mais importantes para se preocupar a partir de agora. Falou espalmando a mão sobre a barriga dela e ambas sorriram emocionadas.
— Obrigada mãe. Por tudo. Lorena a abraçou chorando.
— Não chore, meu tesouro. Apenas tome cuidado na viagem e me ligue assim que chegar lá.
— Está bem mãe. Obrigada.
— Vou ficar esperando. Falou e ela concordou mais uma vez tentando acalmar as batidas do coração.
— Não posso acreditar. Lorena falou com um sorriso ansioso e os olhos alarmados. A realidade tomando conta de sua mente e de seu coração. Ela estava grávida e iria ao encontro do seu marido. _ Eu vou mesmo para Londres.


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Notas finais do capítulo

*E então? Gostaram da noticia?*



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