Ele nunca tivera muito para oferecer a ela.

Ele era um ex-ninja rebelde, que carregava o peso dos seus antigos pecados nas suas costas, enquanto vagava em busca de redenção. Ele era um homem quebrado, ainda sangrando das feridas que ele tentara esconder quando jovem, as feridas que ele ganhara quando era uma criança.

Ele era um falcão sem ninho, sem descanso. Sempre viajando, sempre partindo. Ele não poderia oferecer a ela o que os seus amigos, e os maridos de suas amigas ofereciam. Ele não poderia prometer a ela incontáveis manhãs acordadas ao lado um do outro. Ele não podia prometer a ela atividades cotidianas maçantes passadas juntas. Ele não podia prometer a ela ser um parceiro perfeito, ou até mesmo um na média. Ele não podia prometer estar ao lado dela todo o tempo, ou ser aberto e compartilhar seus segredos obscuros com ela.

Se ele fosse se comprometer com ela, ele poderia oferecer apenas o seu coração.

Para Sakura, isso seria suficiente.

Ela o receberia e o abraçaria com sua necessidade de espaço, seus segredos, seu comportamento incomum e sua personalidade desafiante. Ela o amaria com suas falhas, assim como ela sempre o amara, os anos passados com ele sendo um criminoso foragido acabaram se tornando uma dura experiência que eventualmente deixou seu coração mais forte, e ela estaria contente em apenas ter o seu amor como recompensa.

Pois Sakura poderia oferecer muito mais.

Ela podia dar a ele tempo e espaço. Atenção e compreensão. Ela podia dar a ele amor incondicional, e aceitá-lo do jeito que ele era. Ela podia dar a ele um lar. Uma família. E no fundo ela ia dizer a si mesma que tudo isso seria suficiente.

Mas ainda assim ele sempre partia. Tão facilmente como um pássaro abre as asas e voa para o próximo galho de árvore, deixando-a para trás mais uma vez. E ela não podia evitar ficar se perguntando, não podia manter a insegurança à distância.

Talvez para ele não fosse o suficiente.