Acordei com o sol batendo na minha cara. Estiquei meu braço para poder alcançá-lo, mas ele não estava do meu lado, abri os olhos e em seu lugar descansava uma rosa e um bilhete. Eu o abri.

"Sinto muito por ter que ir embora assim, queria ficar mais, só que eu não poderia. Te amo muito. Seu B.K."

Meu! Suspirei. Fazer o que? Ele precisa trabalhar e... Ok, chega, se continuasse a pensar eu iria me irritar. Olhei no relógio, passava do meio dia. Ótimo! Vou chegar atrasada se não me arrumar logo. Levantei num pulo, peguei minhas coisas e sai de lá correndo. Mesmo assim, tive uma quinta-feira ótima. Acabei adiando o compromisso com a Judy, que ficou para sexta depois do meu turno. Fomos ao shopping e entramos na loja de roupas formais. A formatura seria daqui uma semana.

- Esse rosa ficaria lindo em você! - Judy disse agarrando um vestido rosa bebê cheio de rendas e frufus. Eu a encarei. Ela sorriu. - Estou brincando! - e jogou o vestido horrendo de lado. Caminhei mais um pouco e assim que vi um vestido roxo com detalhes de renda preta eu parei.

- Vai ser este. - eu disse puxando ele da arara. Judy o analisou rapidamente.

- É bonito, só temos que ver se vai ficar bom em você. - e continuamos caminhando até Judy encontrar um que ela gostasse. Era um vestido verde comprido com detalhes de pedrarias. Fomos ao provador. Eu tinha certeza que o vestido iria ficar bom e mim, e o maldito não ficou! Eu precisava de mais busto para usá-lo.

- Merda! - reclamei enquanto me olhava no espelho, e a invejava por ter ficado perfeita naquele vestido. Ruivas ficam lindas com verde.

- Calma, você vai achar um legal. Que tal dar uma olhada nos vestido mais curtos? - ela disse enquanto ia tirar o vestido perfeito. Fiz o que ela disse. Olhei, olhei e olhei, foi um dos últimos que me chamou atenção. Ele era de cetim preto, tomara que caia e com recortes na saia em crepe branco. Era lindo, mas não levei fé, vai que fica igual o outro? Mas mesmo assim fui experimentá-lo. O maldito entrou perfeitamente.

- E então?

- Garota! Perfeito! - Judy disse sorrindo. - Você vai ter que ficar com esse!

- Eu não sei, talvez eu...

- Ela vai levar esse! - Judy disse á atendente da loja.

- Mas Judy...

- Está perfeito Cass. - ela sorriu e me convenceu.

No sábado era meu aniversário, 12 de novembro, o dia mais estranho da minha vida.

Quando acordei senti cheiro de pão de queijo, segui o maravilhoso cheiro e dei de cara com Shane. Era ele que estava fazendo aquela comida deliciosa.

- Você sabe cozinhar?

- Mas é claro, sei também lavar, passar, limpar e um monte de coisas... - ele disse. Eu sorri.

- Interessante. - ele pegou alguma coisa que estava em cima da geladeira, era um embrulho, ele me entregou.

- Não precisava. - eu disse.

- Precisa sim, e eu ainda não assisti esse, quem sabe a gente pode ver hoje á noite, bem, se não fizer nada... - ele disse enquanto eu abria o embrulho, era um DVD, a lenda do cavaleiro sem cabeça, era um clássico e tanto. Eu o procurei por meses.

- Uau! Onde você conseguiu? Eu procurei muito por essa belezinha aqui.

- Hm, comprei de um amigo. - ele disse dando uma piscadinha. Eu sorri e o abracei agradecendo. O forno apitou avisando que os pães de queijo estavam prontos.

Ganhei um notebook de presente do Dean e da mamãe. Um presente e tanto! Eu não estava afim de festa, nem nenhuma comemoração, então combinamos de á noite assistirmos o filme que ganhei de Shane. Foi aí que meu dia acabou.

Eu fui preparar pipoca na cozinha, a campainha tocou, e como eu não estava esperando ninguém nem me importei. Assim que terminei fui com a tijela de pipoca para a sala, mas assim que vi uma garota loira ali, sentada, com minha mãe abrançando-a, foi aí que percebi que a tijela caiu no chão. Elas olharam para mim.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei.

- Ela está me explicando isso agora, se você não se importar. - minha mãe disse. Curta e grossa. Me calei e esperei a maldita falar alguma coisa. Será que o nariz dela ainda está torto? Ri internamente. Voltei a prestar atenção naquela garota.

- Ela então mandou eu ir embora. Minhas amigas não podiam me ajudar, então pensei em você tia... - Amber disse soluçando.

- Oh querida, tudo bem, você pode ficar, onde cabem 5 podem caber 7. - ela disse sorrindo. Ok, minha mãe não sabia fazer conta ou o que?

- Cinco? - Amber perguntou olhando em volta.

- Eu também estou grávida! - minha mãe disse sorrindo.

- Também? - tive que interferir. Minha mãe me encarou. Ela sabia do meu ódio extremo por aquela garota mimada.

- Precisamos conversar. - ela se levantou e me levou para a cozinha.

- Mãe? Qual é o seu problema? Ela vai ficar mesmo aqui?

- Vai sim, e você vai aceitar isso numa boa. A garota precisa de ajuda, todos iremos ajudá-la, ok?

- E porque a mamãezinha dela ou o papaizinho não ajuda ela?

- Ter uma filha grávida aos 17 não é fácil. Logo, acredito, eles a aceitarão.

- E se eu tivesse grávida? Faria o mesmo? - ela me encarou.

- É claro que não querida. - me abraçou e beijou meu rosto. - É por isso que ela vai ficar. - então foi em direção á sala. Mas parou no meio. - É melhor você limpar logo aquela sujeira. - e ela se foi. Ótimo! Muito legal!

Juntei toda a bagunça. Minha mãe foi fazer algo para Amber comer. A história do filme broxou, mas mesmo assim eu iria assistir, Shane se juntou a mim no sofá.

- Ela vai dormir no seu quarto. - minha mãe apareceu do nada na frente da TV.

- Não vai não, porque ela não dorme no sofá ou no quarto do Shane?

- Porque ela é visita, se dá o melhor ás visitas Cassie. - eu a olhei com cara de deboche. - Não me olhe assim mocinha!

- Ok, então eu durmo no quarto do Shane... Não gosto de dividir o mesmo espaço com aquela garota. - ela só me encarou com os olhos semicerrados.

- Tudo bem, como você quiser. - e simplesmente saiu.

- O que? Ela não vai reclamar? O que está acontecendo aqui? - falei comigo mesma.

- Da onde você tirou tanto ódio, hein, Cass? - Shane perguntou.

- Você ainda não sabe de nada... Bem, já que seremos companheiros de quarto, antes de dormir eu te conto. Agora, deixa eu ver o Deepzinho, tá!

Assim que o filme terminou, peguei meus lençóis e fui me instalar no quarto dele. As paredes eram claras e haviam duas camas, uma em cada lado do quarto, e no meio um guarda-roupas.

- Você não ronca né? - perguntei.

- Não. Você não peida, né? - eu o encarei.

- Não. - respondi. Ele tem problemas?

- Então ok. - ele disse rindo. Assim que me deitei ele fez eu contar os motivos. Contei tudo o que vocês sabem.

- Agora você me entende? - perguntei.

- Não. - ele disse.

- Como não? - ele gargalhou. Se levantou, se agachou perto da minha cama e pegou na minha mão.

- Relaxe, irá ficar tudo bem... - ele disse. Era o que eu precisava ouvir. Eu sorri.

- Boa noite. - soltei sua mão e me virei, ignorando-o. Ele riu.

- Boa noite, só não quebre meu nariz durante a noite. Eu gargalhei. Pelo menos o meu aniversário terminou com uma risada minha.