A tenente Ino Yamanaka estava na sede do 1º esquadrão aguardando o capitão chegar. O tom da mensagem dele através da borboleta infernal expressou bastante urgência. A ceifadora aguardava com ansiedade a chegada de seu superior, que normalmente era tão relaxado e de bem com a vida. Se ele chegou a demonstrar preocupação, isso certamente era um sinal de que deveria tratar-se de algo grande.

Havia flores ao redor do cômodo no qual a Divisão 1 se reunia, flores essas que Ino regava além da necessidade. Ela segurava o borrifador e observava a água caindo sobre as pétalas, mas o pensamento estava ainda na mensagem do capitão. 

— Ino! O que cê tá fazendo? Você é sempre tão cuidadosa com as flores! — Essas palavras foram ditas por um homem alto e barbudo que tinha nas mãos um cigarro. Este era Asuma Sarutobi, capitão da 1ª Divisão. 

— Oh, capitão Sarutobi! Desculpe. É que eu estava ansiosa por causa da mensagem que o senhor mandou e acabei perdendo o foco. — Confessou a tenente, sem se prolongar. Ela apenas desejava que fossem direto ao assunto.

Asuma não gostava muito de falar com seriedade, mas em alguns momentos se fazia necessário, afinal. Ele assentiu e suspirou fundo. Em seguida, disse:

— Tudo bem, tudo bem. Vamos entrar na sala do esquadrão e conversar. 

— Sim, senhor. — Ino tentou sorrir para amenizar um pouco a tensão, pois sabia que Asuma ficava desconfortável quando precisava agir como o capitão do Gotei 13 que de fato ele era.

Uma vez que os dois encontravam-se devidamente acomodados, sentados um de frente para o outro e com uma mesinha de madeira entre eles, Asuma designou para a sua tenente uma missão:

— Ino, existe uma movimentação incomum vindo da cidade japonesa Kyoto. O capitão comandante deu-me a ordem de enviar você até lá para investigar, levando em conta as suas capacidades e o tipo de poder mental que existe na sua Zanpakutou. Em missões para coletar informações é perfeita. — Ele falava e tinha a total atenção de Ino. — Fiquei um pouco receoso, mandar você pra averiguar algo desconhecido e que pode ser perigoso. Conheço a sua força, mas não conhecemos a do inimigo.

Embora a preocupação também tenha acometido a tenente, ela procurou manter a pose e passar segurança. Se o capitão comandante Hashirama Senju acreditava no potencial dela, então talvez ela mesma devesse ter mais fé em si também.

— Pode confiar em mim, Capitão! Eu dou conta. 

— Assim que se diz! E eu confio! Mas, de qualquer forma, o próprio senhor Senju preferiu que houvesse mais alguém envolvido nessa missão. Agora mesmo o capitão Hatake da 5ª Divisão tá conversando com o tenente dele. 

Ino pensou um pouco sobre a informação que acabara de receber. O tenente do 5º esquadrão era... Sasuke Uchiha, não?! 

Os dois cursaram a Academia Shinigami juntos e pairava entre eles um ar de competição. 

Apesar disso, naquela época ela almejava fazer amizade — e secretamente até tinha uma quedinha por ele —, tinha o desejo de deixar a disputa somente no plano da vida acadêmica e profissional. Todavia, nas vezes em que Ino tentou aproximação, Sasuke a afastou e até destratou.

O clima acirrado entre os dois perdurou por todos os cem anos que se passaram desde então. Havia implícita uma competição sobre quem chegaria primeiro na posição de capitão. 

— Ino?! Você de repente começou a viajar! — Asuma comentou, rindo. As bochechas de Ino tingiram-se de rubor, o que somente aumentou a diversão dele. 

— Perdão, capitão Sarutobi! É que eu e o tenente da 5ª Divisão não temos uma boa relação. 

— Infelizmente, é ordem direta do capitão comandante. Vocês vão ter que dar um jeito de deixar as diferenças de lado. — Ele fez um gesto positivo com o dedo polegar e logo se levantou. — Bom, é isso. Esteja pronta em uma hora. O tenente Sasuke virá te encontrar aqui e vocês partirão. Se cuide, Ino. E dê o seu melhor pelo bem do mundo dos vivos e também da Soul Society!

Ino assentiu com vigor e se manteve ali olhando-o partir. Aproveitaria a hora restante para colocar em dia uma papelada que estava pendente, mas antes deu uma olhada no espelho para ajeitar os fios amarelos clarinhos do cabelo dela. Ainda piscou para o reflexo. Ela tinha consciência de que era uma linda mulher e também do poder existente em seus grandes olhos azuis. 

Por fim, a tenente deu início ao preenchimento dos formulários, mas por mais que tentasse se controlar, acabou perdendo-se em pensamentos sobre a missão. 

Encontraria Shikamaru Nara, um humano com muitos conhecimentos espirituais, para obter um gigai e utilizá-lo no tempo livre para conhecer Kyoto, que possuía a fama de ser encantadora. Mal via a hora de fazer compras por lá! Será que Sasuke iria querer um corpo falso também para aproveitar a cidade? Quem sabe até na companhia dela?! Essa ideia provocou certo frio na barriga da ceifadora. 

Ao constatar que estava perdendo o foco sobre o objetivo da missão, concluiu que também iria fazer perguntas a Shikamaru e verificar se o jovem tinha informações.

Tão envolvida nos afazeres e nos próprios pensamentos, uma hora passou voando.

Em exatos sessenta minutos após Asuma despedir-se de Ino, um homem alto e magro de pele clara e cabelo escuro atravessou a porta da sede do 1° esquadrão. Ino estremeceu.