Christmas Week 2: Olicity Version escrita por Ciin Smoak, Regina Rhodes Merlyn, Buhh Smoak, Thaís Romes, Ellen Freitas, SweetBegonia, MylleC


Capítulo 1
The First Christmas - Buhh Smoak


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras lindas.
Estou muito feliz por fazer parte desse projeto e tenho que admitir que ele veio em boa hora para me motivar a continuar escrevendo as minhas fics. É uma honra estar acompanhada de autoras tão maravilhosas e cheias de talentos. Espero que gostem da fic que eu escrevi para vocês. Ela fala de amor, de perdão e principalmente de nunca desistir.
Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785033/chapter/1

23 de Dezembro de 2015

Felicity mal conseguia enxergar o chão por causa das lágrimas que se acumulavam em seus olhos, mas ela tinha que ir embora daquela casa enquanto ainda tinha fôlego. Nunca se arrependeu tanto por ter aceitado o convite para passar o natal com a família de Oliver, em quase três anos de relacionamento ela se sentia muito ingênua por achar que Moira a receberia de braços abertos com o histórico que tinham de brigas e desentendimentos.

Ela estava no limite a muito tempo, mas depois de todos os desaforos que ouviu aquela noite e os planos que Moira tinha traçado para sua filha em colégios em lugares que ela nem mesmo sabia onde ficava, não iria aturar mais nenhum tipo de afronta. Não adiantava falar ou dizer que ela não mudaria sua maneira de criar a filha, aquele inferno nunca teria fim enquanto Moira estivesse por perto.

Respirou fundo antes de entrar no quarto onde a filha dormia e precisou de todo o esforço possível para não perder o pouco de controle que ainda tinha. Estava juntando suas coisas e as da filha para que fossem embora quando sentiu a presença de Oliver, olhou para a porta e ele estava a olhando do mesmo modo quando estava discutindo com sua mãe, implorando para que ela suportasse um pouco mais.

— Chega, Oliver. – continuou colocando tudo dentro da única mala que tinha levado. Parecia que estava adivinhando que não ficariam muito tempo.

Ela não disse nada até que terminasse de juntar tudo e vestisse seu casaco para finalmente ir embora.

— Eu levo vocês.

— Não precisa.

— Felicity.

— Eu disse que não precisa. – falando alto, o que fez a Mia se mexer. – Shii, meu amor. Já vamos para casa. – a pegando no colo. 

Felicity olhou para ele e entrar em uma nova briga não estava em meus planos. O cansaço mental que aquela relação tinha causado fazia com que ela não quisesse falar mais nada nem com o homem que amava. Já estavam por um fio antes de chegar naquela casa e não precisavam de muito para saber que o ponto final tinha finalmente chegado.

— Eu aguento os desaforos da sua mãe a anos. – tentando falar baixo para não acordar Mia. - Desrespeito, sarcasmo e intolerância. E foi pelo amor que tenho por você que eu me mantive firme, mas chega. Ela fez todos meus amigos serem demitidos a ponto de irem embora de Starling porque ela sabia que isso me afetaria. Fez com que a Palmer me mandasse embora depois que ela espalhou para todos o meu passado como hacker. O que mais você quer que eu faça Oliver? Eu estou ficando doente por conta de tanto estresse e enquanto continuarmos juntos esse inferno nunca mais vai ter fim. - perdendo o fôlego, o choro estava prestes a escapar. – Amo você, mas sua mãe destrói tudo aquilo que não pode ser manipulado por ela e não vou permitir que ela destrua o amor que sinto por você. Mesmo que para isso eu tenha que ser somente a mãe de sua filha.

Seguiu para a porta onde ele continuava a encarando, agora com os olhos cheios de lágrimas. Parou na sua frente sentindo meu coração acelerar. Ele fez carinho no cabelo de Mia e muitas memórias do mesmo tipo de afeto veio na mente de Felicity, nos momentos em que estavam somente os três. Levantando o olhar ele a encarou e fez carinho em seu rosto. Estava prestes a se aproximar para beija-la quando o celular tocou, o que deu oportunidade a ela de se afastar para pegar o celular.

— É o Roy, ele chegou para me buscar.

— Eu te amo. – ele disse quando ela voltou a encarar seus olhos cheios de lágrimas.

— Eu também, mais do que eu pensava ser capaz Oliver. Só que amor não é suficiente quando tem alguém como sua mãe para te destruir aos poucos. No nosso caso, o amor não é suficiente. Porque mesmo que você largue tudo para ficar com a gente sabemos que sua mãe não vai nos deixar em paz. 

Já tinham conversado sobre isso, ele já sabia que ela estava a um passo de ir embora de Starling e ali estava seu limite, aquela noite acabou com o pouco de esperança que ela tinha de continuar com Oliver. Enquanto seguia pelo corredor que dava para as escadarias ela voltou a ouvir a voz de Moira gritando em algum dos cômodos longe da entrada. Ela esbravejava dizendo que Felicity jamais a afastaria de sua neta, que ela não era digna de ser nada naquela família, mas quando passou pela porta de entrada e a fechou com cuidado para não ser notada, o choro tomou conta.

Desceu os degraus da escadaria e lá estava o carro de Roy a aguardando e junto com ele sua cunhada, Thea, que desceu para ajudá-la a entrar.

— Suas malas já estão no carro, o Roy vai te levar para Central City, sua mãe já sabe e te espera. Se você ficar aqui minha mãe vai fazer sua vida pior do que já faz.

A voz de Thea era de alguém que estava se contendo. Ela tinha defendido Felicity quando a mãe começou a provocá-la e como sempre só tornou tudo ainda pior, mas sabendo dos rumos que as coisas tomariam ela fez o que a cunhada demoraria uns dias para fazer e ela agradeceu mentalmente por não conseguir dizer nada.

— Me ligue quando chegar. – dando um beijo na sobrinha e depois em Felicity. – Eu aviso o Oliver.

— Obrigada, Thea. – falou num fio de voz.

Ela fechou a porta depois que elas entraram e quando o Roy ligou o carro ela pude ver pela janela Oliver parado no topo da escadaria e foi quando entendeu que ser algo dele sempre traria sofrimento aos dois e a todos que os rodeavam. Ela sabia que morreria aos poucos longe dele, mas sabia também que sua filha nunca teria paz e ela sempre seria sua prioridade, assim como a dele.

E escolhendo a filha elas seguiram para longe de Starling e ali prometendo que nunca vai voltariam.

—------

23 de Dezembro de 2019

— Mamãe, vai demorar?

Felicity tinha terminado de arrumar as coisas de ambas a alguns minutos e só faltava sua bolsa com os documentos, mas Mia, que estava acordada desde antes do sol nascer, não deixava ela pensar pela quantidade de vezes que perguntou se iriam demorar para irem.

— Se eu disser que ainda não você vai sossegar? – parando de frente para ela, que estava de pé na cama da mãe.

— Não consigo, mamãe. – rindo e começando a pular antes de se jogar em sua direção.

— O tio Tommy mandou mensagem dizendo que está saindo de Starling agora. Então mocinha. - sentando na cama com ela em seu colo. – Tenha paciência.

— Estou com saudade do papai, quero ir logo.

— Eu sei filha, mas preciso que você tenha calma para que eu possa arrumar tudo para nossa viagem.

— Filha?

Donna, a mãe de Felicity tinha trocado o turno de trabalho dela no hospital, onde ela era enfermeira, para ajudá-la com a pequena. Ela entrou no quarto e viu Mia no colo da filha que logo estava correndo em sua direção.

— Vovó, o dindo ta vindo.

— Eu sei meu amor. – a pegando no colo. – Tudo pronto filha?

— Quase, mas alguém está ansiosa demais e não me deixa arrumar o que falta.

— Vamos fazer um lanche e ver um filme? Acho que é o tempo do tio chegar.

— Ta bom. – fazendo bico, mas rindo quando a avó começou a enche-la de beijos.

Enquanto elas iam para fora do quarto Felicity adiantou o que faltava e minutos depois tudo estava em ordem. Aquela viagem era algo que ela não esperava, pelo menos não com ela indo junto com Mia, o que ela fazia todos os anos com Tommy. Resolveu tomar um banho para ficar pronta, já que ainda teria que arrumar seu pequeno furacão.

— Mia está no banho. – ouviu sua mãe dizer quando saiu do banheiro. – Achei melhor já adiantar a parte mais difícil e deixar o filme para depois. – Donna estava parada na porta do quarto e juntas seguiram para a cozinha. – Vou preparar alguns lanches para levar porque tenho certeza que nossa draga vai pedir comida no caminho.

— Com toda certeza.

— Tem certeza que não vai com a gente?

— Sim, filha. Não conseguiria manter a compostura na frente daquela mulher.

— Estou indo com o mínimo de expectativa, mas pelo que a Thea me disse a mãe está totalmente diferente.

— Vamos descobrir com sua presença, afinal, ela conseguiu te afastar do filho dela por 3 anos.

— Nem me fale no filho.

Olhando para a mãe que veio lhe abraçar, ela sabia o quanto aquela viagem seria difícil para a filha.

— Eu estou indo pela Thea, mãe. Quando soube do acidente eu achei que tinha a perdido. – parei de falar por causa da vontade de chorar.

— Eu sei filha, mas você sabe que quando você estiver lá vai ter que encarar todo esse amor reprimido.

Por três anos ela conseguiu se manter longe de Oliver por saber que um único olhar a faria desistir dessa distância. Só que agora ela iria voltar para Starling e sabia que correria o risco de nunca se recuperar disso.

— Darei um jeito, até porque não sabemos o que realmente se passa com a Moira. Tenho que ser forte, mãe. Não vou agüentar lidar com todo aquele drama de novo.

— Vovóooooooooooooooooooo.

— Coma alguma coisa enquanto eu arrumo a Mia. E não se preocupe filha, no fim de tudo isso eu sei que vocês vão terminar juntos, porque não tem maldade que separe um amor como o de vocês para sempre.

Sempre que Mia viajava para passar o natal com Oliver ela escutava o mesmo da mãe. E com o passar dos anos Felicity começava a acreditar menos naquilo. Até agora. Ela queria manter qualquer esperança longe de seu coração, mas saber que se encontraria com Oliver em poucas horas tornava tudo ainda mais difícil.

—----

O carro de Tommy parou na porta da casa e Mia já pulava no sofá denunciando sua chegada. Com tudo já pronto, elas saíram com Mia correndo na frente e já se jogando nos braços de Tommy.

— Minha afilhada preferida.

— Dindoooooo.

— Oi Tommy. – cumprimentou Felicity

— Oi Fel, oi Donna.

— Tudo bem menino?

— Com você me chamando de menino está tudo ótimo. – rindo. – Pronta para o melhor natal de todos? – enchendo o rosto de Mia de beijos.

— Simmmmm.

— Vamos, Fel?

— Sim, você fecha a casa mãe?

— Claro. Boa viagem e demorem para voltar, ok?

— Mãe. – repreendendo Felicity. – Estaremos de volta em menos de uma semana.

— Duvido. – rindo.

— Também duvido Donna.

— Tchau, né?

Mia se despediu da avó e logo todos estavam acomodados dentro do carro para seguirem viagem. Tommy contou que Laurel queria ter ido junto, mas ela andava muito ocupada por causa do trabalho e precisou ficar em Starling, mas que no Natal todos iriam se encontrar.

A viagem seguiu tranquila e até o momento de passarem pela entrada de Starling, Felicity estava calma, mas só foi chegar na cidade que seu coração começou a bater mais acelerado e a ansiedade de encontrar Oliver e Thea passou a falar mais alto.

Tommy as levou direto para a mansão de Moira, onde Thea também estava de repouso absoluto depois do acidente. A matriarca da família não estava presente, voltaria de viagem no dia seguinte por isso Felicity não precisaria se preocupar em encontrá-la antes do necessário e foi Raissa que as recebeu nas escadarias da mansão, porque Oliver tinha saído com William, que chegou no dia anterior, mas não demoraria.

— A Thea pediu que as levassem para vê-la.

— Claro. Estamos com muitas saudades dela.

— Eu vou indo. Precisando de qualquer coisa só me ligar.

— Obrigada Tommy e mande um beijo para a Laurel.

— Pode deixar. Eh você coisinha, vamos passear ok?

— Simmmmm. – abraçando o padrinho.

— Como gosta de gritar. – a colocando no chão.

— Você não imagina o quanto. – disse Felicity rindo.

Esperaram Tommy ir embora para entrar na casa. As malas seriam levadas por um dos funcionários da casa enquanto elas iam ver Thea. A casa continuava como Felicity se lembrava, mas a decoração de natal não era algo que trazia boas lembranças da ultima vez que esteve lá.

Raissa subiu na frente com Mia enquanto Felicity ia devagar tentando não se abalar em estar no lugar que foi tão feliz e tão triste quase que na mesma medida.

Thea ainda estava de cama e passaria muitos dias ainda assim, só podendo levantar brevemente. A ceia de natal seria no andar de cima em um dos cômodos vagos que foi colocado uma grande mesa e a decoração de natal para a festividade, para que Thea não tivesse a necessidade de descer as escadas.

Quando Felicity chegou no quarto Mia estava abraçada a madrinha, que estava com os olhos cheios de lágrimas e ao ver Felicity não conseguiu conter o choro. Precisaram de muitos minutos abraçadas para recuperar o fôlego.

— Nunca mais faça uma coisa dessas, ok?

— Desculpa, eu juro que não imaginei que um salto de paraquedas poderia acabar com minha quase morte.

— Só vai poder andar de avião de hoje em diante e sinta-se satisfeita. – limpando as lágrimas.

— Dindaa quando você vai poder brincar comigo de novo. – pulando várias vezes e se jogando na cama, mas Felicity foi mais rápida e a agarrou antes de encostar no colchão. - Ei, o que conversamos sobre ficar pulando nas coisas e nas pessoas? Ainda mais na cama onde sua madrinha está, ela está doente.

— Desculpa mamãe. – olhou para Felicity pendurada em seu braço. – Quando dinda? – rindo e voltando no assunto de antes.

— Meu amor, espero que logo. – abrindo os braços e a recebendo novamente.

— E mesmo quando a madrinha estiver recuperada, sem pular, ok?

— Sim mamãe. – olhando de canto de olho, deitada no peito da madrinha.

— Que saudade que eu estava de você. – apertando a pequena.

— Viu que eu vim com a mamãe?

— Vi sim meu amor.

— Demorou madrinha, mas o papai Noel trouxe meu presente do ano passado. – olhando para a mãe e sorrindo.

Felicity precisou respirar fundo para conseguir segurar a vontade de chorar ao ouvir aquilo da filha.

— O William já chegou, ele saiu com o Oliver.

— A Raissa disse quando chegamos. Que saudade tenho desse menino.

— E ele de você, passou o dia todos perguntando se você viria mesmo.

— Nos falamos quase toda semana por vídeo chamada, mas não é a mesma coisa.

— O Oliver está tentando trazer ele para morar com a gente, depois que a mãe morreu ano passado ele anda muito deprimido e reclama muito de ficar com os avós.

— Se eu pudesse levava ele para morar com comigo.

— Eu divido meu quarto com o mano.

Mia estava deitada do lado de Thea mexendo no celular da mãe, que ela nem mesmo percebeu a pequena pegar.

— Viu, já resolvemos. Só falta vocês se resolverem, porque as crianças se entendem.

— Se você não estivesse moribunda eu te dava um murro.

— To mentindo?

— A tia Raissa fez doce pra mim?

— Mia. – repreendeu a mãe.

— É tradição mamãe. – descendo da cama e saindo correndo do quarto.

— Cada dia que passa essa menina ta mais esperta.

— Mais do que vocês imaginam. Esses dias ela veio perguntar quando eu vou casar com o pai dela.

— Perguntou o que todo mundo quer saber. – rindo.

— Thea, as coisas não são assim tão fáceis.

— Eu quase morri, Fel. Não perde tempo de viver o amor que vocês tem um pelo outro. Já perderam três anos por causa da louca da nossa mãe. Aproveite essa oportunidade de não ter o demônio contra vocês e resolvam logo tudo isso. – rindo.

— Papaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.

O grito da Mia ecoou no corredor e o coração de Felicity quase pulou boca a fora. Quando olhou para a porta viu Oliver chegando no quarto com Mia pendurada de ponta cabeça em seus braços, sem perceber a presença dela por estar concentrado nas gargalhadas da filha.

— Gente, como é igual ao pai. – Thea ria da cena enquanto Felicity estava paralisada.

— Tia.

A voz de William fez com que Felicity desviasse sua atenção do pai para o filho, que a encarava com os olhos vidrados.

— Oi Will.

— Você veio.

— Eu disse que vinha. – sorrindo quando ele veio em sua direção ela, a abraçando.

O choro do menino veio sem que ninguém esperasse, e no momento instante as risadas de Mia pararam.

— O que foi meu amor. – sentando na cama e ficando na altura do rosto dele.

— Nada, tia. É que eu sinto falta de você como sinto da minha mãe.

Felicity o puxou para um abraço apertado enquanto Oliver ajoelhava ao lado dela com Mia do lado. E foi ali que eles realmente se olharam pela primeira vez depois de tanto tempo. Oliver tinha muitas memórias de como os olhos dela brilhavam, mas pessoalmente era outra coisa.

Era como se nada tivesse mudado entre eles. O frio na barriga, a ansiedade em estar perto e o amor, ainda maior que antes, estava presente. Oliver esperava estar na mansão quando ela chegasse para recebê-las, mas não conseguiu se adiantar em comprar os presentes que faltavam, por isso o reencontro deles depois de tanto tempo tinha sido diferente do que imaginou, mas era como se eles tivessem se visto pela primeira vez de novo e se apaixonado no segundo seguinte como aconteceu a tantos anos atrás.

O choro de William era a ancora que os mantinham no presente, porque a mente os levava as sensações de estarem juntos novamente.

— Filho, está tudo bem. A Felicity está aqui, a Mia também.

— E eu. Não esqueçam de mim. – disse Thea que até aquele momento só observava tudo emocionada por vê-los todos juntos.

— E a tia chata também está. – ele piscou para ela, rindo.

— Sim meu amor, estamos todos aqui. – limpando suas lágrimas quando ele se afastou. – E vou ficar o tempo que você quiser que eu fique, ok?

— Promete?

— Claro meu amor.

— Ih vai ter que passar um mês aqui. – Thea disse rindo.

— Mia, porque você não mostra seu quarto para a sua mãe e para o Will?

Percebendo que a pequena estava muito quieta era a deixa para distrair a filha e também dar tempo a Oliver para lidar com a presença de Felicity.

— Vamos mamãe. – pegando na mão da mãe e do irmão.

— Já voltamos. – disse Felicity olhando para Thea e depois para Oliver.

Ele sorriu para ela enquanto os filhos a puxavam para fora do quarto. Ele a acompanhou com o olhar até que saíssem de vez.

— Pode respirar irmão.

Thea deu uma gargalhada, mas se arrependeu no segundo seguinte ao sentir uma pontada em seu peito. Oliver se aproximou dela lhe dando o respirador de oxigênio para auxiliá-la a respirar. No acidente ela quase perdurou um dos pulmões e a recuperação ainda seria longa até que estivesse 100%.

— Bem feito, quem mandou rir de mim.

— Esperei três anos para ver essa cena, me deixa.

— Ela está tão linda. – disse Oliver quando levantou novamente, cruzando os braços e olhando para a porta.

— Está tudo pronto? – respirando fundo mais uma vez e deixando o respirador de lado.

— Sim, apesar de que tudo está pronto a tanto tempo que eu nem mesmo sei se esqueci algo.

Por todos aqueles anos Oliver concentrou sua frustração por não ter Felicity por perto em algo que sempre teve esperança de mostrar a ela. E desde que começou a perceber uma mudança na postura da mãe começava a ter esperanças de trazer Felicity para perto novamente.

— Que horas a mãe volta?

— Os vôos atrasaram, por isso ela só chega amanhã de tarde.

— Então você vai ter mais tempo com a Felicity antes do teste final. – rindo.

— Sim, o Tommy e a Laurel vão ficar com as crianças amanhã. Só preciso convencer a Felicity a ir comigo até lá.

— Ir com você onde, Oliver?

Eles olharam em direção a porta e viram Felicity parada de braços cruzados. Ele esperava que ela estivesse mais na defensiva, mas seu rosto mostrava mais curiosidade do que qualquer outra coisa.

— É surpresa, cunha. – rindo.

— Amanhã o Tommy e a Laurel querem levar as crianças em um parque que tem aqui perto, e eu queria te levar para conhecer um lugar. Se você quiser, é claro.

— Oliver, você sabe que eu estou aqui por toda essa situação da Thea não sabe?

— Sei, não é nada demais.

— Claro que é. Escuta Felicity...

— Thea. – Oliver tentou intervir.

— Não, agora é minha vez de falar. Eu passei três meses em coma, quase morri e tenho o direito de falar na cara de vocês que não é hora de arrumar desculpas. O Oliver tem um lugar especial para te mostrar, você vai e deixa para reclamar depois,  ok?

— Se eu recusar você vai fazer birra? – sorrindo.

— Vou, eu paro de respirar e a culpa da minha morte será de vocês. – fazendo bico e rindo em seguida.

— Então tudo bem. Eu vou com você Oliver.

— Não precisa ir se não quiser, a Thea agora deu de fazer show agora quando quer alguma coisa. – ignorando as caretas da irmã.

— Sua filha é quase uma mini Thea esqueceu? Não sou chantageada facilmente, eu vou porque eu quero ir.

— Então amanhã cedo vamos.

— Sim, vamos.

Por alguns segundos eles ficaram com o olhar preso e foi a risada de Thea que os fez desviar os olhares.

— Bom, eu vou ver o que nossos filhos estão aprontando. – meio sem jeito, mas saindo logo em seguida.

Ele não tinha percebido que disse que os filhos eram deles, mas Felicity sentiu seu coração acelerar com aquela declaração. Mesmo com medo do que o futuro reservava a eles, Felicity não queria colocar a perder a única chance em tantos anos de passar um tempo com Oliver, mesmo que na cabeça dela aquilo não significava nada demais.

—--

Algumas horas tinham passado desde o primeiro encontro de Oliver e Felicity. Ele tinha saído com William para buscar as coisas de ambos. O menino pediu que o pai deixasse ele ficar na casa da avó com Felicity e queria que ele estivesse junto. E como era a primeira vez que ele estava com eles desde a morte da mãe, Oliver não podia negar um pedido tão simples a ele.

Felicity já tinha arrumado as coisas no quarto da filha e agora estava na cozinha com Raissa e Mia. A pequena comeu pouco e quase não falou nada, eram as duas mulheres que conversavam enquanto ela terminava de comer.

— Você quer mais um pouco de lasanha, Mia? – perguntou Raissa.

— Não tia.

A fala baixa da filha e a falta de inquietação, que eram comuns em Mia, já estava preocupando Felicity. Era de se esperar que ela estivesse muito feliz por estar na casa da avó com a mãe, mas desde que William chegou ela estava amuada como nunca esteve.

— Filha, é lasanha. Tem certeza?

— Sim, eu quero ir pro meu quarto.

— Quer?

— Quero.

— Tem sobremesa.

— Não quero mamãe.

— Então pode ir meu amor.

A pequena desceu da cadeira, foi até a mãe dar um abraço nela e depois saiu da cozinha.

— O que aconteceu com a pequena, dona Felicity.

— Só me chame de Felicity, Raissa. – sorrindo a ela.

— Vou precisar de uns dias para me acostumar. – rindo.

— Dessa vez eu te perdôo. – rindo. – Então, não sei o que aconteceu, mas ela está estranha desde a hora que o William chegou com o Oliver. Vou lá no quarto falar com ela.

— Posso preparar uma taça de sorvete para ela?

— Pode sim. Obrigada.

— Levo daqui a pouco.

Poucas vezes Felicity viu a filha desse jeito, normalmente era quando voltava das férias em Starling, porque sempre sentia a falta do pai nas semanas que seguiam. Só que agora não havia motivos para que aquilo estivesse acontecendo.

— Mia? – chamou a filha, abrindo a porta do quarto.

A pequena estava deitada na cama abraçada a um bichinho de pelúcia. Sem se mexer ela olhou para a mãe e ela viu que estava cheios de lágrimas.

— O que foi meu amor?

— Mamãe. – sentando na cama, já soluçando. – O William...

— O que foi filha? O que tem o William? – sentando ao lado dela e a pegando no colo.

— Ele não tem mais mamãe. – falando devagar por causa do choro. - Eu não quero ficar sem mamãe também.

— Oh meu amor, você não vai ficar sem mamãe, filha.

— Mas ele ficou. – chorando ainda mais.

— Calma, filha. – apertando ela no abraço. – A mamãe do William foi morar com o papai do céu, mas não é porque ela foi que eu também vou meu amor.

— Porque ela foi embora?

— Não sei, filha. Só o papai do céu sabe.

— Se ela foi embora ela pode voltar não é? – se afastando e arregalando os olhos, esperançosa.

— Não meu amor. A mamãe do William não pode voltar, mas a gente pode cuidar do William como a mamãe dele fazia.

— Pode?

— Claro, tenho certeza que a mamãe dele vai ficar feliz.

— Ela sabe que o Will tem a gente?

— Sabia antes de ir embora e sabe agora meu amor. O coração dela sente que ele está bem.

— Ele pode ir morar com a gente mamãe? Eu divido você com ele.

— Morar com a gente não sei, mas ele pode ir nos visitar as vezes. O que acha?

— Queria ele morando com a gente, mas ta bom.

De um segundo a outro Mia era outra criança, ainda mais depois de Raissa entrar no quarto com uma gigantesca taça de sorvete.

— Seu irmão já chegou e está vindo, então fiz uma taça de sorvete grande para vocês.

— Raissa, o que deve ser essa casa com eles dois nas férias.

— Nada que eu não tenha superado de quando o pai deles e a tia eram pequenos.

William logo chegou para comer o sorvete com a irmã e Felicity aproveitou para ver como Thea estava. A porta estava entre aberta e quando Felicity abriu viu que ela estava dormindo. Fez o mínimo de barulho, a cobrindo antes de parar por um momento observando sua amiga. Perdeu as contas de quantas vezes pediu para Deus não levá-la embora. Por todos aqueles anos, ela foi a pessoa que mais a apoiou. Não conseguiria imaginar um mundo sem ter Thea vivendo nele. Quando sentiu os olhos cheios de lágrimas ela se afastou e foi até a porta da varanda. Afastou as cortinas e a paisagem era como se lembrava.

O grande jardim que ficava na frente da casa estava iluminado por alguns postes de luz, mas era a grande lua no céu que deixava tudo iluminado. Abriu a porta de vidro o mínimo que conseguiu para sair e fechou em seguida para não incomodar Thea, que ainda dormia. Caminhou até o parapeito e apoiou ambas as mãos na pedra da divisória. Aquela mansão era antiga, por isso parecia mais um castelo pequeno do que uma casa luxuosa.

Fechou os olhos sentindo o ar da noite em seu rosto e algumas lembranças de noites que passou com Oliver na varanda do quarto dele quando sua mãe não estava na mansão vieram. Respirou fundo e o perfume dele tomou conta de tudo e ela pensou que estava alucinando, mas um arrepio em suas costas fez com que ela abrisse os olhos.

—  A lembrança que mais me acompanhou esses últimos anos foram das nossas noites na varanda, principalmente da noite em que concebemos a Mia.

Se virando devagar ela ficou de lado vendo ele se aproximar. Por um momento ele olhou para o jardim, mas logo estava a sua frente, mais próximo do que ela se sentia segura para estar.

— Foram os anos mais felizes da minha vida.

— Os meus também, Fel. – descendo os olhos para seus lábios, mas voltando para seus olhos por saber que aquilo poderia afastá-la. – A Mia estava muito quieta antes de irmos, mas agora parece a mesma de sempre. Aconteceu alguma coisa?

— Ela estava com medo de perder a mãe como o William perdeu e disse que aceitava me dividir com ele.

— Não sei o que fiz para merecer dois filhos como os nossos.

— A Samanta morreu a menos de um ano, mas eu sinto como se tivesse falhado com ele por estar longe nesse momento.

— Ele estava bem amparado, a Thea deve ter te contado como foi tudo.

— Contou sim, mas acho que depois do acidente da Thea ele ficou pior. Muita coisa para uma criança de 10 anos lidar.

— Por quanto tempo ele vai ficar com você?

— Não sei. Meu advogado vai entrar em contato com o advogado dos avós depois do ano novo para saber se posso ficar com ele até a volta as aulas. Eles não falam mais comigo desde que entrei com o processo para ter a guarda.

— Acho que você vai conseguir e eu vou ficar aqui pelo tempo que ele precisar.

Oliver abriu a boca para falar algo, mas desistiu. Olhou novamente para o jardim e precisou de uns segundos para voltar a encará-la.

— Queria dizer que a mudança da minha mãe muda nossa situação, mas depois de tantos anos não sei se tenho direito de pedir o que quer que seja para você. Por muitas vezes eu quis largar tudo e ir atrás da minha família, mas sabia que ela iria atrás e prejudicaria a vida que vocês construíram em Central City. Não sei se você tem alguém, e sinceramente não quero saber. Só te peço que amanhã você vá de coração aberto para o lugar que vou te levar. Fiz tudo nesses anos longe de você e cada ponto daquele lugar foi feito pensando em nós quatro. Porque se tem uma coisa que eu imagino para meu futuro é ter minha família de volta.

— Oliver... – com o nó preso na garganta.

— Não diga nada, ok? Sem pressão, sem cobranças nem planos. Só quero te mostrar o que meu amor por vocês construiu. E eu juro pela vida dos meus filhos que o que você decidir depois de amanhã será o que irei acatar. Te respeito demais para passar por cima do que decidir.

— Obrigada.

— Dorme bem e amanhã cedo saímos depois do café.

— Ta bom.

Sem que ela esperasse ele segurou o rosto dela com ambas as mãos e deu um beijo em sua testa. O toque de seus lábios com sua pele era como se um ferro em brasa tivesse acabado de marcar sua pele. Ele entrou e Felicity precisou de um tempo antes de conseguir voltar para o quarto, onde Thea já estava acordada e parecia ansiosa para que ela entrasse logo.

— Finalmente você entrou. O que aconteceu que o Oliver saiu do quarto feito bala?

— Nada demais. Só conversamos sobre nossos filhos e ele disse que vai respeitar o que quer que eu escolha depois de me mostrar o lugar que iremos amanhã.

— Fel, não tenho direito de exigir nada. Só que o sofrimento de vocês precisa acabar.

— Te garanto que sou a pessoa que mais quer que isso tenha fim, só não sei se depois de tanto tempo as coisas serão como antes Thea.

— E não vão ser, porque vocês mudaram, mas o amor que vocês tem um pelo outro não.

Se rendendo a vontade de chorar, ela foi para o lado vazio da cama e deitou ao lado da amiga. E como a muito tempo não se permitia, ela deixou que o choro viesse e lavasse a tristeza que todos aqueles anos longe de Oliver causaram.

—--

O sol nem tinha nascido direito quando Felicity acordou, demorou para dormir depois da conversa com Oliver, mas quando pegou no sono os sonhos eram todos com ele. Sentia como se estivesse voltando ao início do relacionamento e cada passo era uma novidade.

Tentou se espreguiçar, mas não conseguiu. Olhou para baixo e viu duas cabeças deitadas em seu peito. Mia e William dormiam sobre ela, e nem mesmo percebeu quando o menino entrou no quarto. Não tinha como sair sem que eles acordassem, mas precisava levantar e deixar tudo pronto para eles irem passear. Com cuidado arrastou Mia para o colchão, pelo sono pesado que tinha era se virou e continuou dormindo, mas William acordou antes dela tentar colocá-lo no colchão.

— Bom dia. – vendo ele sentar na cama esfregando os olhos.

— Bom dia, tia.

— Teve pesadelo de noite?

— Não, quis dormir com você mesmo.

— Sempre que quiser meu amor. – o abraçando quando sentou também. – Quer dormir mais um pouco, a tia vai arrumar as coisas de vocês para irem passear.

— Eu não queria ir.

— Porque?

— Queria ficar com você e com o pai.

— Precisamos resolver umas coisas que são chatas para criança, mas quando voltarmos vamos passar o resto do dia juntos, ok?

— Tudo bem.

Se inclinando e dando um abraço em William, ela se levantou para deixar tudo pronto. A cada segundo que a manhã avançava ela ficava mais ansiosa pelo que estava por vir. Foi quando todos estavam tomando café que Oliver apareceu com Tommy.

— Quem está pronto para comer muito doce? – indo até William e Mia.

— Pelo amor Tommy, tenho dó da Laurel quando vocês resolverem ter filhos.

— Ela sabe o que a espera. – rindo enquanto pegava a Mia no colo e a colocava de cabeça para baixo.

— Quero montanha russa tio.

— Pode deixar. Vamos em todos os brinquedos.

— Eu fico com a tia Laurel.

— O Will nunca quer ir comigo nos brinquedos legais.

— Nem todo mundo gosta das coisas que você gosta filha. Agora coloca ela de novo na cadeira, Tommy. Não quero ter que ver tudo que ela comeu espalhado pela cozinha. – rindo.

Em pouco tempo todos estavam prontos, inclusive Felicity e Oliver. Antes de ir ela foi até o quarto de Thea, onde Raissa trocava seus curativos.

— Já estamos indo.

— Isso, vão se divertir enquanto a moribunda ainda está de repouso.

— Isso é para você aprender a sossegar esse facho.

— Vai embora logo e quando voltar quero saber tudo.

— Vou pensar no seu caso. – rindo. – Raissa, qualquer coisa é só ligar.

— Pode deixar.

E descendo as escadas Felicity viu Oliver a esperando e seu coração deu um salto.

— Vamos?

— Sim, vamos. – parando no último degrau e ficando da altura dele. – As crianças já foram?

— Já, mas William disse que não vê a hora de voltar e ficar com a gente.

— Estou preocupada com ele, Oliver. E quando ele tiver que voltar para a casa dos avós.

— Não quero pensar nisso agora, quero acreditar que eles vão pensar no neto e não em si mesmos quando nossos advogados conversarem.

— Espero que seja assim mesmo.

— Se importa de irmos de moto?

— Não.

— Então vamos porque precisamos voltar antes de nossos filhos. Promessa feita, promessa cumprida.

Saíram da casa e Oliver subiu na moto, dando a ela um dos capacetes. Respirou fundo antes de subir na moto, porque aquele seria o primeiro contato direto que ela teria com ele depois de três anos. Se ajeitou e abraçou sua cintura, Oliver ligou a moto e antes de sair apoiou sua mão sobre a dela que estava em seu peito.

— Pronta?

— Sim, estou pronta.

Aquela afirmação era muito mais do que sobre ele poder seguir para onde iam. Felicity sentia o frio na barriga de quando começaram a namorar. O relacionamento deles foi muito conturbado com as ameaças de Moira, mas eles sempre fizeram o possível para que os momentos que tinham juntos fossem inesquecíveis. E ambos sentiam que estavam retomando de onde tinham sido obrigados a parar.

Oliver tomou um caminho contrário ao do centro da cidade, onde as ruas eram estreitas que muitas vezes cheias de árvores ao redor. A floresta foi se tornando mais presente e ainda mais espessa quando Oliver começou a diminuir a velocidade. Não tinham demorado nem mesmo vinte minutos até aquele ponto e sem que ela esperasse ele virou a moto entrando em uma estrada de chão batido que os levava ainda mais para dentro da mata.

— Onde estamos indo? – falou alto para que ele ouvisse.

— Você já vai ver. – voltando a acelerar a moto.

Seguiram por mais alguns minutos nessa estrada e logo chegaram em um ponto onde outras pequenas estradas apareciam para que você pudesse entrar, passaram umas cinco dessas quando ele virou a moro e poucos metros um espaço grande se abriu no meio da floresta e no meio desse espaço uma casa de campo os esperava.

Oliver parou a moto perto de uma escada que dava para a varanda dessa casa e a área externa estava toda enfeitada para o Natal. Felicity desceu da moto tirando o capacete, encantada com a casa e pelas muitas flores que tinha a volta dela.

— Que lugar lindo.

— Espere para ver lá dentro.

— Mas como vamos entrar ai? E os donos?

— Nós somos os donos dessa casa, na verdade você é.

Ela parou por um momento sem entender o que ele estava dizendo. Olhou de novo para a casa e depois voltou sua atenção para ele novamente.

— Como é?

— Eu tive bastante tempo nesses três anos para me concentrar na construção. O Diggle e o Tommy me ajudaram no começo para fazer a fundação, as paredes e o telhado, mas o resto foi por minha conta. Queria construir o lar que esperava um dia dividir com você. Um lugar que só existisse para nós e nossos filhos.

Ela não sabia o que dizer diante daquilo. Olhou para a casa e começou a caminhar até a escada, a cada passo o nó em sua garganta aumentava em pensar nele sozinho ali construindo algo que nem mesmo tinha certeza que poderia dividir com ela.

— Lembrei das conversas que tivemos sobre ter nossa casa e fui colocando um pouco de tudo que falamos.

As cadeiras que tinham na varanda era um dos pontos que ela sempre falava, principalmente quando se imaginavam mais velhos com os filhos criados. Oliver se adiantou e destrancou a porta, dando passagem para que ela entrasse. Assim que ela colocou o pé para dentro as luzes se acenderam, dando a ela a visão da sala onde uma grande árvore de natal dividia espaço com um Menorah, o castiçal judaico.

— Oliver. – se virando para ele com os olhos cheios de lágrimas. – Não acredito que você fez tudo isso pensando em nós.

— A única coisa que eu fiz nesses três anos foi pensar em você Felicity. – ainda parado na porta, tinha medo de chegar perto e assustá-la.

— E se ela não mudou Oliver? E se ela continua como antes, só está balada pela situação da Thea?

Aquele era o maior medo de Felicity, ter a esperança de estar com Oliver novamente e ter que se afastar a qualquer momento.

— Não posso garantir que ela mudou completamente, mas ela sabe como fui infeliz nesses anos que ficamos separados e sabe mais ainda que a situação do William está ficando cada dia pior. Eu tive uma conversa séria com ela, mas algumas coisas ela mesma irá te dizer. A única coisa que me importa é você e meus filhos, eu só aguentei nesse tempo todo longe por saber o inferno que nossa vida seria, mas agora... – dando o primeiro passo e se aproximando dela. - ... nós temos uma esperança, amor.

Ouvir ele a chamando de amor de novo era algo que ela sonhava todos os dias e sentia muita falta. Quando ele estava bem perto ela levou uma mão a seu rosto e sentiu o toque que a muito sentia falta.

— Eu te amo tanto Oliver.

— Eu também amo você, e o amor que sinto triplicou todos esses anos. A cada coisa que a Thea me contava, a cada vitória sua na nova vida que você construiu em Central era um pedaço de mim que voltava a ter vida. Me arrependo muito de ter te colocado como alvo da minha mãe e saber que você estava feliz novamente era como a vida voltasse a fazer sentido.

— Eu nunca mais fui feliz desde que fui embora, eu simplesmente sobrevivi com o que eu tinha Oliver.

E sem conseguir esperar mais, não se sabe quem tomou a iniciativa, mas o beijo veio trazendo de volta a luz que ambos tinham deixado apagar com a separação. Oliver a abraçou com uma das mãos segurando sua nuca, era como se tivesse que a ter bem firme em seus braços para acreditar que aquilo não era um sonho.

— Como senti falta do seu beijo. – enchendo o rosto dela de beijos. – Do seu jeito, de você inteira.

— Eu também Oliver. – o abraçando apertado. – Todo dia eu imaginava como estaríamos se nada daquilo tivesse acontecido.

— Essa é nossa casa. Quero trazer nossos filhos para conhecê-la.

— Eles nunca vieram aqui?

— Não, nunca ninguém entrou nessa casa além de mim. Queria que você fosse a primeira pessoa a conhecê-la.

Felicity olhou em volta e sentiu seu coração aquecer como a muito tempo não acontecia. Voltou a sua atenção a ele, que ainda a observava, e sorriu.

— Não sei o que o futuro nos reserva, mas não quero mais viver sem você. – sendo sincera sobre o que sentia.

— Daremos um jeito, Felicity. Pode ser que minha mãe não tenha mudado sua opinião sobre como criamos nossos filhos, mas ela entende que não pode viver coagindo as pessoas a fazerem o que ela quer. O acidente da Thea trouxe uma nova visão da vida para ela.

— Posso ver o resto da casa? – mudando de assunto, porque a postura de Moira ela queria ver com os próprios olhos.

— Claro, ela é toda sua.

Dando um selinho nele ela seguiu para conhecer o resto da casa. Oliver a seguiu e ia contando sobre cada cômodo. O quarto que era deles não tinha nada além da cama e do armário, porque ele queria que fosse a própria Felicity a cuidar disso do jeito dela. Já os quartos dos filhos tinham tudo que eles queriam. Mia com sua fascinação por lutas e aventura tinha um quarto com uma cama suspensa e uma ponte que ligava uma ponta do quarto a outra e terminava em um escorrega no meio do quarto. Tudo na cor verde, que ela amava. Já no quarto de William tinha tudo na cor azul e tinha muito espaço para que ele pudesse montar e desmontar computadores como ele gostava, assim como Felicity.

— Tudo perfeito, Oliver. – saindo do quarto de William.

— Demorei um ano inteiro para arrumar o quarto deles. Tive que fazer muitas viagens de carro para trazer tudo.

— Essa é uma ótima casa para criar nossos filhos.

— Você acha?

— Sim, eles precisam de um ambiente seguro, Oliver. E não vejo lugar melhor que esse, caso o futuro seja bom com a gente.

— E ele vai ser amor. – a puxando para perto e a beijando novamente.

As horas que se seguiram foram para que eles pudessem retomar o tempo que perderam separados. Ambos contaram tudo o que o outro ainda não sabia sobre a vida que levavam e ambos descobriram que não existiu outras pessoas em suas vidas nesse período. O que foi um alivio para eles que temiam que cada um encontrasse outras pessoas que se encaixassem na vida que levavam, mas sabiam que aquela não era a vida que realmente os faziam feliz.

Faltava meia hora para que as crianças voltassem do passeio quando deixaram a casa para trás e seguiram de volta para a mansão. O peso de todos aqueles anos tinha sido retirado deles e voltar para encarar Moira não parecia mais um pesadelo para Felicity. Era como se fosse somente mais um ponto a ser resolvido antes de ter de volta a vida que sempre quis com Oliver e os filhos.

Quando Oliver estacionou a moto na frente da casa eles puderam ver que o carro de sua mãe já estava estacionado indicando que ela já tinha retornado de viagem. Felicity desceu da moto e esperou Oliver descer para entregar o capacete a ele.

— Sua mãe já chegou.

— Sim, já.

— Vamos deixar qualquer revelação para depois, pode ser?

— Não temos que revelar nada a ela, só quero que você veja que ela mudou com relação a você. A única coisa que quero da minha mãe é o respeito que você merece.

— Obrigada, Oliver. Por entender, por nunca desistir.

— Eu prometi para minha filha que esse seria nosso melhor natal.

— E vai ser. – sorrindo.

Precisando de um esforço sobrenatural eles seguiram  para as escadarias sem se aproximar nem dar as mãos. Depois de se beijarem eles tinham que lembrar que as coisas tinham que ir com calma, porque não eram os únicos envolvidos naquela situação.

Assim que entraram deram de cara com Moira descendo as escada de mãos dadas com Mia.

— Ouvimos a moto e viemos receber vocês, não é Mia?

— Simmmm. A vovó trouxe presente pra gente mamãe.

— Ah é? – disse Felicity se aproximando da escada e pegando a filha no colo. – Olá Moira.

— Oi Felicity. Fizeram boa viagem?

— Sim, tudo tranqüilo e você?

— Cansativa, mas foi tudo bem. Oliver não quer mais viajar então a velha aqui tem que ir.

Felicity não sabia que Oliver não assumia mais os compromissos de viagem da empresa da família, mas isso era coisa para conversar depois.

— Está quase tudo pronto para a ceia.

— Onde o William está?

— Lá com a Thea, perguntou da Felicity umas dez vezes. – sorrindo, coisa que nunca aconteceu na presença de Felicity.

— Acho que vou lá então. – disse Felicity querendo se livrar da presença de Moira.

— Espere, eu queria conversar com você. Se você quiser é claro.

Felicity olhou para trás e Oliver sorriu a ela. Por mais que não quisesse ficar sozinha com Moira, faria isso por ele.

— Claro. – entregando Mia para o pai.

— Não demora mamãe.

— Não vou demorar meu amor. – dando um beijo nela.

— Vamos até o escritório. Diga a William que a madrasta dele já está indo. – disse para Oliver antes de seguir para um corredor ao lado da escada que dava para o escritório.

Oliver assim como Felicity não esperavam ouvir aquilo de Moira. Ainda em choque com o que ouviu, Felicity seguiu para onde Moira tinha ido deixando Oliver e Mia para trás.

— A vovó não vai brigar com a mamãe né?

— Não meu amor, não vai. – rindo da cara de brava da filha. – Vamos lá com seu irmão que daqui a pouco a mamãe sobe também.

A porta do escritório estava aberta quando Felicity chegou e Moira estava de costas para ela, observando um quadro que tinha logo atrás da mesa onde estavam retratados ela, o marido falecido e os filhos.

— Eu sempre achei que sabia de tudo. Fui criada para ser servida e não servir. Passei grande parte da minha vida impondo minhas vontades e com isso fiz muita gente sofrer. Só que eu jamais imaginei que precisaria quase perder meus dois filhos para entender que a vida não era como eu acreditava ser. -  se virando e mostrando a Felicity uma fragilidade que ela nunca esperou ver. – Quando o Oliver voltou daquele acidente de barco, eu sabia que apesar de tudo eu tinha uma segunda chance com ele, mas o que eu não sabia era que os meios que eu aprendi com nossa família de manter tudo da maneira que eu queria me fariam perder ele uma segunda vez.

Felicity deu alguns passos e parou atrás de uma das cadeiras que ficava a frente da mesa, apoiando as mãos no encosto. Não falaria nada por enquanto, queria ouvir o que Moira tinha a dizer.

— Oliver se tornou uma pessoa fria e amargurada nesses três anos em que vocês tiveram separados. Só melhorava quando os filhos estavam por perto e ainda assim eu não achei que isso era um problema. Até a Thea sofrer aquele acidente. Por diversas vezes eu pensei que ela morreria, foram quatro paradas respiratórias nos dois meses de coma. E quando ela finalmente acordou prometi a mim mesma que nunca mais faria meus filhos sofrerem porque eu queria eles do meu lado, do jeito que fosse. Roy tentou visitá-la diversas vezes no hospital e eu não permiti e depois da quarta parada eu fui atrás dele e pedi que fosse a visitar. Eu achei que ela ia morrer, Felicity. – agora Moira falava mais alto por conta do choro. – E eu revivi tudo o que passei quando achei que o Oliver poderia ser resgatado até o dia que foi dado como morto. Eu não queria que meus filhos sofressem de novo, pelo menos não no que estiver no meu alcance.

— Você prejudicou muitas pessoas Moira, mesmo que você tenha mudado o passado continua vivo na vida de cada um, inclusive na minha.

— Eu sei, mas eu posso fazer diferente para compensar. Mesmo que eu tenha que me afastar e dar o espaço que vocês precisam.

— Nunca quis que você não fizesse parte da nossa vida Moira. Eu só queria que você respeitasse nossas escolhas, principalmente em relação a Mia.

— Eu sei. Não está sendo uma mudança fácil e sei que vou ter que conquistar sua confiança novamente, mas peço uma chance. A chance que eu nunca te dei.

Felicity não seria capaz de perdoar ou abraçar Moira como se o passado não existisse, mas assim como a mãe de Oliver estava se esforçando, ela também se esforçaria.

— Não vai ser de um dia para o outro, mas eu vou fazer meu melhor.

— E eu farei o meu. Prometo em nome da vida de meus filhos e netos.

— Não sei quanto tempo vai demorar para te perdoar por tudo que aconteceu, mas vamos deixar o tempo fazer a parte dele enquanto convivemos em paz.

— Obrigada, Felicity. Só de você estar aqui meu filho já parece mais o mesmo de antes.

— Espero que esse natal seja o começo de uma nova fase na nossa vida Moira.

— E vai ser. Eu prometo. E o primeiro passo será comemorar o natal em família, respeitando suas crenças, mas agradecida por sua presença.

— A vida ensinou a todos, Moira. E tenho certeza que com o tempo ela vai nos ensinar a conviver da melhor forma, principalmente por causa de nossos filhos.

Quando Felicity saiu do escritório Oliver estava sentado na escada com os filhos, um de cada lado. Assim que viram Felicity eles levantaram e William a abraçou.

— Você demorou mamãe. – reclamou Mia.

— Eu estava conversando com sua avó.

— E foi tudo bem? – quis saber Oliver.

— Melhor do que eu esperava. – sorrindo.

Oliver queria saber dos detalhes, mas sabia que aquele não era o momento. Já era fim de tarde e eles tinham que dar um café da tarde para os filhos para que eles aguentassem até a hora da ceia.

— Vamos começar a nos organizar para a ceia de natal? – perguntou Felicity.

— Simmm... mamãe comprou um vestido cheio de reninhas para mim.

— Tenho que aproveitar os momentos em que você não está rolando na lama para deixar você uma princesinha.

— Compramos uma roupa nova para o Will, né filho?

— Sim, pai. Você me ajuda com a roupa, Felicity?

— Claro meu amor, vamos comer antes de subir.

— Vou falar com minha mãe rapidinho e já encontro vocês na cozinha.

Oliver se aproximou para dar um selinho em Felicity, mas se lembrou que os filhos não sabiam que eles estavam juntos e beijou sua testa. Mesmo assim Mia saiu pulando e batendo palmas porque o papai tinha beijado a mamãe. Ele seguiu para o escritório onde a mãe estava mexendo no cofre.

— Mãe?

— Oi Filho, era com você mesmo que eu que queria falar.

Fechando o cofre ela se virou e pegou uma caixinha de veludo que estava sobre a mesa e foi ate Oliver, a colocando em sua mão.

— Quero que você fique com isso e no momento certo que você possa fazer o que não permiti que fizesse anos atrás.

Oliver abriu a caixinha e viu que era um anel de brilhantes. Nunca tinha visto aquele anel antes.

— Mãe, você tem certeza?

— Sim, foi o anel que ganhei de seu pai quando ele me pediu em casamento. Apesar de tudo, nós tivemos um casamento feliz e quero que você siga com sua vida da maneira que te faz feliz também.

— Muito obrigada mãe.

— Eu que agradeço a Deus por não perder meus filhos e por vocês me darem uma nova chance na vida de vocês.

E aquele momento era o inicio de uma nova realidade. Oliver sabia que ainda teria muitos obstáculos porque o gênio da mãe não mudou, mas suas intenções sim. E era isso que realmente importava.

As horas seguintes foi de uma realidade muito diferente de dias atrás. Oliver ajudava Mia a se arrumar para a ceia enquanto Felicity cuidava de William, que mesmo com poucas horas com ela já parecia outra criança. Felicity também ajudou Raissa a arrumar Thea, que estava vestida e maquiada, junto com seu respirador, que permitiria que ela ficasse sentada por algumas horas durante a ceia.

A noite chegou e com ela muitas pessoas começaram a chegar, todas amigas e alguns familiares da família Queen que ficavam admirados com a presença de Felicity novamente na família, mesmo sem que nenhum deles soubessem o que estava acontecendo entre eles. Quando todos estavam Moira se colocou a frente e resolveu dizer algumas palavras.

— Boa noite a todos e muito obrigada pela presença. Hoje é um dia muito especial, muito mais especial do que qualquer outro natal, porque temos a presença de minha filha conosco. – olhando para Thea que estava sentada em um canto com Roy, Tommy e Laurel. – Os últimos meses foram muito difíceis, pensamos por um momento que perderíamos nossa pequena, mas graças a Deus ela está aqui, se recuperando, e terminantemente proibida de passar por perto de um paraquedas. – todos riram, mesmo emocionados. – E também porque hoje começa uma nova fase na família Queen. Primeiro porque temos a presença da Felicity, não só da minha neta. Que possamos ter muitos outros natais com sua presença, porque o passado fez com que eu te afastasse e hoje eu espero que sua presença seja constante na vida dos meus filhos e na minha. – sorrindo entre lagrimas. – E uma segunda coisa torna esse Natal um dos melhores. – pegando um envelope sobre a poltrona perto de onde estava. – Essa semana eu precisei viajar a negócios e como resolvi tudo bem rápido pude ir para outro destino buscar o presente que eu estou a meses batalhando para meu filho Oliver e para meu neto William. Me senti na obrigação de dar a vocês algo que a muito desejam, principalmente depois que sua mãezinha foi para o céu, meu querido. – O pequeno já chorava ao ouvir a menção da mãe, o que o fez se abraçar no pai. – Por isso eu entrego hoje a vocês um presente que tenho certeza que vai mudar para sempre a vida de vocês dois e porque não dizer, de todos nós. – se aproximando e entregando o envelope a Oliver. – Esse é meu presente de natal para vocês, sei que ainda não é hora dos presentes, mas é a hora desse presente.

Oliver pegou o envelope e abaixou para ficar da altura do filho. Não fazia ideia do que se tratava aquele envelope e quando o abriu e tirou os papeis que tinha dentro quase caiu para trás.

— O que é isso mãe? – levantando sem acreditar no que lia.

— É o que você quer desde sempre filho.

— O que é pai? – tentando ler o papel que estava na mão do pai.

— É um documento, filho. É... – quase sem conseguir falar pelo nó na garganta. - ... é sua guarda filho.

— O que? – Thea falou alto sem acreditar, assim como todos na sala.

— Mãe, o que significa isso? – com medo de que a mãe tivesse agido como antigamente e coagido os avós de William.

— Eu estou conversando com ao avós do William a alguns meses, filho. E quando os visitei antes de vir para casa eu os convenci que o que importava para ambos os lados era o bem estar do William e que ele só ficaria bem se estivesse do seu lado. Por isso eles assinaram o documento em que passam a guarda dele para você, com a condição do William ir visitá-los todos os anos.

— Isso já é valido no juizado, mãe?

— Sim, filho. Nosso advogado já tinha ido falar com o juiz e o documento já tem validade legal.

Oliver foi até a mãe e abraçou, se rendendo as lágrimas. Aquele era o melhor presente que ele poderia receber, além da presença de Felicity é claro.

— Pai?

Oliver olhou para trás e viu o filho o encarando sem entender.

— Filho, lembra que você disse que queria morar com o papai?

— Sim, mas a vó não quer.

— Agora ela quer filho. Esse papel autoriza você a vir morar comigo.

— Verdade? – já falando com voz de choro.

— Sim. Verdade meu filho.

William correu e se jogou nos braços do pai. Não tinha como aquele natal ficar melhor do que já estava. Oliver olhou para Felicity e a viu abraçada com Mia e sorrindo por mais aquela conquista na vida deles.

— Eu quero morar com o papai e com o William também mamãe.

— Conversamos sobre isso depois, filha. – beijando a filha que logo correu para abraçar os dois.

William olhou para Felicity sorrindo entre lágrimas, mesmo ele feliz por morar com o pai, ele queria que Felicity também estivesse com eles, mas em breve o menino teria mais uma surpresa quando soubessem que esse desejo estava mais perto de se realizar do que imaginava.

Depois de dar o presente ao filho e ao neto,  Moira se viu sendo abraçada por todos, até mesmo por Felicity, o que nunca aconteceu na vida dela, a não ser pelos filhos. Era como se as pessoas enxergassem Moira com outros olhos com aquela atitude e não tinha como não esperar um futuro de harmonia já que ela era o foco de quase todos os problemas que afastavam as pessoas que se aproximavam da família Queen.

Quando o relógio bateu meia noite todos estavam sentados envolta da árvore de Natal que estava repleta de presentes. Felicity estava com Mia no colo e ao lado de Thea e Roy. Estavam mais atrás e por isso não eram ouvidos pelos outros que conversavam animados.

— Que mudança, se eu soubesse teria pulado de paraquedas antes.

— Não fala isso nem brincando. – disse Roy.

— Não mesmo. Não queria que nossa situação dependesse de seu estado de saúde.

— Só que foi ele que mudou a cabeça da minha mãe. Olha isso, ela está até sorrindo.

Mia levantou porque era hora dela receber seus presentes. Felicity a observou pegando a mão do irmão para irem juntos.

— E quando vocês vão se mudar para a cabana? – perguntou Roy.

— Ah se depender do meu irmão hoje mesmo.

— Ainda tem muito para resolver antes disso, mas não acho que teremos outro destino a não ser esse, - sorrindo a eles com os olhos cheios de lágrimas.

— Ah minha cunha, como estou feliz com isso. – a abraçando. – Meu irmão não é o mesmo longe de você.

— Nem eu longe dele, Thea.

Ver a alegria com que os filhos abriam cada presente, sentados no chão ao lado de Oliver era como se um dos seus sonhos mais desejados se tornasse realidade. A vida tinha sido muito boa para Felicity, mesmo naquela pausa longe de Oliver e de William ela sabia que tinha aprendido a valorizar cada segundo que estava ao lado deles e aquele natal, mesmo não sendo sua crença, tinha se tornado um dos dias mais felizes de sua vida.

—---

Oliver entrou no quarto de William, onde Mia tinha pedido para dormir e não encontrou Felicity. Fechou a porta atrás de si e foi cobrir os filhos que estavam desmaiados por terem aguentado acordados até as quatro da manhã brincando com os presentes. A porta que dava a varanda estava aberta e ele pode vê-la encostada na mureta olhando o céu.

— Acho que nossa sina é nos encontrarmos em varandas. – ele disse quando saiu e fechou a porta.

— Temos muitas sinas juntos, Oliver. Essa é só mais uma. – olhando por cima do ombro, mas continuando observando o céu.

Ele se aproximou e a abraçou, ficando atrás dela. Deu um beijo em seu ombro e olhou para o céu também, onde muitas estrelas estavam.

— Nem acredito que o William vem morar comigo.

— Nem eu amor.

— Fala de novo.

— Amor. – sorrindo quando ele beijou seu pescoço.

— Nem alucinando eu imaginaria um natal melhor. Só vai se tornar ainda mais especial depois que você aceitar.

— Aceitar o que? – olhando para baixo e vendo uma caixinha de veludo no beiral da varanda.

— Oliver? – sem acreditar no que via. Demorou alguns segundos para reagir, mas quando abriu a caixinha se deparou com um anel de diamante.

— Quer casar comigo amor?

Ela se virou com a caixinha nas mãos e olhou para ele com medo de que aquilo não fosse real. Pegando o anel ele se ajoelhou a sua frente como a muitos anos quis fazer, mas não conseguindo porque a vida os separou antes de poder fazer o pedido.

— Eu não quero passar mais um segundo longe de você, Felicity.

— Eu também não. – segurando o choro.

— Então você aceita?

— Simmm. – imitando a filha, gritando alto.

Levantando, Oliver colocou o anel em seu dedo e a beijou sem se preocupar com nada além de ter Felicity em seus braços. Queriam que aquele dia durasse para sempre, porque toda a esperança que tinham medo de alimentar nos últimos anos agora tomava a vida inteira deles. Um futuro juntos, com a paz que sempre quiseram para criar seus filhos e esperar a velhice sentados na varanda de sua casa agora era uma realidade a ser alcançada e foi naquele Natal que eles puderam ter o que mais queriam...  o amor de suas vidas de volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero seus comentários e que vocês acompanhem todas as one’s que virão nos próximos dias. Foram escritas com muito carinho e dedicação.
Beijoos e até a próxima meus amores!