Desde então, Victor se vê presente cada vez mais na presença de Yuuri. Principalmente agora que se inicia as férias de fim de ano na Academia. Exceto que Yuuri continua ocupado com a administração da escola e investigando coisas estranhas que andam acontecendo pelas redondezas. 

Ele se parece muito com um daqueles heróis que aparecem na TV, que se esforçam para garantir a segurança de outras pessoas mesmo que se machuquem e sem querer nada em troca. Quando Victor comenta sobre isso para ele em uma tarde quando eles estão trabalhando na diretoria, Yuuri o olha com surpresa antes de dar uma boa gargalhada e diz.

"É uma comparação interessante, se não fosse pelo fato de que eu lido com situações mais delicadas, seres mais complicados e o fato de que eu uso uma máscara para viver." 

Victor o olha com surpresa, não esperando aquilo dele. Ele finalmente tem a confirmação de que Yuuri se sente preso por causa dos poderes e das responsabilidades dele. Soltando um longo suspiro, ele se pergunta o que mais ele pode fazer para ajudar Yuuri. 

"Victor?" Yuuri pergunta, o fazendo despertar de seus pensamentos e o olhar com surpresa. 

"Sim, Yuuri?" Ele pergunta, abrindo um sorriso forçado.

"Muito obrigado por estar ao meu lado." Yuuri para de trabalhar e se encosta em sua cadeira, soltando um longo suspiro. "Muito obrigado por me permitir ser eu mesmo e por cuidar de mim."

Victor, que estava digitando algo importante no laptop, o olha com surpreso antes de se levantar da cadeira em que estava sentado e circular a grande escrivaninha de Yuuri, se colocando ao lado dele e girando a cadeira, fazendo assim com que Yuuri fique de frente para ele, o olhando com surpresa.

"Yuuri Katsuki." Victor diz, se ajoelhando diante dele.

"Vai me pedir em casamento de novo?" Yuuri pergunta, inclinando o rosto e dando risadas.

"Yuuuuuri, não começa!" Victor faz bico, fazendo Yuuri rir alto.

"Desculpa, desculpa." Yuuri diz, tentando se acalmar.

"Tudo bem~." Victor se levanta, cruzando os braços. "Eu ia dizer tantas coisas e contar o quanto você é especial para mim e comentar como eu posso me sentir tão bem ao seu lado e tão ruim quando você está longe e perguntar se há a possibilidade de sairmos em um encontro e se está tudo bem se um de nós pode se mudar para o quarto do outro e se eu posso te beijar…"

"Victor." Yuuri o interrompe, o agarrando pela gravata e puxando o rosto dele para perto de si, lhe dando um breve beijo na boca dele. "Eu já falei que você não precisa perguntar. Me beije sempre e em todas as vezes que sentir vontade, contanto que estejamos sozinhos. Segundo, eu não me importo em mover minhas coisas para o seu quarto, mas faça isso antes do retorno das aulas para não causar problemas com os outros estudantes."

Yuuri então abre uma gaveta e estende para ele uma chave idêntica a do seu quarto.

"Você pode mexer nas minhas coisas e as colocar junto com as suas caso esteja livre. Eu não tenho muita coisa por lá, então não deve durar muito para organizar tudo. Eu devo estar bastante ocupado até o natal, então não terei tempo o suficiente para te ajudar." Yuuri diz para ele, com um sorriso triste.

"Oh, ok." Victor apenas diz, pegando a chave dele e a apertando em sua mão direita com força. 

"Victor?" Yuuri o chama, o observando seriamente. "Eu posso estar ocupado, mas não se esqueça de que você tem uma cópia da chave desta sala, então você pode vir aqui sempre." 

Para a surpresa dele, Victor se joga em cima dele, lhe dando um beijo que lhe faz prender a respiração. Mas então, ele o abraça fortemente, fazendo seus dedos da mão esquerda deslizar pelos cabelos prateados do professor de artes, o sentindo se arrepiar em seus braços. Yuuri nunca sentiu algo tão forte assim por alguém. Algo que o faz sentir desejo, felicidade, carinho, ternura e uma forte vontade de proteger o homem em seus braços. 

Ele não sabe a verdadeira definição desse sentimento, mas se ele pode ser considerado como 'amor' então ele está pronto para se perder nesse sentimento tão poderoso. 

Amor.

Yuuri Katsuki ama Victor Nikiforov.

E ele deseja poder amar Victor para sempre.

"Eu te amo, Victor." Yuuri diz, quando afasta seu rosto do dele um pouco. "Por favor, fique ao meu lado e não me deixe."

"Eu te amo também, Yuuri. E eu prometo para você, aqui e agora, que eu jamais deixarei ao seu lado." Victor jura para ele, o olhando nos olhos seriamente para mostrar o quanto essas palavras são sérias para ele.

O que ele não esperava era sentir os dedos de Yuuri na suas bochechas, notando que há algo molhado neles. Ele está chorando, saia mente deduz, mas logo ele perde esse pensamento, porque Yuuri o abraça novamente, se tremendo. Victor percebe que para Yuuri, essas palavras também são importantes e ele se sente muito feliz ali, naquele pôr do sol que deixa um tom alaranjado na sala da diretoria.

Ele se pergunta como seria esse por do sol refletido em Yuuri, e sente uma vontade enorme de pegar a maior tela que ele tem e passar horas e horas pintando. 

"Victor?" Yuuri pergunta, olhando para ele com olhos brilhantes e molhados. 

"Eu… queria pintar você." Victor engole em seco, rindo ao achar fofo ele franzir a testa, confuso. "Eu quero pintar quadros inspirado em você."

"Ah." Yuuri cora bastante, algo que Victor adora quando acontece. "Eu não vejo problema, contando que se for para exibir ao público, que não dê para me reconhecer. Será um segredo só nosso."

"Perfeito." Victor diz, o beijando. "Eu vou começar a tirar fotos suas a partir de agora."

"Eh?" Yuuri diz, mas Victor já se afasta dele, com o celular em mãos, tirando uma foto de Yuuri com o rosto inclinando e olhos arregalados, sendo banhado pelo alaranjado pôr do sol que logo desaparece. 

Ele fica admirando a foto que acabou de tirar, surpreso. De tudo o que ele imaginou de quando a idéia lhe veio a cabeça, jamais ele esperava encontrar tal perfeição em suas mãos. 

"Victor? Ai meu deus não me diga que você tirou mesmo uma foto minha! Eu devo ter saído horrível!" Yuuri diz, se levantando da cadeira e se aproximando dele.

"Não, Yuuri." Victor desvia o olhar do telefone para Yuuri, ainda chocado. "Você saiu perfeitamente."

Yuuri sorri para ele timidamente, e se aproxima de Victor, se erguendo para o beijar novamente.

"Vá." Yuuri diz, sorrindo. "Eu posso ver em seus olhos que você quer ir começar a pintar a foto que você tirou. Me surpreenda, Vitya."

E Victor se vê corando ao escutar dele um de seus apelidos, surpreso por Yuuri ter conhecimento deles.

"Eu falei errado? Lília me contou no passado sobre como os russos costumam dar apelidos dependendo do tipo de relacionamento, e eu achei que seria bom poder te chamar de algo especial quando estivermos a sós." Yuuri comenta, e Victor se vê cada vez mais encantado com esse homem a quem ele tem sorte de chamar de namorado.

Victor o beija novamente, se afastando com um sorriso no rosto.

"Você disse certo. E por favor, me chame de Vitya sempre que quiser." Ele diz, se afastando e pegando sua bolsa. "Eu estou indo agora."

E Yuuri, dando risadas, vê seu namorado sair da sala da diretoria. Ele se volta a se sentar na cadeira dele e ergue um calendário mostrando o mês de dezembro e no dia 25, marcado com uma caneta vermelha, está escrito: Aniversário de Victor.

Esse é o motivo por Yuuri estar trabalhando tanto. Ele quer ter um dia inteiro só para ele e Victor. Um dia para comemorar não só o aniversário dele como também o romance deles. 

Um encontro, que para o professor de artes, será inesquecível.

Mas antes, ele precisa terminar o presente de Victor. Mas para isso, ele precisa esperar a chegada de uma certa pessoa, para o pavor de seu escravo estúpido. 

"Vai ser divertido." Yuuri comenta, engolindo em seco ao ver a Vice-diretora Lília Baranoskaya entrar em sua sala com mais documentos para ele.

Soltando um longo suspiro, ele aponta para os papéis que ele já verificou para ela com a mão esquerda e com a outra, a estende para os que ela está segurando. Lília se aproxima e lhe entrega os papéis, notando que ele ainda possui documentos na mesa para trabalhar.

"Café?" Ela pergunta, notando que ele aparenta exaustão apesar do sorriso no rosto.

"Por favor. E almoço também. Eu acho que vou acabar passando a noite aqui esses dias se eu quiser terminar tudo a tempo." Yuuri responde, franzindo a testa ao ler um rosa documentos que acaba de receber.

"É claro." Lília diz, recolhendo os documentos apontados por ele anteriormente e se retirando com eles.

É claro que ela não se importa em atender esses tipos de pedidos dele. Afinal foi por causa dela que ele está vivendo nessa situação toda. E apesar disso, ele não só sequer a culpa como também realiza o trabalho de diretor perfeitamente, além de cuidar de assuntos sobrenaturais que acontecem na escola. Acontecimentos que inicialmente também foram causados por ela.

Mas isso é algo para se refletir em outro momento. Agora, ela precisa trazer comida e café para Yuuri. 

~x~

Victor termina o quadro em 3 dias, algo que o surpreende porque ele nunca levou tão pouco tempo para realizar tal façanha. E é uma obra-prima. É uma pessoa, de longos cabelos negros e com o rosto coberto pelo pôr do sol. Ele começa a desejar ter mais chances de tirar fotos e pintar mais telas inspirados em Yuuri. Yuuri concordou em ser seu modelo, então isso não vai ser problema. Mas… ele sabe que não pode ficar apenas em Yuuri. Pelo menos não diretamente.

Ele solta um suspiro e olha para o calendário, ficando cada vez animado à medida que o seu aniversário se aproxima. Será a primeira vez que passará a data com um namorado. 

Espera… Yuuri por acaso sabe que dia 25 é aniversário dele?

E falando em aniversário…

Quando é o de Yuuri?