Green Eyes escrita por Thalia Masen
Notas iniciais do capítulo
♥ Boa Leitura!
Illinois, 20 de Junho de 1901
As paredes de meu quarto giravam diante dos meus olhos enquanto uma dor avassaladora corria minhas entranhas. Era a pior dor do mundo. Dor essa que se multiplicava ao imaginar que não conseguiria trazer o meu bebê ao mundo.
Eu só conseguia me concentrar na voz da mulher que segurava a minha mão enquanto eu empurrava sem sucesso.
—Força, Elizabeth! - a parteira falou com falsa calma, eu conseguia perceber sua tensão.
Senti uma contração, empurrei, mas não eu possuía mais forças. Eu estava tão fraca, mal sentia minhas pernas. O medo de não ter o meu bebê comigo desesperava-me.
— Eu não vou conseguir - gritei e apertei a mão de Mary, que secava a minha testa molhada de suor. - Não vou conseguir ter o meu bebê.
Meu Deus, me dê forças!
—A senhora irá conseguir! - a anciã disse serena. - Na próxima contração, empurre com toda a força que conseguir.
Gritei quando senti a contração e empurrei com toda a força que consegui reunir, mas não havia sido o suficiente.
—Ele está coroando! - a velha parteira falou. - Está perto, minha filha. Na próxima ele vem ao mundo.
—Minha senhora, tenha calma. - Mary falou.
A dor era insuportável, eu mal conseguia manter os olhos abertos. Mas eu lutaria, morreria para dar a luz ao meu bebê.
Eu não suportaria perdê-lo, não quando já havia perdido outros dois. O desespero apunhalava o meu coração.
—Ponha essa toalha em minha boca, Mary - minha saiu num sussurro. - Irei por meu filho no mundo nem que seja a última coisa que eu faça.
Ele me obedeceu e pôs a toalha em minha boca. Prendi a respiração quando senti a próxima contração vindo, mordi a toalha e empurrei com toda a minha força restante, a dor era cortante.
Soltei a respiração quando um choro alto ecoou pelo quarto. Meu filho. Eu havia conseguido. Meu bebê havia nascido.
—É um menino - a parteira gritou animada. - Um grande menino!
Sorri cansada em meio às lágrimas. Era menino, como eu havia sonhado. Meu menino.
Estendi meus braços debilmente.
—Me dê - minha voz mal saia.
A parteira me entregou o pacotinho. O bebê ainda sujo de sangue se debatia, chorando alto. Devia estar com fome, o coitadinho.
Meu coração parou quando olhei o seu rostinho pela primeira vez. Meu filho. Meu bebezinho.
Senti minhas lágrimas caírem enquanto sorria fitando o seu rostinho. Meu filho, como é lindo. Passei as mão em sua cabeleira coberta de sangue e beijei sua testinha apertando-o contra os meus seios.
Tentei embalá-lo, mas ele não parava de chorar quase que desesperadamente.
— O que está acontecendo? Mary? - perguntei preocupada.
Ela me olhava contemplativa e balançou a cabeça sorrindo.
—Ele deve estar morrendo de fome, o pobrezinho demorou muito para vir ao mundo. Dê-me que irei limpá-lo e a ensinarei a como dar de mamar ao pequenino.
Mesmo hesitante entreguei meu filho a ela, sentindo um vazio quando foi levado para longe de mim. Olhei com curiosidade Mary aproximá-lo de uma pequena bacia e limpá-lo com um pano úmido, ele se debatia e chorava, mas ficou mais calmo quando ela começou a entoar uma cantiga de ninar que eu não conhecia. Após deixá-lo limpo, ela o trouxe para mim.
O tomei nos braços e olhei impressionada a sua cabeleira ruiva, como a minha. Embora houvesse se acalmado, o rostinho ainda estava vermelho pelo choro.
Mary me ensinou a como segurá-lo da forma correta e como dar o peito. Reprimi um gemido quando ele sugou o mamilo com avidez, mas resisti ao ver o seu rostinho sereno e acariciei sua bochecha rosada, quanto o olhava contemplativa. E ele abriu os olhos para mim pela primeira vez, fitando-me com curiosidade e conhecendo então o mundo a sua volta. Seus olhinhos pareciam ser verdes, como os meus.
Passei minha mão por seu rostinho, tinha o nariz do pai.
—Ele não é lindo, Mary? - não conseguia tirar meus olhos dele.
—Sim - Mary parecia impressionada. - Nunca vi um bebê tão belo. como é graúdo!
Peguei sua pequena mãozinha e contei os dedinhos das mãos, dez em cada mão. Ele era perfeito. Edward precisava conhecê-lo logo, ele era a concretização do nosso amor.
—Chame o meu marido, por favor . - Pedi a Mary e ela assentiu.
Edward não havia conseguido assistir ao parto, tinha coração fraco. E eu também duvidava muito que conseguiria ficar essas 12 horas ao meu lado, principalmente por conta do escritório.
Observei a velha parteira lavar seus utensílios na bacia, ela olhou para mim e sorriu.
—Falei que conseguiria, mocinha - se aproximou e tocou meu ombro. - Sabia que mesmo tendo perdido os outros dois, você conseguiria ter esse.
Sorri assentindo, ainda doía muito a perda dos outros, mesmo que ainda os tivesse perdido no começo da gestação.
—Mas creio que esse será o seu único, seu corpo não aguentaria mais uma gravidez, você sangrou muito - Afagou meus cabelos e olhou para o meu bebê reflexiva. - Mas seu menino viverá muito, mais do que imagina. E será lindo, muito lindo!
Agradeci e, mal saindo ela, meu marido entrou no quarto com rapidez.
Edward vestia o mesmo terno de ontem, ele estava amassado. O cabelo sempre impecavelmente penteado para trás, estava em completo desalinho.
Meu marido era um homem alto e bem apessoado, sabia que a maioria das mulheres solteiras da alta sociedade de Illinois o cobiçavam, mas eu havia sido a sortuda a conquistar o melhor partido da cidade. E nos amávamos, como amávamos. Eu amava com todo o meu coração, por mais genioso e turrão que ele fosse.
—Venha, meu querido - o chamei suavemente, ele estava acuado. - Venha ver nosso menino.
— É menino? - perguntou rouco, as olheiras denunciavam que não havia dormido,
Ele se aproximou devagar, o rosto vermelho de choro e se sentou ao meu lado. Olhou nosso filho e chorou copiosamente.
—Eu tive tanto medo de perdê-la, Elizabeth - beijou meus lábios e depois minha testa. - Tanto medo de perdê-los.
Edward olhou atentamente para o nosso bebê.
—Ele é perfeito Lizzy, como eu o amo. - Ele afagou o rostinho com delicadeza. - Como eu amo você.
Sorri para ele e abracei sua cintura, sentindo seus lábios em minha testa.
—Seu nome será Edward Anthony - falei decidida. Não havia nome melhor.
Edward me olhou de olhos arregalados.
—E-eu não mereço - gaguejou surpreso.
Ri de sua cara.
—Claro que merece - beijei seu nariz. - Me prometa que será mais presente, que não trabalhará tanto, por favor.
Pedi temendo sua reação, já havíamos brigado um milhão de vezes por ele trabalhar tanto e nunca estar em nossa casa.
—Tentarei, Elizabeth. - Falou vestindo sua capa de austeridade.
Rezei mentalmente para que ele pudesse cumprir sua promessa, meu filho não merecia um pai ausente. Olhei seu rostinho enquanto mamava e ele abriu os olhos, me fitando intensamente.
Me perdi no olhar do grande amor da minha vida. Meu filho.
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