Corações Indomáveis Reylo escrita por Lyse Darcy


Capítulo 6
Capítulo 6 Uma fuga.




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O vento gélido vindo do litoral deixava o continente mais fresco. As estrelas deixavam o céu noturno parecido com um veludo repleto de brilho. O zumbido dos grilos anunciavam que o dia seguinte seria aquecido pelo sol. Ao ar livre dois rapazes conversavam descontraídamente sobre a vida e as escolhas que ela apresentava.

— Tem certeza Ben, que ela é a garota? — Dameron arqueou uma sobrancelha de modo divertido.

— Absoluta!  — Respondeu convicto. — Ela é a criatura mais delicada e linda que já vi, parece um anjo.

— Cuidado com os anjos! — Ironizou Poe.

— Não tenho porque me preocupar. Aliás, já pedi permissão ao meu tio para noivar com ela.

— E quanto a outra irmã. O que será dela? Ela é bonita?

— Na verdade, eu não sei o que irá acontecer a ela, acredito que se casará logo, afinal de contas é uma jovem muito bonita.

— Opa! Então irei candidatar-me ao posto de noivo. — Riu ao falar.

— Não permitiria, que a minha prima e cunhada, se casasse com um boêmio como você. — Devolveu o sorriso e, deu-lhe um empurrãozinho amistoso. Rey merece alguém mais tranquilo.

A conversa entre os amigos prosseguiu fluida e animada, regada a vinho e muita sinceridade.

 

(…)       

 

Luke estava jantando tranquilamente com as suas duas filhas. Observando-as atentamente notou que a mais jovem estava muito distante e inquieta.

— Desirée, como foi o seu dia?

— Foi muito proveitoso. — Levou uma garfada de legumes a boca, com a finalidade de encerrar a conversa. O homem suspirou, percebendo que a garota tencionava esconder alguma coisa, então continuou a sondar.

— Você tem saído muito as tardes? O que tem feito nessas ocasiões? Espero que não esteja andando sozinha. — Desirée quase engasgou com o alimento, tomando um pouco de água, então dirigiu um sorriso largo a seu tutor com o propósito de desarma-lo.

— Mas é claro que não papai. Lireth tem sido a minha companhia a todos os momentos. Andamos pela vila, no mercado, pelas praias, aliás, elas são belíssimas.

— Já foi a igreja? Visitou o Padre Kenobi? — Rey estava animada para adentrar na conversação.

— Não maninha, ainda não tive a oportunidade, mas pode deixar. Está na minha lista de lugares para visitar. — Ironizou.

Skywalker fitou ambas e se pronunciou.

— Muito bem meninas vamos continuar a nossa refeição, mas Rey, antes de se deitar preciso falar com você no meu escritório, — olhou para a mais jovem — e quanto a você, mocinha, não acabamos ainda temos muito que conversar. — Desirée engoliu em seco, colocou o guardanapo na mesa.

— Posso retirar-me, já terminei. — O homem anuiu e ela saiu rapidamente para o seu quarto.

 

(…)

 

 Rey caminhava tranquilamente pela casa apagando algumas velas pelo caminho, mesmo sendo atribuição dos serviçais, trazia consigo uma xícara de chá para o seu pai. Bateu na porta e aguardou o consentimento, ao ouvir adentrou no escritório, onde Luke estava sentado na sua mesa o seu rosto estava sério e, as mãos cruzadas apoiadas no queixo. A jovem achou estranha a postura taciturna do mais velho.

— Então, Pai o que o senhor gostaria de falar comigo? — Sorriu docemente. — Fiz alguma coisa?

— Não querida, você não fez nada! — Se levantou e contornou a escrivaninha e foi até a sua filha, pousou as suas mãos no seu ombro. — O que tenho para lhe dizer, sei que não será fácil, contudo, conto com o seu bom senso e a sua maturidade para lidar com a situação da melhor maneira possível.

Rey sentiu um calafrio percorrer no seu corpo, e se sentou na poltrona a sua frente para controlar as suas pernas que teimavam em vacilar. Luke notou que a garota estava hesitante. Respirou fundo, pois, sabia que o que tinha para revelar iria ser demasiado pesado para ela absorver. Voltou a caminhar e pegou uma cadeira e sentou na frente da jovem.

— Rey, o seu noivo esteve aqui comigo numa reunião privada. — A garota assentiu lentamente sabia que ele esteve na sua casa e nem a reconheceu.

— Há algum problema com ele? — Ela olhava-o confuso. Skywalker respirou fundo para reunir forças.

— Bem, ele esteve aqui para romper o compromisso com você. — A olhava com grande tristeza.

Rey se levantou de supetão. Tentando esconder o rosto.

— Por que ele fez isso? Alegou alguma objeção para a anulação do noivado? — Sua voz saiu embargada, as lágrimas rolaram quentes por suas bochechas. O seu tutor caminhou lentamente como se não quisesse afugentar um pássaro ferido, assim a envolveu num abraço consolador, afagando os seus cabelos macios, ela precisava ser forte, pois, o motivo de tal rompimento tão repentino era ainda mais cruel.

— Sim,  meu bem, teve um motivo. — Abraçando com mais intensidade, a fim de que lhe conferisse força para revelação subsequente. — Ele enamorou-se de outra jovem. Portanto, não poderia seguir com esse compromisso. — Ela levantou a cabeça para encarar o seu pai nos olhos.

— O senhor, sabe quem é a jovem afortunada que lhe roubou o coração?

Luke desviou o olhar e se afastou dela para ganhar ar e falar da jovem que realizou tal feito.

— Sim, sei quem é a jovem. — A olhou, a fim de ver o fundo da sua alma. — Desirée, a sua irmã.

 A garota levou a sua mão a boca numa tentativa de sufocar um grito, como se tivesse ouvido a notícia mais terrível que se poderia ouvir, se afastou do seu tutor como se o seu contato lhe desse choque, deu um passo alcançando a porta, acionou a maçaneta, ia saindo do cômodo, antes de ir voltou o seu tronco em direção a Luke, enxugando as suas lágrimas.

— Não poderia ter mulher melhor para Ben. — Voltou a caminhar de volta para o seu pai pousando as suas mãos delicadas no homem e tornou a falar serenamente. — Fico feliz por Desirée. — Se afastou um pouco. — Agora só tenho um pedido a fazer. — O mais velho a olhou surpreso.

— Diga filha, o que você quer?

Secando a face o olhou de modo firme e numa postura convicta.

— Só quero uma coisa. — Soltou o ar dos pulmões como se lembrasse de como se respirar. — Que ninguém saiba que foi ele quem rompeu o compromisso. — Luke a olhou incrédulo, todavia não a interrompeu deixou que ela concluísse o seu motivo para tal pedido.

— A todos que perguntarem sobre o assunto, diga que eu não poderia mais continuar noiva do jovem Ben Solo, pois, precisava atender ao chamado de Deus, cumprir os votos. Ser uma freira!

O homem caiu sentado na poltrona atônito por tal decisão tão precipitada por parte da sua tutelada. Tentou abrir a boca para contestá-la, mas antes que o fizesse ela adiantou-se.

— Não se preocupe comigo, querido pai. Vou ficar bem, mas para evitar comentários das pessoas, prefiro que todos pensem que foi eu a romper o compromisso, e que Ben Solo para não ficar sem uma noiva, desposará a minha irmã. — Engoliu em seco, completando. — Avise a ele e a sua família sobre isso, e que irei fazer os meus votos para me tornar uma noviça. Logo pela manhã, falarei com o padre Kenobi.

— Minha filha, não se precipite haverá outro jovem de valor que com certeza vai querer casar contigo.

— Não me estou precipitando, além disso, vai ser melhor assim, não quero mais me aventurar nas questões do amor. — Antes de sair do escritório beijou o topo da cabeça do seu tutor e se despediu e rumou para o seu quarto.

 

 

(…)

 

A noite era uma fria companhia, enquanto que as lágrimas vertiam dos seus olhos e inundavam a sua tristeza que parecia um buraco sem fim, o fluido salgado molhava o seu rosto e umedecia o bordado do seu vestido de seda com fitas de cetim, à medida que o vento soprava indiferente a melancolia no rosto de Rey que estava recostada na sua varanda, a brisa lambia o seu pranto quente e deixava a face dela fria, dessa maneira tentava congelar os seus sentimentos que um dia nutriu pelo noivo que agora se enamorou da sua irmã caçula.

Enxugou o seu rosto com a ajuda de um lenço, enquanto que a luz de uma vela bruxuleava no retrato de Ben que a sua tia havia-lhe presenteado um tempo atrás ele estava numa postura imponente com os seus trajes elegantes da marinha. Fungou e tomou a figura num abraço e rumou de volta ao quarto e, depositou a imagem num baú que ela colocava as coisas que não tinham mais importância e cerrou o compartimento. Se recostou no seu travesseiro e começou novamente a chorar até adormecer cansada.

 

(…)

 

O sol estava lindo despontando por entre as palmeiras a brisa fresca fazia as folhas pontiagudas balançarem fazendo um som gracioso que se assemelhava a chuva. Rey despertou do seu sono conturbado e ergueu o seu tronco da cama com dificuldade.

A cabeça doía muito estava pesada de tanto chorar a noite passada, caminhou até uma mesa que repousava uma jarra de porcelana com alguns florais, tinha água no recipiente, então despejou o líquido numa pequena bacia e assim lavou o seu rosto para amenizar os efeitos da noite anterior e, fazer a sua ablução matinal.

Saiu do seu quarto devidamente arrumada com um belo vestido azul esvoaçante, cabelo preso no topo com os cachos caindo em cascata por seu ombro e um chapéu com algumas florezinhas enfeitando o adorno na mesma tonalidade do vestido.

Ao chegar a cozinha encontrou Lireth muito assustada, como se estivesse escondendo algo, assim perguntou.

— O que está fazendo? 

A garota deu um pulo para trás. — Nada senhorita. Estou apenas preparando um chá para a sua irmã.

— Chá? Ela está doente? — Perguntou preocupada.

— Sim senhorita, a sua irmã acordou indisposta hoje. — Mostrava uma agitação fora do normal que Rey achou estranho.

— Acho melhor avisar ao nosso pai do estado de Desirée. Para poder chamar um médico.

— Não vai ser necessário. — Se apressou. — Vou dar-lhe uma efusão e verá como ela ficará melhor logo.

— Sim Lireth dê o remédio a ela e faça com que repouse para se recuperar, mas se não acontecer avise ao meu pai imediatamente. — A serviçal anuiu. Saindo da cozinha, antes de cruzar o batente voltou-se para a dama de companhia. — Avise a meu pai que fui a igreja falar com o padre Kenobi, ele sabe do que se trata. — e seguiu para o seu destino.

Mal sabia Rey, que aquela efusão que Lireth preparava eram as ervas que Maz Kanata havia vendido para sua irmã, e que ela havia começado a executar os seus planos. Assim a jovem serviçal rumou para o quarto de Desirée munida de uma bandeja com uma xícara cheia de uma bebida fumegante um odor marcante.

— Não vou conseguir beber essa coisa, tem um cheiro repugnante. — Protestou.

— Vamos beba logo! Lembre-se o que a velha curandeira disse. — A jovem deu de ombros.

— Lembro perfeitamente. — Colocou o dedo indicador e o polegar em forma de pinça, tampando assim, o seu nariz e então, verteu o líquido amargo em sua garganta de uma só vez, o sabor e o odor a fizeram sentir náuseas, com isso respirou fundo para segurar a efusão em seu estômago e pensou consigo: “Espere só mais dois dias.” E sorriu maliciosamente.

 

(…)

 

  Luke estava na mesa esperando as garotas se juntarem a ele no dejejum, enquanto isso lia o periódico, a fim de se inteirar das notícias do país, então ouviu os passos apressados de Lireth, abaixou o jornal e chamou a jovem.

— Onde estão as meninas? — A garota ouviu a voz do patrão e levou um susto.

— Desculpe se te assustei, criança. — O homem falou de modo bondoso.

— Não me assustou, de fato, senhor. — Sorriu meio sem jeito. — Estava apenas distraída. Espere que já servirei o seu café da manhã.

— Obrigado! Mas minhas filhas, não virão? — A jovem se voltou para o patrão.

— Rey foi para a Igreja falar com o padre, disse que o senhor sabia qual assunto ela iria tratar. — Luke anuiu. — Desirée amanheceu um pouco indisposta, mas não se preocupe não é nada sério já tomou um pouco de chá e irá repousar. — Olhou o homem. — Deseja mais alguma coisa, patrão? — Luke balançou a cabeça em negação, com isso a jovem se retirou para buscar a refeição do mais velho.

 

(…)

 

Rey ao adentrar no local sagrado se abaixou em um sinal de respeito e fez o sinal da cruz na altura de seu peito, beijou o seu crucifixo e se ergueu novamente, e caminhou pela nave da igreja rumo a sacristia, então bateu na porta e ouviu uma voz abafada.

— Pode entrar.

Quando a garota ganhou a sala o padre se levantou muito feliz em ver a jovem, se aproximou, a isso ela beijou o dorso da mão do homem.

— Benção, padre Kenobi!

— Deus te abençoe, minha filha. — Sorriu de modo paternal, afinal de contas conhecia aquela garota, desde que era um bebê. Com isso a convidou para se sentar. Ela aceitou e se acomodou numa cadeira a frente da mesa do sacerdote.

— Então, minha jovem, soube que Solo chegou na vila. — A garota anuiu timidamente e seus olhos ficaram marejados ao ouvir aquilo. Kenobi era um homem muito perspicaz, logo percebeu que havia algo errado naquela visita. No entanto, esperou Rey desabafar, pois, tinha uma forte intuição que ela não estava ali para os preparativos do casamento, então se recostou no descanso da poltrona e cruzou os dedos apoiando-os no tampo da mesa.

— Diga Rey o que você precisa? Em que posso lhe ajudar? — Os olhos azuis do padre estavam fixos na jovem que nesse momento vertia gotas gordas que molhavam suas bochechas rosadas. Ela respirou fundo e olhou fixo no homem.

— Vim para fazer meus votos, quero ingressar no noviciado.

O padre ficou perplexo ao ouvir aquela declaração. Tentou arrazoar com uma Rey chorosa a sua frente.

— Mas minha filha, e como fica o seu noivado? Não pode fazer os votos! — Falou brandamente.

— Rompi meu noivado para conseguir fazer os meus votos. — Enxugava as lágrimas. — Preciso seguir minha vocação.

Kenobi se levantou e foi até a jovem, pousando suas mãos nos ombros dela. — Rey, pense com clareza, essa decisão é muito séria, um voto a Deus, não se pode fazer levianamente e muito menos para fugir de algo.

— Tenho certeza de minha decisão! — Falou firme para passar convicção. — Se o senhor não aceitar minha decisão para ingressar no convento, então irei à paróquia da vila vizinha, tenho certeza que me aceitarão lá.

O padre suspirou fundo percebendo que a jovem estava aflita e fugindo de alguma coisa, falou conciliadoramente.

— Muito bem Rey, façamos o trato você ficará no convento por dois meses. — Olhou firme para ela. — Mas não fará os votos, falarei com a madre superiora, para deixa-la como noviça, ao final desse período voltaremos a conversar.

A garota de rosto vermelho e inchado esboçou um sorriso fraco em alívio pela decisão do padre.

— E mais uma coisa — Rey o olhou confusa — seu pai sabe dessa decisão?

Ela anuiu em afirmação e se despediu do homem que a ajudou a fugir do embaraço de ver Ben Solo novamente e a fugir de si mesma. Rumou para a sua casa.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelo apoio
Desculpa algum errinho que eventualmente passou
Beijocas



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