P.O.V Da Sam

Desgrudamos nossas bocas e nos separamos quando o ar ficou escasso. Dei um passo para trás, assustada, atordoada e surpresa com o beijo que havia acontecido. Freddie me beijou e foi tão inesperado, e eu acabei retribuindo. Ficamos nos encarando, ambos ofegantes, ele me encarava com aqueles olhos castanhos que estavam arregalados, seu peito subia e descia.

Meu coração martelava forte em meu peito. Pensei que minhas pernas bambas me desabariam. Eu estava toda trêmula por conta do tamanho nervosismo. Ele também parecia atordoado e nervoso com aquela situação.

O beijo foi bom. Na verdade, foi mais que bom... Me senti nas nuvens.

Desviei o olhar, ainda sentindo meus lábios formigarem. O gosto do seu beijo estava impregnado em minha boca, hortelã misturado ao sabor do coquetel de Blueberry.

— Quer voltar para a festa? - Rompeu o silêncio entre nós que só era quebrado pelo som do mar.

— Preciso de um minuto... - Murmurei.

Eu precisava pensar. Colocar meus pensamentos em ordem. A mente no lugar.

Ele suspirou e assentiu, enfiou as mãos nos bolsos e fitou a areia sob o nossos pés. Também estava pensativo. Ficamos ali parados por mais alguns segundos.

— Freddie, acho que a gente devia sentar e conversar. - Sugeri.

— Claro, como quiser. - Concordou.

Andamos até uma pedra grande o suficiente para nos acomodar sentados. Quando nos sentamos ali, passei as mãos no vestido alisando o tecido. O vento jogava os meus cachos para todos os lados.

Freddie tirou a jaqueta marrom, colocou por meus ombros me agasalhando e eu agradeci por sua gentileza.

— Por quê me beijou? - Necessitava saber.

Em nenhum momento seus olhos fugiram dos meus. Estávamos sentados próximos, de frente um para o outro.

— Por quê me beijou de volta? - Seus lábios finos e pequenos formaram seu típico sorriso torto.

Deixei escapar uma risada curta e baixa, estava nervosa. Inquieta, comecei a mexer na barra do meu vestido, ainda sentindo o vento friozinho esvoaçando meu cabelo.

— Nós dois queríamos. - Constatou, confirmou com toda a certeza e estava certo.

— Sim. - Não neguei.

— Está arrependida? - Quis saber.

— Você está? - Devolvi a pergunta.

Então, ele deixou escapar um riso.

Olhei para o mar pensativa, revivendo o nosso beijo em minha mente.

— Sam? - Tocou meu ombro.

— Não sei se foi certo, Freddie. - O olhei.

— Não gostou do beijo? - Ficou triste.

— O beijo foi bom. Eu gostei. Talvez esse seja o problema. Você sabe. - Falei.

Ele pegou uma mecha esvoaçante e a arrumou atrás da minha orelha.

[...]

P.O.V Do Freddie

— Eu não te trouxe aqui à toa, Sam. Vou ser franco com você. Te convidei para vir comigo porque queria aproveitar isto tudo ao seu lado. Sua companhia me agrada. Você é tão legal, divertida. Cheia de vida. Me faz bem, e é por isso que me sinto atraído, foi por esse motivo que te beijei, e isso tudo só confirmou as minhas suspeitas, agora não me restam mais dúvidas... Gosto de você. Gosto tanto que mal consigo me controlar, ver você dançando com o Balwenz me deixou louco, eu só queria ter te arrancado dos braços dele, foi por isso que saí porque estava incomodado, com ciúmes de te ver nos braços de outro, senti raiva e inveja dele, porque eu te desejo e à cada dia que passa me vejo perdidamente apaixonado por você. - Revelou os sentimentos, pegando-me de surpresa.

— Freddie, eu...

— Por favor, eu ainda não acabei... Sam desde aquele dia que chegou na minha casa, molhada e toda atrapalhada, nervosa e desesperada por emprego, eu me comovi. Não pensei que daria certo, você não tinha experiência alguma, mas vi que tinha garra, força de vontade. Te dei a vaga, você agarrou a oportunidade e não me decepcionou e ainda me surpreendeu com a facilidade que aprendeu a cuidar dos meus filhos. Você é tão única e como eu poderia não me encantar com você? Você cuida da minha casa, se dedica ao máximo cuidando dos meus filhos da melhor maneira possível, te ver interagindo com as crianças enche meu coração de ternura, você é tão boa no que faz, têm essa luz própria, essa energia boa que te cobre, e com o passar do tempo comecei a prestar atenção em você, comecei a te ver como a mulher incrível que você é, e quando dei por mim, já não havia mais volta, você têm sido tão maravilhosa comigo e com meus filhos, minha mãe gosta de você, Ray e Bonnie te adoraram no momento em que te conheceram. Acho que qualquer pessoa se encanta, porque você cativa as pessoas com facilidade... Céus, eu tentei fugir desses sentimentos, embora tenha sido impossível. E agora você sabe, sabe o que sinto e pode ter certeza de que é verdade, estou apaixonado por você e te trazer aqui foi preciso, como tomei coragem, estou me declarando agora. - Por fim, finalizei nervoso, ansioso e temeroso.

Meu coração batia forte. Minhas mãos se encontravam suadas.

Ela podia muito bem levantar e correr para longe. Eu não a culparia.

Quando vi as primeiras lágrimas brotarem, meu coração apertou. O rosto angelical começou a ficar banhando pelas lágrimas.

— Sam...

— Isso tudo foi... Foi lindo, Freddie. Nunca ouvi palavras tão... - Estava muito emocionada.

Toquei seu rosto suavemente, fui me aproximando até juntar nossos lábios.

Quando ela me abraçou, me beijando. Meu coração aflito se acalmou.

Por Deus, era tão bom beijá-la.

[...]

P.O.V Da Sam

— Pensei que fosse desmaiar. - Falei brincando enquanto tentava arrumar seu topete.

Freddie riu. Sorri tão feliz. Sua declaração foi tão fofa.

Meus cachos ficaram uma completa bagunça.

— A gente vai voltar para a festa agora ou você também pretende se declarar para mim? - Sorriu todo bobo.

— Não sou boa com palavras. Achei que os beijos retribuídos fossem o suficiente. - Minha resposta o fez rir.

— Foram sim. Mais que o suficiente. - Me deu um selinho.

Levantei com sua ajuda após calçar minhas sandálias. Estava cada vez mais frio. Precisávamos voltar para a festa de Raymond.

— Saiba que eu também sinto o mesmo. - Nossos dedos se entrelaçaram.

Fomos caminhando de mãos dadas.

— Quando começou a ter sentimentos por mim? - Estava curioso.

— Quando me permitiu fazer as refeições, passamos a comer juntos, começamos a sair com as crianças... Você me levou para conhecer a casa da sua mãe. Você é tão legal e fofo, e você me trouxe para esse lugar incrível, segurou a minha mão a viagem toda. Como eu poderia não nutrir sentimentos por você? Você é um bom pai, têm se esforçado, e eu me vi cada vez mais interessada em você, mesmo sabendo que não deveria, sou a babá, e você, bom...

— Somos dois adultos. Homem e mulher, ambos solteiros. Não estamos cometendo nenhum crime. Não é nada errado em nos apaixonarmos, você pode procurar outro emprego se quiser. Se isso de alguma forma for um problema. Porque para mim não é. - Esclareceu.

— Não quero outro emprego. Gosto de cuidar das crianças. Depois conversamos sobre isso. - Falei quando chegamos na área montada e enfeitada onde rolava a festa.

— Onde vocês estavam? - Bonnie nos abordou preocupada.

— Eu saí para tomar um ar. Sam foi me procurar. Ficamos na praia conversando. - Respondeu.

Ela abriu um grande sorriso, pareceu entender tudo. Fitou as nossas mãos unidas.

— Ótimo! Venham comigo, nós já vamos cantar parabéns e cortar o bolo. Ray estava preocupado com o sumiço de vocês. - Foi nos empurrando, fomos sendo guiados pela morena.

A mesa com o bolo de três andares estava repleta de frutas arrumadas em cestinhas de vime. Também havia bandejas de docinhos coloridos. O bolo era enorme, confeitado com glacê branco e frutas vermelhas. Era tão bonito, fez minha boca salivar porque parecia saboroso.

Nos reunimos com o restante dos convidados. Cantamos parabéns para o Ray que estava muito radiante. Ele se emocionou na hora de cortar o bolo, deu a primeira fatia para a esposa, eles se beijaram e todos aplaudiram.

Fotógrafos profissionais estavam registrando a festa.

O banquete continuava sendo servido. Duas mesas postas lotadas de louça bonita, panelas e travessas de vidro. Alexander apareceu quando estávamos jantando. Estava acompanhado e se juntou à nós.

— Esse é um velho conhecido meu, Freddie Benson, e essa loira simpática é minha mais nova amiga, Sam. Casal, esse é o minha noiva, Lena. - Apresentou uma moça com traços bem marcantes.

Julgando por sua aparência, ela parecia com uma daquelas jovens dançarinas latinas.

Reparei no braço direito engessado. Alexander a ajudou sentar, sua noiva era muito bonita, usava um vestido branco que combinava com a pele morena e com os longos cabelos pretos ondulados.

— Prazer em conhecê-la. - Benson a cumprimentou com um aceno.

Fiz o mesmo, sorrindo para a morena que parecia tão tímida quanto eu.

— Você dança muito bem. - Me elogiou. - Alex me falou que você saiu incomodado, todos viram quando ela correu atrás de você. Se ele soubesse que se chatearia, não teria tirado sua namorada para dançar. - Ela disse para o Freddie que ficou todo sem jeito.

— A Lena tem razão. - O moreno concordou. - Me senti mal quando vi que...

— Não se preocupe. Foi apenas um mal-entendido, não sabia que estava noivo. - Assim como eu, Freddie olhou para a aliança na mão do Alexander.

— Nós estamos bem. - Sorri e o Benson me abraçou de lado, assentindo.

O casal ficou aliviado.

— Raymond não disse que vocês estavam namorando, eu presumi. Lena se acidentou andando de bicicleta, ela é minha parceira de dança, como não pode dançar porque está com o braço engessado, pensei que não ficaria bravo, você permitiu que eu dançasse com a Sam. - Disse Alexander ainda nos olhando atentamente.

— Está tudo bem, cara, já passou. Me conte sobre vocês, como se conheceram? - Freddie mudou de assunto.

Voltei a comer ainda atenta na conversa.

— Apesar da Lena vir de uma família grega, ela estava dando aulas de dança em Havana. Fui morar em Havana ano passado, nos esbarramos no restaurante, e como eu estava trabalhando de garçom, ela disse para o meu chefe que pagaria todas as taças que derrubei e ainda assumiu toda a culpa, sendo que fui eu que a derrubei e ainda manchei o vestido dela com vinho tinto. - Contou.

— Fiquei com dó dele, só não imaginava que o idiota estava trabalhando de garçom pra fazer birra para os pais. - Lena nos fez rir.

— Ele também já trabalhou como bartender para poder dar em cima da mulherada. Ray pode te contar cada história do Balwenz...

O sacana riu balançando a cabeça.

— Tive a minha fase de mulherengo, não nego. Agora só tenho olhos para a minha garota grega que dança como uma deusa cubana. - Sorriu e beijou a noiva.

Dava para ver o quanto se amavam.

Hermosa Beach era a lugar dos casais apaixonados? Se fosse, estávamos no lugar certo para aproveitar a nossa estadia.

[...]

P.O.V Do Freddie

— Muito obrigado por terem vindo. Amanhã Bonnie e eu daremos um almoço para os amigos mais íntimos e aos nossos familiares, alugamos o restaurante do hotel. Aguardaremos vocês. - Raymond nos acompanhou até o calçadão.

— Podem contar com a nossa presença. - Dei minha palavra.

— Sua festa foi linda. Adorei conhecer você e sua esposa, Bonnie é um amor de pessoa. - Sam falou.

— Fico feliz, Sam. O Freddie é como da família, sinta-se como se fizesse parte também. Espero que curtam bastante a estadia de vocês aqui. Antes de voltarem para Seattle, sugiro que façam um passeio no pier. A vista de cima é incrível, fica a dica. - Apertou minha mão e deu um beijou no rosto da Sam como despedida.

Ele voltou para onde a festa ainda rolava com os poucos convidados que sobraram. Já se passava das 02h da madrugada.

Ele havia comentado comigo mais cedo que havia um ponto de encontros numa ponte com uma bela vista... Hermosa Beach Pier.

Com certeza captei a dica.

Sam vestia a minha jaqueta, passei um braço ao redor do seu corpo e atravessamos a rua. O hotel ficava logo ali na frente.

A noite havia sido tão divertida. Aquela viagem realmente valeu a pena. Sam voltaria para casa comigo sendo a minha namorada.

Eu estava louco para fazer o pedido.