Amnésia Alcoólica escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Único




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Quente, confortável embora a cabeça parecesse girar sob algum peso imaginário. Havia o conforto de um braço sobre suas costelas e a maciez do que parecia seios às suas costas. Os primeiros raios de sol invadiam pela fresta da janela, as cortinas esvoaçavam e mesmo de olhos fechados ele quase podia ver. O cheiro era bom, convidativo, acolhedor. O travesseiro macio… tudo bom demais. Um sonho, certeza. 

Bocejou, passou os dedos sobre o braço que pesava sobre seu corpo, ciente de que nada mais era que não um sonho. Aproveitou-se então, como costumava fazer, sem nunca admitir, claro. Sorriu. Deslizou suave as falanges na pele quentinha que circulava sua cintura. Virou-se ainda de olhos fechados, levou a mão ao rosto delicado, sentindo logo os fios desgrenhados a cobrir a face. O indicador, o polegar e o médio brincaram com a mecha antes de colocá-la atrás da orelha. Temia abrir os olhos e acordar daquele sonho gostoso, da sensação quente de seios de encontro à seu tórax, mas o fez. Suavemente um olho apenas, depois o outro. E então o choque. 

Sentiu o despertar como um jutso a atingi-lo. A boca seca, a claridade que atrapalhava e o quarto que sequer o pertencia. 

Não moveu um músculo sequer enquanto ela remexia-se, o nariz movendo-se gracioso quando a franja resvalou suave sobre ele. Os lábios desenhados, a suavidade de quem dormia tranquila. Estaria tudo perfeito, se e apenas se Neji soubesse como havia parado na cama de Hinata, no quarto de Hinata, e… levantou o lençol que os cobria, sua nudez era evidente, a dela parcial. Como havia parado numa situação como aquela?! 

Quais as chances? Havia escutado inúmeras vezes Lee afirmar que não se lembrava de absolutamente nada do que fazia quando ingeria álcool, achava que era exagero, amnésia alcoólica era uma piada, não? Cessou até mesmo os pensamentos e o respirar quando Hinata novamente se moveu, os seios dela ainda colados à sua pele, o calor que dela emanava o distraía, o aroma doce e sutil também. Voltou a se concentrar na noite passada quando ela pareceu novamente num sono tranquilo. 

Lembrava-se do início da noite, do saque que era servido, das lanternas de papel, do sorriso dela. Ah sim, quanto à ela ele parecia lembrar bem dos detalhes. O detalhe da presilha em formato de flor que lhe prendia parcialmente os cabelos, no batom que era raro vê-la usar, mas que lhe caía tão bem, dando cor rubra aos lábios delicados. Os olhos perolados escondidos pela franja crescida. A seda que compunha as vestes, o laço bem feito na cintura. Lembrava-se de pequenos fragmentos, o toque da seda sob seus dedos, o puxar da faixa até desprendê-la… branco. Era tudo um borrão branco a partir daí, e vermelho, mas isso era sua mente fazendo-o lembrar dos lábios pintados de Hinata. 

Mexeu-se muito leve, afastou seu braço, tocou uma última vez na face alheia enquanto afastava-se por inteiro, o medo de acordá-la era grande, o medo de não lembrar de nada era maior. Sentou-se e a cabeça pareceu girar ainda mais, a mente guiando-o à sensação de seios fartos em suas costas, uma recordação ou sonho? Não tinha como afirmar. Fechou os olhos, tudo girava, desde a mente ao estômago. O suspiro suave fez com que outro suspiro lhe viesse à mente, um de êxtase, de prazer consumado. 

Levou as mãos às têmporas, à raiz do nariz enquanto aplicava certa pressão, o chakra precisava normalizar para que se sentisse melhor. Para que pensasse de modo claro, para que soubesse distinguir se os sons dos quais se lembrava eram reais ou fruto de sua imaginação desejosa por ela

Haviam fragmentos de gemidos, unhas a lhe marcar as costas, olhos marejados por intenso prazer e lábios mordidos que deixavam o rubro do batom quase casto ante à depravação que aquilo o fazia sentir. Levou a mão às costas, sentiu a ardência do toque gélido nas marcas carmesins que parecia queimar. Aquilo era real, ao menos. E o resto? Hinata gemendo por seu nome, o corpo dela sob o seu, as pernas ao redor de sua cintura? Se sim, como haviam chegado naquilo? Como, em nome dos deuses, havia se permitido deitar-se com sua prima, na cama dela? 

—  Neji-kun? —  a voz tão sonolenta, suave. Mas isso não o impediu de se assustar, tampouco de ativar o byakugan, vendo nela muito mais do que o lençol o deixava ver, virando-se em seguida por vergonha. —  Volta pra cama. 

O convite era honesto, a mão dela sobre a dele era real. 

—  Hinata-sama… eu-

—  Precisa ir? —  olhar para ela em momentos como aquele sempre lhe traziam certo aperto no peito. Os olhos que demonstravam receio, os lábios prensados para que não se permitisse falar, a aceitação silenciosa caso ele optasse por partir. Nunca conseguia lhe negar nada quando ela o olhava assim, com medo de perdê-lo. 

Foi há tempos que se notou apaixonado, sabia também que ela nutria sentimentos por ele, não sabia a extensão, claro.

A questão não era que ele precisava ir, estava exatamente onde sempre quis estar. A questão era saber como havia parado ali! Coisa que teria que descobrir depois, claro. Não negaria a mão de Hinata estendia esperando que voltasse a se deitar na cama. A nudez ainda estava coberta pelo lençol, apenas o ajeitou ao se deitar confortável ao lado dela. Arrepiou-se com o toque suave em seu rosto, com o aproximar de seu corpo. Não mentiria se perguntassem se sentiu tesão ao ter os seios dela prensados contra seu corpo, estava assim desde o momento que notou a situação. 

—  Esperei tanto por isso. —  Segredou ela, os olhos já fechados enquanto Neji lhe acariciava os cabelos compridos. 

Ah sim, mais um flash. Ele havia berrado. Não falado alto, nem elevado a voz, havia berrado. Berrado que a queria ao seu lado, que a desejava como um homem deseja uma mulher. Seria vergonhoso, era. Mas no momento a vergonha dava lugar À certeza de que aquele não era mais um de seus sonhos, havia enfim conseguido aquilo que tanto queria; ela. Nunca pensou em se declarar assim, nunca pensou que fosse acordar nu na cama dela sem que de primeira se lembrasse como havia parado ali. 

Mas sorriu com o beijo em seu rosto e manteve o sorriso ao olhar para ela lhe vendo sorrir. 

—  Você não me deu tempo de dizer ontem… —  vermelha. Ela ficava extremamente linda quando envergonhada. A seminudez lhe caía bem, o lençol fartava os seios, a pele alva destavaca-se ainda mais. —  Mas eu também amo você. 

Bem, o “estrago” estava feito. Os corpos nus destacavam isso. E embora não conseguisse lembrar de tudo, afinal amnésia alcoólica chama-se assim por um bom motivo, Neji não reclamaria da consequência, ainda mais quando essa vinha em forma de seu grande amor, nua e na cama. 


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