Os dias se passaram. Mariana se adaptava com a vida adulta. Cobranças, responsabilidades, renúncias, decepções e arrependimento por perder boa parte da infância desejando apressar o tempo para... nada. O melhor da vida já havia acontecido, restava então viver cada dia, como um robô programado para nada sentir.

Ou se enganava? Queria acreditar no amor verdadeiro?

Talvez...

E sua sina de tocar as estrelas com as pontas dos dedos? 

As estrelas não a ouviam. Todos os anos que entravam, levavam embora o que ainda restava de esperança. Não fazia o menor sentido viver se todas as cartas do jogo estavam marcadas, se as cobranças alheias detonavam seu estado emocional e lhe infligiam culpa pela infelicidade que sentia, ainda que se esforçasse para nada demonstrar.

Ser lembrada como desertora não era atraente, disso Mariana estava consciente, todavia nem sempre era possível se afastar do que a fazia mal, como sugeriam os compartilhamentos coloridos que via diariamente nas redes sociais porque era fácil falar, difícil de colocar em prática num passe de mágica.

Aproximava-se o momento de abrir as asas, Mariana era um pássaro pronto para um voo rasante, no entanto havia correntes invisíveis prendendo-a à uma existência sem brilho nem propósito.