Luís dificilmente faltava ao trabalho, disso Mariana estava ciente.

Apesar de não admitir nem para a própria sombra, sentiu uma pontada de tristeza à medida que as horas passaram e ele não apareceu. O mesmo se deu no dia seguinte e no outro. Escutou numa rodinha de conversa na hora do almoço que o avô dele havia falecido e por essa razão, a empresa lhe concedeu uma licença especial.

As mensagens não mais chegavam. O cursor do celular piscava, todavia eram outras notificações, sem a menor importância para ela. Reler as conversas era um consolo naqueles dias vazios, mas também um martírio, porque não tinha certeza de mais nada, se amava uma pessoa inventada, se havia excedido nas intimidades ou se, na pior das hipóteses, quem se comunicava com ela era Luís.

Não. Não. Não mesmo. Não pode ser verdade. Eu não estou apaixonada por ele. Não por ele.

Mariana abriu a janela e olhou para as suas queridas estrelas. Inspirou fundo, para se recordar do quão bom era estar viva, e expirou, cansada de chorar. Olhar para o aplicativo de mensagem sucessivas vezes não modificaria os fatos, apenas geraria insônia, angústia, um lamaçal de suposições, não lhe traria paz.