Segunda-feira, primeiro dia de estágio. A remuneração era razoável, contudo para quem não tinha sequer esperança de receber uma resposta positiva, era mais do que um milagre. Quanto à efetivação, tudo dependeria de seu esforço e quiçá um pouco de sorte.

Do outro lado, Luís estava compenetrado em uma tarefa de suma importância e por essa razão não recepcionou a nova estagiária, como de praxe.

Um dia comum de trabalho para duas pessoas comuns.

Mais tarde, enquanto ela editava planilhas, ele se levantava para tomar café e prosear com os colegas.

Que sujeito seboso, pensou ela. Gesticulando, rindo, deve ser mais um desses sujeitos esnobes que carregam a realeza na barriga. Quero é ficar bem longe dele.

O que não foi possível. Os computadores deles ficavam de frente um para o outro.

Tudo bem, refletiu ela, eu preciso desse estágio. Não posso me desconcentrar por causa desse sujeitinho egocêntrico e chato. É só não cruzar o caminho dele e tudo dará certo. Tudo dará certo.

Ele, por sua vez, mais tarde perguntou a um amigo como se chamava a nova estagiária e se sentiu culpado por não ter lhe dado às boas-vindas.

O nome dela é Mariana, respondeu o amigo.