Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 12
Hole In My Heart


Notas iniciais do capítulo

Ooolha quem voltou rapidinho!
Tive uns dias de folga na quarentena e aproveitei pra escrever esse capítulo ENORME! Isso porque eu cortei bastante coisa.
Espero que gostem. ♥
Meu capítulo favorito até agora!
Aliás, me sigam no twitter pra me ver falando nada com nada: @asthe_nia



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784102/chapter/12

If I ask you to stay just for a little while, just for a little while longer

Would you push me away or would you stay a while, just stay a while with me?

And fix the hole in my heart

Where your love used to be."

"Se eu te pedisse para ficar um pouco, só mais um pouco

Você me afastaria ou você ficaria mais um pouco, ficaria mais um pouco comigo?

E consertaria o buraco em meu coração

Onde seu amor costumava estar."

 

Quando Iruka o chamou para uma reunião particular, não pensou o que poderia ser. Ultimamente não sentia vontade em se preocupar tanto com a escola, ou qualquer coisa em particular. Os dias pareciam longos e contava os minutos para as aulas acabarem. Sua amizade com Sakura não era mais a mesma. Muitos alunos ainda o olhavam feio pelos corredores. Shion e Sasuke eram os únicos que ainda mantinham alguma conversa com ele, porém ele era quem ignorava Shion. E o pior de tudo, que o mais o torturava: Hinata não falava com ele – sequer o olhava.

Entrou na sala de seu professor e o primeiro pensamento que teve foi que levaria alguma bronca. Ou que as notas da prova da última semana tivessem sido péssimas. Iruka pediu que se sentasse a sua frente, e ele obedeceu.

— Estão aqui. Suas provas.

Naruto pegou os papéis e sua atenção ao canto direito, no topo, onde estavam as notas. Olhou surpreso. Sua nota mais baixa havia sido oito. Um leve sorriso surgiu em seu rosto.

— Parabéns, Naruto. Você foi muito bem. Tenho certeza que agora vai poder aplicar para aquela bolsa de estudos na universidade de Konoha.

Ele forçou um sorriso maior.

— Obrigado, Iruka-sensei.

O loiro ainda olhava os papéis em mãos, mas sem qualquer reação surpreendente.

— Não era essa reação que eu esperava. Achei que ficaria mais feliz.

Ele encarou seu professor, sem saber o que dizer.

— Eu tô feliz, pode acreditar. É só que.... Não sei se isso é justo.

— Claro que é. – Iruka pegou as provas, sorrindo. – Você se esforçou para conseguir essas notas.

— Mas eu não consegui sozinho... E.... – Ele pensou por um momento. – Eu queria retribuir quem me ajudou.

O professor entendeu o silêncio que se seguiu, o olhar baixo de seu aluno. Ele já ouvira o que havia acontecido com o loiro e a sua ex-tutora. Ele estava falando de Hinata. Suspirou alto, encarando seu aluno, sorrindo. Uma ideia surgira em sua mente.

— Acho que sei um jeito de você agradecer.

Pela primeira vez desde o começo da conversa, Naruto parecia estar realmente prestando atenção.  

Sentiu quando o último botão de seu vestido foi apertado. Observou, através do espelho a sua frente, o olhar alegre de Hanabi. Sua irmã mais nova havia emprestado o vestido de grossas, na cor lilás um pouco mais escuro. O decote era em formato coração, nada muito profundo. Depois da cintura a saia pouco abaixo dos joelhos era solta, sem marcar tanto suas curvas, deixando-a mais elegante. A Hyuuga mais velha se sentia à vontade com o vestido que sua irmã insistira que vestisse.

Hanabi também insistira em deixar o cabelo um pouco mais ondulado, o que dera a ela um olhar mais jovial, junto a maquiagem mais leve. Hinata terminou de calçar os sapatos de saltos mais grossos e se olhou, mais uma vez no espelho.

— Você está linda, Hina. Mais linda que ontem. – Ela sorriu, travessa.

— Ontem você insistiu que eu usasse aquele vestido básico preto e não esse. Por que?

Hanabi levantou uma de suas sobrancelhas.

— A gente sabe que o chato do Toneri não merece uma produção dessa, não é? – Entregou um batom a sua irmã. – Usa esse marrom. Vai ter deixar ainda mais linda, sem contar que é super elegante.

Hinata apenas sorriu em retribuição e pegou o batom, abrindo e passando em seguida. Um barulho de buzina chamou atenção das duas. Hanabi correu para a janela, que dava em direção à rua, vendo um carro preto estacionar.

— Ele chegou. – Hanabi apoiou na janela, acenando em seguida. – Uau. Ele tá lindo, Hina! Não vai perder a oportunidade!

Hinata enrubesceu, enquanto borrifava perfume em na direção de seu pescoço. Pegou a bolsa que estava em cima de sua cama. Despediu-se de sua irmã, antes de se olhar no espelho uma última vez. Naquela noite, de uma forma não comum, sentia-se confiante. Não diria a ninguém que mal dormira durante a noite, pensando nas palavras de Toneri e em todos os últimos acontecimentos. O que poderia deixá-la insegura. Porém, toda a produção de Hanabi fizera com que sua auto segurança estivesse melhor estabelecida.

Desceu as escadas, despediu-se de seu pai e saiu. A visão que teve a deixou sem fôlego por um rápido momento. Naruto estava com uma de suas mãos no bolso de sua calça social, com o blazer aberto, vestindo uma camisa branca por baixo. Não só a roupa dele, em perfeita ordem chamou a atenção da Hyuuga, mas também os cabelos levemente penteados para trás, em uma falha tentativa em deixá-los arrumados. Ele sorriu a ela quando se aproximava, desencostando do carro.

— Boa noite, Naruto.

— Boa noite, Hina. – Ele se atreveu chamá-la pelo antigo apelido. Ela percebeu e sorriu em retribuição. – Você tá linda.

— Obrigada. – Sorriu. – Você também está!

— Valeu! Só meu cabelo que não adiantou muito.

Naruto riu, bagunçando seu cabelo de imediato. Até que um ruído vindo de dentro do carro chamasse a atenção dos dois.

— Temos que ir, casal! Naruto não pode se atrasar!

                A voz de Sakura tirou a atenção dos dois que entraram no carro, envergonhados.

                O caminho foi feito sem demorar, com Naruto dirigindo enquanto os quatro conversavam. Sasuke não perdia a oportunidade em fazer algum comentário cômico em relação a Naruto, Sakura concordava e Hinata apenas prestava atenção, sorrindo ou rindo. Os três tinham uma relação muita parecida com a de irmãos e a morena logo se lembrou da mesma relação que tinha com Shino e Kiba.

                Em alguns minutos o carro foi parando em frente a um prédio iluminado. Naruto não precisou estacionar pois logo o vallet veio em sua direção. Todos desceram do carro e sem demora entraram no local.

Hinata tinha que assumir que achava que o evento seria menos do que realmente era. O salão não era tão grande, mas requintado. Havia pessoas por todos os lados cada qual na sua roda de amigos e/ou familiares. Sentiu alguém a tocar e reparou em Sakura parando ao seu lado.

— Não se espante. Você vai ver o quanto as pessoas por aqui amam Naruto.

Hinata sorriu em resposta, mesmo quando sua amiga revirava os olhos.

Em questão de minutos pessoas se aproximavam de Naruto, apertando as mãos dele e o cumprimentando. A morena se surpreendeu quando, para todas as pessoas, ele fazia questão de apresentá-la. Muitas dela logo reconheceram que se tratava da primogênita de Hiashi Hyuuga. Por alguns segundos se lembrou das palavras de Toneri, sobre ser apenas uma peça que Naruto estava usando para se promover. Por coincidência, a voz de Naruto chamou sua atenção.

— Eu não ligo de fazer social, sabe, mas eu não conheço tanta gente assim.

Ele sorria. Ele sempre sorria, o que fazia com que os pensamentos de Hinata se dissipassem.

— Você é bem popular por aqui.

— Não sou nada. – Ele a olhou, brincalhão. – Metade dessas pessoas só estão puxando saco para que eu depois faça favores.

— Você diz depois que você se torne Hokage, certo? Você está bastante otimista.

Naruto sorriu, colocando as mãos nos bolsos, descontraído.

— Eu sempre sou, mas hoje eu estou ainda mais. Quer saber por quê? – Hinata retribuiu o sorriso, dando espaço para que ele continuasse. – Meu amuleto da sorte está aqui hoje.

Ele piscou a ela, cúmplice. Sentiu seu rosto quente e tinha certeza que ficara vermelha. O sorriso dele se tornou ainda maior e ele a olhava, como em um transe. Agradeceu internamente quando alguém o chamou e Naruto pediu licença para cumprimentar a pessoa. A Hyuuga sentia seu rosto queimar e suas pernas fraquejarem. Um simples olhar e sorriso dele já era o suficiente para o flerte. Respirou fundo, tentando se manter mais consciente e olhou pelos lados a procura de um banheiro. Não demorou a achar.

O local estava vazio, porém em poucos segundos outras mulheres entraram. Entrou em uma das cabines e se sentou no vaso tampado, fechando os olhos. Suas pernas ainda vacilavam e ela precisava ficar por alguns momentos sozinha. Ela se perguntava como ele era capaz de mexer com ela daquela forma sem qualquer esforço. Hinata era sempre vulnerável com ele. Respirou fundo, levantando-se, disposta a sair da cabine. No entanto, decidiu ficar ali, quando um nome dito ao lado de fora lhe chamou a atenção.

Duas mulheres conversavam, falando alto.

“Você não achou estranho não estar acompanhado? Naruto nunca está sozinho. ”

“Mas ele estava com algumas pessoas. ”

“São só amigos dele. ”

Hinata viu, por debaixo da porta, que ambas estavam de sapatos belos e extremamente altos.

“Acho que é a primeira vez que eu o vejo ele sozinho, sem nenhuma dessas mulheres lindas que ele sempre está acompanhado. E como pode, ele fica cada vez mais lindo.”

“Você sabe que um homem desse não é para gente, né? Ah se eu tivesse chance...”

“Deixa de ser boba! O nível dele é outro!”

Ouviu os risos das mulheres se afastarem, saindo do banheiro. Aproveitou que o banheiro estava vazio e saiu da cabine. Respirou fundo, ainda processando as palavras das duas mulheres. Lavou as mãos impaciente. Não sentia mais vontade de sair do banheiro. Ou então sair e ir em direção a sua casa. Em Kumo. Há alguns milhares de quilômetros. Olhou-se no espelho, procurando coragem e segurança.

Então ele sempre estava acompanhado? Sempre com mulheres maravilhosas? Por que ele a convidara? Era por pena? Os questionamentos não paravam de ferver seus miolos. Respirava ainda mais profundo, tentando se acalmar, mas quando Sakura parou em sua frente, na saída do banheiro, impaciente, teve de esquecer sua própria respiração por alguns segundos.

— Você demorou! – Ela não teve tempo para responder. – Naruto vai dar o discurso dele, venha!

A Haruno arrastou Hinata até próximo ao palco, onde o loiro sorria, enquanto pessoas em volta aplaudiam animadas. Ouviu alguns assobios e olhares femininos direcionados a ele. Parou de observar as pessoas quando os olhos azuis dele se encontraram com os dela e ele piscou, sorrindo em seguida.

— Obrigado a todos, obrigado mesmo. – O resto do salão ficou em silêncio. – Sou Naruto Uzumaki, candidato a Hokage. Gostaria de agradecer a todos que vieram aqui hoje, dar as boas-vindas a todos os candidatos. – Ele apertou os dedos no papel em suas mãos. – Ser um Hokage envolve um trabalho conjunto a prefeitura, ao prefeito e principalmente a população. Pretendo melhorar nossos atendimentos sociais, acesso à educação de qualidade, e principalmente, auxílio econômico as famílias periféricas de Konoha. Mas hoje eu estou aqui para agradecer. A todos que apoiam essa candidatura, a minha família que são meus amigos. – Sakura e Sasuke sorriram. – E a aqueles que estiveram junto comigo antes de eu ser essa pessoa pública, que me ajudaram quando ninguém estava disposto. Sem vocês eu nada seria. – O olhar dele se focou em Hinata, que se surpreendeu. – É tudo graça a vocês. Boa sorte a todos, obrigado!

As palmas que se seguiram foram altas e animadas. Naruto acenou e sorriu em retribuição, descendo do palco em seguida. Pessoas se aproximavam dele, abraçando-o. Hinata reconheceu as duas mulheres que conversavam no banheiro se aproximar e cumprimentá-lo.

— Sasuke, nós precisamos ir. Tenho que ir para meu plantão.

A voz de Sakura tirou a atenção de Hinata a conversa de Naruto.

— Você tem plantão ainda hoje?

— Sim. – Sakura bufou a Hinata. – Você fica por aqui, Hina? Nós não queríamos deixar o Naruto sozinho.

— Mas vão como embora?

Sasuke apareceu discando seu celular.

— Eu vou chamar um carro pelo aplicativo.

Em segundos Naruto se aproximou.

— Parabéns pelo discurso idiota, mas eu e Sakura temos que ir. Ela tem plantão.

Naruto parecia realmente surpreso.

— Achei que você tivesse conseguido a folga hoje.

— Não consegui. – Sakura abraçou o amigo. – Parabéns, foi lindo seu discurso.

Sasuke e Naruto se despediram com os punhos fechados, tocando-os rapidamente. A Haruno abraçou Hinata, apertado, enquanto sussurrava “aproveite a noite”, deixando-a completamente envergonhada. Em segundos o casal partia, deixando Naruto e Hinata sozinhos.

Ele a olhou, sem graça. Respirou fundo, desviando do olhar dela.

— Se você preferir eu te levo para casa agora.

Hinata encolheu os próprios ombros, também sem graça.

— Bom, já que você está fugindo e não quer me pagar o lámem...

— Ei, eu não disse isso! – Naruto sorriu a ela, brincalhão. Ela sorriu de volta. – Sugiro então que a gente fuja daqui porque eu já estou com fome.

Os dois trocaram olhares e ela concordou.

A noite estava agradável, porém, era possível perceber que mais tarde esfriaria. Poucas pessoas estavam no Ichiraku por conta do horário. Escolheram uma mesa mais afastada, em algum canto do restaurante. Hinata pensara, ironicamente, o quanto aquele lugar era mais simples do que o restaurante que jantara na noite anterior e o quanto se sentia mais à vontade ali. Os pedidos não demoraram a chegar.

— O que achou da noite de hoje?

— Bem rápida, na verdade. Achei ficaríamos mais. – Ela disse enquanto enrolada o macarrão nos hashis.

Naruto já estava quase terminando seu lámem.

— Não se preocupe, essa foi a última reunião antes da eleição oficial, daqui duas semanas. Foi mais um momento de última apresentação.

Enquanto ele falava, abria alguns botões de sua camisa branca, próximo ao pescoço. Hinata olhou de relance, mas rapidamente desviou o olhar para seu prato. Desde a adolescência ela se lembrava de sempre reparar em seus atos, em pequenas ações involuntárias. Ele era sempre espontâneo. Seus sorrisos eram sempre naturais, as ações. Ela duvidara que ele percebia o efeito que tinha sobre ela quando estava apenas desabotoando sua camisa. A noite não estava quente, porém ele sempre parecera quente. Pensou, rapidamente, talvez ele sempre sentisse calor.

— Hinata. – Naruto chamou por ela. Seus olhos se encontraram. Ele sorria, como de costume. – Quer partir para a sobremesa? Quero te levar para um lugar especial.

Ela sorriu, ainda envergonhada, e concordou.

O caminho que Naruto fez para irem ao tal lugar era mais afastado. Hinata não conhecia, mas não se sentia amedrontada estando ali, sem saber realmente para onde ele estava a levando. Ela prestou atenção quanto tudo era incrível: ele falava enquanto dirigia, contando histórias e Hinata via nele o mesmo garoto de dezessete anos que se empolgava falando dos jogos colegiais. Com a mesma empolgação, trejeitos e – o mais perigoso de todos – sendo fascinante como sempre fora.

Assim que o carro parou, ele desceu, carregando em mãos a embalagem com os rolinhos de canela. Ele comprara antes, já que a padaria estaria fechada naquele horário. Hinata desceu do carro, dando de cara com a vista de Konoha. Os dois estavam em um mirante, um ponto alto da cidade que poderiam enxergar toda a cidade. O lugar estava quase vazio, apenas com algumas pessoas mais afastadas. Os dois foram até a grade que segurava as pessoas no alto penhasco. A vista era realmente linda. Hinata conseguia reconhecer alguns pontos da cidade, vagamente. A avenida principal que cruzava o centro era bem iluminada. Sorriu. Ela se sentia em casa. Ao olhar para o lado via que Naruto a olhava, sorrindo. Ele abriu a embalagem e ofereceu um rolinho a ela, que pegou, agradecendo. O loiro a olhou mais uma vez, antes de voltar seus olhos a vista.

— Consegue reconhecer a cidade?

— Apenas a avenida principal. – Ela disse, sem se desviar da vista. – Mas a vista é maravilhosa!

— Ali, tá vendo? – Ele apontou para algum ponto específico. Ela concordou. – É a prefeitura. Na rua detrás são alguns comércios. Um pouco a esquerda, perto daquela praça bem iluminada, fica Konoha Gakuen, onde estudamos. Ali. – Apontou para outro lado. – Fica a universidade de Konoha. Você reconhece pelo terreno, ele é enorme.

— Dá pra ver. É grande mesmo!

— Konoha não mudou nada. – Ele disse, mordendo o pão.

— Mudou um pouco sim. Está mais moderna em alguns aspectos.

Naruto se virou para ela.

— E eu? Você acha que mudei?

Hinata o olhou, fingindo o analisar.

— Não. – Viu o olhar decepcionado dele. – Tá, um pouco. Mas só um pouco.

Ele sorriu, revirando os olhos, cômico.

— Você também não mudou. Só o cabelo.

Ela sorriu, passando a mão pelos cabelos, sem pensar.

— É, eles eram bem compridos na escola.

— Sempre foram bonitos. Mas assim também são. Dá pra ver bem seu rosto assim.

— Obrigada. Foi por isso que eu cortei. – Hinata estava levemente corada. Voltou a atenção a seu rolinho.

Os dois ficaram alguns segundos em silêncio, cada qual preso em seus pensamentos.

— Hina. -  Ele a chamou. Hinata voltou seus olhos a ele, que a olhava seriamente. – Eu quero te pedir perdão. Por tudo.

— Naru-

— É sério. – Ele a interrompeu, respirando afobado. – Eu devo isso a você.

— Você já me pediu desculpas.

O loiro se aproximou um passo dela. Hinata segurou o ar, sentindo as pernas bambearem levemente.

— Não, Hina. Eu te pedi desculpas porque eu não queria me sentir culpado. Porque eu não queria que se afastasse, que parasse de falar comigo. – Ele desviou o olhar, rapidamente. – Eu te devo desculpas por aquela noite no bar, por tudo o que aconteceu na escola. Eu sempre agi sem pensar muito e eu tenho que assumir a responsabilidade.

Hinata desviou o olhar dele, sentindo seu coração bater forte e suas mãos tremerem.

— Há uns dias eu tive uma conversa com a Sakura. – Hinata voltou a encará-lo. Pela primeira vez durante toda a noite ele não sorria. – Você.... Com você é tudo fácil – Ele gesticulava, olhando-a sincero. – Com você tudo sempre foi fácil. Era fácil de conversar, de estar por perto. Caramba, Hina! Você fez eu entender química! – Hinata apertava as próprias mãos, nervosa, sorrindo levemente. – Com você tudo sempre foi natural. E quando tudo aconteceu, você se afastou, paramos de nos falar. Eu fiquei transtornado porque tudo que era fácil ficou impossível!

Naruto respirou fundo, retomando o ar e em seguida continuando seu discurso.

— Porque estar com você era simples. Era... Não. – Ele se corrigiu. – É certo. Ainda é. E eu demorei pra entender que pra você não era assim. Depois da conversa com Sakura, não só dessa, mas de milhares que nós tivemos, eu percebi. Eu me toquei. Era fácil pra mim mas nunca foi pra você.

Ele se aproximou mais uma vez.

— Porque me amar nunca deve ter sido fácil pra você.

Ele estava tão próximo, tão perto. Sentia seu perfume. Via as linhas de expressão de seu rosto. Sentia suas respirações.

— Me amar foi a coisa mais difícil pra você naquele tempo, não foi? – Ele a olhava profundamente. Hinata sentiu seus olhos encherem d’agua. – Eu nunca te mereci. E talvez tenha outro que mereça mil vezes mais. E aí temos um problema. – Hinata respirou fundo, evitando deixar suas emoções transparecerem. – Porque ele pode te merecer mais, mas eu não consigo desistir em ser melhor pra você.

A morena deu um passo para trás, afastando-se alguns centímetros dele. Ela tentava colocar os próprios pensamentos em ordem.

— Eu sei que eu agi mal durante todo esse tempo mas eu quero me corrigir e tentar-

— Espera. – Ela disse respirando fundo, recompondo-se. – P-Por que eu?

Naruto a olhou sem entender.

— Por que eu? – Seus olhos voltaram a ele. – Olhe a sua volta. Você tem todas essas mulheres maravilhosas querendo estar com você, te idolatrando, falando de você. Você não precisa de mim. Nem antes, nem agora. Então por que eu?

Ele riu, bagunçando seu cabelo, aproximando-se dela. Abaixou um pouco, forçando seus olhos a encontrarem o dele.

— Por que não você? – Ele a segurou pelos ombros. – É você quem faz as peças se encaixarem. É com você que tudo parece estar no lugar.

A visão que tinha era clara: ele se abaixava, levemente, forçando seus olhares se encontrarem. Seu rosto estava perto, suas mãos em seus ombros. Não hesitou em tocar a face dele. Quente. Ele sempre era quente, confortável, convidativo. Ela precisava senti-lo. Olhou uma última vez para o azul dos olhos de Naruto, antes de seu olhar voltar aos lábios dele. Tudo parecia embaçado – mas claro o suficiente.

Foi, então, quando colou os próprios lábios no dele. As mãos dele escorregaram para sua cintura, seus corpos se aproximaram um do outro, ela nas pontas dos pés. A pele dele era quente, atraente. Sentia os fios do cabelo dele entre seus dedos. Tudo entre os dois se encaixava, como se voltasse ao que pertencesse. Seus lábios se entreabriram aprofundando o beijo. E, pela primeira vez em anos, deixou-se mergulhar em seus sentimentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SPOILER ALERT: o drama não acabou, tá gente?
A música é Hole In My Heart, do Gavin James.
Obrigada leitores lindos maravilhosos, vocês são demais! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nada é real até que se acabe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.