O dia mal tinha começado e caos estava instaurado no apartamento das três irmãs Elizabeth,Chloe e Katherine. Enquanto Elizabeth tomava café lendo o jornal matinal e questionando cada artigo que encontrava, Katherine procurava o blazer azul petróleo que combinava com sua saia para ir para o escritório na Wall Street, a Global Enterprise e Chloe recitava alto seu mais novo roteiro. Quando todas pararam e finalmente sentaram rindo de toda correria que era comum todos os dias. 

Katherine terminou seu café e foi terminar de se arrumar enquanto Chloe continuou sentada a mesa tomando café e grifando suas falas. As três irmãs moravam em um apartamento no Brooklyn, grande o suficiente para as três, com três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e uma pequena sacada, bem decorado com algumas plantas que lutavam para manter a vida, alguns quadros pela sala, e fotos das três desde a infância em cada canto, assim com os pais na fazenda do Maine. Na estante da sala, uma parede repleta de livros pertencentes a Elizabeth e alguns roteiros de peças feitas por Chloe e muitas peças de roupas e sapatos de Katherine em casa cômodo visível, um pouco bagunçado já que arrumar nunca foi prioridade para elas. Elizabeth dividia os horários de semana como jornalista em um jornal local, mas seu sonho era ser jornalista investigativa, mas como o sonho era árduo e sonhar não pagava as contas, ela dividia entre o jornal e a lanchonete do final da rua, onde fazia turno da noite. Katherine era recepcionista de uma empresa de finanças, dava para pagar as contas e sobrava para sua vida de extravagância e festas. Chloe era uma atriz em ascensão a última das três a sair do Maine e vir para Nova York, mesmo Katherine sendo a mais nova, veio junto com Elizabeth para Nova York a três ano atrás.

  Katherine pediu um táxi e foi para seu trabalho, chegando e se apossando da cadeira na recepção principal, ajeitou o cabelo e desamassou as roupas, sentando reta e pronta para seu expediente. Ela apenas direcionava as pessoas para os locais certos, vendo toda movimentação da empresa. Todo dia quando o diretor executivo Matthew chegava, ela se levantava, para um cordial cumprimento e se sentava e aquele dia não foi diferente até agora. Quando Matthew passou por ela, ele finalmente a olhou, foi tudo muito rápido e ao mesmo tempo lento o suficiente para ela conseguir ser notada, já que era difícil. Katherine era excepcionalmente linda, com seus cabelos castanhos, bem arrumados em perfeitas ondas e seus olhos mel esverdeados, sua elegância ao usar as roupas justas, que desenhava seu corpo, a saia justa marcando seu quadril, e a camisa engomada, com dois botões abertos mostrando um decote modesto, ela sorriu cordialmente e Matthew a conseguiu devorar com o olhar. Quando o instante passou ela retornou ao seu posto e ele sumiu elevador adentro. 

Elizabeth caminhava apressada até chegar no jornal que trabalha, entrando e sendo recepcionada por seu melhor amigo John, um cara de porte médio olhos esverdeados, cabelo loiros escuro quase castanho e um sorriso que se abriu quando viu Elizabeth entregando café e a ajudando com os papéis que carregava. Eles caminharam até a mesa dela e ali ela se largou recuperando o fôlego e tomando um gole do café e sorrindo para ele. 

Chloe estava chegando no teatro, quando um carro preto, todo insufilmado passou por ela e uma poça e jorrou água nela, ela não acreditava no que acabara de acontecer, gritou e praguejou, tentou se secar, mas seu cabelo, sua roupa e sua maquiagem estava arruinada. Era quase missão impossível deixar Chloe em mal estado, não se podia dizer das três irmãs qual era a mais bonita, mas Chloe sem muito esforço era sexy, ela que estava com uma blusa babylook branca por baixo da jaqueta jeans e sua calça skinny se viu toda transparente na rua, mas mesmo com sua blusa branca pouco molhada e suja, sua jaqueta estava encharcada, então a solução era tirar a mesma e amarrar na cintura. Seu cabelo castanho escuro se prendeu em um coque mal feito que a deixou mais arrumada ainda. Seus olhos azuis vibrantes estava todo borrado no rímel que escorreu, quando chegou para sua audição, entrou no banheiro e assim se ajeitou da melhor forma que podia, respirou fundo e segurou o choro pela frustração sofrida. Mas tinha anotado a placa e era suficiente para conseguir jogar um balde de água seja em quem for, mesmo sendo como achar uma agulha no palheiro. 

— O que temos a oferecer é isso Elizabeth, é pegar ou largar. - Miranda a senhora de meia idade, cabelos brancos e de postura elegante falava em tom grosso com Elizabeth que tinha se oferecido para o caso de crime da receita, o olhar intimidador de Miranda fazia Elizabeth se retrair em um canto e respirar fundo algumas vezes procurando o ar rarefeito que a envolvia. 

— Mas minha irmã caçula trabalha lá, não quero prejudicar ninguém com isso. - Elizabeth procurava sensatez, porque ao ver ela tinha que arriscar tudo, pois seria de grande visibilidade a notícia. 

— Então você tem como se informar, o que é ótimo. A matéria é sua, vamos ter um alto investimento de um benfeitor anônimo, então não me decepcione. - Mirando ao falar virou a cadeira dando as costas para Elizabeth que saiu em um misto de sentimento e intenção. Teria que saber como começar a investigar sem prejudicar sua irmã, ou poderia realmente pedir ajuda a Katherine, não seria difícil para ela, mas a irmã era soberba demais e as vezes egoísta não saberia se ajudaria ou a prejudicaria nisso. Quando saiu do escritório foi até John que já sorria esperando a boa notícia, Elizabeth fez o melhor sorriso que pode e foi abraçada pelo amigo e retribuiu rapidamente o abraço. 

— Consegui a matéria, mas agora preciso saber como começar a investigar isso. - Ela saiu comentando com John para o almoço sobre sua matéria e o mesmo prontamente se ofereceu para ajudá-la. - Não quero te prejudicar, já tem sua coluna para cuidar.

— Fala sério Liz, essa matéria pode me beneficiar também. Então não será um problema te ajudar com isso. E trabalhar infiltrado sempre foi meu sonho. - Ele disse animado enquanto pegava dois cachorros quentes e entregando um a ela e sentaram em um banco da pequena praça próximo ao jornal. - Só precisamos pensar em como conseguirei entrar dentro da G.E 

— Minha irmã comentou no café que estavam contratando, então não acho que será problema. Você poderia se candidatar a vaga no marketing, sempre foi bom nisso. - Elizabeth abocanhava seu cachorro quente enquanto falava e eles ficaram ali comendo e elaborando infinitos planos para a matéria. 

Chloe terminava seu teste sendo aplaudida pelo diretor e produtor e saindo discretamente do palco, recebeu elogios das pessoas que vieram fazer o teste, pegou um copo de água e ficou observando o próximo a ser chamado. 

— Parabéns, você é perfeita para o papel. Sua semelhança com a personagem é fantástica. - Uma moça que queria o papel de vilã comentava com Chloe que apenas sorriu e se afastou nervosa pelo resultado a vir não conseguia expressar nenhum tipo de empatia humana e contato tinha que ser limitado, porque nesse momento todos competiam por um papel então não tinha que ter delicadeza até aquele momento. Quando a escalação saiu, era quase final de tarde, Chloe estava morrendo de fome não quis nem sair do teatro, quando colaram a escalação dos autores ela tinha conseguido mas não o papel principal. Ela realmente estava persistente no seu sonho, mas se desvinculou da multidão que a rodeava, pegou suas coisas no fundo do teatro e foi para casa, com a cabeça baixa e sua fome já tinha ido embora. 

A noite tinha chegado e quando Chloe chegou, Elizabeth jantava com John e Katherine ainda não tinha chegado. Ela foi se aproximando da cozinha e pode ouvir a conversa sem entender muito, até que entrou e eles sorriram em cumprimento e Chloe se iluminou ao ver John ali, sorrindo para ela. 

— Boa noite para vocês. - Chloe entrou e sentou na bancada ao lado de John vendo Elizabeth preparar o jantar. - Não era para estar na lanchonete? 

— Pedi a noite de folga, precisava discutir uma coisa com John. - Elizabeth compartilhava sua empolgação colocando um aipo na boca e mordendo o mesmo. - Consegui um caso de jornalista investigativo. E estamos organizando as idéias de como começar a investigar, John vai trabalhar infiltrado. - Elizabeth fazia careta e Chloe cruzou o olhar com o de John. 

— Pelo menos você se deu bem nesse dia macabro. - Chloe falava desanimada e sendo amparada por John em um abraço. - Chegando no teatro um babaca de carrão me encharcou, depois meu teste foi magnífico mas ainda assim não consegui o papel que eu tanto queria. - Chloe suspirava lamentando enquanto encostava a cabeça no ombro de John. - Acho que vou mesmo mandar currículo na G.E . - Chloe falava despercebida, mas neste momento os olhos de Elizabeth e John cresceram nela. 

— Podemos te dar o papel da sua vida Chloe. - John comentava se afastando para olhar melhor para Chloe e Elizabeth a cercou do outro lado. - Vamos investigar exatamente a G.E e se você nos ajudar te damos a divulgação e assim pode chover contratos na sua porta. 

— Sim, não queremos envolver Kath só se necessário, mas você sendo atriz é mais fácil. - Elizabeth completou animada e Chloe se acendeu e seu olhar brilhou.´- Nos ajude irmã você é melhor que nós nisso. E eu como jornalista responsável serei a primeira na reta, preciso ter gente lá dentro quando Tomás me derrubar. 

— Farei isso por você não pela divulgação. - Chloe disse se animando e rindo do próprio comentário, sabendo que era sim pela divulgação que ganharia e de quebra estaria trabalhando e ganhando para isso. Elizabeth e John a envolveram em um abraço e a porta se abriu e Katherine chegou e todos tentou manter a normalidade falando que estava consolando pelo papel não conseguido. E ela acreditou e assim todos sentaram para jantar, se entreolhando e tentando esconder de Katherine que os três iam bagunçar toda estabilidade dela e mal sabe as três que essa investigação irá mexer com o psicológico, toda confiança e amor uma pela outra e só os mais fortes irá sobreviver.