Mamãe Spin off escrita por Beykatze


Capítulo 1
A limpeza


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥
Boa leitura :D



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O corpo de Lucas desaba na minha frente caindo com um baque surdo e molhado. Minhas mãos estão pegajosas com o sangue dele, não é a primeira vez que me sujo assim. Minhas roupas estão imundas, meus pés estão descalços e, pela primeira vez depois de estar trancada no banheiro, sinto a dor lancinante do corte do meu pé.

Manco devagar para o banheiro, onde tiro a roupa e me lavo ferozmente. A água bate no meu corpo e a esponja com sabão esfrega minha pele. Preciso tirar Lucas de mim.

Ele sofreu tanto quanto eu, mas mesmo assim não pude deixá-lo ir, afinal, ele não me deixaria ir. Eu podia vaticinar uma utopia dizendo que, se eu não o machucasse, ele iria embora e me deixaria em paz, depois disso ele iria para a terapia e final feliz. Mas sei que isso é a maior ilusão que já imaginei.

Depois que creio estar livre do sangue, desligo o chuveiro. Me seco com uma toalha velha e calço chinelos, ficando nua. Pego um saco de lixo, uma vassoura, uma pá, clorofina e panos de chão e volto para a cozinha.

Desde minha saída do banheiro, pelo corredor, até chegar na cena vou derramando o produto de limpeza pelo caminho. Jogo mais um pouco de produto por todo o chão da cozinha e, buscando uma das minhas melhores facas de carne, desmembro o garoto em pedaços bem pequenos, da mesma forma que fiz com a minha mãe.

Eu sei que parece coisa de gente maluca, mas como eu poderia explicar tudo isso? E se a polícia chegasse aqui para ver um assassinato em legitima defesa e vissem que não tenho UM único ferimento causado por ele? E se, pior ainda, encontrassem marcas de que minha mãe foi assassinada aqui dentro? Não posso correr esse risco.

Dói meu coração fazer isso com Lucas como se ele não passasse de um saco de carne, mas é preciso. Talvez mais tarde eu ligue avisando que acho que mataram a mãe dele. Mas como eu vi isso? Não vi. Como eu sei? O cadáver da minha cozinha me contou antes de eu matá-lo. É, não vou ligar pra ninguém.

Com o garoto em pedaços, coloco-o dentro de vários sacos plásticos e enfio tudo no meu congelador espaçoso. Cadáveres são muito pesados. Dica: nunca mate ninguém se vai precisar esconder o corpo.

Com a minha vassoura, varro os cacos de vidro, sinto ela pesada e imagino que agora o chão inteiro está escarlate, mas não ligo. Já estava na merda antes, isso é apenas um bônus. Junto os pedaços da janela e da caneca e coloco em um saco preto de lixo.

O ato de apor o alvejante faz meus olhos arderem. Esse cheiro já está marcado em mim como limpeza de cadáveres. Com meus panos faço a maior e mais minuciosa faxina já feita na minha cozinha, e só paro quando estou quase desmaiando com o cheiro forte e estou segura que está tudo limpo.

Seco o caminho da cozinha até o banheiro e limpo bem tudo, colocando as toalhas sujas no mesmo saco dos vidros. A minha roupa ensanguentada também deixo no saco.

Quando me acerco que o chão está limpo e as paredes e móveis também o dia já está amanhecendo. Noto porque a claridade muda, então vou para o meu quarto e busco o celular para ver a hora. São quase 5:30 da manhã.

Passo mais um pano, desta vez com desengordurante, nos armários para tentar tirar o cheiro forte. Com as coisas limpas, vou tomar mais um banho.

Demoro embaixo do chuveiro, pois quero tirar o cheiro da clorofina das minhas mãos e quero me garantir que estou completamente sem nenhuma gota de sangue em mim.

Já limpa, finalmente visto uma roupa, apanho minha bolsa e vou para o trabalho tentando não surtar.

***

Chego em casa depois de um dia extremamente cansativo no telemarketing. Desabo na cama, mas logo levanto. Meu trabalho ainda não acabou.

Ouço que meus vizinhos da frente voltaram das férias e sinto o cheiro do churrasco que estão fazendo. É o disfarce perfeito.

Faço uma fogueira dentro de uma lata de lixo nos fundos da casa e despejo minha mãe e Lucas lá dentro, além dos sacos de lixo com panos ensanguentados. Com um pouco de álcool, muito óleo velho de cozinha e algumas madeiras, queimo as últimas evidencias do meu crime. O cheiro deles queimando é desagradável, mas adiciono mais óleo velho e ele disfarça. Estou apenas queimando o lixo, comum e não suspeito.

Agora ninguém poderá me pegar.

Minha mãe? Veio aqui, mas voltou para casa de noite.

Não, não nos falamos depois disso, não temos muito contato mesmo.

Vizinha assassinada? Oh, que coisa horrível. Tenho que me proteger. Assustador.

O filho dela que matou? Mas que coisa horrível! Lucas? Não conheço. É o filho assassino? Que coisa horrível, não é mesmo.

E assim, os policiais bateriam na próxima porta fazendo as mesmas perguntas, sem nunca me encontrar debaixo dos seus narizes.

Suspiro finalmente e fico tranquila pela primeira vez em duas semanas.

Ficarei bem.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro podem me avisar ♥
Espero que tenham gostado :)
Beijinhos ♥



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