Aquele com todas as primeiras vezes escrita por morphmagus


Capítulo 1
Capítulo Único




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aquele com as primeiras vezes.

 

first meeting.

 

   Hogsmeade é a coisa mais linda que Lily Evans já viu em todos os seus onze anos. Mesmo que a visão que estava tendo era a noite, com as ruas pouco iluminadas e nem ao menos tinha a visão completa da cidade. Estava cheia de crianças de sua idade, todas com o mesmo olhar encantado, saltitando de alegria pela visão do pequeno vilarejo e de Hogwarts que já despontava. Até mesmo o balanço do barco era insignificante perto de tamanha beleza. A grande lua era mais um detalhe esplêndido. 

  Lily estava sentada logo na frente, ao lado de Severus Snape, por conta disso, tinha uma ótima visão de tudo ao seu redor, já que não haviam cabeças inquietas lhe atrapalhando. Com um brilho nos olhos e um sorriso gigante no rosto, ela olhava e anotava mentalmente cada detalhe que conseguia captar. Tinha certeza que daqui a sete anos, quando já tivesse se formado, ainda se lembraria perfeitamente de cada coisa mínima que viu no primeiro dia. 

  James Potter, ocupava os assentos mais ao fundo do barco, ao lado de dois meninos, um tão rebelde quanto ele e o outro extremamente acanhado, parecia se esconder ali, James o comparou a um ratinho imediatamente. Seus olhos seguiram até cabelos laranjas que chamavam a atenção, por segundos James só ficou encarando os fios, que estavam escuros devido a pouca luz, completamente vidrado. Levou poucos minutos para James decidir ir até a menina. Adorava novas amizades e, apenas observando a menina de costas olhar para todos os lados com ar de curiosidade, ele sabia que ela seria uma ótima amizade. 

  Com o olhar no castelo que surgia, Lily não percebeu o pequeno garoto que se aproximava.  Só percebeu sua presença ao ser cutucada pelo mesmo. 

  "Meu pai me contou milhares de histórias sobre o Castelo." O garoto exibia um sorriso com dois dentes tortos. "Eu já sei tudo sobre ele, todos os encantamentos." 

  Lily não sabia exatamente o motivo, mas achou que o garoto zombava dela, por ela ser trouxa e não conhecer quase nada daquele mundo. 

  "Não preciso de ninguém para me contar histórias, não sou tola, posso descobrir tudo que eu quiser sozinha." Sabia que tinha sido ríspida, se sua mãe estivesse ali com certeza levaria um beliscão, mas não gostava que zombassem dela, especialmente alguém que nunca lhe viu na vida.

  Observou o menino, cujo não sabia o nome, se afastar sem o sorriso que mantinha quando se aproximou dela. Ele sentou ao lado de um menino dos cabelos negros, que mantinha a mesma postura rebelde que ele. 

 

first flirting.

 

  Foi no terceiro ano quando Lily se viu vítima dos flertes de James pela primeira vez. Mal sabia que aquele seria o primeiro de muitos.

  Ambos estavam numa aula  de poções com o professor Slughorn, Lily, sendo uma aluna extremamente dedicada e uma amante de poções, voltou todo sua atenção para o que o professor explicava. De repente, um pedaço de pergaminho em formato de pássaro voou ao seu redor e pousou delicadamente em sua mesa, em cima do livro de poções aberto. Por alguns segundos, ela apenas observou o animal de mentira, sem ousar tocá-lo e desmanchar toda sua beleza. Mas, a curiosidade a venceu e ela se viu quase obrigada a abrir o pergaminho. Quando o fez se deparou com várias palavras embaralhadas e uma frase bem pequena no final do pergaminho. 

  “Toque com a varinha”

  Fez o que era pedido e pode ver as palavras embaralhadas tomando forma e compondo uma frase maior do que a primeira. 

  “Aceita tomar uma cerveja amanteigada comigo no passeio de Hogsmeade?”

  Se antes sua curiosidade havia sido despertada pelo conteúdo do pergaminho, agora era tomada pelo desejo de descobrir quem era o autor da mensagem. Se sentia lisonjeada, afinal, aquilo devia ter dado muito trabalho para ser produzido com toda delicadeza. Depois de olhar ao redor, tentando descobrir alguém suspeito, Lily guardou o pedaço de pergaminho no bolso da capa, ainda sem decidir se pediria ajuda de Marlene, sua melhor amiga, ou descobriria sozinha. 

 

[...]

 

  Havia passado duas aulas desde que tinha recebido a mensagem e Evans ainda não sabia quem tinha sido o autor. Aquilo estava a matando, sua curiosidade estava ainda mais feroz.  Foi quando James Potter passou por ela, com um sorriso cafajeste demais para um garoto de apenas treze anos, que Lily descobriu quem era o autor da mensagem. 

  Não podia acreditar.

  Mal falava com o garoto, quando lhe dava olhares eram apenas para demonstrar sua irritação e ele ousava fazer aquilo? Não suportava as brincadeiras idiotas que ele fazia com Snape ou com os outros alunos mais novos, a forma como andava achando que era dono do mundo, quase não se importava com as aulas, sempre ficando de risadinhas com os amigos.   

  Olhou para ele, cadeiras atrás dela, com o olhar mais raivoso que conseguiu e, com um feitiço, colocou fogo no pergaminho com a mensagem. James Potter era insuportável e Lily estava disposta a nunca mais olhar em sua cara. 



first real talk.

 

  

  Lily ainda estava dormente, sentada no chão da Torre de Astronomia, remoendo a cena com Snape, aquelas palavras preconceituosas saindo de seus lábios. Não havia lágrimas em seus olhos, se negava a derramar uma mísera lágrima por aquele que fora seu amigo. Seu peito doía, ardia de raiva e decepção. Como seu amigo de infância havia se tornado aquilo? 

  Ouviu passos subindo as escadas, se arrastou até o canto mais escuro da Torre. Rezava para que a pessoa não lhe visse ali e, principalmente, que não fosse Marlene. Amava a melhor amiga, mas sabia o quão insistente ela podia ser. E tudo que queria era ficar sozinha por um tempo, precisava processar aquilo que aconteceu. 

  Mas, para sua surpresa, quem chegou na Torre foi James Potter. Entrou com a cabeça baixa e suspirando, parecia cansado, exausto na verdade. Jogou-se no outro canto do local e seus olhos olharam exatamente na direção dos dela. Era como se ele soubesse que ela estava ali. Não, Lily tinha certeza que ele sabia que seus olhos verdes estavam precisamente ali. Não queria vê-lo, nem falar com ele, mas pelo menos Merlin ouviu suas preces e não era Marlene. Podia lidar com a presença do Potter. 

  Respirou fundo, fechando os olhos. Ficou assim até sentir ele se aproximar de si, sentando do seu lado, no escuro. 

  “Meu pai me contou milhares de histórias sobre o Castelo.” Falou em voz baixa, brincando com o que havia falado pra ela na primeira vez que se encontraram, no barco de Hogwarts. Apesar de entender a brincadeira, o máximo que Lily conseguiu fazer foi um revirar de olhos. “Sinto muito, Lily.”  

  “Eu também. Ou não, tanto faz.” Sua voz saiu baixa, rouca. Coçou a garganta tentando afastar a rouquidão. “O que faz aqui?” 

  “Não sei, mas precisava te ver.” Potter suspirou pela milésima vez desde que chegou ali. “Vou ficar aqui, quieto, fingindo que não existo.” 

  E por alguns minutos ficaram os dois daquela forma. Ambos remoendo a mesma cena, mas sofrendo por motivos diferentes. A raiva crescia no peito dos dois. Lily sentia vontade de esmurrar Snape o máximo que pudesse, para que ele se sentisse um pouco como ela se sentiu. 

  “Eu não entendo.” Recebeu um olhar confuso do menino assim que abriu a boca. “Por que? Como ele conseguiu fingir que era meu amigo? Por que, Merlin, ele fez aquilo?” Agora estava em pé, andando de um lado para o outro. 

  “Eu… eu não sei, Lily. Não entendo como ele poderia fazer algo como aquilo.” James também se levantou, mas encostou no parapeito ao invés de ficar andando. “A minha vontade foi enchê-lo de azarações. Ainda desejo isso.”

  “Quando eu disse que não precisava de você para me defender, eu falei sério, Potter.” Parou para encará-lo. “Agradeço que esteja aqui, mas não quero que dê uma de machão.” 

  “Não vou, prometo. Apesar dele merecer.” Encarou os olhos verdes, que estavam vermelhos, para mostrar que estava sendo verdadeiro. “Se quiser falar tudo que falaria a ele, pode falar. Talvez ajude.” 

  “Não sei se quero.” Pensou um pouco, duvidava que aquilo funcionasse, mas resolveu tentar. “Eu falaria que ele é um maldito nojento, seguidor das trevas, a merda de um seguidor de Voldemort. Que eu não entendo como ele pode fazer isso comigo, depois de tudo, de todas as vezes que eu defendi ele com unhas e dentes, mesmo quando me falavam que ele era suspeito. Que eu sempre acreditei que ele era bom, que ele jamais faria mal a alguém. Que eu nunca achei que ele faria mal a mim. Que achei que éramos amigos” 

  No final, Lily já estava chorando. Sua voz quase não saia e as lágrimas encharcavam seu rosto. James se aproximou com cautela, temendo uma reação agressiva dela. Assim que percebeu que não apanharia, ele abraçou-a, deixando que ela escondesse o rosto em seu peito, deixando sua camisa molhada. James fez com que eles se abaixassem até estarem sentados no chão, encostou as costas na parede fria e deixou que ela se aconchegasse. Ficaram ali até que Evans estivesse mais calma e depois seguiram em silêncio até o Sala Comunal, onde cada um seguiu caminho até o próprio dormitório. No dia seguinte, seria como se aquilo nunca tivesse acontecido.  



first kiss.



  Estava no sexto ano e Lily Evans nunca tinha se sentido tão estressada quanto ultimamente, a proximidade do final do ano e a quantidade de trabalhos estavam a enlouquecendo. Era comum para os alunos de Hogwarts a verem andando de um lado para o outro na biblioteca enquanto sussurrava palavras desconexas ou vê-la andando com um livro nas mãos e mais outros na mochila. 

  Quando Marlene entrou escandalosamente no quarto que dividiam, Lily sabia que nada de bom viria pela frente. Observou McKinnon se jogar na cama em frente a sua, com os olhos brilhando e um sorriso gigante no rosto. Mexia os dedos incontrolavelmente e quase pulava na cama de tanta empolgação. 

  “O que foi?” Lily sentou na cama para poder olhá-la melhor. “Faz tempo que não te vejo empolgada assim.”

  “Finalmente, depois de tanta enrolação, vai rolar uma festa na sala precisa.” O sorriso dela se alargou ainda mais, ao mesmo tempo em que o rosto de Lily formava uma pequena carranca já imaginando o que viria a seguir. “Você vai comigo e sem discussões.”

  “Bom ver como eu tenho poder de escolha nessa ditadura que é nossa amizade.” 

  “Fico feliz que gostou, gatinha.” Levantou-se de supetão e correu até o baú onde ficavam suas roupas. “Tem ideia de que roupa usar? Aquela sua saia vermelha é perfeita, apesar que tem aquele vestidinho verde que te deixa incrível.”

  “Lene, eu não vou. Eu adoraria, você sabe, mas preciso fazer os trabalhos.” A ruiva tirou McKinnon de seus devaneios. 

  “Lily!” Seu nome saiu tão agudo que ela precisou tapar os ouvidos ou ficaria surda. “Você estudou todos os dias desde o início do ano. E sem necessidade, é a aluna mais inteligente do nosso ano, até de toda Hogwarts! Você precisa descansar um pouco, viver como a adolescente que é!”

  “Lene, se você me chama de inteligente é porque eu estudo! Não tenho todos os assuntos na cabeça, preciso estudar muito para ser uma boa aluna. Você sabe como a sociedade bruxa é com nascidos trouxas. Preciso me esforçar o dobro para ter coisas que você conseguiria com um piscar de olhos.”  Lily assumiu uma postura mais sério, assistindo Marlene fazer o mesmo. 

  “Eu sei, Lily. Infelizmente, eu sei. E, se eu pudesse, as coisas não seriam assim, eu mudaria o mundo inteiro.” Pegou as mãos da ruiva entre as suas. “Mas você precisa sair, ver pessoas, se divertir um pouco, ou vai enlouquecer. Por favor, só hoje. Prometo que me comporto e na hora que quiser vir embora, eu venho. Juro juradinho!” 

  “Tá certo, Lene. Só dessa vez. E na hora que eu quiser, vamos embora, sem reclamações.” Sabendo que aquela seria uma batalha perdida, Lily achou melhor aceitar a derrota de uma vez, ao menos evitava ouvir os milhões de argumentos que Marlene com certeza tinha. 

  “Tá bom, tá bom. Tenho certeza que vai ser uma ótima noite!” Jogou-se por cima da Evans, rodeando-a com seus braços. 

 

[...]

 

  Já era noite e quase na hora da festa. Lily usava a tal saia vermelha com uma blusa colada e com um decote médio, que pertencia a Marlene. Estava sentada em sua cama, esperando Marlene terminar com a produção que fazia dentro do banheiro, onde estava trancada há quase meia hora. Lily estava quase desistindo, quando McKinnon saiu do cômodo perfeitamente arrumada com um vestido preto e os lábios pintados com um batom roxo escuro. Em segundos, ela estava em cima de Lily com a varinha apontada para seu rosto, que, com um feitiço, recebeu uma leve maquiagem nos olhos e um batom vermelho nos lábios. 

  Depois de quase vinte minutos de uma caminhada agitada, elas chegaram até a Sala Precisa, que logo revelou uma porta escura. Adentraram a sala, onde estava um ambiente pouco iluminado, uma música trouxa com batidas fortes tocava alta e as pessoas possuiam canecas de cerveja amanteigada ou uísque de fogo em mãos. 

  Marlene a arrastou até a pista de dança e, em menos de cinco minutos, as duas já estavam com bebidas, Lily com uma cerveja e Lene com uísque. Estavam dançando animadas quando os marotos e mais alguns amigos se aproximaram. Formando um grande grupo, ficaram dançando por um longo tempo, criando as mais diversas e esquisitas coreografias, as bebidas eram constantemente renovadas, já havia ninguém 100% sóbrio no grupo. 

  Sem ter certeza de como aconteceu, Lily se deu conta que estava dançando lado a lado com James Potter e, por mais incrível que pareça, não fez o menor esforço para se afastar. Pelo contrário, parecia que algo a puxava em direção a ele. Foi quando tentou virar-se, para tentar ficar de frente para ele, que Lily ficou tonta e perdeu o pouco de equilíbrio que ainda tinha. Felizmente, os braços de James a seguraram e impediram que sua cara se encontrasse com o chão. Foi levada por ele até um canto mais afastado da festa, onde ele a fez sentar no chão e se afastou para pegar uma água. Nos minutos em que estava longe, Evans pensou com carinho no ato do menino e forçou-se a lembrar que, assim que ele voltasse, lhe devia um agradecimento. 

  Quando James voltou, entregou a água a Lily e sentou no chão ao seu lado, observando a menina com os olhos atentos para garantir que ela estava bem. Gostava dela, apesar da mesma não acreditar, e zelava sempre pelo seu bem. Depois daquela conversa depois do que ocorreu com Snape, eles conversaram algumas vezes de forma mais civilizada, mas a menina ainda não era sua maior fã. Evans virou, mirando seu rosto, tinha os lábios levemente abertos como quem ia falar algo. Entretanto, pareceu mudar de ideia. Abriu e fechou a boca algumas vezes, parecia ter uma luta interna e não tinha certeza do que fazer. Quando, do nada, jogou os braços ao redor do pescoço de James e colou seus lábios. 

  James levou alguns segundos até entender o que acontecia. Quando o fez, rodeou a cintura dela, puxando-a ao seu encontro, ao mesmo tempo em que aprofundava o beijo. Um bom tempo se passou com eles naquela mesma posição, reiniciando os beijos assim que eles acabavam. Com um clique, Lily pareceu se dar conta do que fazia, afastou-se de James devagar, ainda levemente fora de órbita. Encarou os olhos do Potter abrindo e encarando-a de volta. 

  “Obrigada pela água e por me ajudar.” Foi a única coisa que disse antes de se levantar e correr até Marlene, avisando que era hora de irem embora. 

  Antes de sair, conseguiu sentir os olhos de James seguindo-a. Trocou um rápido olhar e um leve sorriso com o menino dos cabelos bagunçados. Em seguida, saiu do cômodo.          



first date.



    Sétimo ano, algumas conversas, um ou outro beijo, Lily Evans e James Potter finalmente iriam ao primeiro encontro oficial. Naquele segundo passeio a Hogsmeade, eles esperavam ter um ótimo encontro. James esperava Lily na Sala Comunal, estava nervoso. Felizmente, teve a ideia de expulsar os amigos dali antes que pudessem atrapalhar as coisas. Imaginava que Lily estivesse sozinha, já que a maioria já estava a caminho de Hogsmeade e Marlene havia ido com Sirius há poucos minutos. 

  No dormitório, Lily estava sentada na cama completamente pronta e nervosa, torcia os dedos tentando se acalmar. Sabia que precisava descer, não podia deixar James esperando o resto da vida. Reuniu toda coragem que tinha e saiu do dormitório. No topo da escada conseguiu ver James andando de um lado ao outro. A visão dele, tão nervoso quanto ela, a acalmou um pouco. Saber que não era a única surtando era reconfortante. 

  Só quando desceu os últimos degraus foi que James percebeu sua presença. Um sorriso preencheu seu rosto, ato que foi repetido por Lily. 

  “Eu tô tão nervoso, você não tem ideia.” Disse assim que a menina se aproximou. 

  “Eu sei exatamente como é.” Riu nervosa, apoiou os braços nos ombros dele e teve a cintura rodeada por ele. “Não deveríamos estar assim, não é a primeira vez que ficamos sozinhos.” 

  “Mas agora Hogwarts vai ver.” Suspirou. “E eles não vão ser discretos, Lírio.” 

  “O grande James Potter está com medo de alguns alunos de Hogwarts? Evans riu, debochando da cara dele. “Não se preocupe, James. Ninguém vai falar nada demais. Vamos logo” 

  Saíram de mãos dadas e seguiram assim até que chegaram no vilarejo. Por onde passavam os olhares e cochichos os seguiam. Como James disse, eles não eram nada discretos. Alguns cochichavam tão alto que parecia que desejavam que eles ouvissem. Sem dar importância para isso, o casal andou por toda Hogsmeade até chegar Casa de Chá Madame Puddifoot. Lily conseguia ver James fazer uma careta ao observar a decoração cheia de babados do local. Tinha certeza que possuía aquela mesma expressão.

  “James, querido, não precisamos entrar aí se não quiser.” Disse com carinho, tentando não magoá-lo. 

  “Tem certeza? Esse normalmente é o lugar dos encontros, todas as garotas…” Cortou a frase no meio, conforme virava até estar cara a cara com Lily. “Mas não você, era óbvio. Eu sou tão estúpido!” 

  “Relaxa, Jay, tá tudo bem. Eu não ligo, podemos comer aqui se preferir.” Acariciou os fios negros perto da nuca do Potter. Analisou a leve carranca que tinha se transformar em um sorriso travesso.

  “Já sei o que fazer! Vamos, rápido!” 

 

[...]

 

  Depois de ser arrastada correndo do lugar onde estava, uma passada na Dedosdemel, uma pulo no Três Vassouras, uma caminhada longa e uns dois feitiços, eles estavam sentados lado a lado em uma manta na neve fina perto da Casa dos Gritos, havia também uma outra manta em seus ombros para deixá-los aquecidos. Dividiam vários doces e uma garrafa de cerveja amanteigada, que foi o que James conseguiu comprar antes que pudesse ser encontrado pelos amigos.    

  "Você está gostando?" Evitou olhar nos olhos verdes e ver a decepção nos olhos dela.  "Sinto muito que esteja sendo tão simples."

  "James, não poderia ser mais perfeito. De verdade, eu não ligo que não estamos na Madame Puddifoot, esse lugar é cheio de frufru." Ambos riram, lembrando do ambiente rosa e cheio de babados. "Isso aqui é mais que suficiente pra mim." 

  Ficaram ali até o céu escurecer e ser hora de voltar para o castelo. No caminho encontraram os Marotos, Marlene e Dorcas e seguiram juntos até a Sala Comunal, onde estenderam a noite em meio a risadas e brincadeiras. 



first “i love you”.



  Era natal, Hogwarts estava enfeitada perfeitamente, poucos jovens decidiram ficar na escola, a maioria setimanistas. Parecia que todos tiveram a mesma ideia de passar o último natal ali, aproveitar até o último segundo o que Hogwarts tinha pra oferecer. 

  Ainda era de manhã, Lily tinha acabado de descer para tomar café da manhã. Se encontrou com os amigos na mesa quase vazia da Grifinória. Sentou ao lado de James, mesmo que ainda não namorassem oficialmente, eles estavam caminhando para isso e ambos sabiam que era questão de tempo, mas estavam tentando manter a calma. 

  “Um aviso a todos.” Sirius elevou a voz, chamando atenção, que logo foi dispensada, afinal o que interessava era seu grupo de amigos. Olhou nos olhos de cada um, tentando soar ameaçador. “Espero que todos, T-O-D-O-S, tenham comprado presente para mim. Não aceito menos que coisas perfeitas, ouviram?” 

  “Sirius.” Remus chamou com a voz séria. “Ninguém dá a mínima.” As risadas preencheram o ambiente, até mesmo Sirius riu. 

  “Olha, Remus, eu achei que minha amizade significasse algo para você. De todos, foi o último que imaginei que me trataria com tamanho desprezo.”

  “Larga de drama, Six.” Lily disse ainda rindo, nos últimos tempos sua amizade com ele cresceu muito, James até ficaria com ciúmes se não soubesse que o outro era apaixonado por Marlene. “É claro que compramos presentes pra você, pra todos. Vamos mimar sua criança interior, não se preocupe.”

  “Aprendam, seus imprestáveis, é assim que trata os amigos.” Se jogou por cima da mesa para abraçar Lily, fazendo a garota se inclinar para frente e ficar a cara quase colada à mesa. “Comam logo pra gente poder ir para os jardins.” 

  Por incrível que pareça, todos obedeceram Sirius. Desde a noite anterior, quando surgiu a ideia, estavam empolgados em enfrentar o frio e sair para brincar na neve. Iam aproveitar a manhã para isso, o sol estava alto e era menos propenso que congelassem. 

  Sairam do aconchego do castelo para os jardins depois de alguns minutos regados a resmungos de Sirius e Peter. Assim que pisaram o pé na neve, James pode sentir a bola de neve acertar suas costas. Ao virar-se viu Sirius com um sorriso travesso. Disfarçando, James encheu a mão com a maior bola que podia e, aproveitando que o Black estava distraído, jogou a bola que o acertou diretamente na cabeça. Bola essa que foi vingada e acertou em Lily. Daí em diante começou uma grande guerra de bolas de neve. Não havia um que não tivesse levado uma bolada. 

  James se afastou um pouco, sentando num banco para observá-los jogar. Não sabia como ia aguentar no próximo inverno, no qual eles não estariam mais ali. Com certeza estariam juntos, mas não em Hogwarts. Observou cada um dos presentes. Peter tentando se esconder atrás dos arbustos, Remus e Dorcas formando uma ótima dupla de amigos jogadores de bolas de neve, mesmo que todos achassem que eles eram um casal, Sirius e Marlene atirando bolas um no outro, mesmo que deveriam se focar nos outros já que formavam um time. 

  Observou Lily que jogava bolas em todos os outros, sem se importar em formas times, afinal era independente e ótima em lutar sozinha. Por Merlin, ela era perfeita. Amava seus fios vermelhos e como eles contrastavam com a pele branca, os olhos verdes grandes, as sardas salpicadas por todo seu corpo, os lábios macios. Amava o som de sua gargalhada, mas odiava ver suas lágrimas. A amava, sabia disso, apesar de ainda não ter pronunciado as três palavras, a amava e amaria para sempre. 

  Viu ela se aproximar, sentar no banco do seu lado e exibir o sorriso mais doce do mundo, direcionado apenas para ele. Se sentia o garoto mais sortudo do mundo. Foi então que percebeu que era um ótimo momento. 

  “Eu te amo, Lily.” Disse, simples e calmo. Soou tão certo e natural quanto o nascer e pôr do sol. 

  “O que?” Indagou espantada. Aquilo era a última coisa que esperava no momento. “O que disse, James? Foi o que eu acho que ouvi?” 

  “Eu te amo, Lily Evans. Eu. Te. Amo.” Falou pausadamente, dando selinhos nela. “Por Merlin, eu te amo tanto e acho que é impossível alguém te amar mais.” 

  “Eu te amo, James Potter.” Sorriu abobada. 

  Se beijaram enquanto eram bombardeados por bolas de neve que os amigos jogavam. Aquele momento era perfeito, seus amigos ali, eles em perfeita sintonia. James se afastou apenas o suficiente para olhá-la nos olhos e perguntar o que tanto queria. 

  “Namora comigo?” 

  “Pensei que nunca ia pedir, Potter.”        



first baby.



  Era madrugada, James e Lily estavam na casa que dividiam em Godric’s Hollow desde a descoberta da gravidez e da profecia, o terror promovido por Voldemort estava cada vez maior. A gravidez de Lily já estava avançada, prestes a parir. James era o homem mais cuidadoso e carinhoso que existia. Sirius já demonstrava como mimaria aquela criança, a todo instante levava algum presente para o afilhado. 

  Estavam na cama, Lily dormia ao seu lado enquanto ele velava seu sono. Nos últimos dias, o medo lhe dava insónias constantes. A maioria de suas noites eram assim, velando o sono de Lily e ocasionais cochilos. Foi num desses raros cochilos que Lily acordou com uma dor aguda na barriga. Apertou a mão de James com força, pedindo para que ele chamasse a parteira que haviam contratado do St. Mungus. Sair de casa era muito perigoso nos tempos em que viviam. 

  Em segundos James já havia mandado um patrono para a parteira e os amigos. Nas mesma velocidade, todos já estavam presentes. Todos ficaram na sala, enquanto a parteira, uma Lily suada e nervosa, um James a beira do desmaio e um bebê prestes a nascer ficaram no quarto, num longo e cansativo quarto. 

  Quando finalmente acabou e Lily já tinha o pequeno Harry nos braços, lágrimas de alegria molhavam o rosto dos oficialmente pais. Aquela vez e o dia de seu casamento foi o único que James não detestou ver Lily chorar. Quando todo o sufoco passou, os amigos foram chegando para ver Harry. Vendo todos ali, alegres com sua felicidade, já amando o bebê que nem conheciam, James teve mais certeza que faria o que fosse necessário para protegê-los de tudo e de todos. Especialmente Lily e Harry, James Potter mataria e morreria por eles.     



first day in eternity.



  Lily, James e Harry estavam na sala de estar de sua casa. O menino já tinha os olhos piscando lentamente, denunciando o sono que chegava, mesmo que insistisse em brincar com o pomo de ouro. Os pais estavam sentados no tapete do lado do bebê, observavam ele brincar e os sorrisos infantis que dava. A única coisa que passava pela cabeça de ambos era o desejo de ver Harry se tornar um adulto, de poder viver em um mundo melhor. O medo de não conseguir fazê-lo era gritante e ensurdecedor. Era aterrorizante viver daquela forma, mas eles tentavam viver do jeito que podia, acreditavam que tudo mudaria em pouco tempo. 

  “James, melhor dormirmos. Acredito que o Sirius não vai mais aparecer aqui hoje, ele deve ter se enrolado com coisas da ordem.” James sabia que ela estava certa, mas estava preocupado como o amigo, rezava para que ele aparecesse ali. “Vamos, James, tenho certeza que ele está bem.” 

  “Eu sei, eu espero que sim. Mas fico preocupado, Sirius não é de faltar quando avisa que virá aqui.” Passou a mão nos cabelos, enquanto a ruiva acariciava seus ombros. “Depois de Marlene ele não é o mesmo, ninguém é.” 

  “O que aconteceu com a Marlene foi horrível e vai nos marcar para sempre, mas precisamos lembrar dela como a guerreira que era. Tanto que morreu protegendo aqueles que amava.” Lily se inclinou para dar-lhe um selinho. Estava tão preocupada quanto, mas precisava ficar calma. “Tudo vai ficar bem. Eu te amo.” 

  “Eu te amo e sempre vou amar, Lily Potter.” Trocaram sorrisos apaixonados. “Vou checar as portas, enquanto você leva o Harry.” 

  Lily foi pegar Harry, como James disse, e ele foi até a porta conferir os feitiços. Ao chegar perto, ouviu um barulho estranho, algo como uma explosão. Seu corpo gelou e ele já temeu pelo pior. Parecendo ter ouvido, Lily caminhou até onde ele estava, mantendo uma distância que a permitiria correr até Harry. Do outro lado da porta barulhos como de uma cobra surgiu. Passos firmes e uma risada macabra. 

  Dando passos para trás, o Potter se moveu até chegar perto de Lily. Uma mão bateu na porta, causando um estrondo. De longe ouviram Harry começar a chorar. Ambos já sabiam o que viria a seguir. Haviam sido achados, haviam sido traídos. Não conseguiam acreditar. Voldemort estava ali. Afastou esses pensamento para conseguir agir e tentar salvar sua família. 

  “Lily, pegue o Harry e vá! Corra! Eu o atraso.” Ao mesmo tempo que falou aquilo, foi possível ouvir a voz do outro lado pronunciar o feitiço Alohomora

  O casal correu, enquanto o homem vestido de negro já adentrava a casa. Sua risada macabra ecoava na casa, aumentando o choro de Harry e o terror de seus pais. James se prostrou em frente a escada, na esperança de Lily conseguir fugir. Infelizmente, ele não estava com a varinha, esquecida na estante da sala. Do corredor superior, Lily conseguiu ver a vida sendo tirada de seu marido. Seu amado James. As lágrimas rapidamente encharcaram seu rosto. 

  Mas, sem tempo para viver o luto, correu até o quarto de Harry, o colocou no berço e tentou travar a porta. Uma tentativa estúpida de deter Voldemort. Estava desesperada, não podia permitir que Harry morresse, não depois de James ter morrido para protegê-los. Entretanto, assim como James, a luta de Lily não durou muito. Logo o Lord conseguiu invadir o quarto e pode deliciar-se dos pedidos da ruiva, dela implorar pela vida do bebê. Lily lutou até o último segundo. Em seu fim, os últimos sons que ouviu foi o choro de seu filho e o cruel Avada Kedavra

  Dali em diante, James e Lily Potter não presenciariam o que aconteceria. De todas as suas primeiras vezes, esta foi a mais cruel. A mais dolorosa. A última primeira vez. Seria a primeira vez numa eternidade dolorosa, cruel. No final, tudo que se pode concluir, é que James e Lily eram os mais fiéis, os que matariam e morreriam pela família. Os que morreram para salvar o filho. 

 


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