Matt e Guga se entreolharam, confusos, mas antes que pudessem imaginar o que Hermione estaria fazendo ali, ela os avistou e abriu um sorriso.

— Olá, Matt, olá, Guga – disse ela. – Hagrid me avisou que vocês tinham chegado. – Em seguida ela voltou a ficar séria e se dirigiu a todos os alunos novos.

“Bem-vindos à escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Eu sou Hermione Granger Weasley, professora de Transfiguração. Em alguns instantes, vocês irão atravessar estas portas e se unir ao resto da escola, mas antes, serão selecionados para suas Casas. As Casas chamam-se Grifinória, Corvinal, Sonserina e Lufa-Lufa. Enquanto estiverem nesta escola, suas Casas serão como suas famílias. Triunfos lhes renderão pontos para sua Casa, enquanto que infrações e faltas os farão perder pontos. Ao final do ano, a Casa com mais pontos receberá a Taça das Casas, uma grande honra. Peço a vocês que esperem aqui, enquanto preparamos o grande salão para a seleção.”

                        Hermione terminou seu discurso e deu um sorrisinho. Os alunos ainda estavam um pouco chocados, vendo aquele rosto famoso de frente para eles. Hermione virou-se para voltar ao Salão. No momento em que as portas batiam, uma menina se adiantou e disse:

— Então vocês são parentes dela? – perguntou a Matt e Guga. – Da prof.ª. Hermione?

                        Matt e Guga assentiram silenciosamente. A garota tinha cabelos negros e olhos castanhos, a pele clara, mas não tanto quanto à da garota que Matt vira no trem (e que estava parada um pouco mais atrás deles). Tinha também uma expressão indefinida no rosto, que misturava inteligência e audácia.

— É, estou vendo seu cabelo – disse ela, olhando o cabelo de Matt. – Ruivo como o dos filhos dela...

— Não sabíamos que ela era professora – disse Guga, pressentindo algo, e Matt concordou.

— Não faz mal – continuou ela, mirando os dois Weasley com interesse (os dois sentiam-se sob a mira de uma investigadora). – Aposto que ninguém aqui sabia. Aliás, meu nome é Rina, Rina Black Tonks Lupin. Por acaso não se lembram de mim?

                        Matt e Guga balançaram a cabeça, agora realmente intrigados.

— Engraçado, eu me lembro muito bem, da minha avó Andrômeda me levando com o meu irmão para uma festa na casa dos Weasley – disse Rina pensativa. – Era um aniversário, do Harry Potter, acho, e aí vieram o irmão e a cunhada do Rony Weasley com o filho e o sobrinho, tinham a minha idade, que eu me lembre, e nos apresentaram, mas eu era muito tímida, e os dois garotos não eram muito sociáveis... Quero dizer, só podem ser vocês, não?

                        A princípio, Matt ia balançar a cabeça de novo, mas lembrou-se de uma festa de aniversário do tio Harry, de uma senhora com dois meninos, um garoto de cabelo assanhado e orelhas pontudas e uma garota de cabelo castanho que crescia para todos os lados, que não saía de perto da avó. Guga lembrou-se também, e os dois disseram:

— Ah, sim – meio sem jeito.

                        Rina sorriu e ia começar a falar outra vez – mas Matt reparou que as orelhas dela também eram pontudas como as daquele garoto, e tudo ficou mais claro para o ruivo.

— Espera! Eu já sei quem você é, é a irmã do Ted, Teddy Lupin – disse ele em tom de acusação. – Ele está saindo com a minha irmã Victoire...

— Saindo? – disse Rina. – Eu diria que eles já são praticamente noivos, querido, nunca vi um casal tão apaixonado quanto eles...

                        Matt engoliu em seco, e Guga fez força para não rir do primo.

— Você não gosta do namoro deles, não é? – perguntou Rina, embora a resposta fosse óbvia. – Engraçado, eu sempre dei o maior apoio. Só tenho o meu irmão e a minha avó comigo, meus pais, já devem ter ouvido falar deles, Remo Lupin e Dora Tonks...

                        Guga e Matt assentiram educadamente.

— Morreram na batalha de Hogwarts, sabe, há 20 anos...

— Espera aí – interrompeu Guga, espantado. – Se seus pais morreram há 20 anos, como foi que você nasceu?

— É uma longa história – disse Rina tristemente. – E para mim é um pouco tediosa, se me permitem dizer... Bom, meu avô Ted, também já morreu, nasceu trouxa, e contou a minha avó muitas coisas sobre o mundo das trouxas, suas invenções e métodos alternativos à magia. Minha mãe sempre quis ter uma filha, mas deu à luz Ted quando era viva. Minha avó diz que o último desejo dela no mundo foi ter uma filha, então se lembrou de ter ouvido meu avô comentar sobre uma coisa chamada inseminação artificial. Ela pesquisou, usou magia para pegar um óvulo da minha mãe e um espermatozoide X do meu pai, foi a uma clínica de inseminação artificial dos trouxas e recebeu o óvulo fertilizado no próprio útero... E eu nasci nove meses depois.

                        Matt e Guga ouviram a história, um tanto impressionados, mas Rina não demonstrava nenhuma animação.

— Se bem que eu nunca achei isso emocionante – disse Rina. – Só estou contando isso a vocês porque vocês parecem legais. Bom, a gente se vê, Weasleys...

                        Rina se afastou e foi conversar com as amigas que havia feito no trem. Guga achou que elas formavam um grupo bem diferente. Ele e Matt, porém, não tiveram tempo para dizer um ao outro o que haviam achado de Rina, quando viram as portas de mármore se abrindo outra vez e Hermione voltou, segurando um rolo de pergaminho.

— Estamos prontos, pessoal – anunciou ela para os garotos; os poucos que estavam conversando calaram-se imediatamente e o nervosismo tomou conta dos quarenta novatos. – Venham comigo.