Pequenas Mentiras escrita por unalternagi


Capítulo 9
Nona coisa: não irei me esconder


Notas iniciais do capítulo

Prontxs para finalizar o segmento Alisper da nossa história.

Ver como Alice está?

Espero que gostem.



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Nona coisa: não irei me esconder

Acordar sozinho havia se tornado um costume que Jasper não queria ter se acostumado. Não depois de, uma vez, ter se acostumado com o conforto de acordar para olhar o amor de sua vida. A verdade era que, aquela tour de competições de surf estava acabando com ele, ao invés de recarregar sua energia como sempre fizera.

Depois de dias tensos em Forks, onde Jasper se viu na beira do precipício mais de uma vez, ainda mais depois do tempo que tinha passado recluso em um centro de detenção, surfar como uma obrigação não lhe era mais tão apelativo.

Tudo começou a se tornar maçante quando os patrocinadores dele forçaram inúmeras entrevistas em que ele passava trinta ou mais minutos fugindo de responder sobre Alice e seu passado, o que realmente tinha acontecido e todas as nuances do caso que ele apenas queria esquecer, assim como os Brandon.

O necessário foi liberado para a mídia: erroneamente, Jasper Whitlock foi acusado por um crime que era mais profundo do que apenas o sequestro de Alice Brandon. A justiça o teve como inocente e o verdadeiro culpado já estava preso.

Nada mais importava além daquilo, ao menos não para a mídia.

Mas a verdade era que os primeiros meses foram insuportáveis para o surfista. Ele mesmo não saberia o que teria feito se não fosse a terapia que ele se obrigou ao fazer assim que voltou para casa.

Rever seus pais – que ainda o olhavam de forma estranha depois de todo o caso e começaram a evitar jantares com Alice –, sair com amigos que não lhe prestaram sequer uma visita quando ele estava preso. Nada mais parecia o mesmo. A verdade era que sua prisão colocou as coisas em perspectiva e Jasper percebeu que não tinha realmente amigos, apenas colegas e pessoas que gostavam de estar por perto dele enquanto ele estava bem, mas em seu pior momento, apenas uma pessoa foi atrás de realmente o escutar: Marie. Sua cunhada.

Por isso Jasper parecia mais recluso e, mesmo com as inúmeras reclamações, não realmente se importou em se explicar para ninguém. Surpreendentemente, Seth Clearwater se provou um grande amigo, o melhor que Alice tinha. A acompanhava ao médico quando Jasper não podia e, quando era o caso, mantinha contato direto com Jasper para tentar o acalmá-lo.

Jasper foi tirado de seus devaneios quando o telefone do seu quarto de hotel tocou.

—Jasper – ele atendeu sem animação.

Senhor Whitlock, o pessoal do podcast já chegou — sua assistente o avisou e ele prendeu a lufada de ar que queria soltar.

—Descerei em cinco minutos – o surfista garantiu antes de agradecer e desligar.

Ele entrou no chuveiro e depois vestiu uma camiseta branca, jeans e chinelos. Deixou os cabelos curtos úmidos e desceu apressado para o térreo, se encontrando na sala de reuniões com algumas pessoas e muitos equipamentos.

—Obrigado por concordar em conversar conosco, Jasper – o apresentador falou quando eles entraram no ar.

—Eu quem agradeço por trazerem essas parafernálias apenas para me escutar – o surfista disse bem humorado.

Era simpático ainda, e muito cativante, ninguém teria o que discordar nas duas afirmações.

—Como foi a volta para o seu esporte depois de uma pausa forçada? – o apresentador perguntou curioso.

—Foi bom – Jasper sorriu sem animação – Eu realmente amo surfar, é tudo o que eu sei fazer na vida e sempre foi minha grande paixão, então... Estou animado para essa temporada – o surfista contou.

A entrevista correu naquilo por um tempo, como ele tinha ganhado a última rodada de campeonatos e também conquistado uma noiva no meio. Jasper fugiu das perguntas e insinuações sobre Alice, focando muito bem em sua carreira e não deixando espaço para o apresentador fazer questionamentos.

—Eu vi que seus três contratos, os maiores do meio, com a Hurley, Vans e RVCA estão para rescindirem. Você tem algo para dizer sobre isso?

Jasper se perguntava como diabos eles descobriam aquelas coisas.

—Bom, eu sei que quem me acompanha sabe que eu só visto e calço essas três marcas, verdadeiramente, desde o ensino médio meu guarda-roupa é resumido nelas então é uma grande honra ser verdadeiro aos meus admiradores e mostrar a eles quem eu realmente sou, a parceria de todas as marcas foi crucial para a minha carreira – Jasper contou sorridente sentindo flashes nele e tendo consciência da câmera apontada para a sua face.

O apresentador ainda conseguiu rodar naquele assunto, falou sobre o desenvolvimento do surf, deu  um intervalo e quando voltou, Jasper soube que não fugiria muito mais de ter que falar sobre Alice.

—Tenho um bate volta com você, eu falo uma palavra e você diz a primeira coisa que vir em sua mente – o apresentador sugeriu e Jasper rapidamente concordou – Surf.

—Paixão.

—Verão.

—Austrália.

—Praias.

—Festas.

—Alice.

—Distância – Jasper suspirou.

—Deve ser difícil se manter distante depois de tudo o que aconteceu – o apresentador tentou.

—Somos fortes e temos vivido separados nas turnês desde o começo então estamos meio que acostumados com isso – o surfista soltou uma risadinha tranquila.

—E como Alice voltou da América?

Jasper olhou para a agente dele que barrou a pergunta dizendo que ele não falaria sobre o assunto.

—Desculpe, Jasper, é só que o começo desse ano pareceu bem atribulado para vocês e, há uma nota da faculdade esclarecendo que Alice não faz mais parte do quadro de alunos e isso causou um grande burburinho ontem na internet então, eu apenas estou adiantando a pergunta dos seus fãs.

—Sei que é o seu trabalho, não se preocupe com isso – Jasper falou friamente, realmente não se importando, mas aquilo não significava que ele falaria sobre aquilo.

—Certo, vamos em frente – o apresentador continuou no mesmo tom amistoso.

No final de tudo Jasper o agradeceu e subiu para seu quarto pedindo serviço de quarto para não precisar sair. O assédio dos paparazzi havia crescido muito em cima dele e aquilo o cansava.

Seu celular tocou e ele sorriu quando viu a foto.

—Oi linda – ele sorriu para a câmera.

Você estava lindo no podcast do intrometido do Yorkie— Alice falou.

Jasper sorriu de canto para ela, reparando nas roupas claras da noiva, como era sempre agora.

—Como foi o seu dia? – ele pediu e ficou conversando com Alice por um bom tempo.

Desde que chegaram de Forks, Alice havia voltado para a casa dos pais e, por conta das inúmeras indicações dos mais diversos psicólogos e psiquiatras que ela visitou, ela havia sido internada – contra a vontade de Jasper – em um tipo de sanatório. Claro que era semelhante a um spa e Eleazar e Carmen passavam grande parte do tempo deles ali com ela.

Alice dizia que preferia daquela forma, mas Jasper ainda estava de mãos atadas sobre aquilo porque tinha contratos a cumprir e torneios a vencer, por isso estava distante de Alice há dois meses e sua mente foi formada naquele tempo.

Naquele ano, Jasper anunciou sua aposentadoria do esporte.

Apesar de ser um baque para algumas pessoas, outros acharam apenas lógico que ele fosse finalizar sua carreira enquanto estava em evidência – ele tinha ganhado por dois anos seguidos o maior torneio de surf. Ainda mais se fossem considerar que no ano anterior ele não pegou o troféu porque foi pedir sua namorada para casar com ele e, naquele ano, ele estava sozinho na competição, apenas sua mãe e pai na arquibancada, mas sequer olhar para o camarote ele olhou, sabendo que a lembrança doeria demais.

Ao invés disso, ele fechou um acordo com as marcas que antes o patrocinavam, ele realmente gostava delas e, por isso, comprou ações em cada uma das três grandes marcas de surf e foi fazer o que realmente queria: cuidar de Alice, em tempo integral.

Então ele, finalmente, voltou para a Nova Zelândia, depois do que pareceu tempo demais.

No sanatório, Jasper passou na parte de administração imediatamente. Apresentou alguns laudos psiquiátricos, conversou com os médicos de Alice e, depois de muita sugestão, Jasper, com o termo de responsabilidade em mãos, foi atrás de sua noiva.

Alice estava sentada do lado de fora do prédio. Ela estava embaixo de uma árvore com um livro que Jasper sorriu ao ver em suas mãos, ela deveria ter lido aquele livro ao menos umas duzentas vezes, era o favorito dela.

À Leste do Éden

—Como pode eu estar cercado por tanta natureza e, ainda assim, a beleza mais natural e chamativa é a sua? – ele indagou para se fazer presente e foi recebido com um sorriso amplo por parte da noiva.

—Jazzy – ela falou extasiada, se levantando para abraça-lo com força – Como está aqui? Eu não sabia que vinha hoje, por que não me contou? – Alice dizia em uma enxurrada de palavras que demonstravam o quão contente ela estava.

—Queria fazer uma surpresa e isso, essencialmente, diz que eu não posso te dizer que eu estava vindo, né!? – ele riu ganhando mais um sorriso e então ela depositou um beijo longo e cheio de saudades no lábio dele, enquanto abraçava com força o pescoço dele.

Jasper se deixou sentir tudo. A mão dele no cabelo de Alice, outra posicionada na cintura dela, pressionando ela contra ele. As mãos delas forçando-o mais ainda para ela, talvez tendo a mesma vontade dele de se fundirem em um só para que nunca mais fosse necessário se separarem.

—Eu amo você, senti tantas saudades – Alice disse quando se separaram.

—Senti ainda mais a sua falta, linda, e por isso que nós temos que conversar – ele anunciou.

Alice franziu o cenho, mas Jasper a encorajou a voltar a sentar-se com ele no chão. Ele a puxou para deitar no peito dele quando encostou-se à árvore e a mulher sorriu amplamente, abraçando-o sem cerimônia.

—O que foi?

—É apenas uma sugestão e, sim, sei que acabei de voltar e ainda temos muito o que conversar sobre muitas coisas, mas em primeiro lugar eu gostaria de te fazer um convite que, na minha opinião ao menos, é irrecusável – o surfista falou sorridente.

Alice franziu o cenho e se levantou para encarar Jasper, desconfiada.

—Um convite?

—Sim, amor, mas me escute antes de tudo. Sim? – ele demandou e ela concordou – Eu me aposentei, não estou mais feliz sendo obrigado a surfar, sei que era meu ganha pão, mas já realizei muito mais do que eu imaginei que faria e, bom, eu acredito que os sonhos mudem conforme a vida vai passando.

—Jasper?

—Calma, apressada, eu estou discursando, escuta – pediu e Alice suspirou voltando a encostar-se nele – Quero estar com você, Lili, o tempo todo. Te ajudar a superar tudo isso e, eu sei, entendo que tem sido dolorosa a sua recuperação, sei que você fica cansada todo o final de sessão e, por dois dias, quase não levanta da cama, mas eu quero ser a pessoa que cozinha para você nesses dias, que fica deitado vendo filmes bobos, te ajuda no banho, te lembra de seus medicamentos. Eu quero estar aqui integralmente para você, enquanto eu puder e enquanto você me aceitar. Por isso, preciso te pedir: vem embora comigo daqui, eu construí uma casa para nós dois – Alice pareceu chocada com a afirmação dele – Bom, não eu, mas contratei uma empresa para tornar meus pensamentos em realidade e, eu acho que ficou bom, ao menos por fotos. Queria te convidar para irmos conhecer a nossa casa juntos e, sim, eu já falei com todos os seus médicos, todos farão visitas periódicas para acompanhar seu quadro e tudo está arranjado, é só você dizer que é o que quer, eu assino esse papel e a gente pega suas malas e te tira daqui.

Alice pegou o papel da mão dele e leu o termo no qual ele se responsabilizava integralmente por tirar Mary Alice Brandon do local de tratamento, mesmo tendo ciência que nenhum médico assinou nenhuma alta.

—Jasper, isso é muito sério.

—Nada mais sério do que te manter aqui, sozinha, para lidar com seus dias bons ou ruins... Eu não quero ter que pedir permissão a ninguém para estar ao seu lado, amor – ele falou suspirando.

Alice ponderou por um tempo o que Jasper sugeria. Claro que seria ótimo, mas e se desse errado? Ela sabia viver em sociedade ainda?

—Eu consigo ouvir as engrenagens da sua cabeça – Jasper brincou.

—Você não está entendendo a gravidade – ela acusou.

—Alice, é claro que estou, não é como se eu fosse jogá-la em um apartamento com duzentos vizinhos que podem ativar gatilhos em você – ele suspirou – Olha...

Jasper retirou o celular do bolso, ansioso para ela entender que tudo tinha sido verdadeiramente planejado, ele realmente a queria com ele. No celular que ele estendeu a Alice, ela viu uma casa muito bonita e moderna, ao mesmo tempo simples. Estava rodeada por natureza, ele passou a foto para o lado e Alice sorriu amplamente ao ver a praia ali, aparentemente a casa ficava em uma colina, devido a visão privilegiada em que a foto foi tirada.

—O melhor dos dois mundos? – ela comentou sonhadora.

—Eu comprei esse terreno há um tempo, ia ser meu presente de casamento para você. A praia é privativa, apenas nossa, o terreno tem espaço para muito. Poderemos fazer a horta que você sempre quis e, até um estábulo tem. Eu li que cavalos ajudam nos tratamentos das mais diversas complexidades da mente, achei que poderia ser interessante para você e eu sempre quis aprender a andar a cavalo – Jasper falou carinhosamente.

Alice sentiu a emoção a tomar ao escutá-lo dizendo tudo aquilo, ele estava se dispondo a ela, cem por cento, como ninguém teve coragem de fazer, nem seus pais.

—Você tem certeza? – ela perguntou emocionada.

—Certeza que eu te amo e que quero passar minha vida com você? Na alegria e tristeza, saúde e doença, até que a morte nos separe? – ele falou docemente, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha dela antes de depositar um beijo carinhoso no rosto da noiva – Eu tenho muita certeza – ele falou.

Alice não teve o que negar, apenas se jogou no colo dele, o beijando para poder expressar tudo o que o coração dela gritava.

.

~~Dois anos depois~~

Jasper se desfez da roupa de mergulho que ele usava para surfar e andou em passos curtos até sua casa.

Apressou-se para o banheiro que tinha na garagem, ele tinha o feito ali exatamente para isso. Era onde guardava seu equipamento de surf e era apenas bom demais que houvesse já um lugar para ele se limpar da areia da praia e entrava em casa já preparado para cumprir suas obrigações.

Não cansava de andar em sua ampla propriedade, ainda mais de admirar o trabalho bem feito da arquiteta que criou um design único para a grande mansão de Jasper. Não havia sido barata, mas também não era algo que fazia Jasper se arrepender por ter investido dinheiro.

—JASPER, É VOCÊ? – Alice gritou do lado de fora na garagem.

—ALICE? VOCÊ TEM DEIXADO SEU AMANTE USAR MEU BANHEIRO? – o homem perguntou bem humorado do box.

Escutou a risada melodiosa dela e então a porta do banheiro se abriu.

—Eu tenho que te contar – ela falou animada e Jasper riu da animação constante de sua companheira.

—Estou vendo que vou ter que escutar – falou com falsa desanimação e ganhou um beliscão em resposta – ALICE – reclamou gargalhando.

—Isso é por ser um idiota, agora me escuta – a mulher demandou se sentando na privada enquanto Jasper se secava – Fui hoje de manhã para a consulta com o doutor Marinovic, certo? O que meu pai me acompanhou? – ela falou tolamente, claro que Jasper sabia a quem e que consulta ela se referia.

—Eu sei do que fala, linda, continua – implorou curioso.

—Ele disse que a melhora é “evidente e louvável”, palavras dele, não minhas – ela jurou fazendo Jasper rir.

—Sei... E ai? – demandou se abaixando na frente dela com a toalha enrolada em sua cintura.

—Jazz, eu posso voltar para a faculdade, por fim, vou terminar meu último ano e finalmente vou me formar e vai ser maravilhoso, vou poder começar a trabalhar com meu pai, você entende que maravilhoso isso é? Jasper, eu vou voltar a estudar – ela dizia emocionada.

—Estou muito orgulhoso de você, boneca – o surfista disse, realmente orgulho e igualmente emocionado, sabendo o que aquela conquista significava para Alice.

—Obrigada, meu amor, obrigada por tudo. Você desistiu de tudo, por mim. Eu nem sei o que eu fiz para merecer você – ela disse segurando o rosto dele com paixão e o beijou demonstrando tudo o que ela sentia por ele.

Jasper sorriu no beijo e se levantou a puxando com ele, aproveitando a gratidão da noiva.

—Eu faria tudo mil vezes, você é minha escolha final, Alice, todos os dias – ele sussurrou ainda nos lábios dela – É a verdadeira paixão da minha vida, o meu amor, a única coisa e pessoa que me faria realmente triste em perder.

Jasper ainda trabalhava um pouco com o que amava, tinha começado uma escolinha de surf numa praia da Nova Zelândia que ficava apenas alguns minutos de sua casa e, claro, sempre que queria tinha sua praia particular atrás de sua casa e não se arrependia de nada. Os dois tinham cavalos e alguns animais, além de uma horta e pomar, tudo foi criado e pensado para ser um ambiente calmo e bom para Alice se curar.

Carmen e Eleazar se emocionaram com a atitude de Jasper e, novamente, Eleazar pediu o perdão do genro que, não se interessava em nada que não era a melhora de Alice e todas as coisas que ele estava disposto a fazer para ajuda-la com aquilo.

Hoje em dia, ela era unicamente Alice. Apesar dos traumas, conseguia se lembrar de sua infância e era muito grata por seus pais por terem a tirado de um local tão terrível e os perdoou por não terem tentado descobrir a procedência dela.

Estava realmente tudo no passado, nada realmente importava além de estar bem, viva e lutando por sua saúde mental. Mais que aquilo, ter Jasper como presença constante também era bonito demais.

O casal entrou em casa e começaram a cozinhar juntos porque mais tarde passariam na fazenda dos Brandon para jantar com os pais de Alice, depois de a matricularem na faculdade que Alice queria, no centro da cidade. Não era a mesma que ela frequentava antes, mas era boa e era só para ela concluir os dois semestres que faltaram para ela.

Quando fez a matrícula, fez questão de pedir para Jasper tirar uma foto dela com a rematrícula em mãos, então ele enviou a foto no grupo da família, com um sorriso amplo em sua face de orgulho.

Adivinhem quem está devidamente matriculada e vai voltar a ser a nerdzinha que é desde que eu a conheço, e talvez muito antes disso?

—DEIXE-ME VER – Carmen pediu animada pulando com Alice quando a filha a mostrou a rematrícula em mãos.

Jasper sorriu sabendo que a sogra poderia ser uma entusiasta nata tanto quanto a filha e, mesmo que, para muitos, talvez aquele papel fosse apenas o óbvio a acontecer, ainda assim, depois de tudo, apenas eles conseguiram entender a maravilha que significava.

Era um recomeço.

Alice teve anos difíceis, Jasper sofreu tudo de camarote com ela, mas naquele momento, era a retomada de tudo o que eles haviam começado antes de todo o tsunami que os havia tomado desde a viagem que fizeram ao Havaí da primeira vez e, por isso, no fim daquela noite, Jasper disse o que queria para Alice há um tempo.

—Eu estava pensando – ele sussurrou na escuridão do quarto e Alice soltou uma risadinha, escondendo rosto dela no pescoço dele.

—Surpreendente, mas continue – brincou fazendo o noivo revirar os olhos.

Mas não poderia a responder com um comentário muito bem humorado, a verdade era que ele se preparava para dizer algo que desestabilizaria Alice, ele tinha quase certeza, mas ele queria tentar, para saber que poderiam prosseguir sem fantasma nenhum.

—Não estou pedindo para irmos amanhã ou no mês que vem. Eu vou esperar o seu tempo, qualquer que seja esse tempo e o quanto ele demore, mas queria que aceitasse se casar comigo... – ele começou respirando para continuar, mas Alice riu o impedindo de continuar.

—Jazz, você está se repetindo, eu já aceitei isso, por que está tenso? – ela perguntou confusa, brincando com sua aliança de noivado que ela tanto amava.

—É porque eu queria fazer isso em um dos meus lugares favoritos... O Havaí – ele contou e foi quando Alice ficou tensa em seu peito.

Jasper aguardou pacientemente Alice relaxar e, quando ela não fez menção de dizer nada ou se mexer, ele começou a acariciar as costas nuas da noiva, os movimentos ritmados e carinhosos e imaginou que seria melhor ele se explicar.

—Não quero nada mais do que tirar a má lembrança que temos de lá, amor, eu quero provar a mim e a você que nós somos livres, que passado nenhum nos define, que nada nos atingirá mais. Eu conheço tudo o que há em você e você conhece tudo o que existe em mim. Eu quero fazer isso como uma força contra a mancha que ficou naquele lugar que eu amo, porque eu amo você também, e foi o primeiro enorme passo que eu tomei inconsciente – Jasper disse puxando o rosto de Alice para ele – Eu nunca levei ninguém lá, nem mesmo meus pais, porque era meu santuário e você... Foi apenas correto ter a minha paz em meu santuário.

Alice sorriu, mesmo através das lágrimas que faziam seus olhos brilharem.

—Não quero soar egoísta ou insensível... – Jasper disse rapidamente.

—Eu entendi a sua proposta – ela falou rapidamente e ele sorriu amplamente.

—O que pensa disso?

—Que é uma doideira completa, mas faz sentido, muito. Só – a mulher tomou uma respiração forte – Eu não sei se eu vou estar preparada para isso tão cedo.

—Pode demorar o tempo que quiser, nós não estamos com pressa para nada. Quando você quiser, é só dizer a palavra e nós vamos arrumar as coisas, poderemos casar em uma colina linda e você vai ter o que sempre sonhou como casamento.

—Você é meu único sonho, Jazz – ela disse apressada, beijando o noivo – Só você.

—E você o meu... – ele murmurou – Se achar que é idiotice...

—Não – ela disse rapidamente – Apenas, tem certeza que pode esperar? Eu não tenho pressa para casar e eu gostei da ideia do Havaí.

—Eu te esperaria por mil anos – o surfista jurou apaixonado arrancando um sorriso de sua noiva.

—Prometo não demorar tanto tempo assim – ela devolveu.


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Notas finais do capítulo

Alisper juntinhos e a Lili lutando contra tudo o que aconteceu com ela e conseguindo se reerguer, mesmo que bem devagar, no tempo dela.

Esse é o final do nosso casal, o Jasper desistindo de tudo para ter Alice e ela se reerguendo aos poucos, mas com muita determinação.

Muito obrigada à todo mundo que comentou e acompanhou esse segmento da fanfic, foi muito importante cada apoio que vocês me deram.

A próxima a ser atualizada vai ser "Em Cima do Muro". Espero ver vocês por lá.

Um beijão! ♥