Filho, Meu Filho escrita por unalternagi


Capítulo 3
Capítulo III. Verdadeiro, tão verdadeiro


Notas iniciais do capítulo

Oi gente,

Hoje o capítulo é pelo ponto de vista do narrador e acho que farei assim daqui para frente, é mais fácil explicar coisas dessa forma e segue melhor a continuação da história Olhos Solitários.

Espero que gostem!



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Capítulo III. Verdadeiro, tão verdadeiro

A culpa começou a bater forte contra a mente e peito de Edward enquanto sentia o nervosismo de seu filho em seu colo ao mesmo tempo em que podia sentir Bella se escondendo um pouco mais, o apertando ainda mais forte contra o pânico crescente que sentia de ser negada ali.

Aquilo fez Edward crescer. Os presentes no jardim repararam a postura do homem mudar e ele parecia ter ganhado alguns metros de altura enquanto olhava para Esme, que continuava parada na porta de sua casa esperando que a indagação fosse respondida.

Laurent e Victoria se juntaram ao lado do carro, ambos desgostosos com o embate imediato que aconteceu, não era aquilo o que queriam, esperavam que pudessem ter um período de paz gozando com a família toda e sua mais nova adição, eles tinham um sobrinho. Como Esme poderia não estar feliz com um novo neto?

—Pois não sou convidado – Edward falou sério, jurou a si mesmo que aceitaria os ataques de sua mãe, contanto que sequer uma gota de sangue respingasse nas duas pessoas que estavam com ele – E certamente minha esposa e filho também deveriam ser considerados parte do todo, dessa família— falou com certo desdém carregado na voz.

Edward nunca se sentiu, de fato, parte daquela família. Não quando Esme estava por perto, como naquele momento.

Esme ignorou a fala afetada do filho. Tudo o que escutara foi a mania irritante que o mesmo tinha de tentar mantê-la por fora de sua vida. A força descomunal com que ele continuava a agir para tornar ela uma completa estranha. Esme começou a andar com passadas confiantes em direção à família que se agarrava como se fossem tudo o que tinham – e realmente o eram.

Parou em frente aos três, sentiu-se frustrada por não conseguir ver o rosto do garotinho, mas deu uma boa olhada em Bella. Edward sentiu o braço ser abraçado com maior afinco e apertou a mão de Bella que estava entrelaçada à dele. Ela não teria o que temer, ele estava lá.

Bella pensava na conversa que tivera com Edward quando ele a apresentou o plano de voltar para Londres, pensou sobre a história dele e se lembrou de que a mãe dele sempre foi fria daquela maneira com ele, Bella se perguntava como seria possível uma mãe ser assim com um filho, mas decidiu não prejulgar a sogra como a mesma fazia, mesmo assim, o receio era crescente no peito dela.

—Não seja absurdo ou infantil em suas falas – Esme ordenou a Edward – Diga sem piadas infundadas, quem são essas pessoas? – ela demandou e Edward sorriu sem humor algum.

—Minha esposa e meu filho. Isabella e Riley Cullen – Edward falou duramente, foi só ali que Esme reparou o quão grande o homem se sentia quando falava dos dois.

—Você não ousaria a fazer isso comigo, Edward – Esme disse irada.

Carlisle percebeu aquilo, sabia de toda a dificuldade que sempre se apresentava na relação da esposa e do filho mais velho e foi aquilo que o fez se intrometer pela primeira vez. Normalmente, esperava que eles se resolvessem com conversas, mas aquele embate, claramente, estava sendo levado a níveis perigosos. Por isso ele se apressou para mais ao centro, se colocando entre os dois que pareciam gigantes.

—Vic e Lau, o que acham de irem com Riley até o jardim mostrar a cama elástica de Edward? Tenho certeza que ele adorará e logo vamos almoçar, vou chama-los quando estiver na hora – Carlisle sugeriu pacificamente.

Bella relaxou quando escutou o sogro falar, Edward também se desarmou e Riley se remexeu ao escutar seu nome ser citado. Laurent, mais rápido que Victoria, foi para o lado de Riley querendo ele mesmo sair do meio daquele embate que o chateava.

Com cautela, alternando os olhares entre Bella e Edward, ele levantou sua mão para tocar a cabeça de Riley e, ambos os pais, sorriram para o tio do garoto que estava sendo tão gentil.

—Riley – Laurent chamou acariciando o cabelo loiro do sobrinho – Você gostaria de ir pular conosco?

Riley não entendia o porquê, até parou para olhar para o tio por alguns segundos mas, bem naquele momento, só confiava no colo de seu papai.

Edward percebeu aquilo, sabia que enquanto se demonstrasse tenso, Riley também o estaria e ele não queria aquilo. Sabia que o filho poderia ser tão desconfiado quanto Bella o era, mas ele não queria que houvessem restrições entre seu filho e seus irmãos, queria mesmo que todos fossem uma família, então tratou de fingir um relaxamento que não sentia, para que Riley absorvesse aquilo.

—Neném – Edward chamou e Riley o olhou de pronto – Lembra o que o papai disse? Tem que falar com as pessoas quando elas falam com você – o pai instruiu brandamente.

—Riley tem medo – o garoto disse baixinho apenas para que o pai escutasse, sabia que não tinha que esconder nada dele.

Edward sentiu seu sangue pulsar com o ódio que sentiu de Esme por estar amedrontando seu filho, mas resolveu que de nada adiantaria discutir naquele ponto, a única coisa que queria era que Riley confiasse em Laurent.

—Pois não precisa, Laurent é seu tio e te ama, assim como o papai e a mamãe amam. Ele cuidará de você e o papai já vai lá para o jardim. Não quer ir ver as florzinhas de perto? Elas são muito cheirosas, não são Lau? – Edward disse tentando voltar para a calmaria que sentiram dentro do carro. Citar as flores funcionou, viu nos olhos de Riley a curiosidade brilhar dentro do sorriso contido que tomou o rosto redondo da criança.

—Ó sim, eu conheço as mais cheirosas – Laurent sorriu para o neném, esticando os braços para recebê-lo – Se quiser, posso lhe mostrar as favoritas de seu pai.

Riley olhou para o tio por debaixo dos cílios loiros, ainda receoso. Bella não gostou de ver aquele olhar na criança, então ela mesma se soltou de Edward para ir para a frente de Riley, mostrar confiança. Edward tentava pensar numa nova abordagem para passar confiança ao filho, mas sabia que Bella, melhor que ninguém, conseguiria aquilo.

—Bebê, vá com seu tio como o papai pediu, sim? Nós já vamos e eu quero saber qual flor é a mais cheirosa, pode descobrir isso para a mamãe? – Bella pediu docemente.

Esme e Carlisle encaravam toda a conversa, assim como Victoria, de longe. O que os três viram foi o olhar de amor e admiração que, não apenas Riley, mas Edward também enviou para aquela mulher desconhecida. Para Carlisle e Victoria, o sentimento foi de felicidade ao reparar que Edward estava feliz, para Esme foi o novo estopim. Era verdade, Edward amava aquela mulher que poderia ser apenas uma interesseira, algo nela gritava falsidade e Esme tentava entender o que era.

Victoria foi para o lado do irmão gêmeo com um sorriso nos lábios, Riley pulou para o colo do tio com certa timidez, mas foi recepcionado com os sorrisos idênticos dos gêmeos. Bella o agradeceu por ser obediente e o garoto sorriu para a mãe, que prometeu ir atrás dele logo.

Os gêmeos trataram de distrair a criança enquanto se encaminhavam para a parte de trás do jardim imenso que rodeava toda a casa. Edward, Bella e Carlisle mantiveram os olhares neles até que sumissem da linha visão. Esme, por outro lado, encarava Edward. Desde a aliança dourada em seu dedo anelar da mão esquerda até o sorriso torto que, inconscientemente, lançava a junção das pessoas que ele amava, Esme sentia a raiva crescer dentro de si.

—Se explique – Esme ordenou assim que a atenção dos outros três adultos voltaram para ela.

—Não sei o que tenho que explicar. Eu me casei, temos um filho, estou em casa – Edward falou simplesmente, ainda na máscara de tranquilidade que tinha colocado para acalmar Riley.

Foi a gota d’água para Esme. Como ele estaria a par de toda a raiva que ela sentia?

—EDWARD, FAZ ANOS QUE VOCÊ NÃO APARECE, SEQUER FALOU ALGUMA COISA SOBRE UM NAMORO E AGORA ACHA COMUM QUE NOS TRAGA QUALQUER-

Bella se encolheu por completo e Edward a separou de sua mãe a escondendo atrás de suas costas largas.

—NÃO FALE ASSIM – para Edward, aquele foi o momento de explosão – Ela é a minha esposa, não “qualquer” pessoa. Eu a amo, ela é a mãe do meu filho e você que não ouse destrata-la, Esme, eu falo sério – o homem dizia, claramente alterado, mas tinha contido os gritos assim que pensou em Bella.

Ela não gostava de gritos, não era boa em lidar com eles então, desde sempre, Edward se continha perto dela e tentava conter as pessoas também, qualquer coisa para que a garota se sentisse confortável perto dele.

—Com que propriedade pensa que pode chegar a minha casa e-

—Essa casa também é a casa dos meus irmãos e do meu pai – Edward disse novamente a impedindo de concluir um pensamento.

Carlisle fez o seu melhor para conter o sorriso ao escutar Edward se referir a ele, novamente, com aquele título pelo qual Carlisle havia lutado por tanto tempo. Ele era o pai de Edward e sentia o coração inflar com aquele reconhecimento.

Esme, por outro lado, sentiu ironia imensa com aquela fala.

—Vejo que agora Carlisle é bom o bastante para ser seu pai? – Esme desdenhou – Agora que precisa dele? Deixa-me adivinhar, você não conseguiu dinheiro nos Estados Unidos e veio chorar dinheiro para o seu “pai” – falou irônica.

Edward perdeu toda a confiança que construiu durante o embate com sua mãe.

—Não é isto – murmurou aborrecido.

Porque sim, era aquilo o que havia acontecido. No geral era aquilo, mas o tom de Esme deixava tudo sujo e não era como Edward queria passar sua situação, porque não era aquilo que sentia. Caso negassem ajuda financeira, ele daria seu jeito, mas ainda queria ter a proximidade com eles.

Edward se sentiu pequeno diante do rosto surpreso de Esme que entendera que acertou em cheio em sua suposição.

—Eu acertei em cheio, não foi, seu moleque? – Esme falou com escárnio.

Edward se desesperou, ele era um merda, sabia daquilo. Lembrava de cada vez que Carlisle tentou se aproximar e Edward o mandou para longe, sabia que tinha sido duro e rudimentar com o padrasto, que não merecia a confiança deles, mas era o que ele precisava. Não era sobre o dinheiro nem nada material.

—Está certa em afirmar que preciso de ajuda, mas não foi por isso que eu voltei. Quero que Riley os tenha por perto, quero que tenha os tios e avós junto com ele e que os ame. Quero que vocês o amem também, é o meu filho e-

—Seu filho? Não há um traço seu naquela criança, Edward, um sequer – Esme acusou e Carlisle arregalou os olhos.

—E não há traços de Carlisle em mim e nos meus irmãos também. Significa que não somos filhos dele? – rebati de pronto.

—Sempre foram – Carlisle falou rapidamente se colocando entre Esme e Edward – Os três são meus filhos, tanto quanto Riley é o seu, se me diz isto, se é o que sente – Carlisle disse tentando apaziguar a tensão criada ali no lindo jardim frontal da casa dele.

Novamente, Carlisle se fazer presente fez com que a tensão de Edward diminuísse um pouco, mas seu imediatismo cresceu, não queria que o pai o mau interpretasse de maneira alguma.

—Pai, eu quero conversar com o senhor, quero lhe dizer o que aconteceu e do que preciso, quero que me diga o quanto pode ajudar-me, mas juro que não é por nada disso que voltei para casa – Edward falou desesperado para que Carlisle enxergasse o que Esme ignorava, a verdade nas palavras dele – Não é por nada disso que te tenho hoje como o meu único pai – Edward disse se aproximando de Carlisle – Eu enxerguei em Riley tudo o que você deve ter visto em mim, ele é meu, eu o amo, Carlisle, e ele me ama. Eu te entendi, você sempre fez tudo por amor, eu também amo você, sempre amei, você cuidou de mim e da minha mãe, você não nos machucava... Ele machucava, batia, xingava... Eu não sabia entregar outra coisa para as pessoas, eu não sabia ser brando, eu não sabia lidar com o medo do abandono.

—Não precisa ficar assim, não precisa dizer nada – Carlisle falou preocupado por ver o filho tentando se explicar, tentando demonstrar coisas que Carlisle sempre soube que ele sentia.

Carlisle conhecia aquele homem, melhor até mesmo do que Esme.

Edward tinha uma índole boa apesar de tudo, se esforçava mais do que a maioria das pessoas para perceber que merecia coisas boas também e era aquele o grande problema para Edward, não se achar merecedor, mas ele o era e foi o que Carlisle tentou passar para ele durante toda a sua vida.

Era o que Carlisle queria que ele sentisse agora.

—Estou muito feliz que tenha voltado, ainda mais feliz em entender que isso será algo permanente, sim? – Carlisle perguntou esperançoso e Edward assentiu, segurando as lágrimas nos olhos azuis esverdeados brilhantes, livres e puros, sem nenhuma emoção ruim, gritando a Carlisle que ele dizia a verdade – É o que me importa. Podemos almoçar?

Esme ficou desconcertada com aquilo, voltou para dentro de casa sem dizer outra coisa. Pensava que Carlisle era um idiota de deixar se levar por aquele garoto, a índole de Edward era a mesma da de Charles, Esme sempre soube disso. Ela enxergava Charles em muitas expressões de Edward, nos olhos azuis esverdeados, no rosto quadrado, ele estava ainda mais parecido com o ex-marido de Esme.

Carlisle abraçou Edward com doçura, prometeu que conversariam logo, que queria saber do que ele precisava e, então, com educação, saiu para onde os gêmeos e Riley tinham ido alguns momentos mais cedo. Edward parecia leve, Carlisle confiava nele e ele se sentia bem com aquilo, feliz.

Virou para falar com Bella e percebeu o olhar vago dela, o rosto contorcido na angústia que sentia sempre que se sentia um fardo. Edward se apressou para onde ela estava.

—Desculpe, eu me descontrolei – ele disse parecendo trazer Bella de volta para o momento atual.

—Não briga com ela, Edward, eu não valho isso, não precisa – Bella começou a chorar, preocupada.

—Vou começar o que tiver que começar, entretanto, me perdoe, eu não queria que visse isso – ele disse a abraçando, percebeu que ela tremia – Ei, eu apenas preciso que você se acalme – pediu ao se separar dela para ter uma melhor visão de seu rosto – Nós vamos fazer tudo certo, está tudo bem. Você confia em mim? – ele perguntou inquieto, receoso com a possível resposta.

Bella sequer precisou pensar naquilo, nem mesmo percebeu que o homem aguardava inseguro sua resposta. Para ela, ela tinha certeza daquilo como não tinha certeza de mais nada naquela vida.

—Eu confio – ela sussurrou e ele sorriu.

—Isso é tudo o que eu preciso saber. Vai ficar tudo bem – ele prometeu e ela assentiu, devagar.


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Notas finais do capítulo

Deixem suas opiniões nos reviews para que eu saiba como prosseguir. Preferem em primeira pessoa (Edward) ou pelo ponto de vista de um narrador?

Bem, muitas pessoas disseram estar confusas com o andar da história, mas assim que pretendo estruturar a história, vamos resolver um mistério por vez, enquanto isso, deixem suas teorias nos reviews hehehe

Volto logo.