Maybe; Perhaps; Almost. escrita por antônia


Capítulo 1
too late.




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i. maybe

Lily Evans não sabia dizer ao certo quando se apaixonou por James Potter, mas soube, quando percebeu, que era tarde demais.

Talvez ela tenha se apaixonado em algum toque, quando suas mãos se esbarraram enquanto caminhavam ou quando ele decidia tirar a mecha de cabelo ridiculamente curta do rosto de Lily. Talvez tenha sido em alguma conversa, com assuntos estúpidos como vôlei ou bandas de rock, ou então foi em alguma respiração prendida enquanto ela observava detalhes, como os botões da camisa dele e a forma como ele sempre levava a mão direita ao cabelo e nunca a esquerda.

O mais provável era que foi entre algum desses momentos.

Mas, como Lily Evans gostava sempre de lembrar, não importava, porque era tarde demais. E ela se lembrava disso naquele exato momento, quando se pegou olhando atentamente para a garrafa de cerveja que James Potter levava aos lábios.

Observação: talvez o foco de seu olhar não fosse a garrafa em si, mas sim para onde ele a levava.

Durante os anos de ensino médio – quando ele insistia em chamá-la para sair –, eles estiveram presos a uma espécie de ciclo vicioso. Onde insultos eram trocados e corações eram partidos em um piscar de olhos.

E então, como em um estalar de dedos, tudo mudou. Agora que estavam na faculdade, ele não a irritava mais, não andava pelo campus com um comportamento que podia ser comparado a uma criança de seis anos e não a irritava com convites e propostas.

Mas a situação era diferente, em vários sentidos. Ele não era como era antes, e por mais que as pessoas achassem que a amizade deles era um fenômeno oscilatório, eles já tinham passado por muitas coisas e, depois de tudo, eles tinham atingindo um estágio onde a melhor palavra para descrevê-lo era flerte.

As vezes ela achava que poderia entrar em combustão e procurava razões e fórmulas para entender como eles estavam andando tão perto e como a mão dele tinha roçado em sua coxa. Esperava o momento em que ele diria algo provocante em alguma conversa que faria ela sorrir como uma idiota.

Lily Evans aguardava a hora em que ele encontraria com ele, no final do dia, e o jeans azul e a camiseta branca que ele geralmente usava para ir a faculdade estariam amarrotados, o cabelo ainda mais bagunçado e ele reclamaria sobre como os calouros são os seres humanos mais estúpidos que ele já viu, e ela ansiava, ainda mais, o instante em que ele daria um sorriso, fazendo com que ela prendesse a respiração enquanto sentia o seu coração batendo doze vezes mais rápido.

Porém, assim como fora no início nenhum dos dois faria alguma coisa com aquela tensão – o que, da primeira vez, era a única explicação plausível para Lily: tudo era hormônios, tudo era desejo e não havia nenhuma espécie de sentimento envolvido.

O começo de tudo era, provavelmente, quando eles se conheceram, aos doze anos na primeira aula do fundamental. E ela poderia se lembrar perfeitamente do dia em que ele entrou pela sala, com a calça caqui e a gravata vermelha e dourada e puxou umas das curtas tranças de Lily – que ela tinha feito para esconder a mecha cortada devido a um chiclete rosa que Petúnia havia grudado nos fios ruivos – e foi a causa da reação em cadeia que veio depois: Lily atirando o pote de merenda na cabeça de James, e então sendo atingida por um empurrão vindo de Sirius que levou um tapa nas costas por Marlene McKinnon e chute no saco por Emmeline Vance.

E a relação deles foi, pelos anos seguintes, uma repetição daquilo: ou era Lily Evans colocando uma aranha no estojo de James, ou era o garoto a acertando com balões d'água na entrada do enorme prédio que eles estudavam. Eles eram a competição totalmente infantil, feita geralmente entre os dois times de vôlei do colégio – o feminino e o masculino – nas sextas-feiras, durante as aulas de educação física, de garotos que se achavam inimigos, mas que ficariam desapontados se um passasse a ignorar o outro.

O que foi que aconteceu, no último ano do fundamental – o fim do início ou o início do meio – quando James Potter beijou Lily Evans embaixo das escadas localizadas no fundo do prédio. Um beijo molhado, sem gosto e, por mais que o garoto vivesse se vangloriando de suas habilidades, beijar, claramente, não era uma delas.

Por causa daquele beijo, Lily decidiu não dirigir uma palavra a ele no ano seguinte. E quem poderia julgá-la? Com quatorze anos, Lily Evans não pensava em nenhum tipo de amor que envolvesse pessoas reais, ela desejava garotos como James Dean e o Príncipe Charles... e ainda mais um garoto como James Potter, que não a trataria nada mais como uma piada – e, infelizmente, era a verdade.

E então chegou o ensino médio e James Potter tinha uma estratégia. Convencer Lily Evans agora era uma questão de orgulho – afinal, é tudo que garotos entrando na puberdade pensam sobre: orgulho e virilidade – e ela não tinha razão para rejeitá-lo, ele tinha lido três livros enormes nas férias, tinha um novo corte de cabelo – não que fosse muito diferente do dos anos anteriores – e estava doze centímetros mais alto. Ele a conquistaria.

Spoiler Alert: ele não conseguiu.

Talvez porque, naquele verão, Lily Evans tinha lido Orgulho & Preconceito, e, assim que James soltou o seu primeiro convite – logo após a segunda semana de aulas – ela decidiu que ele era um Mr. Wickham e não um Mr. Darcy e sem contar que Lily, assim como todas as garotas de quinze anos, estava apaixonada por Amos Diggory, de 17, repetente e capitão do time de futebol masculino.

"Futebol?" - James disse, sentando duro na mesa de madeira do refeitório ao lado dos amigos. - "E se ao menos fosse o nosso futebol, mas é o estúpido futebol americano que só pessoas com três neurônios acham divertido."

"Eu conheço um cara que jogava futebol americano e se tornou astronauta. Vi naquele documentário Cosmos que passa antes de Doctor Who." - Remus informou, dando um gole no suco de groselha. Sirius, a sua frente, brincava com um pedaço da coxa de frango, totalmente alheio a conversa.

"Tudo bem, podem ter exceções. Mas Amos Diggory não é uma delas. Quem repete o sexto ano três vezes?" - comentou, pegando um pedaço de pão com raiva. - "Eu não entendo o que ela vê nele, é ele ser mais velho ou ele ser mais idiota?"

"Mais bonito." - Peter Pettigrew comentou, dando uma colherada no pudim. James e Remus gargalhou.

"Ele? Bonito?" - Remus disse - "Ele seria encantador se não tivesse aquele nariz enorme no meio do rosto."

"Ou aquela verruga gigante no pescoço. Pena que fica atrás, duvido que alguma garota ia conseguir olhar para ele se ficasse na testa." - James comentou, mordendo o pão.

"Obrigado, Prongs. Eu não vou conseguir continuar comendo lembrando da verrugona do Diggory." - Sirius disse, jogando o garfo no prato. James sorriu, ele voltaria a comer minutos depois.

Mas o ciúme de James – que podia ser considerado ciúme, mesmo pela origem dele – não durou por muito tempo, porque, aparentemente, Lily Evans não suportava a risada de cachorro que Amos dava em toda aula de biologia quando a palavra pênis ou vagina era dita. Ou o fato de ele interromper toda aula para comentar sobre "o corpão que a rainha provavelmente tinha nos anos quarenta".

Não que Diggory tenha feito Lily repensar sobre James, mas Melanie Zane teve esse poder, no segundo ano, quando disse para todos que James Potter tinha feito um oral nela e a feito gozar. E, para muitas garotas, aquilo o tornava um sex symbol, uma delas era Marlene McKinnon – companheira de longa data de Lily.

"Você tem que assumir, Lily, ele pode ter sido um idiota ano passado quando ele te chamava para sair, mas ele não faz isso mais... e um oral? Eu sei que nós somos o futuro da nação, mas a maioria dos garotos estão se importando mais com o prazer deles do que das garotas."

"Eu não disse que é não é... admirável... mas, ela gozou? Melanie lá sabe o que é isso?"

"Você não pode tratar todo mundo como se fosse criança só porque eles são mais novos que você" - Marlene falou, arrumando os livros que levava entre os braços enquanto elas caminhavam para o próximo horário. - "Mas a questão não é essa, eu acho que James é capaz de fazer um oral, você viu como ele voltou das férias?"

"Alto, com ombros largos, bronzeado, dentes brancos e parecendo que saiu de uma revista de moda? Sim, eu acho que percebi."

"E você olhou para as mãos dele?" - Marlene perguntou - "Os dedos, juro, se o meu namorado tivesse um pinto daquele tamanho eu já seria capaz de dar para ele a noite toda."

"Você não é nova demais para dizer coisas do tipo?" - Lily perguntou, rindo em seguida enquanto Marlene revirava os olhos.

Observação: ela prestou bastante atenção na forma que a mão dele se movia, durante a aula de redação.

Talvez as garotas – que passaram a admirar James Potter – estavam certas. Ele era capitão do time de vôlei, era gentil com os professores – apesar de ser íntimo deles também, o que sempre gerava brincadeiras durante as aulas – e era também inteligente.

Ele seria um alvo agradável, se Samantha Andrews não tivesse reconhecido todas as boas características de James primeiro e o tomado para si – não como se aquilo fosse durar por muito tempo, porque Lily Evans e James Potter, em junho, se tornariam amigos e mais que isso.

Se tornariam amigos porque eles não conseguiam mais se repelir, e porque a faísca nunca tinha desaparecido. Eles estavam sedentos para provocar um ao outro, eles precisavam daquilo. Precisavam fazer apostas durante os campeonatos de vôlei – Lily tinha se tornado capitã na metade do segundo ano, quando a capitã antiga tinha deixado o time para estudar para o vestibular – e eles precisavam rir juntos, se divertir um com o outro, comentar sobre como é estúpido o fato de Severo Snape ter ficado bêbado em uma festa e ter feito a tatuagem de um carneiro na testa.

E Samantha perceberia que ela nunca teria algo assim. Que nunca teria a troca de olhares toda vez que James abrisse a mochila e visse um animal de mentira, que ele nunca diria "Sério, Samantha, onde está a sua criatividade." como fazia com Lily. E ela perceberia que ele nunca pararia uma guerra com mangueiras d'água, no pátio da escola, e a cobiçaria como James Potter cobiçava a blusa branca de Lily se tornando transparente e revelando alguma coisa – que, por sinal, ele estava sonhando em descobrir.

Não, Samantha não seria beijada na casa de veraneio de James em Lyon na França da mesma forma que Lily Evans foi, durante as férias entre o segundo e terceiro ano. E Samantha Andrews não passaria um ano inteiro tendo um relacionamento secreto com James, apenas para quebrar o seu coração horas antes do baile de formatura – e James Potter não esperaria por ela, como esperou por Lily Evans, a noite toda, desejando que ela fosse corajosa, imaginando qual seria a reação dos pais deles a finalmente conhecerem a garota ruiva que tinha rendido dois cortes na testa de James por causa da maldita árvore que ele tinha que escalar se quisesse vê-la depois da meia-noite.

E, aquela noite foi, para James, o início do fim. Ou o fim do meio. Ou até mesmo o fim do fim – afinal de contas, seria possível algo surgir depois daquilo? Porque, para ele, enquanto ele ficava no salão do baile, com um terno preto amarrotado, olhando para os casais dançando, para Sirius ficando bêbado e para Remus dançando com Marlene – que tinha quebrado o braço do namorado e terminado com ele dias antes do baile, Lily Evans estava na sua cama, tentando dormir – ora olhando para a parede, ora para o teto e ora para janela, dizendo para si mesma que o que ela e James tinham eram só hormônios da puberdade e nada mais.

Porém, a Lily que pensava isso não era a mesma Lily que o viu beijando Catherine West – o que, para qualquer uma das duas Lily seriam um tremendo insulto. - durante uma festa no primeiro semestre da faculdade, e também não era a mesma Lily que, depois de um ano sem trocar uma palavra, voltou a ser amiga do rapaz.

E a Lily que pensava que tudo poderia ser resolvido com alguns beijos, definitivamente não era a mesma Lily que percebeu que tudo era mais que tensão sexual e passou o quarto período inteiro tentando superar os seus sentimentos não correspondidos – porque, afinal de contas, talvez James Potter tivesse, de fato, superado – com a causa deles a alguns centímetros de distância.

Ah, não, quando Lily Evans percebeu os seus sentimentos eram superiores a simples imaginações eróticas – durante a única aula que eles compartilharam juntos durante o terceiro período envolvendo Cálculo II e ele simplesmente disse a coisa mais James Potter já dita e Lily soube, subitamente que estava apaixonada - tentou e tentava, a todo custo, sobreviver algumas noites quando a única coisa que podia pensar não era sobre os trabalhos da faculdade e compromissos familiares e sim em como fora patética em estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

"As perguntas que começam com e se não importam mais" - fora o que a ruiva murmurou para si mesma, fechando os olhos e tentando ignorar todos os pensamentos que envolviam James Potter.

Ela queria se divertir, fora por isso que aceitou o convite de James para passar alguns dias de verão na casa dele, localizada, dessa vez, em Brighton. Lily já tinha viajado com ele e os amigos antes e ela sabia que seria bem melhor do que aguentar a sua irmã grávida, que provavelmente usaria Lily como uma escrava porque qualquer movimento como buscar um copo d'água poderia ser prejudicial para o bebê.

Mas vê-lo, a metros de distância, com os pés mergulhados dentro do lago azul próximo a casa dele fazia com que ela se questionasse se tinha feito a escolha certa – porquê ela de fato estava aproveitando aqueles dias, porém não conseguia superar o sentimento de que estava faltando alguma coisa, como se ela estivesse incompleta –.

"Você 'tá legal, Lil?"– Marlene McKinnon apareceu do seu lado, usando um lindo vestido de verão. – "Aproveite que estamos em agosto e nesse lugar incrível e vá comigo dar um mergulho." – falou, erguendo a garota do lugar onde ela estava sentada.

"Tudo bem, mas você tem protetor solar? Você sabe como a minha pele fica extremamente vermelha por causa do sol." – Lily disse, enquanto desamarrava as finas alças do vestido azul.

"Acho que James trouxe um daqueles sprays." – falou, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo e Lily fez um aceno, como se dissesse que iria até o garoto.

Era evidente que as suas palmas só estavam suando por causa do verão.

"Ei, Potter." - disse, vendo o garoto se virar com um sorriso. - "Lene comentou que você trouxe protetor, eu esqueci o meu na sua casa e sabe... seria bem útil."

"Ahm... lamento informá-la que você foi enganada, Evans." - ele disse, se levantando da margem em que estava sentado. - "Mas, para a sua sorte, Remus trouxe um, ele disse que é um protetor novo que também hidrata e protege... não sei se preciso, acho que os calos de vôlei já são proteção suficiente pro sol. Acho que você deve conhecer o sentimento" - ele falou, caminhando até o pequeno "forte" que eles haviam criado em cima de uma toalha xadrez que Emmeline havia trazido e tirando o protetor solar da mochila vermelha em seguida.

Mas Lily não percebeu aquilo, porque assim que o rapaz tinha disse ombros, ela começou a olhar para eles, descendo o olhar para suas costas – visto que James estava andando para a direção oposta a ela – e então para as suas pernas. E quando ele se virou, indo ao encontro de Lily, ela estava olhando para as suas coxas e então para as linhas finas do abdômen e então para os ombros de novo. Deus, como eles eram largos.

Aquela certamente era uma visão.

"Terra para Evans." - ele falou com um sorriso maroto. E é claro que estaria com um, ele não perdia chances de provocá-la: aproximando devagar, tocando-a levemente, dizendo coisas com múltiplas interpretações. Lily nomeou as suas ações como me mantendo apaixonada por ele... como se ele precisasse de estratégias para mantê-la naquele estado. - "Apreciando a vista?" - disse, chegando até ela e dando mais alguns passos, visando ficar atrás dela.

Era mais um momento em que ela entraria em combustão.

"Pode deixar que eu passo, Potter" - foi o que ela disse, mas não se virou para encará-lo, porque, no fim das contas, ela queria que ele a tocasse.

"Eu não perderia a chance, Evans." - disse, muito mais perto que o necessário, com a respiração atingindo o pescoço e a orelha de Lily. Porque diabos ele tinha que ser tão atraente?

As mãos dele foram para o seu ombro, e o choque térmico entre a pele dela e o protetor solar foi maior do que ela imaginava que seria, e ela sabia que ele estava gastando mais tempo do que o necessário para passar um maldito protetor. Deus, ele era tão óbvio, e mesmo assim, mesmo com todos os flertes, ela sabia que ele não gostava dela de verdade ou da forma que uma vez disse gostar e que, depois de tudo, aquela era uma simples característica de sua personalidade e, para piorar, Lily sabia que não conseguiria reduzir os seus próprios sentimentos a um estúpido caso de verão.

Não, ela precisava dele por completo. Aquele era o estágio em que ela estava. Conversar com ele por alguns minutos fazia com que ela quisesse conversar com ele por horas. Vê-lo por segundos fazia com que ela quase tirasse uma foto para admirá-lo. E ela não tinha dúvidas que se ele a beijasse, se ele a deixasse chegar tão perto – não só do seu corpo, mas como da sua alma – ela não teria vontade nem coragem para voltar ao ponto inicial.

Ela não conseguiria.

"Agora que eu percebi que você tem muitas mais sardas que eu imaginava" - ele falou, baixinho e ela não sabia dizer se ele estava falando aquilo para ela ou para si mesmo. - "E olha só, elas estão em todos os lugares" - disse, descendo as mãos pelos braços de Lily, cheios de sardas claras e algumas escuras manchas. - "Eu tenho que ter algum problema de visão para não ter percebido antes." - continuou, realmente surpreso por nunca tê-las percebido quando os seus lábios dominavam o local.

"Bem, Potter, desculpe ter que ser a pessoa a te dizer isso, mas você tem um grave problema de miopia." - ela disse sorrindo e ele sorriu também.

"Mas são muitas, acho que até um míope perceberia!" - ele falou, dramaticamente - "Olha só, elas estão realmente por toda parte." - ele disse, girando o corpo dela para ver se as sardas na cintura e nas costelas dela seguiam o mesmo trajeto que as sardas nas costas.

Observação: elas seguiam e paravam bem entre os seios de Lily.

"Apreciando a vista, Potter?" – ela o provocou, percebendo o olhar dele no corpo dela. E ele levantou o olhar, corando. Certamente, ele diria, com algum sorriso encantador antes de rir. Para evitar isso, Lily prosseguiu – "Pode deixar que eu continuo a sua tarefa" – disse, pegando o protetor solar de uma das mãos dele e se afastando em direção ao píer.

O olhar dele permaneceu sobre ela por vários minutos.

ii. perhaps

No ponto de vista de James Potter, qualquer tolo perceberia que ele estava perdidamente apaixonado mesmo que só olhasse em seus olhos, e, caso mais evidências fossem necessárias, ele citaria os vários exemplos em que chamou Lily Evans para sair, ou se declarou para ela em algum canto do colégio.

Ou, por mais doloroso que fosse se lembrar, pensar nos cantos que eles se tornavam quase um só. Eles, um ao lado do outro, se beijando, se desejando e cada vez mais próximos.

Olhando para aqueles anos agora, ele tinha cometido um erro quando disse que tinha certeza que Lily Evans retribuía seus sentimentos. Porque ele claramente não fazia ideia, mas, ainda assim, mantinha esperanças – algumas delas – toda vez que, nos dias de hoje, ela flertava de volta, caminhava até ele, puxava alguma conversa. E é claro que tais esperanças aumentavam, exponencialmente, toda vez que ele a pegava desejando-o.

Ainda assim, não conseguia dizer nada. Um bolo se formava na sua garganta e James Potter, considerado um dos rapazes mais corajosos desse mundo, ficava com medo de ser rejeitado mais uma vez. Sem contar no fantasma interno que, toda vez que ele pensava que Lily pudesse sentir alguma coisa – qualquer coisa – o informava que talvez, tudo aquilo não passava de sua imaginação fértil, que aquilo era apenas um resquício do desejo que ela teve no passado.

Quando ele a viu se afastar, era o fantasma interno com ideias totalmente contrárias ao primeiro que conversava com ele, dizendo coisas como Ela gosta de vocêela tem que gostar de você. Vocês são amigos, assim como ela é amiga de tantos outros, mas ela não trata ninguém assim e ela não faria isso sabendo da história de vocês.

E esse era o pensamento mortal de James... e se ela não gostasse? E se fosse, de fato, sua imaginação fértil, e se ele perdesse todo o relacionamento que desenvolvera com ela no último ano? E se ele colocasse tudo a perder porque confundiu as coisas? James poderia suportar muitas coisas, poderia suportar os seus sentimentos, poderia suportar vê-la sorrir para outro cara, dançar com outro cara, mas ele definitivamente não poderia suportar a sua indiferença. Não mais uma vez.

Dando um sorriso, ele ignorou as suas expectativas, e, como um bobo, caminhou até ela – que estava prestes a entrar na água – e até Sirius – que estava prestes a empurrá-la –.

"Deixa eu ver se eu entendi, a Evans deixou você passar protetor solar nela, que é uma fantasia para alguns garotos e ainda por cima o provocou quando você 'tava olhando para os peitos dela?" - Sirius falou, com uma garrafa de cerveja na mão, observando os outros (Marlene, Emmeline, Remus, Lily, Alice, Frank e Peter) que estavam dentro do lago. – "E você ainda acha que ela vai te bater se você se confessar para ela?"

"Ela só me provocou porque eu tinha a provocado antes, quando ela estava me olhando." - falou, tentando, de alguma forma desviar a conversa, porque ele não duvidava da capacidade dele de fazer Lily desejá-lo, mas ele não queria só aquilo.

"Ok, deixa eu refazer a minha pergunta. Ela estava te checando e deixou você checar ela e você ainda acha que ela vai te bater se você se confessar para ela?"

"Bem... se ela estivesse interessada, ela teria falado alguma coisa, não acha? Eu devo ter chamado ela para sair umas cinquenta vezes quando estávamos na escola."

"Na verdade foram duzentas e vinte e três, mas ninguém está contado." – Sirius o informou, dando um novo gole na bebida. – "Olha, no ponto de vista de um espectador, ela está atraída por você. Não sei se é gostar, talvez não seja, mas eu já peguei ela olhando os seus lábios e uma vez ela arfou quando você colocou uma mão na coxa dela, o que, pra mim, só o fato dela não ter quebrado a sua mão ou ter feito ela ficar verde e gosmenta, já é um sinal que ela sente algo por você."

"Mas esse algo é totalmente diferente do que eu sinto por ela. Talvez antes eu não me importasse em ter apenas um relacionamento baseado em beijos e sexo, mas agora eu me importo." - disse e era verdade, ele já tinha passado por aquilo antes e por quanto mais incrível que fosse ficar com Lily, ele não a queria ser seu amante. - "Ela é incrível, e eu me sinto bem só de estar com ela. Eu não conseguiria limitar todos os meus desejos, de segurar a mão dela, de beijá-la em público, de tê-la para mim." – ele falou, passando a mão pelos cabelos. – "E outra, vai ver ela só gosta do que temos agora, da provocação. Estamos fazendo isso já faz quase um ano e eu nunca a vi reclamar."

"Você escutou a sua última frase?" – Sirius falou – "Você literalmente acabou de dizer que você nunca a viu reclamar. Prongs, se ela nunca reclamou é porque ela sente algo por você, por isso que você deveria jogá-la em alguma parede, fazer ela dizer o seu nome e então deixar claro que você só vai prosseguir em um relacionamento sério."

"É, tirando o fato que ela nunca vai dizer o meu nome"

"Nós dois sabemos que isso não é verdade... E outra, eu acho que ela não sabe da 'imensidão' dos seus sentimentos. Ela não é desse tipo. Mesmo quando a gente enchia o saco dela e você chamava ela para sair, ela tentava ser educada. Se ela soubesse que você a ama, ela não flertaria tão despreocupadamente assim." – Sirius apontou e James assentiu, aquilo era algo para se levar em consideração.

Mas ele ainda não era capaz de entender, não estava cristalino para todos que ele desejava Lily como nunca desejara uma garota? E não estava claro para ela que, depois de tudo que eles passaram, de inimigos para amigos e de amigos para desconhecidos e de desconhecidos para amigos de novo e de amigos para amantes e de amantes para nada, que não importasse quantas vezes ela o chamasse, que não importasse o que ela fizesse, que ele sempre voltaria para ela?

Sirius se levantou, deixando a garrafa de cerveja ali, ao lado dos sapatos e da camisa preta que tinha acabado de tirar. James o acompanhou, entrando no lago também. Talvez fosse bom para ele esfriar um pouco a cabeça.

iii. almost

"Eu odeio a Inglaterra" - Emmeline Vance disse, agarrada as costas de Peter. - "Por que eu não pude nascer em um país que não chovesse todos os dias? Nós estamos no verão e mesmo assim só conseguimos aproveitar algumas horas antes que caia uma tempestade."

O que era verdade. A chuva começou fina, enquanto todos ainda estavam no lago, mas em alguns minutos pode-se ouvir trovões e as nuvens roxas e negras tomaram conta do céu – que ainda tinha alguns resquícios de azul –, aquele seria, sem dúvidas, um típico fim de férias.

"Eu só queria que tivéssemos um carro, estaríamos em casa em instantes." - Sirius falou, levando a bolsa das garotas, enquanto Marlene, ao seu lado brincava de jogar amendoins para o alto e pegá-los com a boca.

"Bem, na verdade não ia fazer nenhuma diferença. Não dá pra passar carro nessa estrada, só conseguiríamos se tivéssemos motos." - James falou, caminhando despreocupadamente pela pequena estrada em direção a casa. Ele estava a dois passos de distância de Lily que, tentando se proteger mais um pouco da chuva, usava o moletom que James tinha levado por precaução.

Observação: ele adorou quando ela pediu permissão para usá-lo e se perguntou se talvez Sirius não estivesse certo.

"Só espero que tenha comida em casa, estou morrendo de fome." - Peter murmurou. Como dito anteriormente, ele levava Emmeline, que tinha sido rejeitada por Sirius, Remus e Marlene e, acabou chantageando o garoto: em troca disso, ela daria duas barras de chocolate que a sua família francesa enviaria.

"Bem, Peter, você sempre está com fome, então acho que nós já esperávamos por isso" - Remus falou, tentando proteger o livro que tinha levado o colocando dentro da calça.

"Sua mãe não vai brigar com você?" - Lily falou, depois de parar e esperar dois passos para ficar ao lado de James. - "A minha não pode nem imaginar que eu estou tomando essa chuva. Ela é médica e vai achar que eu vou pegar umas duzentas doenças diferentes."

"Acho que ela já está acostumada, eu e o meu pai gostávamos de jogar futebol na chuva... fica bem mais excitante quando você pode ser acertado por raios." - ele falou, percebendo que a mão dela tremia um pouco.

"Futebol? Achei que você detestasse." - ela perguntou, sorrindo.

"Não é que eu detesto, é porque todos aqueles idiotas da escola estavam mais preocupados em conquistar garotas do que chutar a bola corretamente"

"Eu entendi essa referência, Amos Diggory, não é?"

"É, e queria deixar claro que eu o chamei de idiota, mas não disse nada sobre as garotas, então isso não foi uma crítica a você" - ele a provocou, sorrindo também.

"Eu não gostei de Amos Diggory, Potter." - ela disse, olhando para ele e os olhos dela definitivamente eram os olhos mais verdes que ele já tinha visto.

Eles estavam andando cada vez mais perto um do outro, porque era sempre isso que acontecia entre os dois, as distâncias eram sempre reduzidas, mas nunca zeradas. Não mais.

"Claro, diga isso até você acreditar." - ele falou, pegando a mão dela na primeira oportunidade e entrelaçando os seus dedos pela primeira vez.

"Ok, eu vou procurá-la" - James falou pra Remus e Sirius, se levantando da poltrona do seu quarto. A casa tinha num total três quartos, que foram divididos em: Euphemia-Fleamont; James-Sirius-Remus-Frank-Peter e Lily-Marlene-Emmeline-Alice, e, por mais apertado que estivesse, nenhum deles reclamaram. - "Da última vez que a vi, ela estava provocando Alice e Frank,e os dois devem estar por algum canto da casa e eu sei que Marlene e Emmeline estão assistindo TV na sala, então ela deve estar sozinha no quarto."

"Eu sou o único com medo do 'sozinha' e 'quarto' estarem na mesma frase?" - Remus falou, ainda tentando secar o seu livro. James, em resposta, jogou uma almofada nele.

"Ande logo, Prongs. Quanto mais cedo fizer o que planejou, mais tempo vai passar com ela." - Sirius disse, brincando com a bolinha de beisebol que pertencia a James.

"Você pensa muito pouco de mim, Padfoot." - James se defendeu de brincadeira e sorrindo saiu do quarto.

Ele tinha tido apenas alguns minutos sozinhos para pensar, que fora, basicamente, o momento que eles chegaram em casa e decidiram tomar um banho e trocarem de roupa. No banho, James tinha decidido que não faria nada.

Na sala de estar, onde eles se encontraram para jogar algumas partidas de xadrez, uno e onde Marlene tentava ensinar para Sirius e Frank como dançar uma música, ele havia decidido que faria alguma coisa. Até porque, enquanto ele estava sentado no sofá, esperando o jogo de Remus e Alice terminar, ela fora até ele e se deitou em seu colo.

E nenhuma Lily Evans, de nenhum mundo faria aquilo se não sentisse alguma coisa. E como Sirius tinha dito, apesar de alguma coisa não ser amor, ele poderia, decerto, se declarar e tentar convencê-la de que eles poderiam começar aos poucos.

"Eu não sei se estou ansiosa ou não para voltar a faculdade." - ela falou deitada no colo de James. Ela tinha trocado o vestido ensopado de verão e o moletom de James por shorts macios de algodão e uma camiseta de alguma banda que ele estava prestes a perguntar sobre. - "Acho que queria congelar o tempo agora, quando estamos todos aqui e bem e felizes e ficar vivendo a mesma cena de novo e de novo."

"Não acho que você queira viver em um loop temporal." - ele disse passando uma mão nos cabelos ruivos dela. - "E se vivêssemos a mesma cena para sempre, você certamente nunca vai esquecer de quando o Moony abaixou a sunga do Padfoot naquele píer."

"Bem, eu definitivamente não vou me esquecer agora que você fez questão de me lembrar."

"Se quiser posso mostrar algo mais encantador para substituir a cena" - James falou, com um sorriso maroto no rosto, explicitando a maliciosidade no comentário. Ela sorriu também.

"Não acho que tem algo mais encantador que aquilo, mas se estiver tão confiante assim..."

"Não se trata só de tamanho, e sim de qualidade."

"E como você sabe sobre a qualidade dele?" - ela o provocou, o sorriso brincando em seus lábios. Merlin, como ele queria beijá-la. - "Não me diga um 'O que acontece na república, fica na república', agora que soltou essa informação, você precisa terminá-la."

"Eu não disse informação nenhuma, você apenas induziu... mas sobre a qualidade dele, posso te garantir que nenhum dos boatos são favoráveis."

"Então você está me dizendo que anseia pelos boatos sobre o Sirius? Oh, eu sempre soube que vocês tinham alguma coisa, só não imaginava que fosse amor unilateral." - ela o provocou, mais uma vez. Agora, ela tinha levantado o tronco e estava sentada virada para ele.

Eles estavam perto demais.

Lily sabia que os lábios dele estavam, que os lábios dele tinham que estar, a uma respiração de distância. E ela queria tanto aquilo, queria a relação que eles tinham, despreocupada e divertida. Ela queria andar mais vezes com as mãos entrelaçadas, usar as roupas dele e saber que não importa o que aconteça ele estará lá por ela. E ela queria os sorrisos, as provocações, ela queria os toques e, por Deus, ela queria ele.

"Evans..." - ele começou a dizer, afastando uma mecha do cabelo dela. E ela prendeu a respiração.

"Pode ir, Prongs, Alice acabou comigo" - Remus falou, se virando e não tendo nem ideia do que tinha acabado de interromper.

Lily soltou a respiração e James respirou fundo quando pararam de se olhar. Eles teriam tempo mais tarde – James pensou, se levantando e indo em direção ao tabuleiro.

O mais tarde chegou, e Lily não conseguia dormir.

Toda vez que fechava os olhos, era transportada para algum universo onde eles eram um casal, um universo onde, enquanto conversavam com os amigos pelo campus, ele virava para ela e fazia algum comentário em seu ouvido, e as vezes, dependendo do conteúdo do comentário, mordiscava o lóbulo dela. Nesse universo, ele também colocava a mão dele em sua coxa, gerando uma leve fricção no corpo dela, enquanto fingia prestar atenção na aula de runas. Nesse universo, ele a beijava calorosamente e dizia que a amava.

"Um universo inexistente" — ela disse, se levantando da cama de casal que estava dividindo com Alice, que, até o momento, não tinha voltado da sessão noturna de amassos com Frank. Lily sentia uma pontada de inveja, ela queria estar em uma sessão de amasso naquele momento.

Não sabia o que fazer, no entanto. Poderia ir até a pequena biblioteca, que ela sabia que os Potter tinham e ler algum romance, mas não faria diferença, ela não estava atenta para ler qualquer tipo de livro, mesmo que fosse o mais interessante de todos.

Ela poderia ir até a sala, mas observar a fogueira dificilmente acalmaria alguma coisa e por Deus, quem em sã consciência conseguiria ficar perto de uma fogueira no verão? Para Lily, já estava quente o suficiente.

Porém ela sentia que precisava sair dali, se ficasse com o tipo de pensamento que estava tendo em uma cama, não duvidada do seu potencial de agarrar Emmeline no meio da noite.

Era tudo culpa dela, o que era um absurdo, como ela pode ser tão estúpida? Eles estiveram em um relacionamento, ele fez a declaração mais perfeita de todas e ela o deixou ir. Aquele não era o sinal de que eles não eram feitos um para o outro?

E porque ele tinha que ser tão perfeito? E porque ele tinha que a deixava tão feliz? Porque ele se aproximava tanto dela, porque ele as vezes ficava na biblioteca a vendo estudar e brincava com os dedos dela. Porque ele se preocupava com ela? E porque ela era incapaz de superá-lo, como ele havia feito, ou então se confessar, como ele também havia feito?

Era tão injusto com ela e com ele: ele por não mais gostar de uma garota que, anos depois, tinha percebido o que deveria ter percebido dois anos antes?

"Evans?" - ela escutou a voz de James bem atrás dela, assim que saiu pelo quarto. - "Eu estava indo te procurar."

"Me procurar?" - ela perguntou, já virada para ele. - "Aconteceu alguma coisa?" - Oh, Lily, não seja TÃO estúpida, você não deveria perguntar o porque ele veio te procurar, ela pensou.

"Ahm... na verdade não. Só queria conversar com você sobre algumas coisas." - ele falou e ela percebeu a mão direita indo para os cabelos negros dele. Eram sempre a mão direita e nunca a mão esquerda, ela observou, mais uma vez. - "Mas talvez você esteja ocupada." - ele comentou. Boa, James, você conhece ela há nove anos e você não tem nem coragem de falar com a garota que você gosta, ele se amaldiçoou.

"Pode falar, eu estava um pouco entediada... não consigo dormir e Alice está com Frank em algum lugar, Emmeline e Marlene vão ficar assistindo série até a madrugada. E eu não duvido que a Alice vai aparecer para me mandar dormir com as meninas da sala e liberar o quarto para ela e pro Frank" - ela comentou segurando a maçaneta da porta atrás dela.

Ilustrando a cena: ela estava com as costas apoiadas na porta do quarto onde estava dormindo, com as mãos atrás do seu corpo e uma delas agarrava a maçaneta dourada. James se encontrava na frente dela, pensando como ela estava bonita com a pequena camisola branca.

Ele pigarreou, quando sua imaginação foi além dos limites e Lily estava sem a camisola. - "Bem, se você não se importa, eu vou dizer o que tinha pra dizer."

"Vá em frente, Potter. Não tem ninguém te impedindo." - ela falou, tentando dar um sorriso. Se ela apenas soubesse o quão difícil era pra ele encontrar as palavras corretas quando ela estava daquele jeito e quando uma das pequenas alças da camisola tinha escorregado pelo ombro dela.

"Certo." - ele pigarreou, mais uma vez. Ele pensou mais uma vez no que diria, em dúvida. Seria melhor se ele desse um discurso? Ou seria melhor falar de uma vez? Ele devia começar pelo quinto ano? Pelo início de tudo? Por aquela tarde?

"Eu estou apaixonado por você." - foi o que falou, no fim das contas. - "Na verdade não é só estar apaixonado, eu amo você, Lily. E talvez você ache que é a mesma loucura de dois anos atrás, mas não é, daquela vez era amor e dessa vez é também. E eu não conseguiria, eu não poderia, passar mais um minuto perto de você sem que você soubesse disso." - ele terminou.

Ela não piscava e James não sabia se ela estava respirando também.

"Eu sei o que você imagina, o que você deve estar imaginando. E eu também sei que nosso relacionamento melhorou muito nos últimos meses e, acredite em mim, eu sentia que conseguiria sobreviver com ele estando do jeito que está, mas eu estava mentindo para mim mesmo. Eu não consigo ficar nem mais um passo longe de você, Lily. E eu espero que, mesmo se você não sentir do mesmo jeito, como eu sei que você não se sente, que, pelo menos, não me odeie." - ele acrescentou e quando abriu os olhos, que ele nem percebeu que estavam fechados, eles estavam a centímetros de distância, e isso já era de se imaginar. - "Só quero que você saiba que..."

Quando olhou para a Lily, tendo que abaixar o olhar para vê-la, devido à diferença de altura, os lábios dela estavam entreabertos e ela respirava com dificuldade.

Ele tinha que se afastar. Foi o que ele pensou, tentando lutar contra as células do seu corpo que queriam que ele permanecesse ali, com o seu corpo pressionando o dela. E antes que conseguisse dizer alguma coisa, o que levou um certo tempo porque ele não conseguia pensar direito, ela moveu o seu corpo, não para trás nem para frente, mas sim para cima e o beijou.

E, entre todos os cenários possíveis, entre todos os casos prováveis, em todo o conjunto universo, Lily não esperava que fosse ser tão bom. Era mágico. Não era como da primeira vez e muito menos como a última. Era diferente, desesperado, como se eles fossem amantes separados por uma guerra mundial.

Ela sabia que não deveria e que era estúpido descrever um beijo daquela maneira, mas havia outra forma? As mãos dele estavam em sua cintura, as línguas explorando o espaço que eles sempre tentaram e relembrar e nunca conseguiram e tudo era perfeito. A forma como a pele da nuca dele estava quente enquanto ela repousava sua mão ali, como os cabelos dele era macios e como ele sabia o que ele estava fazendo, apertando levemente a cintura dela, pressionando-a mais na porta, liberando-a do beijo para passar a língua pelos lábios dela e beijá-la novamente.

Ela queria que aquele momento se tornasse estático, com apenas os dois se movendo, excedendo todas as expectativas. Por Deus, como ela queria ficar para sempre nos braços dele.

"James" - Lily disse, arfando, quando os lábios dele decidiram explorar outras partes do seu corpo, como o pescoço e, pelos cálculos de Lily, ele não demoraria muito para empurrá-la porta adentro e a despisse. Mas antes de isso acontecer, e como ela queria que acontecesse, ele precisava saber. - "Eu amo você também." - ela falou, e ele deu um passo para trás, apenas para encará-la.

"O que você disse?"

"Eu disse que te amo também." - ela repetiu - "Você não vai conseguir acreditar, mas é a verdade. Isso não é só desejo e não é unilateral... eu passei os últimos seis meses tentando te tirar da minha cabeça, tentando parar de criar linhas temporais futuras onde nós estaríamos juntos e você tem que acreditar em mim quando digo que eu te amo. Isso é amor, James."

Lily tinha tanto para dizer, tantas coisas que queria esclarecer. Ela queria que ele soubesse todas as coisas que ela pensava dele, não se importando em soar como uma romântica incurável. - "Eu achei que você não gostasse mais de mim quando vi você beijando a West e pensei 'Lily Evans, sua grande estúpida, você perdeu a sua chance', e então você apareceu no mês seguinte com aquele sorriso no rosto e eu juro, James, que eu não consegui pensar em nada que não me levasse a pensar em você. E eu me arrependo tanto de ter mentido pra mim quando não fui no baile naquela noite, porque eu queria tanto te ver."

"Obcecada?" - ele disse, não conseguindo reduzir, nem por um milímetro, o sorriso. Era aquilo que ele havia sonhado com, aquilo era o 0,001% da probabilidade. E ela estava linda, com o rosto vermelho, os lábios inchados e os olhos brilhando. Ele acreditava nela. - "Lily Evans" - ele falou, puxando o corpo da ruiva para o dele e, com uma mão na cintura da ruiva e a outra acariciando o rosto dela, prosseguiu. - "Eu sei que você tem milhões de coisas para dizer, assim como eu, mas, nesse momento, estou mais preocupado em colocar todas as vezes que eu desejei fazer isso em dia" - completou, a beijando em seguida.

James estava certo, o toque dele no corpo dela, ali e naquela hora, era muito melhor do que qualquer conversa. E, Lily perceberia, em algum momento, que aquela era a personificação de amor, que eles eram feitos um para o outro e ela não poderia deixar de se sentir a mulher mais feliz do mundo.

Na manhã seguinte, quando Lily acordou, James estava acordado ao lado dela, sem camisa – já que Lily tinha substituído a camisola pela blusa azul listrada – olhando para o teto.

"Você já está acordado?" - ela perguntou o óbvio, virando o corpo para que ficasse em cima dele e passando o indicador pelos pequenos hematomas no pescoço dele. Tinha sido horas atrás, mas ela já estava sentindo falta dele.

"Sim" - James respondeu, olhando para baixo e enlaçando a cintura da garota. - "Eu tenho uma pergunta, Lily." - ele disse acariciando os cabelos ruivos. - "Nós não somos o que fomos no terceiro ano, certo? Nós somos... namorados?"

Ela demorou um tempo para responder. - "Sim." - Porque era verdade, porque, se ele pedisse, naquele momento, ela seria até mais do que isso, porque ela não queria sair do lado dele. - "Eu dei uma baita de uma volta, mas eu te amo, James Potter."

"Então se eu quiser te apresentar para os meus pais hoje, como minha namorada, você não vai se importar?" - Ela negou, porque ela não se importaria. Não se importaria em passar as próximas horas escutando tudo que Euphemia tinha para dizer, ou todas as provocações de Sirius que diria finalmente.

E meia hora mais tarde, quando Euphemia abriu o quarto das garotas e viu o seu filho sobre Lily Evans, com uma mão dentro da camisa, a beijando no pescoço, sendo seguida por um grito de James dizendo "Mãe" e risadas de Lily, ela caminhou até o marido, ocupado em manter o leite em uma temperatura decente ela colocou uma nota de 10 libras no bolso de Fleamont, deixando paga a aposta que os dois tinham feito sobre quando o filho e a ruiva de olhos verdes ficariam juntos.  


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Notas finais do capítulo

Foi isso!

Lara, se você está lendo isso, eu espero que você tenha gostado, eu realmente me esforcei para escrever isso e, apesar de ter ficado curto, eu espero que você tenha sentido tudo que eu senti quando estava escrevendo.

Eu queria agradecer também a Malu, Manu, por terem lido a história quando eu descobri que tinha escrito tudo errado e pra Bea e a Laura por terem lido a história iniciado e terem controlado a minha ansiedade, eu provavelmente teria surtado e apagado tudo e escrito alguma coisa estúpida.

E se você gostou, por favor me dê um review! Se você for muito tímido por comentar pelo meu curiouscat e se estiver com preguiça de criar uma conta, você pode me encontrar no twitter pelo usuário @sumlaif!



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