— Ela nunca vai me perdoar. -Pepper ouviu a voz de Bruce que mais parecia um sussurro.

— Está recobrando a consciência. -Disse a Dra. Cho.

Ao abrir os olhos eles estavam olhando-a fixamente.

— Pepper, tudo bem? -Perguntou Bruce, mas ela continuou olhando fixamente em seus olhos.

— Por favor, me diz que você está bem. -Continuou ele.

— Você era o único que passou por algo que se aproximava da minha perda… confiei em você…

— Pepper eu…

— Você mentiu para mim, você sabia que eu daria qualquer coisa para ter ele comigo.

— Não foi assim, ele chegou aqui com um sopro de vida… eu não podia dar esperança para vocês…se não havia nenhuma.

— Esse tempo todo você sabia que eu estava sofrendo, Bruce.

— Me escuta, o Tony chegou aqui quase morto. Foram meses de uma recuperação espantosa, porém lenta.

— E, porque você resolveu me chamar agora?

— Porque ele recobrou a consciência.

— Consciência?

— Ele está consciente.

— Há alguma possibilidade de… -Ela não conseguiu terminar.

— Sim, embora mínima, o extremis é imprevisível.

— Você injetou extremis nele?

— Pepper, o Tony nunca retirou totalmente o extremis do corpo. Depois de Nova York ele ficou cada vez mais paranoico e queria garantir que estaria pronto para proteger você. - Pepper achou que desmaiaria novamente.

— Esse laboratório foi criado para aprimorar tecnologias de regeneração celular. Depois que voltou de Titã, ele começou a trabalhar com afinco para desvendar o DNA humano, o que ele não sabia é que essas pesquisas salvariam sua vida.

— Antes de enfrentar o Thanos, Tony me pediu para seguir com as pesquisas caso fosse preciso e me contou seus planos antes de injetar uma versão aprimorada do extremis no próprio corpo. -Bruce continuou.

Pepper não conseguia entender tudo aquilo, decidiu que viveria o momento e depois com a mente mais clara montaria o quebra cabeça.

— Eu… quero vê-lo.

Bruce a conduziu até uma sala.

— Eu preciso ficar sozinha com ele.

— Você vai ficar bem?

— Vou.

Bruce ficou hesitante, mas finalmente saiu.

Minutos depois a Dra. Cho entrou com Tony em uma cadeira de rodas. -Pepper que já havia se distanciado da porta, se virou e o encontrou ali, ao alcance de suas mãos.

Ela não conseguia se mover e quando finalmente conseguiu chegar até ele, estava aos prantos, queria perguntar e dizer tanta coisa, mas faltavam palavras.

Ela ficou ali em um minuto que parecia uma vida inteira, seus dedos tocavam sua pele onde antes haviam marcas da batalha que agora estavam completamente regeneradas. Foi nesse momento que ela ouviu a frase que povoava seus pensamentos desde aquele fatídico dia.

— Hey, Pepper!

A expressão de choque no rosto dela assustou Tony.

— Fala comigo Potts.

Mesmo que ela quisesse não conseguiria, a emoção do momento não podia ser expressa em palavras.

De repente ela percebeu que ele havia se levantado e seus lábios estavam muito próximos aos dele.

Foi um beijo quente e desesperado no começo que se tornou terno e apaixonado no fim.

Pepper começou a chorar compulsivamente e Tony tentou acalmá-la.

— Estou aqui.

Tony continuou tentando acalmá-la, porém chegou à conclusão que ela precisava desabafar e deixou que ela se acalmasse.

— Amor?

Pepper ainda soluçava nos braços dele.

— Eu preciso que você se acalme, precisamos conversar.

Pepper respirou fundo.

— Muita coisa aconteceu Pep, coisas que eu nunca contei a você…

Depois daquele momento seu corpo pareceu relaxar e finalmente seus pensamentos tomaram voz.

— Como? Como você pode?

— Pepper, eu...

— Para! Você mentiu para mim?

— Não! Eu só omiti algumas coisas. Eu não queria te preocupar.

— Chega! Tony eu preciso de um tempo para absorver tudo isso.

— Amor, não faz assim.

— Não me chama assim!

Tony não esperava aquela reação e isso o assustou, ele teve dois dias para pensar em como seria aquele encontro e nas coisas que diria, porém, em momento algum pensou que as coisas tomariam aquele rumo.

— Amo você e foi por isso, para proteger você e a Morgan que eu tomei a decisão de arriscar minha vida.

Ela imaginou como aquela situação era confusa, queria que ele estivesse vivo, exatamente como estava agora, porém isso lhe causava sentimentos confusos como alegria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria por saber que sua família estava completa novamente e tristeza por tudo que ela e sua pequena foram obrigadas a passar.

— Não tinha escolha Pep.

Sabia que não foi uma escolha dele, mas ao longo dos anos Tony deixou claro que sua paranoia por segurança e obsessão por armaduras, eram prioridades em sua vida. Ela compreendia que todos aqueles sintomas caracterizavam uma doença e justo por isso, por ter tentado ajudar na cura que jamais veio, é que não podia voltar para ele.

Passar por tudo aquilo de novo era impraticável, a dor de perder ele uma vez foi o suficiente para entender que não poderia passar por isso de novo e o mais importante naquele momento era não expor Morgan a tudo aquilo novamente.

— Tony… Nosso relacionamento é destrutivo para mim, para você e pra Morgan.

— Jamais machucaria vocês…

— Eu sei. A sua obsessão por nos manter segura é que quase nos destruiu. Você não tem noção de tudo que ela e eu passamos durante esses seis meses sem você.

— Você quer dizer que vai me abandonar?

— Quero dizer que não posso e não vou expor minha filha a tudo isso de novo.

— Concordo. Não pretendo expor vocês novamente.

— Até quando Tony? Até surgir uma nova ameaça.

— Estou fora Pepper, uma coisa que Thanos nos mostrou é que o mundo tem muitos protetores, temos novos vingadores e vários possíveis candidatos. Eu já fiz minha parte e agora quero dar a você e a nossa filha uma vida tranquila.

— E se eles precisarem de você?

— Eles terão acesso a toda a tecnologia das Stark industries, ficarei nos bastidores como consultor e nada mais.

— Você é um engenheiro e gosta de ser herói, não vai abandonar tudo.

— Ainda trabalharei com engenharia e serei herói de uma forma diferente e segura.

— Como?

— Esse complexo me possibilita ser herói sem arriscar minha vida. Você já pensou em quantas descobertas já fizemos aqui? Em quantas faremos nos próximos anos?

Pepper pensou no milagre que o extremis fez com Tony.

— Só com o extremis e o berço de regeneração tivemos muitos avanços, sou prova disso, dentro do complexo temos muitas outras pesquisas acontecendo, todas elas com resultados surpreendentes. Serei um herói por nossas descobertas no campo da genética e regeneração.

— Tony, eu… Não posso!

Nesse momento Bruce entrou na sala com uma enfermeira.

— Por hoje chega, o paciente precisa descansar.

— Preciso conversar com minha esposa.

— E eu preciso zelar por sua recuperação.

Tony se aproximou de Pepper e beijou seus lábios, desta vez foi um beijo terno, porém possessivo.

Pepper ainda atordoada pelo beijo, disse.

— Não vou voltar atrás, Tony. Não vou expor minha filha as suas loucuras.

— Essa conversa não acabou Sra. Stark.

Disse ele já saindo da sala.

Chegando na enfermaria…

— Eu não poderia ter ficado mais cinco minutos? - Disse Tony.

— Você não resolveria nada em cinco minutos, não pressiona deixa ela tomar as próprias decisões.

— Ela quer o divórcio. Não posso deixar.

— Ela ama você.

— Sei disso.

— Você só precisa reconquistar a confiança dela.

— Isso eu sei, mas como?

— É um processo lento, mas pode ser feito. Desde que, você tenha paciência.

Pepper não conseguia organizar seus pensamentos, depois do reencontro com Tony várias interrogações povoavam seus pensamentos. Era maravilhoso saber que ele estava vivo, mas o medo de perde-lo novamente dilacerava o seu coração.

Depois de tentar se acalmar e não obter nenhum progresso, Pepper decidiu que precisava desabafar.

— Alô, Miriam.

Miriam Spencer trabalhou muitos anos com recursos humanos no departamento de estado e foi quem ajudou Pepper na reestruturação da empresa, durante esse tempo ela descobriu que Miriam foi contratada por uma recomendação de Tony antes de sua morte.

Com o tempo às duas foram se conhecendo melhor, Pepper descobriu que o filho de Miriam, Charles foi morto em Sokovia e que durante muito tempo ela culpou Tony pela morte dele.

Depois que Pepper saiu da empresa Miriam foi transferida L.A.

— Pepper você não está na Grécia?

— Não, estou em Los Angeles.

A voz de Pepper começava a dar sinais de choro contido.

— O que houve? A Morgan está bem?

— Sim está, mas preciso conversar.

— Tudo bem, onde você está?

— No laboratório.

Miriam chegou meia hora depois e antes que ela pudesse falar alguma coisa, Pepper desabafou aos prantos.

— Está vivo.

— Quem?

— O Tony.

— Pepper… ele morreu, você estava lá.

— Não ele está aqui.

— Como?

— O Bruce me ligou e quando cheguei aqui… o Tony estava consciente. Conversei com ele é verdade.

— Você deveria estar feliz, esse é o maior sonho de quem perde alguém.

— Estou apavorada.

— Porquê?

— Medo de passar por tudo de novo e principalmente medo de ver a Morgan sofrer do jeito que vi.

— Pepper, sei que tudo que você passou foi traumático, mas você ama esse homem e tudo que sua filha quer é o pai de volta. Aproveite a oportunidade de ser feliz novamente.

— Mas…

— Quer um conselho? Conversa com ele diz tudo o que te aflige. Ninguém passa por tudo que ele passou e volta o mesmo, dá uma chance.

— Pensei que você seria imparcial, mas está defendendo ele.

— Quando conheci seu marido, realmente havia muito ressentimento da minha parte, mas basta conhecer de perto o amor que ele sente por você e pela filha para saber que algo de muito bom existe nele.

— O que faço?

— Conta pra Morgan, leva ela para ver o pai. Um passo de cada vez e mais rápido do que você imagina tudo se resolve.

Elas ainda continuaram conversando por algum tempo até Pepper se acalmar, quando Miriam foi embora ela estava aflita, porém preparada para tomar decisões. Um passo de cada vez, era uma boa tática e o primeiro seria conversar com Morgan, a pequena ficaria feliz e ansiosa para rever o pai.

O dia seguinte seria um dia de muita emoção para todos.