O reencontro entre Tony e Pepper foi celebrado com um abraço, cordial mais cercado de cerimônia. O casal que antes esbanjava intimidade, pareciam dois estranhos.

— Beija a mamãe, papai! Você não sentiu saudades dela?

Todos ficaram apreensivos com o desfecho daquele encontro.

— Senti muita saudade da sua mãe, filha. — Disse Tony beijando Pepper que ficou vermelha.

— Também senti saudade, Tony.

Assim que todos deram as boas-vindas aos recém-chegados, Morgan resolveu mostrar a casa ao pai e Rhodes e Happy também foram convidados.

A casa principal era enorme. Começaram pela entrada frontal que tinha um grande hall com pé direito alto que conduzia a uma confortável sala de estar com vista para o mar em três lados. Nesse andar ainda havia uma grande biblioteca, uma sala de jantar formal e uma cozinha grande com uma área de refeição simples. Todos os quartos tinham inacreditável vista para o mar além de grandes terraços.

No andar inferior, haviam dois quartos de hóspedes com uma sala de estar privativa e um banheiro, e ainda um terceiro quarto com área de estar privada e banheiro. As suítes do andar de baixo tinham pátios com jardim independente.

No andar superior ainda havia o quarto principal com banheiro masculino e feminino, e duas suítes.

Tony sabia que ainda tinham muito para conhecer, pois aquela propriedade era uma vila com jardins, piscina e tantos outros atrativos, mas teria tempo para conhecer tudo.

July e Pepper se encarregaram do almoço, já que depois do tour eles iriam para seus quartos se refrescar e descansar.

— O que foi aquilo? Vocês se comportaram como dois estranhos.

— Não sei como lidar com ele depois da nossa separação.

— Porque vocês ainda se amam.

— Só o amor não é suficiente.

— Acho que você deveria pensar no quanto os três estão sofrendo.

— Lá vem você…

— A Morgan ficou seis meses achando que nunca mais veria o pai e quando ela descobre que o pai está vivo tem que se afastar dele novamente. E você ainda diz que é pelo bem dela?

— Um dia ela vai entender.

— Nem eu entendo, imagina ela?

— Você me confunde, July.

— A relação de vocês é confusa. O que te impede de dar uma nova chance ao seu casamento?

— Nem eu sei, é um misto de medo, falta de confiança, sei lá.

— Quando você tinha motivos para sentir tudo isso, não sentia.

— Como assim?

— O Tony nunca foi confiável e você era a única pessoa no mundo que confiava nele, fora o fato de que uma relação com ele meteria medo em qualquer uma, mas você corajosamente aceitou.

— Nós não tínhamos a Morgan. Quando seu filho nascer você vai me dar razão, filho muda a nossa perspectiva de vida.

— Experiências traumáticas também. E vocês passaram pelas duas.

— Você está dizendo que ele mudou?

— Sim, você sabe que nunca fui defensora do Tony, muito pelo contrário, mas pela primeira vez acredito que o melhor para vocês, é ficar juntos.

— Preciso pensar… — Disse Pepper que aparentava estar confusa com tanta informação.

− O que você precisa é parar de ser cabeça dura.

− Olha só quem fala, você se separou do Rhodes com medo de assumir um relacionamento mais sério.

− Era diferente, na época, tínhamos um relacionamento profissional.

− Só porque você era fisioterapeuta dele? Isso não justifica, July.

− Tanto não justifica que aceitei que estava errada e voltei para ele. Esqueceu?

− No meu caso não é tão simples, July.

− Vencer os medos, nunca é tão simples, Virgínia.

July percebeu que tinha forçado demais e mudou de assunto, as duas continuaram preparando o almoço, enquanto os recém-chegados se instalavam na casa.

Tony desfez sua mala e antes de tomar banho deixou sua pequena tagarela tomar o seu. Enquanto Morgan jogava no celular, ele resolveu finalmente se refrescar.

Tony estava terminando seu banho quando percebeu que a filha estava conversando com alguém.

— O papai está tomando banho.

Nesse momento Tony entrou no quarto e percebeu que Morgan tinha atendido uma chamada de seu celular e estava bem interessada no que estavam falando.

— Quem é Maguna?

— O tio Mike, papai.

Ele pegou o telefone, olhou o visor e confirmou que era Michael Wright um dos acionistas da Stark industries.

— Michael, o que houve?

— Consegui que mais acionistas aderissem ao nosso projeto. Eles só estão exigindo uma reunião com você, antes de assinar.

— Estou na Grécia para o evento beneficente.

— Com dois dias de antecedência?

— Wright, avisa aos interessados que estarei de volta em uma semana e marcaremos a reunião.

Michael percebendo que Tony estava terminando a conversa se despediu e desligou.

— Maguna, quem é tio Mike?

— É o pai da Mel minha coleguinha da escola, amigo da mamãe e meu também, ele prometeu que vai levar a Mel, a mamãe e eu para dormir no aquário.

Tony não conseguiu continuar a conversa, mais tarde ele iria tomar satisfação com quem realmente podia explicar. Ele não podia acreditar que Pepper estava dando confiança para aquele tipinho metido a conquistador e pior envolvendo sua Maguna nesse romance de meia tigela.

— Papai! Me conta uma história?

— Conto sim, filha.

— Quero a história sua e da mamãe.

Tony começou a contar resumidamente e reviver seus melhores momentos com Pepper, desde que ela foi contratada até o dia que Morgan nasceu.

Rhodes e Happy ajudaram nos preparativos finais do almoço que ficou pronto mais rápido do que todos imaginavam.

— Vou chamar o Tony e a Morgan. — Disse July.

— Deixa que eu vou. — Respondeu Pepper.

A porta do quarto estava entre aberta, ela já estava entrando quando parou para admirar a cena. Pai e filha estavam deitados dormindo, ela estava com a cabecinha apoiada no peito dele e ele abraçando sua pequena.

Pepper lembrou que Tony sempre comparava às duas, pois ela também gostava de dormir aninhada no peito dele.

Muito penalizada ela decidiu acordar os dois.

— Filha, está na hora do almoço.

— Hã! Acabei pegando no sono. — Tony acordou assustado.

— O almoço está pronto.

— Vai ser difícil acordar ela.

Pepper revirou os olhos.

— Está com medo de uma garotinha, Sr. Stark? - Ele riu.

— Não é qualquer garotinha, Mrs. Potts. A garotinha em questão tem o seu DNA mandão e o meu gênio difícil.

Os dois riram.

Quando desceram Morgan estava bem desperta, a mãe tinha conseguido, acorda-la sem danos colaterais.

O dia transcorreu sem muitos problemas, Morgan não largava o pai, o que de certa forma foi bom para Pepper que se manteve afastada de Tony. Após o jantar a pequena resolveu dormir com o pai e todos se recolheram a seus quartos.

Pepper acordou com os gritos de Morgan e correu para o quarto da menina que estava vazio, sem pensar correu em direção aos gritos e entrou no quarto onde encontrou Tony desesperado com a filha no colo.

— Ela começou a chorar de repente. — Disse Tony assustado.

— Me dá ela.

Tony entregou a pequena para a mãe.

— Calma, filha! Seu pai e eu estamos aqui.

— Filha não chora. — Disse Tony.

Ela continuou ninando a menina até ela se acalmar.

Alguns minutos depois Pepper colocou a filha na cama e já estava retornando ao seu quarto, quando Tony falou:

— O que houve?

— Ela tem pesadelos… às vezes.

Ele já sabia a resposta, porém resolveu perguntar.

— Quando isso começou?

— Algumas semanas depois que … — Pepper não conseguiu continuar.

Ele não quis continuar um assunto tão delicado.

— E se ela tiver outro pesadelo?

— Pode ficar tranquilo, venho acalmar ela.

Quando Pepper terminou de responder já estava no corredor.

Naquela noite, Tony não conseguiu dormir, pensando em como sua vida havia mudado e no sofrimento que tinha causado as pessoas que amava.

Não podia deixar que as coisas continuassem daquela maneira e nem dar espaço para que um qualquer tomasse seu lugar naquela família, pois Michael Wright sempre quis ocupar seu lugar na vida e no coração de Pepper. Isso era algo que jamais iria permitir no dia seguinte teria uma conversa muito séria com sua esposa, pois eles ainda eram legalmente casados, por enquanto, no papel nada havia mudado.

Ela precisava de um tempo?

Ele já havia dado, agora as coisas seriam do jeito dele.