A Namorada Do Papai escrita por Thay Paixão


Capítulo 30
A persona mamãe


Notas iniciais do capítulo

Preparei os lencinhos para esse capitulo.
Como sempre muito obrigada pelas mensagens!
Estamos na reta final de ''A namorada do papai'' então é a hora de comentar, favoritar e recomendar >



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Renesmee.

 

—Eu não sei como você foi capaz de perdoar a Bree tão rápido. 

—Jane, eu fiz mal a Bree. Ela se aproveitou de mim algumas várias vezes, mas eu a tratei muito mal. E ela só não contou nada sobre a comida porque eu não deixei. Então, sim eu fui capaz de perdoar ela.

—Eu não entendo, mas aceito.

Jane amassou o travesseiro e se jogou de costas. Ficamos ambas deitadas de barriga para cima, olhando uma para a outro.

—Hoje foi muito legal. Obrigada por deixar Alec e eu participar da ação de graças com a sua família.

—Acho que foi a melhor ação de graças. -suspirei.

E aquilo era verdade. Parecia que um véu tinha se rompido e toda a minha família estava realmente feliz. Não fingindo ser feliz. Apenas sendo feliz, juntos.

E havia Alec, ali na mesa, me olhando de um jeito que fazia meu coração bater de um jeito meio sufocante na verdade. Mas não era ruim, de jeito nenhum era ruim.

Jane se virou para mim e eu a imitei, ficamos nos encarando.

—Você gosta mesmo do meu irmão.

Fiquei quieta porque aquilo não era uma pergunta.

—Sei lá, eu só… Sempre achei que era um capricho seu. Mas vendo vocês dois juntos… eu quero muito esse casal.

Ela fez uma cara pidona.

—Jane! Alec e eu vamos devagar, ok? Nós dois estamos saindo de relacionamentos meio bostas, não temos pressa.

—Você está tão adulta falando assim. A experiência de quase morte te mudou mesmo.

—Você deve ter razão. -Suspirei criando coragem para contar a ela o que tinha pensado em fazer sobre Jacob. Sobre minha experiência com ele, e sobre mim de modo geral, sobre tudo o que tinha acontecido comigo. -Está com muito sono?

—Claro que não, sou uma criatura noturna. 

—Isso é bom, porque teremos trabalho até o dia amanhecer.

Me sentei na cama e a olhei com um sorriso cheio de ideias.

 

"Muitos de vocês não me conhecem pessoalmente, mas estão sempre aqui, curtindo as minhas coisas, falando coisas legais sobre mim, e depois do que houve comigo nos últimos dias, vocês fizeram lindas campanhas de oração. Muito obrigado mesmo por toda a energia positiva, graças a ela estou aqui, tenho certeza. Além de agradecer, esse vídeo é para falar um pouco sobre a nova etapa da minha vida, sobre o que aconteceu e como vou seguir daqui em diante.’’ 

Fiz uma pausa olhando para Jane atrás da câmera do celular que estava em um suporte. Ela sorriu me encorajando.

Contei sobre minha constante insegurança com o meu corpo. Contei sobre a necessidade de carinho e atenção.

Sobre como a relação com Riley me afetou e aumentou minhas inseguranças. Como fui manipulada no relacionamento com Jacob. 

"... eu entendi que a gente não pode ter medo de pedir ajuda. De gritar mesmo por socorro, porque, olha a minha vida! Tanta gente se preocupa comigo e eu não conseguia enxergar UMA para pedir ajuda. Eu podia ter pedido ajuda a todas elas. A Jane que está me ajudando a gravar esse vídeo.

O que eu quero dizer gente, é que somos importante para alguém. As vezes é difícil ver isso, mas eles estão lá. Olha, se eles não estiverem você pode pedir a literalmente qualquer pessoa. Existem profissionais e voluntários para ajudar você. Na descrição do vídeo eu vou deixar o numero, contatos de redes de apoio emocional. Então… agora vocês irão acompanhar minha jornada de autoconhecimento, aceitação e, mais coisas, sei lá! Lembre-se, você não está só! Não desista!’’

 

—Eu acho que ficou muito autoajuda. -Jane disse quando estávamos revendo o vídeo.

—É esse o objetivo. -A lembrei clicando em publicar.

—Tá, mas a parte do Jacob… isso vai gerar muita fofoca, ele tem postado coisas fofas sobre vocês.

—Isso não anula o fato de que ele foi um merda comigo. Vou lidar com as consequências quando elas vierem.

—Você tem razão, eu apenas estou com…-ela foi interrompida por um bocejo - sono.

Olhei pela janela, os primeiros raios da manhã já apareciam no horizonte. 

—Vamos dormir. -A chamei de volta a cama.

Ela meio que se arrastou e se jogou. Decidi dormir sem retirar a maquiagem, mesmo sabendo que poderia me arrepender dessa decisão depois.

—Obrigada por ser minha melhor pessoa no mundo inteiro. -Falei passando o dedo indicador pelo seu nariz.

—Eu diria "por nada" mas você dá muito trabalho.

—Vou te recompensar. -prometi. Ela estava de olhos fechados.

—isso é muito bom…Porque eu vou precisar de muita ajuda...com o bebê. -Ela falou bem baixinho.

—Bebê? Que bebê, Jane? Jane? -Só que ela tinha dormido, e eu decidi que devia ter ouvido mal.

Me acomodei melhor para dormir também.

Acordei com a sensação de que tinha dormido demais. Não era incomum, os remédios para o coração me deixavam meio sonolenta.

Tanya estava na beirada da minha cama com o celular em mãos, Jane havia sumido.

—Que horas são? -Perguntei.

—Quatro e quinze. -Ela terminou de digitar e deixou o celular na mesinha. Fez um carinho em minhas bochechas com os dedos. - a gente precisa conversar.

—É mesmo necessário?

—Sim, eu prometi que seria melhor entre nós, e a sinceridade é o melhor caminho.

Me ergui na cama me preparando para o que poderia vir.

—Eu assisti ao seu vídeo no Instagram…

—Mãe, eu não vou me desculpar por aquilo, se o Jacob quiser um processo…

—Não é nada disso. Não estou aqui para recriminar você por aquilo. Na verdade me emocionou muito. E abriu uma porta para que eu seja completamente honesta com você. Filha… -ela pegou a minha mão. - eu me envolvi com coisas erradas. Eu tinha os motivos certos, mas fiz coisas erradas, usei os meios errados para chegar a um fim de… justiça. Eu estou parando, tomando um caminho completamente diferente e, eu quero, não, eu preciso de você. Do seu apoio e, de que você esteja mais receptiva a mim. Filha… às vezes você é muito dura comigo. Isso me magoa e eu me fecho. 

Ela me encarou esperando uma reação. Eu não sabia o que dizer, até porque ela também era muito dura comigo as vezes 

—Acho que nós duas estamos espelhando as reações uma da outra, não? - ela disse como se eu tivesse falado em voz alta o que pensava.

—A gente precisa parar de ferir uma a outra. Precisamos estar unidas.

—As vezes é difícil. -Falei.

—Mas podemos tentar. Você é minha filha, e eu quase perdi você.- a voz dela foi tomada de emoção no final.

—Mãe, eu tô aqui. - Apertei sua mão, a minha voz ficando meio rouca. 

—Eu sei que nem sempre sou o tipo de mãe que você queria, que sua tia Rosalie sempre foi muito melhor do que eu…

—Mãe, não… isso é diferente…

—Não foram poucas as vezes em que você disse que preferia que ela fosse a sua mãe. -O tom dela não tinha acusações. Era apenas a constatação de um fato.

—Coisa de criança. Você devia saber disso.

—Mas eu não sei. - Ela deu um pequeno sorriso. - Sei que não podemos recuperar o tempo que já passou, que eu fui muito ausente na sua vida e as marcas que isso deixou não serão apagadas. Só que daqui pra frente podemos construir uma nova história.

Eu queria muito, verdadeiramente acreditar naquilo, só que Tanya já havia prometido recomeçar um milhão de vezes.

—Está indo na mesma igreja que a Sasha? - Brinquei para quebrar o clima, parecia que ela iria chorar a qualquer momento.

Funcionou, ela riu.

—Ainda não, mas quem sabe?

Rimos um pouco. 

—Eu vou me comportar. - Prometi. - Só não seja presa de novo.

Ela fez uma careta.

—Vou tentar. Aliás, vou ser professora agora.

Ela se lançou numa descrição dos seus planos de lecionar na universidade, e aquilo me animou.

—Claro, que depois que encerramos o caso do clube. Não deve estar longe disso de qualquer forma. Uma pessoa central foi presa.

—Quem?

—Felix. 

Claro.

—E ele vai entregar?

—Com toda a certeza. - Ela suspirou. Eu não queria falar sobre Felix, não mesmo.

—Vem, deita aqui. - A convidei a se deitar na minha cama.

Ficamos ali, lado a lado encarando o teto.

—Me sinto com vinte anos de novo. - Ela disse.

—Nem faz tanto tempo.

—A glória dos vinte e poucos anos, o sentimento de que podemos mudar o mundo…

—E podemos. - Afirmei. 

—Sim, podemos. -Ela se virou para me encarar, era como estar com Jane. 

Talvez Tanya não se saísse tão bem em ser a mãe que eu queria, mas poderia ser uma ótima mãe que eu tinha, e acima de tudo uma amiga.

—Me promete uma coisa? - Pedi.

—O que quiser.

—Não vai mais namorar babacas, principalmente se forem casados.

—Prometo. - Ela nem pareceu pensar, então foi um bom sinal.

—Se tiver um pretendente, ele vai passar pela inquisição Danali-Cullen. - Ordenei.

—Seu desejo é uma ordem. - Ela bateu continência.

—Não é uma ordem, só não quero ver você sofrendo de novo. 

Ela se aconchegou mais a mim, abrindo os braços para me abraçar. Me aninhei ali, eu estava muito grande, mas o abraço dela aquecia algo dentro de mim, eu nunca estaria grande de mais para deixar de apreciar o conforto desse gesto.

—Eu amo você, filha. -Ela sussurrou me apertando mais forte, e eu acabei adormecendo sentindo seu cheiro.

Era cheiro de casa, de amor, de conforto.

E eu me senti amada pela aquela nova persona da mamãe.

—Antes, quando estávamos indo dormir. - Comecei com Jane naquela noite. Os pais de Bella estavam do outro lado da sala, parecendo entretidos com a série que passava na tv, mas sussurrei do mesmo jeito.

—Que?

—Você disse algo sobre um bebê. - Falei quase sem som.

—O que? - Ela disse mais alto, Renée Swan olhou para nós, se recostou mais no marido e voltou a tv.

—Antes de dormir, você falou que precisaria de ajuda com um bebê… estava falando do bebê da tia Rosalie?

—Ah. - Foi toda a resposta que a minha linda amiga me deu.

—Ah? Ah o que?!

—Outra hora. - Ela olhou para o casal no outro sofá.

—Vamos para o quarto. - Ofereci.

—Eu quero terminar esse episódio se não se importar, e se eu não prestar atenção vou ter que voltar tudo.

—Eu não consigo nem me concentrar mais nele, por mim já está perdido.

—Renesmee! - Ela reclamou aos sussurros. 

—É Dark, Jane, já perdemos muitos diálogos, não vamos entender mais nada. -Expliquei. Era o tipo de série que ou você presta cem por cento de atenção, ou não vai entender absolutamente nada.

Bufado mais que o necessário, ela se levantou jogando a almofada que tinha no colo no chão.

—Cozinha. - rosnou e saiu pisando duro. Fiz uma cara de desculpas para Renée e Charlie e a segui. Ouvi Charlie murmurar ‘adolescentes’’.

Na cozinha Jane estava agachada na frente da geladeira procurando algo. Se ergueu com um saco de alface.

—Sabia que devemos higienizar as verduras logo que chegamos do mercado? 

—Não.

—Vi num programa de culinária.

—Claro. - Por que ela estava nervosa?

—Estou realmente com medo de te perguntar o que bebê, você e eu temos em comum, sem tia Rosalie no meio.

—Eu estou grávida. - Ela se virou se apoiando na pia. -Estava esperando o melhor momento para te contar.

Ah.

Ah.

Ah.

Ah.

Cacete, ela ta GRAVIDA!

—Tipo… de um bebê? - sussurrei.

Jane me olhou incrédula então caiu na gargalhada. Ela se contorceu, segurando a barriga. Rindo tanto até ficar vermelha.

—Jane! - reclamei, a segurei pelos braços. Ela ria tanto, que já estava sem fôlego.

—Não.. não de um bebê, é do Seth. Ele colou um bebê dentro da minha barriga, ou não… nós fizemos um bebê junto, sabe, quando mistura as células… ou a sua pergunta é sobre a espécie? Será que tem um bebê foca dentro de mim, e não um humano?! - E ela ria ainda mais e se contorcia.

—Isso não tem graça! - A soltei cruzando os braços sob os seios e fechando a expressão. Aquilo pareceu diverti-la, mas ela conseguiu se controlar. Respirando golfadas de ar se recompôs, limpando os cantos dos olhos. Estava chorando de tanto rir. De mim.

—É claro que tem graça, a sua cara ‘’de um bebê?” você deu a entender que um bebê me engravidou, que não era um bebê humano, tudo na mesma frase! 

—Você está grávida! Ok, eu já entendi!-Bati o pé.

Jane respirou fundo.

—É, eu estou. Queria ter comprado camisetas legais, ou uma caneca escrito ‘titia do ano’’ mas não tive tempo, são muitas coisas acontecendo.

—Há quanto tempo sabe disso? - Eu não estava entendo a calma de Jane ao relatar tudo aquilo.

—Alguns dias antes do seu… acidente.

—Caramba...por que não me contou?

—Por motivos óbvios?! 

—Não sei o que é óbvio nessa situação.

—Você estava ocupada demais com os próprios problemas, depois teve o hospital…

ela deixou a frase inacabada.

—Seth já sabe?

—Ele que me contou. - Ela apertou os olhos.

—É o que?!

—Para de gritar! Edward e Bella vão aparecer aqui a qualquer momento por causa dos seus gritos.

Eu duvidava disso, eles estavam há horas na sala de música, então não deviam estar fazendo nada relacionado a música. 

—Como assim, ele que te contou?

Jane se virou para a pia, começando a lavar o alface.

—Contei a ele que estava atrasada, fomos ao médico, eu fiz o exame. Quando ficou pronto, ele viu online, pode fazer isso agora, você consulta online para saber se o exame está pronto… ele fez isso, e viu o positivo bem grande. Foi fofo até, ele comprou um ursinho com as cores do arco-íris e jogou no meu colo e disse ‘vamos ter um bebê’’

Eu estava em choque.

—E como você está com tudo isso? - Porque era isso que importava.

Jane suspirou.

—Eu não sei… seria muito estranho se eu disse que não estou nervosa, preocupada…

—Não, não seria nadinha estranho. - Eu ri baixo. Ela sorriu para mim.

—Contei a Alec, por motivos óbvios. Ele me deu uma grande bronca, com razão também, mas disse que vai ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar com nada. Se Aro cortar a minha mesada ou quiser me deserdar, ele vai me passar a parte dele na empresa. - Ela mordeu o lábio. - Sabe, eu sempre esqueço como Alec não é meu irmão de sangue. Antes dos pais dele morrer, ele sempre estava lá em casa, sempre cuidou de mim, sabe? Antes do acidente e da morte dos pais deles, ele já era meu irmão.

—Acho que você já comentou algo. -Falei ausente, imaginando minha amiga enorme de grávida dentro de poucos meses.

—Isso será muito útil, porque mesmo se Aro quiser tirar meu sobrenome, ainda terá que me aturar comandando pelo menos parte das empresas, o que diz respeito a Alec.

—Não acredito que você está pensando nas empresas do seu pai quando acaba de me contar que está grávida.

Ela deu de ombros.

— Estou pensando no futuro do bebê.

—Sei.

—Ok, Renesmee, pode surtar. Sei que está me achando a pessoa mais irresponsável do mundo, mas esse bebê não foi exatamente planejado.

—Eu não estou te achando a pessoa mais irresponsável do mundo, só estou em choque, e tentando imaginar você imensa de grávida. Você nem tem tamanho pra isso, vai parecer um botijão de gás com pernas. -Falei rindo logo no fim da frase com a imagem.

—Renesmee! - Ela gritou, pegou água da torneira com as mãos em forma de colcha e jogou em mim.

—Mas é verdade! - Eu ri mais. 

—Então eu vou precisar ainda mais da minha amiga girafa me ajudando a andar por aí. - Ela revirou os olhos.

—Pode contar com isso. - Me aproximei para abraçar minha amiga.-Aí meu Deus! Vamos ter um bebê!

Me dei conta.

—Vamos ter um bebê! - Ela respondeu e nós duas começamos a gritar e pular.

—O que está acontecendo aqui? - Bella perguntou da porta da cozinha, Minha atenção foi atraída para o botão do short aberto e o cabelo bagunçado. Pelo amor de Deus, eles não podiam se controlar? Os pais dela estavam na sala!

—Vamos ter um bebê! - Jane e eu gritamos juntas.

Bella ficou pálida, e eu achei que ela iria desmaiar.

—Co...mo...como?! -Ela sussurrou com esforço.

—Eu vou ter um bebê, Bella. - Jane riu se controlando e indo para perto da minha madrasta.

Bella respirou mais aliviada.

—Mas nós vamos ter um bebê, porque eu estou entrando nisso de cabeça. - Declarei. 

—Eu não sei que reação adulta ter sobre isso. - Bella disse séria e nós duas rimos mais.

—Parabéns é tão bom quanto qualquer coisa. - Jane disse.

Bella a olhou incrédula, a cor voltando ao seu rosto.

—Jane, você só tem dezessete anos! 

—Eu sei.

—E o seu namorado? O que os seus pais vão pensar? O que vai acontecer? É por isso que está aqui? Foi expulsa de casa…?

—Bella. -Coloquei uma mão em seu ombro. - Respire.

Ela parecia um desenho animado.

—Eu sei que foi irresponsável, que meus pais vão surtar, mas… até que estou feliz. Vou começar minha família.

Bella parecia incrédula fitando minha pequena amiga.

—Bebês são coisas pequenas e muito, muito sérias. Pelo menos me diga que foi um acidente.

—É para você se sentir melhor? -Jane parecia se divertir com o desespero da minha madrasta.

—É brincadeira, Bella! Sim, foi um acidente. Só que não me parece tão trágico. Parece… bom. Seth e eu nos amamos, só vamos começar a vida um pouco mais cedo e, se você pensar bem, há algumas décadas atrás, se casar aos dezessete e engravidar não era nenhum escândalo.

Assenti espantada com os costumes transitórios da sociedade. 

—Jane, um bebê muda completamente a vida de uma mulher. E o relacionamento com o parceiro também. - Bella disse seria. -Não acho que você tenha avaliado todos os aspectos que ter um bebê, agora, significa. 

A expressão de Jane murchou um pouco. Bella tinha conseguido abalar sua confiança.

—Vem, vamos conversar um pouco. -Ela a puxou para a mesa e eu fui junto.

—Bella, eu entendo que esteja preocupada, mas a minha vida é essa. Eu estou grávida agora e quero muito esse bebê.

—E eu acho isso lindo. - Bella disse enfática. -Mas estou preocupada com você. 

—Não tem porque, eu vou terminar a escola, vou para a faculdade… Seth e eu daremos conta.

Quando Jane colocou aquilo naquela perspectiva, daquele jeito, eu entendi.

Era a minha história ali, aquele bebê nem tinha nascido e já era muito parecido comigo.

Fiquei em silêncio.

—Bella ficou quieta observando com atenção o rosto da minha amiga. 

—Vocês dois não estão sozinhos, ok? Estamos todos aqui por vocês. 

—Obrigada. -Jane disse e Bella respirou fundo. 

—Eu pensei que vocês duas estavam grávidas. - Disse com uma careta.

—Isso seria perfeito.  -Brinquei. Jane estendeu a mão para mim e entrelaçamos os dedos.

—Não, não seria perfeito. Não vamos abusar da sanidade do seu pai.

Foi a minha vez de fazer uma careta, ela tinha razão.

Então a minha melhor amiga teria um bebê, o último ano do colegial nunca pareceu tão cheio de eventos decisivos.

Eu realmente tinha gostado dos pais de Isabella, e me peguei triste quando eles disseram que iriam embora, apenas quatro dias depois de chegarem. Por mim eles passariam a morar na casa do meu pai. Renée era faladeira e divertida, muito mais jovem que Bella na mente, tínhamos vários assuntos em comum. E Charlie era… eu não consegui uma palavra para definir o pai da minha madrasta.  

Ele era observador, não de uma forma crítica, apenas observador. A presença dele não nos deixava intimidada ou pouco à vontade. Claro que toda a minha opinião sobre ele estava firmada no momento em que ele veio até mim no jardim para conversar.

Talvez eu tenha ficado levemente amedrontada com a presença do chefe Swan naquele momento. Eu estava na espreguiçadeira, lendo alguns capítulos do novo livro de Isabella, que ela tinha permitido que eu lesse o rascunho dos rascunhos porque, segundo ela, eu era uma enferma muito boazinha.

Charlie Swan se sentou na espreguiçadeira ao meu lado a fazendo ranger.

—Isso é diferente. - Ele disse. -Uma casa enorme dessas, parece um hotel. 

—Os empregados dão toda uma sensação dessas, não? - Comentei. Devia ser diferente para ele, mas eu havia crescido assim. Apenas mais um dia na minha vida.

—Nem me fale. -ele fez uma careta muito parecida com a que Bella fazia as vezes. Na maioria das vezes. - Uma senhora pareceu ficar muito brava quando entrou em nosso quarto e viu que Renée e eu tínhamos arrumado a cama.

—Maria. - Adivinhei. Como minha mãe e eu estávamos ficando na casa do meu pai, Maria tinha sido incluída no quadro de funcionários dele.

—Ela disse algo em espanhol que pareceu um palavrão. - Ele disse rindo.

—Não deve ter sido, ela não fala essas coisas. -Ri junto com ele. -Ela ama cuidar da gente, apenas isso. Permita que Maria o mime, aproveite.

Charlie não me respondeu, mas relaxei no meu lugar, mesmo abandonando a leitura.

—Você está bem, criança? - Perguntou.

—Eu? sim estou. 

—Bella me contou seu problema no coração.

—Prolapso da válvula mitral. - sussurrei. Eu tinha que tomar alguns remédios agora, e Charlie parecia compartilhar isso comigo. Talvez a minha simpatia por ele viesse disso.

—Como está com tudo isso?

—Olha, o menor dos meus problemas é o meu coração fraco, sabe. -Arregalei os olhos para ele de brincadeira e ele sorriu.- Então acho que está tudo bem sobre isso.

—Isso é bom. -Quando eu descobri o meu, eu estava no auge da vida de policial, tinha passado nas provas para virar agente do FBI.

—Uau. - Olhei para Charlie com mais atenção agora. 

—Descobri durante os exames médicos. 

—Deve ter sido horrível.

—Foi, mas me possibilitou coisas que se eu tivesse me mudado para Seattle, não teria tido.

—Tipo o que?

—A minha família. Ver minha filha crescer e ser parte da sua vida, o trabalho de um policial de cidade grande pode ser muito…

—Trabalhoso? - Ajudei.

—Isso.

Rimos juntos.

—Você e Renée fizeram um bom trabalho com Isabella, ela é ótima. 

—Ela é uma garota de ouro. - A voz foi carregada de emoção ao falar da filha. Me senti um pouco impelida a pedir desculpas para Charlie pela forma como tratei sua filha no passado, mas me controlei.

—Você também é. Não se deixe enganar. - Disse rude, entendi que falar de sentimentos deixava Charlie Swan desconfortável. 

—Obrigado, Charlie. 

—Eu queria te pedir um favor. - Ele me olhou sério. 

Me preparei.

—A minha filha está aqui agora, construindo uma vida, uma família… e eu queria contar com a sua ajuda para fazer Bella se lembrar sempre que ela é uma mulher incrível. Ela é um pouco insegura.

Ah, isso?

—Eu sei. -Contei. Mas qual de nós não somos? Por mais que saibamos que somos boas em algo, basta um gesto, uma palavras, as vezes e destrói toda a confiança que construímos. 

E eu não tinha ajuda em nada no passado. Não com Bella.

De repente entendi todo o ponto de Charlie, ele era um pai, assim como o meu pai. Preocupado com a filha que morava do outro lado do país com um namorado que acabou de conhecer. convivendo com a vida dele, com a família dele, longe da sua. Da sua casa, de sua segurança…

por um momento perdi o fôlego ao me colocar no lugar de Isabella.

Eu daria conta?

Se eu fosse Isabella, como daria conta? 

—Bella foi a melhor coisa que aconteceu na vida do meu pai. - Sussurrei mais para mim mesma, mas Charlie podia me ouvir. 

—Ela o ama muito. -Ele disse.

—E ele a ama, eu tenho certeza. - Confirmei. -Charlie, não se preocupe com Bella, ela é uma de nós agora. - Afirmei. -Ela está na casa dela aqui, entre os delas. 

Charlie me lançou um sorriso, do tipo que deixa pés de galinha nos cantinhos dos olhos e eu retribui. Minha família pareceu tão maravilhosamente grande.

Os dias se passaram e dezembro me olhou na cara. A repercussão do meu vídeo foi maior do que esperava, eu tinha ganhado mais seguidores que compartilhavam suas histórias, e eu me sentia bem com a repercussão positiva, meninas da minha escola que antes nem me olhavam na cara, estavam me mandando mensagem dizendo que me entendiam, compartilhavam seus medos e receios, e me enchiam de carinho virtual. Quantas vezes, nós meninas, perdemos tempo com competições ridículas entre nós? Quantas amizades poderíamos ter se nós, nos olharmos com olhos mais… simpáticos, pelo menos? Sem a nuvem da competição. 

Quando contei a Bella sobre aquilo, ela concordou comigo, também me contou sobre sua época na escola, e como era atormentada por uma Lauren.

—Ela fazia a escola ser péssima! - estremeceu.

—Ninguém merece. - Revirei os olhos. -Em pensar que eu posso ter sido assim para alguém…

—Além de mim? - Ela me olhou cética.

—Agora somos amigas, Bella! - Reclamei e ela riu. Eu gostava desses momentos com Bella, Jane estava de volta a própria casa, os pais já sabiam da gravidez e pelo o que Jane disse, a casa agora parecia mais fria que uma cripta. Tudo o que Aro Volturi disse para filha foi: ‘você não vai deixar seus planos de estudo por causa disso.’’. Jane, apenas assentiu, não discutiu.

‘’Sabe, Ness, eu desisti dos meus pais. Assim que der Seth e eu vamos ter nossa casa, e eu não sei se vou querer ver Aro e Sulpicia de novo.’’ Ela tinha me dito em uma video chamada. Minha mãe passava mesmo a maior parte do tempo comigo agora, hoje ela estava resolvendo questões burocráticas, como ela mesma disse, meu pai tinha saído com Jasper para resolver coisas, que ele não falou para mim ou Isabella, então estávamos as duas sem muito o que fazer em casa. 

Além de eu enchê-la sobre o livro.

—Eu já te dei o rascunho dos rascunhos para ler, não sei mais o que posso fazer por você. - Ela disse. Estávamos jogadas no sofá da sala, cada uma em um.

—Poderia me colocar no livro, de preferência como protagonista. - Pisquei para ela e ela riu.

—Isso não vai acontecer.

—Então escreva uma cena muito quente de sexo entre a Samantha e o…

Não mesmo! Não é esse tipo de livro. -Ela realmente corou.

—O que impede de ser?

—A faixa etária dos meus leitores?!

—Ah isso não é nada. - Revirei os olhos.

—Ok, chega desse assunto. - Ela bufou e tentou prestar atenção na série que passava na TV. 

—Ai Bella, Bella. -murmurei. Desbloqueei meu celular, o número de notificações chamou um pouco a minha atenção. 

A maioria vinha do Instagram. Fiquei com medo de ver, abri minhas mensagens, cheia também. Bree havia me mandado um vídeo. 

Bree: Apenas assista, e não surte.

O que tinha rolado agora? Dei play no vídeo.

Era Jacob. 

Ele tinha um olhar cansado e um pouco assustado. 

Tinha sido gravado em selfie, estava bem próximo ao rosto dele, e ele tinha chorado. Não o choro fingido e preso, ele tinha os olhos vermelhos e úmidos.

E estava pedindo desculpas. 

A mim.

E confessando o caso dos abusos no clube!

—Ai meu pai. - sussurrei em choque.

—O que foi? - Bella perguntou.

—Acho que estamos em um universo paralelo. Olha isso. -A chemi para meu lado. Ela se levantou num pulo, e se jogou ao meu lado. Voltei o vídeo para que ela pudesse ver do começo.

‘’Eu preciso me desculpar. Esses dias foram decisivos na minha vida para que eu percebesse que venho cometendo alguns erros, muitos, muitos erros na verdade. E eu decidi que se quero mudar de vida, preciso primeiro me desculpar, reconhecer meus erros, ser perdoado por eles. Eu estou abrindo meu coração para vocês nesse vídeo. 

Ele fechou os olhos, fazendo uma pausa dramática.

Quando a minha ex namorada, Renesmee Cullen, esteve entre a vida e a morte, tudo ficou muito claro para mim, todo… sofrimento que eu infringi a ela, e possa ter ajudado a agravar o seu quadro. Eu a traí. Eu a conduzi a fazer coisas, que ela talvez não fizesse sem a minha insistência. Eu estou começando a notar a minha masculinidade tóxica.’’

—Ah tá. - Bella bufou ao meu lado.

‘’Eu estou gravando esse vídeo para que chegue a ela, porque, no nosso termino, a mãe dela conseguiu um mandado de restrição contra mim. Então eu não posso me aproximar duzentos metros dela, ou coisa assim. Renesmee, eu sinto muito por tudo. Mas eu realmente amei você.’’

—Ah tá. -Foi a minha vez de falar.

‘’Me perdoe, do fundo do meu coração. Eu sinto muito mesmo, por tudo de mal que te fiz. Mas eu serei melhor, prometo. Espero que um dia a gente possa ser amigos de novo.’’

—Vai sonhando. - sussurrei.

‘’Eu quero que vocês saibam também que me coloquei à disposição da polícia sobre as acusações de violência sexual no clube, eu posso confirmar pelo menos quatro delas. Eu sabia, eu não participei, mas permiti que acontecesse. Eu sinto muito, as mulheres que foram machucadas lá, e a todas as mulheres do mundo. O que depender de mim, todos os culpados serão punidos.’’ 

Jacob começou a citar o nome dos envolvidos, dois irmãos dele, segundo ele eram culpados pelo estupro de uma garota. 

Ele não disse o nome da garota, mas deixou claro que ela tinha que procurar a polícia e denunciar, ele tinha as filmagens que confirmariam tudo.

—Que nojentos. - Bella estava chorando.

—Ele queria que eu trabalhasse lá. - sussurrei, minha voz tremendo. Percebi que estava chorando quando uma lagrima caiu na tela do celular. Bella o tirou das minhas mãos. - Ele queria que eu participasse disso. Que visse o que acontecia com essas mulheres e ficasse calada? 

—Você nunca participaria disso. - Ela disse firme. 

—Isso é tão horrível. Como eu pude… me envolver com ele? Dormir com ele…

—Shi… não se culpe. Você não sabia, não tinha como saber…

—Eu fui muito idiota! - Minha respiração aumentou, eu chorava compulsivamente agora.

—Não, não foi. Ele parecia o cara perfeito, nada disso foi culpa sua! Renesmee, você denunciou aquele lugar. Se nunca tivesse entrado lá, talvez nunca seria descoberto esse esquema de caras ricos e poderosos! Graças a você, Jacob está falando publicamente sobre isso, mulheres que não tiveram coragem de denunciar, terão agora. Olha para mim! - Ela falou mais alto segurando meu rosto. -Eles serão punidos.

—Eles serão punidos. - Repeti.

—Serão. - ela ecoou.

Ficamos em silêncio, meu pai chegou em casa junto com a minha mãe, e eles encontraram nós duas naquele abraço no sofá. Pela cara dos dois, eles sabiam o que tinha se passado para eu e Bella estarmos aos prantos, logo me perguntei qual era a participação dos meus pais naquele vídeo.

Jacob até poderia querer mudar de verdade, mas gravar um vídeo daqueles, claramente um desafio ao seu pai e irmãos mais velhos, não seria feito sem uma pressão externa muito grande.  

 


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Notas finais do capítulo

Vejo vcs nos comentário, twitter: @missthayy instagram: @pensamentodathayy