Renesmee.

Antes do eventos do fim de semana.

*Jantar na casa de Sasha*

—Não acredito que você me obrigou a assim. - Maggie sublinhou para mim através dos dentes trincados.

—Seus pais estão aqui, acho que sua mãe a teria obrigado de qualquer forma. - A lembrei com tranquilidade.

—Mas ninguém teria obrigado a mim. - Paul deu uma piscadinha do outro lado da sala, prestava bastante atenção a nossa conversa. Na verdade eu achava que ele prestava bastante atenção a Maggie e tudo relacionado a ela, mas… o que eu sabia?

—Eu obriguei. - Ela disse desafiadora, seu humor ficando mais divertido.

—Vamos ouvir, jantar e cair fora. - Sam concluiu.

—Ela terá que vir com um pedido de desculpas. - Irina olhou para a filha.

—Sua mãe? Nunca. - Tio Laurent disse divertido, bebericando de sua taça de champanhe.

Tanya parecia presa ao celular, a testa franzida parecia preocupada. 

Me levantei dando os poucos passos necessários até ela.

—Algum problema, mãe? - perguntei em voz baixa. Ela pareceu sobressaltada por um momento, depois sorriu para mim, se queria me acalmar com aquele sorriso, ele teve o efeito contrário já que parecia tão nervoso.

—Problemas com um cliente, nada que precise se preocupar. Onde será que está sua avó?

—Uma de vocês deveria subir e ver. -Falei mais alto para que minhas tias ouvissem.

—Desculpem a demora, fiquei até tarde na empresa. - Sasha apareceu no alto da escada com um vestido longo vermelho, mais apropriada para um jantar beneficente do que um em família.

—Todos nós temos trabalho e nem por isso no atrasamos. -Tia Kate disse ironicamente. Seus filhos deram risadinhas.

Vovó deu um sorriso duro para a filha.

—Katherina como sempre dramática. 

—Minha veia para o drama veio de você, tenho certeza.

—Não… deve ser do seu pai.

A expressão de tia Kate nublou-se.

—Não fale do meu pai!

—Ah, Katerina, sem drama! Seu pai se esqueceu que tinha filhos quando se casou de novo!

Tia Kate recusou como se a mãe a tivesse batido. Não disse mais nada.

—É bom ver meus netos. - Ela olhou um por um.

—Nenhum deles está muito a vontade de estar aqui essa noite. - Para minha surpresa foi minha mãe quem disse essas palavras. 

—Tanya, nós ainda iremos conversar sobre o processo que você começou…

—Agora não mamãe! - Minha mãe pareceu nervosa.

—O que foi? - A perguntei.

—Nada, querida. - Ela afagou meu braço.

—Ah, então não contou a ela? Chega de segredos, Tanya. Sua mãe e o seu pai decidiram processar o doutor Vladimir. Pobre homem!

—E quão foi a minha surpresa ao descobrir que o doutor Vladimir e o doutor Stefan Romani na verdade são a mesma pessoa!

—Não entendi. - Falei séria olhando as mulheres na minha frente.

Sasha respirou fundo como se estivesse muito cansada. 

—Conheço o doutor Stefan por toda a minha. Ele precisou trocar de nome por causa de… alguns processos que sofreu.

—Ele é foragido da justiça. - Tanya disse cruzando os braços e todos arfamos.

—Deixou que um bandido mexesse com a minha cabeça?

—Ele é o melhor na área dela, querida. - Sasha falou como se não fosse nada demais, como quem diz ‘’essa cortina é azul royal.’’

—Eu nem sei o que vim fazer aqui.

—É inacreditável mesmo. - Maggie comentou.

—O doutor Vladimir não é o assunto da noite.

—Então porque estamos aqui, mamãe? - Tia Irina parecia cansada.

—Podemos jantar primeiro? 

—Eu não quero jantar você. - Sam disse em voz baixa, mas todos pareciam prestar atenção nele. Ele parecia… não sei descrever, sério e grave, contudo ao mesmo tempo triste. Olhava em direção a Sasha como se apenas os dois estivessem ali.

—Não sei porque nos quer em sua casa. Dois nativos americanos, dois negros… o que quer de nós? Sabemos que apenas Renesmee a senhora considera como neta.

Talvez as habilidades de teatro herdadas por tia Kate fossem mesmo de vovó, pois ela parecia arrasada agora, como se sentisse uma cólica fatal.

—Sam… você sempre foi e sempre será meu neto!

—Eu não acredito nisso. - Ele bufou. -Ninguém acredita. Seu racismo é nítido. 

—Acho que terá de ser antes de uma refeição tranquila. - Ela parecia ter falado consigo mesma. -Por favor, sentem-se todos.  

Tanya me puxou para o sofá, me sentei de volta ao lado de Maggie, minha mãe se sentou com suas irmãs do outro lado. Sasha se sentou num estofado bem na ponta de modo de todos podíamos olhar para ela.

—Quando Katarina me trouxe vocês, eu me revoltei com ela. Não entendia porque minha filha perfeitamente normal, perfeitamente saudável preferia adotar crianças a ter suas próprias. Além disso ela me trouxe dois rapazes peculiares. Eu me ressenti de minha filha, não vou negar.

Não houve nenhum som na sala, todos esperávamos por aquilo.

—Eu sou uma Danali, uma linhagem pura, imaculada, vocês conseguem entender? Como eu poderia explicar meus netos tão… morenos? O coração bondoso da minha filha, que a fez adotar dois irmãos. A história era boa, deu certo e eu aprendi a amar vocês dois.

—Nunca foi uma história, mamãe. - Tia Kate a interrompeu com o rosto vermelho, lágrimas prestes a transbordarem. - Adotei Sam e Paul porque os amei quando os vi, senti que eram meus! 

—Eu não posso entender esse tipo de sentimento, Kate. Sentir que uma criança que não saiu de você é sua, mas eu respeito, sempre respeitei.

Tia Kate bufou desviando o olhar. 

—Mamãe, se a senhora quer nos pedir desculpas por alguma coisa… não está sendo muito boa nisso. - Tia Irina foi dura.

—Não pensei em me desculpar com vocês, apenas informá-los da situação para que estejam preparados pelos próximos… meses. 

—Senhora Danali, seja mais direta então. - Tio Laurent foi firme. 

—Obrigado, Laurent, sempre foi muito astuto. - Ela assentiu para ele. - A empresa será fechada para investigações nos próximos dias.

—O que?! - Eu não sei quem gritou, talvez eu tivesse sido uma das pessoas a gritar.

—Alguns dos nossos testes em humanos foi vazado, e logo estará em todos os meios de comunicação, por mais que a polícia esteja conseguindo até o momento lidar com tudo.

—Como assim ‘’testes em humanos’’? - Tanya a perguntou.

—Cura para doenças Tanya. Temos que testar medicamentos em humanos, nunca confiei em teste com animais, temos uma fisiologia muito diferente! - Ela parecia ultrajada com a ideia. 

—Aposto que tem um laboratório sinistro na África, onde faz testes em negros. - Foi a primeira vez que Maggie disse algo desde que Sasha apareceu.

—Não sou o monstro que você pensa Maggie.

—Tanto faz. Era só isso?

—Não.

—Mamãe… o que isso significa? por que está sendo investigada? - Tanya estava no modo advogada.

Sasha começou a relatar como ocorrem os testes da farmacêutica, e ficou claro que eles se aproveitam de pessoas em estado vulnerável para terem o consentimento delas para os testes. 

—Nunca testamos drogas em animais, sempre diretamente em humanos, por isso temos os melhores resultados e nossos cientistas são os melhores.

—Isso é horrível. -Tia Kate comentou.

—São pessoas que receberam diagnósticos terminais ou… precisam muito do dinheiro. Isso possibilitou a nossa família chegar tão longe ao longo dos anos. 

—Como isso vai nos afetar? - Paul perguntou.

—Você principalmente por trabalhar comigo. A mídia vai cair em cima de nós, e a polícia vai querer o depoimento de vocês.

—Não sabemos de nada disso, além do Paul ninguém aqui trabalha lá. - Tanya deu ombros.

—Verdade. Contudo, ainda é o nome de vocês. 

—Eu tenho o ‘’Cullen’’. - Respirei aliviada.

—Tem mais. - Tio Laurent olhava sério ainda para Sasha.

—Sim, meu caro. Há mais. 

Mais alguns minutos de silêncio.

—Estou com um neuroblastoma em estágio quatro. Decidi que vou fazer quantas cirurgias forem preciso para viver, mas as chances são baixas.

silêncio.

Todos pareciam meio chocados e perdidos. 

Olhei para Maggie ao meu lado buscando uma reação, algo para me espelhar.

Ela agora fitava nossa avó, seus olhos… ela lutava para não permitir que as lágrimas caíssem.

—Mamãe… isso é… - tia Kate tentou falar.

—Sem sentimentalismo, Katarina. Estou contando isso porque vocês podem vir a ter algum tipo de câncer… certifiquem-se de manterem seus exames dia.

—Há quanto tempo sabe disso? - Mamãe parecia a menos abalada.

—Alguns dias. Foi uma doença muito silenciosa.

Eu não sei o que se espera de uma família quando a matriarca diz que está com um câncer que vai matá-la. Talvez desespero e lágrimas, correto?

Naquela família, pareceu que a grande mansão dos Danali ficou mais fria, e o silêncio maior, porém todos ficaram para o jantar.

Vovó fez muitas perguntas a Maggie sobre sua vida, faculdade e trabalho. Elogiou sua roupa a perguntou se ela teria interesse em ir a um evento de modo no fim de semana com ela. Maggie aceitou, as duas se falavam de forma contida. No fim da noite eu vi Sasha chamar tio Laurent no canto, não pude ouvir o que diziam, mas meu tia parecia surpreso. Colocou uma mão no ombro dela e assentiu uma vez. Seja lá o que aquilo significava, a fez dar um sorriso.

O combinado era Tanya me deixar na casa do meu pai naquela noite, mas eu preferi ficar com ela. Seguimos em silêncio para o seu apartamento, nos preparamos para dormir. depois de ter posto meu pijama e feito meu ritual de beleza da noite, segui para o quarto da minha mãe e encontrei encolhida na cama por cima das cobertas. Seu rosto não trazia qualquer emoção. Puxei o cobertor, fiz com que ela deitasse por debaixo dele e meu juntei a ela a abraçando.

Eu não sabia o que dizer.

—Obrigado por estar aqui, filha. -Ela disse me abraçando de volta.

—Eu amo você. - Sussurrei.

—Eu também amo você.

Tanya cantou uma canção em russo, que eu me lembrava vagamente dela cantar para mim na infância. Adormeci embalada pela sua voz. 

…

*Tempo presente*

Los Angeles, CA.

—Está feliz pelo seu pai e a Iza? - Bree me perguntou.

—É uma péssima hora para você falar do meu pai e da Isabella. - Rebati. E era mesmo, estamos a um passo de adentramos a arena do show.

—Não sabia que tinha hora certa. - Se desculpou.

— Pois saiba que existe, hora e lugar certo. Mas como eu sou uma boa amiga, vou te responder. Acho ótimo, eu não suportaria a melancolia do meu pai nem por mais um dia!

—Então agora gostamos dela? - Ela me olhou divertida.

—Nunca desgostamos dela. -Dei de ombros seguindo as pessoas pela entrada da área vip.

—Você é tão debochada, Nessie! - Ela riu.

—Ei, não seja má com a minha baby. -Jacob surgiu ao nosso lado passando um braço pelos meus ombros e depositando um beijo no meu rosto.

—Sua baby é minha melhor amiga a muito mais tempo do que é sua namorada, então apenas não se meta entre nós!

Bree disse aquilo rápido, com raiva e se afastou de nós, para perto de Jane e Seth que pegavam comida.

—Credo, isso é TPM? - Ele disse me olhando exasperado.

revirei os olhos.

—Quando uma garota é grossa com você não quer dizer que ela esteja de TPM, pode ser apenas porque você foi um babaca. - Avisei pegando de sua mão o copo de refrigerante que ele tinha.

—Baby, não tem porque agir assim comigo por causa da anã mentirosa. - Ele falou mais grosso.

—E você não se meta entre mim e minhas amigas.

—Só estava tentando proteger você! - Ele ergueu as mãos no ar de forma exasperada, pelo seu tom, gesto e tamanho, atraiu um pouco de atenção.

—Não preciso de proteção, Jacob! -Falei mais alto. - Quer saber? Vamos nos afastar um pouco, ok? Tem horas que você me sufoca.

Dito isto me afastei pelo para os banheiros, aquilo era verdade, tinha horas que Jacob era sufocante! E intrometido ao extremo!

O banheiro da área vip estava com todas as cabines cheias, tive que aguardar do lado de fora, próximo ao lavabo, aproveitei para conferir meu look, tudo ok, apesar de eu não ter conseguido me arrumar com toda a privacidade e tempo que eu gostava. Postei uma foto no meus stories, clássica no banheiro.

Colocou o celular na parte detrás do short, mas ele vibrou sinalizando uma notificação, o peguei sorrindo imediatamente ao ver que Alec havia respondido a minha foto.

Começou a diversão?

Sorri ao digitar uma resposta rápida.

Logo que chegamos em L.A 

Coloquei uma carinha feliz.

E o seu pai e a namorada?

Parecem bem, chegamos ao apartamento dela logo após os dois terem transado. 

Completei minha explicação com uma carinha de vômito.

Alec mandou uma rindo.

Então ficaram no apartamento dela?

Sim, ela foi muito… legal com tudo. Também a pedi desculpas pelas coisas que aconteceram. Antes.

Eu tinha me encostado a parede mais distante, de modo que quem saísse das cabines não esbarrasse em mim

Sério? estou muito orgulhoso de você! Precisamos comemorar!

Sério Alec? Você quer comemorar?

Por comemorar você quer dizer um café naquele pub estranho que você frequenta?

Primeiro: Ele não é nada estranho. Segundo: você poderia escolher o lugar.

O que é isso? meu intestino acaba de se contorcer? Alec Volturi está me chamando para sair e eu posso escolher o que faremos?!

Eu sempre encontro Alec no café que eu brinco o chamando de pub, ou na casa de Jane. É muito fácil falar com ele, ser eu mesma. Contar até mesmo o pior sobre mim. Por isso ele sabia sobre Isabella e, e em parte era o culpado por eu querer pedir desculpas a ela. 

Agora, sair para comemorar? Eu não fazia ideia de onde levar alguém como Alec!

Ok, Renesmee, não surte!

Ok, vou pensar em algo grandioso.

Mal posso esperar!

Caramba, Renesmee! você tem demência?! Preciso surpreender Alec agora e não faço ideia de como!

—Ótimo, simplesmente maravilhoso!

Resmunguei, colocando o celular de volta no bolso, me ocupei de entrar em uma das cabines vazias.

…

—Onde você se meteu?! O show já vai começar! - Jane me repreendeu quando surgir ao seu lado. Jacob estava mexendo no celular com um copo de cerveja na mão.

—Precisava ir ao banheiro e estava lotado. - Me justifiquei, eu iria precisar da ajuda dela para surpreender Alec, mas ali não era o melhor lugar para tratarmos disso, primeiro porque Jane não estaria prestando atenção e segundo… meu namorado está a poucos passos de distância. 

Peguei meu celular para tirar uma foto do palco e vi que tinha outra mensagem de Alec. 

Acatei a sua ordem e estou ouvindo a banda, realmente eles são muito bons. Meio pop demais para o meu gosto, mas… serve.

Por que meu coração estava batendo tão ridiculamente rápido depois de ler essa mensagem nada a ver?!

Ache algum link para você assistir ao show de hoje, pode matar a saudades da sua irmã.

Nah… mas farei isso, quem sabe posso ver você?

Sim, sim, sim! Ele está flertando comigo!

—Ai meu Deus é agora! - Jane gritou e pulou chacoalhando meu braço fazendo meu celular cair. Jacob estava ao nosso lado em um instante pegando o aparelho do chão. 

Estendi a mão para pegá-lo de volta, mas ele recolheu o guardando no bolso.

—Que tal aproveitar ao show? - Ele gritou porque o barulho a nossa volta começava a ficar ensurdecedor. 

—Vou guardá-lo. -Prometi. Ele sacudiu a cabeça para mim, guardando o meu celular no bolso da calça jeans.

—Jacob…

—Nessie, são eles! - Bree me puxou para o seu lado, apontando freneticamente para o palco. Ok, não vou arrumar briga agora, melhor curtir o momento com minhas amigas. 

Fiz o meu melhor para manter distância do meu namorado durante o show, mas ele parecia decidido a se desculpar pelo nosso desentendimento de mais cedo, me abraçando pela cintura - eu tentando empurrá-lo de forma mais delicada possível -, beijando meu pescoço, me oferecendo água, filmando e tirando fotos nossas com o seu celular. Jacob tinha momentos tão fofos e delicados que era difícil ficar chateada com ele por muito tempo, e pior eu que estava sendo injusta com ele naquela história toda, ao fazer planos com Alec, meu… amigo. Sim, Alec era meu amigo, mas eu… sentia algo além de uma amizade por ele. Era muito diferente da forma como me sentia com Seth por exemplo.

Ai, por que as coisas tinham que se complicar quando pareciam que iriam se ajeitar?!

O show do Imagine Dragons foi perfeito, e nós fizemos fila junto de outras pessoas do vip para tirar fotos com eles ao fim do show. Jane quase desmaiou quando foi a nossa vez, mas Seth manteve um braço firme na sua cintura. Bree parecia feliz, mas contida, e eu estava perfeitamente controlada. Vamos lá, são apenas pessoas famosas, que fazem músicas que eu amo e…

—Pensei que você iria vomitar quando o Dan Reynolds Passou o braço pelos seus ombros para a foto! - Seth disse olhando diretamente para mim no carro de volta para o apartamento da Isabella.

—Como? Desculpe, Seth, mas quem estava passando mal e babando por cada membro da banda foi a sua namorada! - Fiz bico cruzando os braços sobre o peito e sentindo meu rosto queimar.

—Sim, eu sei e esperava por isso. Mas a senhorita foi a grande estrela da noite, toda composta e de repente… parecia que tinham roubada sua voz, seu rosto estava mais vermelho que seu cabelo! -Ele riu de modo nojento e ridículo.

—Desculpe, Baby, mas o Seth tem razão. - Jacob disse e os dois bateram as mãos, num daqueles comprimentos ridículos de garotos.

—Quer saber? Vocês dois não entendem de nada! Eu apenas admiro o Dan, as músicas dele são… incríveis. Agora, Jacob pode devolver meu celular?

—Nervosinha como sempre. - Ele resmungou, deu um beijo na ponta do meu nariz mas estendeu o aparelho para mim. - A Propósito, qual a senha do seu celular?

—Hi… lá vem ele querer saber até suas senhas. - Bree arqueou as sobrancelhas, sem tirar a atenção do seu próprio celular onde devia estar falando com Diego.

—E qual o problema? Eu sei a senha do celular da Janezinha. - Seth disse. A Janezinha estava com a cabeça encostada no vidro do carro, sorrindo como uma boba e com o olhar sonhador, alheia a nós.

—Isso é ‘’Ok’’, Seth se acontece forma natural. Não quando a pessoa te pede como se fosse sua obrigação passar.

—Quem não deve, não teme, Bree. - Jacob a disse. - Mas não espero que alguém como você entenda isso.

—Alguém como eu? - Bree estreitou os olhos para ela.

—Mentirosa como você. - Ele sussurrou.

—Escuta aqui seu…

—Tudo bem, vocês dois, chega. Bree senta direito, Jacob não quis ofender.

—Eu quis sim. - Ele me contradisse.

—Chega, Jacob. Eu não sei a senha do celular, sempre uso a digital. - Menti descaradamente. -Outra hora vemos isso, ok? Eu to muito cansada, queria um banho de banheira… talvez deveríamos ver um hotel pela noite.

—Pra que? Vamos embora amanhã. - Seth comentou.

—Não vamos não, amanhã é a festa de encerramento das filmagens. - O lembrei.

—Eu não vou perder isso por nada! - Jane pareceu acordar com a perspectiva de conhecer o elenco do filme. 

—Eu não sei se aguento outra noite naquela loucura, além do mais, papai e Isabella precisam de um pouco de privacidade.

—Ah que linda a minha amiga! Toda fofa apoiando o namoro do pai! -Jane piscou para mim com um sorriso enorme. Fiz uma careta.

 - O que não tem remédio…  murmurei o velho ditado, mas ninguém o completou.

De qualquer forma acabamos ficando na casa de Isabella, com a preguiça que estávamos de ir para outro lugar. 

Minha tia, meu pai e isabella estavam numa festinha particular, tinham pedido comida italiana para todos imaginando que chegaríamos com fome, e riam e conversavam alto, vi duas garrafas de vinho, uma vazia e outra pela metade. Isabella estava totalmente encostada no meu pai, que a abraçava de forma confortável. A visão dos dois juntos não fez o meu estômago revirar como já havia sido o caso, eu me senti… conformada. 

Como a minha psicóloga havia me dito ‘’seu pai poderia estar com alguém muito pior, alguém que não aceitasse você. Que tentasse mudá-lo. Mas essa mulher… ela fez isso alguma vez? Aproveite a felicidade do seu pai, faça a felicidade dele a sua também.’’

Ele parecia muito feliz com ela. Eu devia ficar feliz também, nem que tivesse que forçar essa felicidade.

…

—Baby, parece que você está me evitando. - Jacob jogou aquilo quando estávamos na calçada da casa de Isabella esperando a limousine que nos levaria até o tal lugar da festa.

—Está inventando isso, Jake. -Falei séria.

—Não estou, sabe disso. Você passa mais tempo com esse celular do que tudo!

—Impressão sua. E você faz a mesma coisa! - Revirei os olhos e dei uns passos para me afastar dele, ele segurou meu braço.

—Me solta, Jacob!

—Eu estou jogando e você? Sei que está falando com alguém! Não sou nenhum trouxa seu! 

Por uma fração de segundo eu tive medo do jeito como ele me olhou, mas me recompus.

—Você está me machucando!

Ele afrouxou o aperto.

—Desculpe, Baby. É que… tenho muito medo de perder você. Você é muito especial para mim. - ele ficou todo doce, segurando meu rosto fazendo um carinho em minhas bochechas com os polegares. Relaxei um pouco, até porque ele tinha razão, eu estava conversando com Alec.

—Confie em mim, ok? -Pedi segurando seu rosto também, me estiquei um pouco para beijá-lo, movida pela culpa. Ele veio até aqui por mim e eu estava traçando um plano para terminar com ele. O beijo era para ser bem calmo, mas Jacob me puxou pela cintura empurrando sua língua dentro da minha boca, até que meu pai nos encontrou.

—Tire suas mãos da minha filha! - Ele reclamou e nos afastamos.

—Desculpe sogrão.

—Desculpe pai. -Eu estava morta de vergonha.

—Memos mãos, por favor. - Meu pai suspirou.

—Deixe os jovens, Edward. - Tia Rosalie vinha logo atrás dele. 

—Eu não ligo para os ‘’jovens’’ só para a minha filha. - Papai resmungou. Isabella apareceu com um vestido branco bem curto de mangas, a maquiagem perfeita que eu tinha feito deixavam seus olhos em destaque. Jane, Bree e Seth apareceram em seguida.

—Você está deslumbrante. - Papai pegou a mão de Isabella beijando as costas, ela corou um pouco. Aquilo era… muito fofo na verdade.

Jacob me abraçou de lado beijando meus cabelos e eu não pude deixar de me sentir… incompleta.

Eu queria aquilo, o que meu pai tinha com Isabella. Eu queria acreditar que aquilo era real, e poderia ser para mim.

A limusine não demorou a chegar depois que estávamos todos ali, fizemos uma bagunça completa ali dentro e tivemos que controlar nossa risada quando chegamos ao local do evento.

A agente de Isabella, Angela Weber a tirou dos braços do meu pai alegando que ela precisava falar com muitas pessoas, ele por sua vez nem teve tempo de ficar contrariado, seus colegas de trabalho o cercaram.

E quando a nós…

tiramos fotos com todos do elenco, perseguimos os atores - alguns muito legais e outros já se achavam ganhadores de Oscar, esses últimos totalmente anônimos! - conversamos, rimos, e nos divertimos.

—Você nunca mais vai brigar com a Bella, ok? - Jane me chamou para ameaçar.

—Ok, mas por que exatamente?

—Olha o lugar que ela nos trouxe!

—Meu pai também poderia nos trazer. - A lembrei.

—Mas nunca foi de trazer, porque ele odeia esse tipo de coisa. - Ela retrucou com razão. Cruzei os braços olhando em volta a procura de Jacob que tinha desaparecido.

—Não acredito! - Jane disse olhando para o telefone.

—O que foi? - Perguntei.

—Tem essa garota, a Chelsea, que estuda com o meu irmão e com certeza é apaixonada por ele. Ela acaba de postar uma foto com ele o marcando como namorado! Alec desencalhou!

—Não pode ser! - Tirei o celular de sua mão e ela tinha razão, bem ali na tela tinha uma fota da tal garota beijando o rosto de Alec com a legenda. ‘’Meu namoradinho lindo’’.

—Não pode ser. - Sublinhei. Meus olhos parecendo ficar embaçados.

—Eu totalmente concordaria com você, quer dizer, o Alec? Ele não namora garotas reais, só as dos livros. Mas essa Chelsea é como ele, então os dois devem se completar. Ah, aquela atriz ali não faz a caçadora? Eu preciso falar com ela! - Jane saiu aos pulos em sua empolgação, me deixando com seu celular. Meus olhos queriam derramar malditas lágrimas e eu não podia fazer isso ali, na frente de todos. Tentei me lembrar do caminho do jardim, que devia estar mais vazio. Esbarrei em algumas pessoas no caminho, mas consegui sair. Me sentei um banco disposto ali, mordi meus lábios tentando controlar a vontade de gritar. Alec estava namorado?! A quanto tempo?! Por que ele não tinha me dito?!

Eu não podia mandar uma mensagem para ele perguntando, seria invasivo demais, até porque a menina postou a foto no próprio instagram e eu não a seguia, como eu iria explicar aquilo? aproveitando o celular de Jane comigo pensei em mandar uma mensagem para ele.

Como Jane lidaria com aquilo?

Como irmãos se falam?

Ei seu merda! você está namorando? não, era muito parecido com o tio Emmett.

Uma garota postou uma foto com você dizendo ser sua namorada. É verdade ou você está sendo mantido refém? Era um pouco mais a cara de Jane, mas eu sabia que ela não andava falando muito com ele, talvez fosse muito informação.

Você e a Chelsea? Casal bonito. Ah, não isso era eu cheia de ciumes!

Vamos Renesmee, Jane é sua melhor amiga! Como ela falaria sobre isso com o irmão?

Fechei os olhos tentando me concentrar, não me ajudou, só acabei chorando mesmo.

—Já sei. - Levantei a cabeça.

Finalmente arrumou alguém que te ature! parabéns!

cliquei em enviar antes que me arrependesse.

para minha surpresa a resposta veio de imediato.

Estou mais surpreso do que você. Apenas isso.

Apenas isso e uma carinha com vergonha.

Alec estava namorando e eu entendi todos os sinais errados!

E pior, eu quase acabei com um namoro que tem tudo para dar certo por causa dele!

E ele nem se dignou a me dizer que estava saindo com essa menina!

Me enchi de ódio pela tal Chelsea, entrei no perfil dela vendo suas fotos. Baixinha e gordinha? sério isso, Alec? Esse era o seu tipo?

—O que você está fazendo aqui? Te procurei em todos os cantos… você tá chorando? - Bree se sentou ao meu lado.

—Não, acho que é alergia ao cigarro, esses atores fumam demais! - Reclamei virando o rosto para que ela não visse.

—Ah… eu achei que você tivesse visto…

—Visto o que? - Ela sabia que eu tinha mais do que um crush em Alec?

Bree me olhou atentamente.

—Não… você não viu, está calma demais. 

—Fala logo o que eu não vi! - Perdi a paciência.

—Jacob de amassos com uma modelo, ou sei lá o que! - Ela disse exasperada.

—Onde? - Falei bem baixo. Pronto, algo para me distrair.

—Não sei se eles ainda estão lá…

—Me leva lá. - Pedi friamente.

Bree respirou fundo se levantou, a seguimos de volta a festa a passos rápidos, contornando os convidados pelo nosso caminho. 

—Eu estava saindo do banheiros quando olhei para aquele corredor e vi ele… Nessie!

Eu segui para o corredor que ela apontou, paralelo aos banheiros, coração a mil, mãos suando. Se eu visse Jacob me traindo eu… o que faria?

Parei no caminho antes de dar o último passo que me colocaria na entrada do corredor e me permitiria ver o que quer que ele estivesse fazendo.

Eu não teria Alec. A namorada dele não iria deixá-lo tão livre para ser meu amigo. Minhas amigas estavam muito bem em seus relacionamentos, meus pais tinham a vida deles. 

E eu?

Jacob era bom para mim.

Carinhoso e atenciosos.

Eu não podia perdê-lo para uma modelo magrela!

Respirei fundo, colei minhas costas a parede e coloquei apenas minha cabeça para dentro do corredor.

Sim, ele ainda estava ali, no maior amasso com a tal modelo.

O vestido dela estava levantando, a alça tombada, eles pareciam muito… envolvidos entre beijos e afetos. Mordi a língua para não gritar. Minha raiva sendo toda voltada para meus olhos me fazendo chorar.

Corri para longe da cena, me refugiando no banheiro feminino. 

Claro que ele estava com ela.

Ela era linda. 

Longos cabelos negros, a pele morena, magra, mais alta que eu. Era tudo o que eu podia constatar aquela distância.

Coloquei o dedo na garganta, algo que não fazia a anos, afinal não comer era mais fácil.

Vomitei tudo o que haviam ingerido no dia.

—Ah amiga, não faz isso não. - Bree estava ali segurando meus cabelos.

—Ela é magra, linda, a droga de uma modelo, Bree! Claro que ele a quer, ela é perfeita!

—Ness, ela não é perfeita! Tem um nariz enorme! E é magra demais, credo! Você é linda!

—Mas Jacob prefere ela!

—Renesmee isso é um problema dele, não com você! Ele é um galinha safado! Vamos contar ao senhor C, ele vai quebrar a cara dele!

—Não! Você não pode contar ao meu pai! - A puxei para mais perto, a olhando firme. - Me jure que não vai contar a ninguém o que você viu!

—Mas… Ness, você não está pensando direito! Ele traiu você, e tem a cara de pau de…

—Não vai contar a ninguém o que viu!

—Você… está planejando uma grande vingança? - Ela deu um pequeno sorriso.

—Não Bree. - Falei cansada.

—Por que não? Ele merece sofrer!

—Eu não quero que ele me deixe, ok?! - Deixei que ela visse o pânico no meu olhar.

—Renesmee… eu não te entendo.

—Não tem que entender, apenas faça o que eu estou mandando. - Fui firme.

—Tu-tudo bem. Agora vamos voltar a festa, então? Eu… entendo     que ficou enjoada com o que viu. Mas, nada de vomitar de novo, ok?

—Me deixa sozinha um tempo.

—Não vou deixar você sozinha para vomitar. -Foi a vez dela ser firme.-Se não vier comigo agora, eu vou chamar a Jane. E contar sobre Jacob a ela e você sabe que ela não vai aceitar segredo sobre isso.

—Tudo bem. - Aceitei. Me levantei, lavei o rosto e a boca. Minha expressão estava péssima. -Vou dizer que passei mal com a comida, e vamos embora.

—OK. - Ela bufou. 

—Bree. -Ela se virou parecendo ansiosa. -Obrigada. Você… é uma ótima amiga.

—Eu estou preocupada com você.

—Não precisa, eu estou bem.

—Você não está bem. 

—Ficaria mais tranquila  se eu dissesse que estou apaixonada?

—Te internaria. - Respondeu.

Minha cara fez todo o serviço por mim, deixei claro que estava debilitada demais para falar. Meu pai quis ir ao hospital, mas o convenci que era apenas uma intoxicação alimentar, que se eu fosse ao hospital eles me deixariam no soro e eu não queria isso. Se até o dia seguinte eu não melhorasse aceitaria ir.

—Está melhor, baby? - Jacob me perguntou assim que eu acordei na manhã seguinte. Como ele podia ser tão cínico?

—Sim. - sussurrei.

—Fiquei muito preocupado com você. - Ele tirou uma mecha de cabelo que caía no meu rosto.

—Imagino. -Se eu quisesse fingir que nada aconteceu eu precisava fazer isso melhor.

—Com vai minha princesa? - Papai adentrou pela porta, com sacolas nos braços, Isabella a sua frente sorriu contida para mim.

—Estou bem, com fome na verdade. - Falei para eles.

—Imaginei que estaria, compramos coisas leves para você comer. - Isabella disse. Seu tom era muito… amável. Quase com o de vovó Esme, até. 

—Obrigado, Isabella. Por me receber aqui, deixar sua cama para mim, e por tudo. - Falei num surto de gratidão. Ela pareceu surpresa, mas sorriu em resposta.

—Por nada. Vamos preparar o café da manhã Edward! - Isabella deu a volta no balcão da pequena cozinha com meu pai em seu encalço e os dois começaram a trabalhar por ali. Não vi sinal da minha tia ou dos meus amigos, mas não quis perguntar por eles.