Por Alguma Razão escrita por AfterCloudiaSan


Capítulo 4
Entre Perguntas e Duvidas




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Após a saída de Naoya da casa do irmão, pensava no trajeto para casa se ia antes até ela. Conhecendo um pouco de sua rotina, certamente estaria em casa naquele horário, talvez até mesmo jogando. Fez uma última tentativa antes de ir até ela. Ligou novamente e como esperava, apenas chamou até escutar a tradicional mensagem da voz da operadora no final.

Olhando nas redes sociais viu que a última vez que havia estado online já fazia algumas horas. Ela definitivamente estava deixando claro sua mensagem mesmo que oculta de que não queria falar com ninguém. Sentia o desânimo lhe abatendo, mas tentou manter-se firme na sua ideia. Tudo bem afinal. Ela poderia não querer falar agora, mas em algum momento iria. E caso não fizesse, construiria o momento para isso.

No dia seguinte, havia saído da faculdade direto para o trabalho. Ainda na entrada da cafeteria com a bolsa no ombro, olhou em volta do local vazio em busca de Sakuragi. Basicamente era naquele horário que ela costumava aparecer, mas até agora nada. Restava apenas esperar por notícias dela. O resto da tarde seguia seu fluxo no trabalho. Mesas e mais mesas para atender e nada daquela pessoa.

Seu horário de intervalo havia chegado. Resolveu se manter sentado em uma das cadeiras do salão próximo a janela de vidro, na vaga esperança de encontrá-la ali. Agora que se observava um pouco, devia admitir. Por que estava tão agoniado para vê-la de novo nem que fosse por alguns segundos? Relaxando o corpo na cadeira, tombou a cabeça para trás, agora encarando o teto em tom bege perdido em pensamentos em meio a sua pergunta. Não achou uma resposta exata. Tudo o que se passava na sua mente eram memórias de quando estavam juntos e dos raros momentos que ela sorria. Em outras palavras, eram razões que não se uniam em uma resposta. 

Tudo o que conseguiu foi sentir sua expressão se fechando novamente e suas pálpebras pesarem em sinal de preocupação e tristeza. Olhar para tela daquele celular ou ligar novamente, não parecia mais ser eficaz. No fim, aquela sensação de vazio não poderia piorar.

Já era hora de ir para casa, aquela sensação que o rodeava era nova até demais. Era como vazio que sentia só se estendesse a perguntas como “fiz algo de errado?” ou “o que aconteceu com ela?” achava que ia enlouquecer pelo fato de só estar focando nesses questionamentos ou no rosto que viu pela última vez. Precisava resolver isso o mais rápido que podia. Já deitado na cama, trocava mensagens no grupo privado entre seus dois amigos sobre tudo, e ao mesmo tempo nada. Bem, ele não estava prestando atenção exatamente no que se tratava a conversa de fato, até que por impulso mandou a mensagem mais fora de contexto possível

“Vocês sabem alguma coisa do Kou-kun?” aquilo havia sido seu suspiro de desespero em relação ao assunto. A resposta que teve em troca também não foi das melhores. Apenas que não tinham também notícias e que também não havia aparecido online nos jogos. Isso o fez se levantar da cama de forma mais alarmada do que achava que ficaria.

“Não está online em jogos?” pensou.

Isso fez se desesperar a ponto de trocar de roupa o mais rápido que podia e sair em disparada pela porta. Já era tarde, não era horário para aparecer na casa de ninguém teoricamente, mas aquele assunto não poderia esperar mais. Não para ele. Chegou até a casa da amiga, um apartamento onde morava com o pai. Devido ao fato de ter praticamente corrido metade do caminho, chegou no local ofegante se apoiando nos joelhos para normalizar a respiração. Outra coisa que podia pontuar ali é que precisava urgentemente colocar em práticas atividades físicas.

Já recomposto, tocou a campainha uma vez. Duas vezes. Três vezes. Simplesmente ninguém atendia. Não era possível que não tivesse ninguém em casa. Sim. Constatou que era possível.  Reparou que no canto da porta do lado esquerdo, havia um pequeno bilhete colado apenas com a mensagem “estamos em viagem”.

“Então é isso?...”

Era essa a razão para não ser atendido ou respondido? Ela havia viajado na tarde do dia anterior? Seja lá qual fosse a resposta, saber disso não o tranquilizou nem um pouco. Afinal, para onde ela havia ido? Ela voltaria, não é?  Eles iriam jogar juntos de novo, não é?  Seu corpo pedia um descanso. Um momento. Se escorando na parede escorregou até ficar sentado no chão. Talvez saber daquilo não necessariamente precisava de toda aquela comoção que estava gerando dentro de si. Mas então, como podia explicar a lágrima solitária que cruzava sua bochecha esquerda ou o vazio que o tomava? Só sabia de uma coisa, queria Kou ali mais uma vez.

Mais um final de semana havia chegado. Aparentemente tudo corria normalmente. Atendia todos com um sorriso no rosto. Servia o mesmo de sempre que seus amigos e irmão pedia e despachava o restante dos clientes. No entanto, era por trás desse sorriso que se escondia suas angústias. Já havia se passado três dias desde que havia visto a amiga novamente ou tinha alguma notícia. Não dormia direito e estava sofrendo com a tensão no corpo no outro dia. Aquilo não podia piorar.

Seu expediente só ia durar meio dia naquele sábado. Poderia pegar mais turnos como fazia para faturar um extra, mas sabia que não aguentaria como podia. Não restava outra opção a não ser ir para sua casa ou a casa do seu irmão e dormir fingindo que não havia nenhum assunto o remoendo por dentro. No entanto, na saída do trabalho já na calçada, Kensuke e Yoshiki vieram ate ele.

— Nao! Estávamos atrás de você mesmo! – falou Kensuke.

— Eh? Por que?

— Começa hoje uma feira de tecnologia naquele espaço no centro da cidade dedicados a eventos. A gente veio te buscar para ir.

“Eventos? Definitivamente não estou para isso hoje”

— Ah pessoal, é que ... não sei se to com cabeça...

— Ah Naoya. Vai ser divertido, fora a exposição de games também. A gente tem que ir.

...

Depois de muita insistência de ambos amigos, lá estava ele a caminho do centro com eles ao seu lado depois de ter passado em casa. De fato, não estava no clima para diversão, mas ficar em casa também não iria ajudar muito.

“Como se uma exposição de games não fosse me fazer lembrar dela”

Era um espaço enorme e certamente haviam centenas de pessoas, na maioria jovens. Haviam várias exposições de novos produtos tanto de marcas japonesas quanto de outros países asiáticos. Haviam também uma ala para exposição de robótica e uma área dedicada somente a novos jogos que estavam sendo lançados naquele semestre. Rapidamente seu pensamento se remeteu a como seu irmão e a cunhada iriam gostar de ver aquilo. Kensuke e Yoshiki estavam maravilhados com tantas novidades ao seu redor, diferente de Naoya que os olhava mais por insistência alheia do que por vontade própria e entusiasmo.

Aquilo só podia ser pegadinha do destino. É claro que em meio a tantos jogos iria se lembrar dela, e principalmente, quando jogaram juntos em sua casa. Era incrível como os últimos meses havia mudado. Antes os jogos não tinham nada de especial na sua vida. Era mais como um passa tempo em virtude da influência do seu irmão mais velho. Não havia nada de especial em jogar uma vez que admitia que era ruim nisso.   Mas depois de conhece-la, aquele universo pareceu o englobar criando um elo único com a Kou. Aquele também havia se tornado seu espaço. Ela havia o deixado a entrar no seu espaço. E agora simplesmente não saber o que havia acontecido o quebrava mais do que podia imaginar.

Como havia imaginado antes, poderia afirmar agora. Sim, aquilo tudo era uma pegadinha do destino. Seu corpo havia travado, e seu olhar estava mais do que preso em uma direção. Se era uma miragem ou não, ou uma alucinação da sua mente depois de uma série de questões que havia levantado, fato era que Sakuragi Kou estava bem diante de si em meio à multidão olhando alguns estandes de notebook gamers.

 


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