Shut Up! escrita por Daniela Mota


Capítulo 28
2ª Fase: Cápitulo 13 - Idiota perfeito


Notas iniciais do capítulo

Ufa, enfim acabei. O cápitulo tá grande, demorou um pouco, mas chegou.Boa leitura.



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Bella PDV



[Música: You're not sorry - Taylor Swift]



–Como assim por mim? - questionei, eu queria ouvir aquilo de novo, me fez tão bem escutar aquelas palavras. Me fez tão bem saber que eu tinha algo a ver com isso. Edward parecia um tanto confuso.

–Sabe? No inicio era engraçado tudo o que eu fazia com você, se tornou um hobbie. Aumentava meu IBOPE e o número de pessoas que me temiam, além do mais atraía mais garotas - não entendi a mudança repentina de assunto, o olhei com questionamento, ele balançou a cabeça e desviou o olhar - Começou com a picape, a ideia de pinchá-la foi da Jessica, claro que eu não removo a minha culpa, afinal fui eu quem pinchei. Eu não sabia mesmo que a picape tinha sido dada por seu pai, não sabia o quanto era rica. E não sabia que pra você era o carro mais valioso do mundo - ele falou baixinho - Nós rimos muito naquele dia, seu sofrimento me divertiu. Depois você fala que eu não sou um monstro, olha Bella que nome você titula aquele que te fazia mal e tinha prazer disso?


–Eu não sei, só acho que está pegando um pouco pesado consigo mesmo. - falei.


–Não, não estou. Você por um acaso sabe porque eu te agredir e te tranquei no armário? - neguei com a cabeça - Porque disse que não tinha medo de mim e porque disse que me amava. Era a coisa mais tola que eu tinha ouvido no dia. Você nunca havia passado uma noite comigo, nunca tinhamos ficado. O que faria você se apaixonar por mim então? Descrente de qualquer sentimento. Muitas garotas se apaixonaram por mim, mas elas sabiam que era só por uma noite, que iam acordar e eu não estaria mais lá, ao lado dela. Acontece que eu só ficava com elas uma única vez, ela lembrava disso, já eu, não me recordo do rosto de nenhuma delas. - ele revirou os olhos - Mas você... Me olhava todo dia, e eu me lembro que a única vez que me dirigi a você foi pra pegar uma caneta emprestada. E eu nem olhei pra você. O que acontece é que eu achava impossivel esse lance de olhar. Naquele dia, quando te tranquei no armário, eu sussurrei algo no seu ouvido como "tem medo de mim agora?" e você nem me respondeu, aquilo me irritou e fez daquilo o melhor dos desafios. Eu era superior a você, eu era perfeito e você era uma iludida, que perdia tempo lendo naquela biblioteca, histórias de amor que não te dariam nem um pouco de futuro. - gemi, meu conto de fadas encantado não passava de um filme de terror.

–Claro que me dariam futuro, não havia nenhum problema em sonhar com um principe encantado, desde que... - respirei fundo e sussurrei - Desde que ele não fosse você.


–Era eu, até se tornar o Jacob - ele revirou os olhos.


–Não, era você até ser idiota comigo - corrigi.


–Idiota é a forma mais carinhosa que pôde encontrar, sem dúvida. - ele riu - Está sendo um tanto boa demais comigo.


–Queria que mudassem o meu conceito sobre mim, enquanto estava em tempo - falei e ele me questionou com o olhar.


–Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Eu sempre admirei isso em você. - ele falou baixinho, a melodia da sua voz era tão pertubadora, mas era porque era extremamente bonita. Ele não sabia o que estava dizendo, se eu fosse forte não precisaria da ajuda de Jake.


–Não sou - falei.


–E teimosa também - ele acrescentou rindo, fitei seu sorriso sem pronunciar uma única palavra. Um sorriso tão idiota e ao mesmo tempo tão perfeito. Um sorriso idiota perfeito.

–Bella... - ele falou baixinho, em quase um sussurro. Não o apressei nem nada parecido, não queria exercer sobre ele nenhum tipo de pressão, queria que se abrisse sozinho, sem precisar de ajuda. - Me perdoa... - sussurrou.

–Não precisa do meu perdão pra seguir em frente - falei.

–Preciso, muito - ele falou. A verdade era que eu não sabia o que dizer, por mais que eu caprichasse nas palavras dizendo que o perdoei, por dentro eu não faria isso. - Bella, você me perdoa por tudo que eu lhe causei? Dizem que olhar nos olhos da pessoa e dizer algo é porque é verdade, eu não acreditava porque minha mãe olhava nos olhos do meu pai todo dia e dizia amá-lo.


–Algumas pessoas sabem fingir mais do que sabem amar. Mas, olha, não são todas - sussurrei - Eu ainda não aprendi a mentir com o olhar e nem quero aprender.


–Me perdoa Bella? - ele repetiu, seu olhar estava tão cabisbaixo que doeu em mim.


–Queria te perdoar por tudo, queria esquecer de todo o passado que me assombra, te assombra agora. - olhei pro teto - Eu falaria e você acreditaria, ou então eu diria um simples "não" que podia te corroer e perder toda vontade de tentar ser alguém melhor - suspirei tentando manter a voz no mesmo tom - Sabe quantas vezes você me pediu perdão? - respirei fundo - Me disse isso tantas vezes Edward, e eu acreditei em todas, e em todas eu quebrei a cara. Aqui dentro doeu muito sabia? Você não imagina o quanto, eu tentei ser indiferente. Recorrir a coisas que nunca imaginei, só pra não ser chutada junto com meus sentimentos pro lixo. - solucei - Passei noites chorando, pra conseguir ficar sem derramar nenhuma lágrima o dia todo. Eu cheguei a assumir a culpa de toda essa história, porque se eu não estivesse olhando pra você, se eu não estivesse fitando seus olhos, talvez eu não tivesse sofrendo tanto. E eu mudei, como qualquer ser humano muda, mas não do jeito que eu deveria aprender, eu fui obrigada a mudar, desacreditar em todo mundo. E encarar o mundo real. - olhei pro teto novamente - Lembra quando eu estava cuidando de você quando apanhou do seu irmão? - perguntei e ele negou com a cabeça - Eu achava que tinha apanhado por mim, mas não. Você estava com a Mary não estava? - arqueei a sobrancelha - Estava se amassando com ela no meu banheiro enquanto eu só queria cuidar de você e fazer a dor passar! Você sabe como um me senti uma tola naquele momento? "Ah, enganar a Isabella é tão fácil, ela é tão idiota! Idiota o suficiente pra acreditar em alguém que não merecia um pingo de confiança." - fiz aspas com as mãos, Edward me observava calado - E então, eu queria entrar naquele banheiro e queria te bater só pra ver se você chorava, te encher de pancada pra ver se existia algo dentro de você. Pra ver se eu conseguia achar um coração, se você derramaria uma única lágrima, a lágrima que não chegaria perto das que você fez eu derramar durante todo esse tempo! - meu tom de voz estava alto demais, passei a mão nos fios de cabelo que caiam no meu rosto com agressividade. Eu sentia raiva - Eu achei que tinha mudado, Edward. Achei que tinha se importado comigo pelo menos uma vez na vida, você não sabe o quanto aquilo me fez bem, quis cuidar de você, não por obrigação e sim por amor, a única coisa em mim que parecia viva. - uma lágrima despercebida rolou sobre meu rosto e eu nem liguei em limpá-la. - E então eu descobri que era adotada, e que todos a minha volta sabiam, menos eu. Você se aproveitou de mim, tudo que eu menos precisava naquele momento era um beijo de alguém que estava pouco ligando se eu morria ou não, você não sabe o quanto aquilo me corroeu por dentro, mas do que já estava corroído. Era inútil acreditar que você mudaria. - contar as lágrimas que rolavam sobre meu rosto era impossivel - Eu queria alguém que limpasse minhas lágrimas e não alguém que me fizesse chorar mais ainda. - fechei meus olhos para que mais lágrimas descessem, os abri e observei Edward deslizar o polegar devagar no meu rosto e limpá-las suavemente me fazendo tremer - Foi tudo que eu sempre precisei desde que meu pai foi embora - continuei falando com a voz abafada pelo choro. O polegar de Edward ainda deslizava no meu rosto, eu não queria aquele tipo de afeto. Tirei o seu dedo do meu rosto - Naquele dia eu só precisava de alguém que fosse atrás de mim e me pedisse pra ficar. Eu ficaria. Mas eu ficaria, se esse alguém fosse você.– respirei fundo encarando o nada.


–Desculpe... - sussurrou e eu fitei seus olhos pareciam entupidos de culpa. Mas tinha um brilho, lá no fundo, um lindo brilho.


–Eles têm um brilho diferente - continuei concentrada nos seus olhos - daí eu acredito que tudo que me disse é verdade, mas eu não estou dentro de você pra saber se estar arrependido de fato. Eu queria pôder acreditar em você, mas você me enganou tantas vezes, que eu acho que está mentindo, algo me força a não acreditar em tudo, como se fosse um escudo protetor do meu coração, o escudo que eu deveria ter criado antes de você ferrar com ele - sussurrei.


–Eu só queria acabar com aquilo que te faz sofrer - ele gemeu.


–Você? - sussurrei fechando os olhos.


–Sim, eu. - ele sussurrou - Mas você não deixou.


–E não vou deixar. -falei.


–É o suficiente - ele falou.


–Edward, eu não sinto ódio de você, mas eu tenho uma raiva muito grande aqui - coloquei a mão no coração e ele suspirou - Acho que você que precisa me perdoar por ser uma tola presa ao passado - ele fechou os olhos por um tempo e em seguida os abriu - que não consegue esquecer as coisas como deveria. - solucei.


–Eu não mereço nem o meu próprio perdão. Se minha mãe voltasse e me pedisse desculpas por tudo eu também não a perdoaria. Acho que palavras são insignificantes perto de nenhuma atitude. - a idéia que eu estava bloqueando alguém de ser feliz e tentar formou um bolo na minha garganta, talvez ter mentido fosse uma boa escolha, mas eu nunca faço boas escolhas. Fechei minha expressão numa vazia - Você gosta mesmo de se culpar pelas coisas não é mesmo? Um penteado tão bonito, e um rosto tão... Vazio. - achei incomum o Edward ter reparado isso - Sério, muito estiloso, hã... Pop - ri - Não quero apelar... Quando a Rose chorava sabe o que eu fazia pra ela rir? Enchia ela de cócegas, muitas. Até que o choro dela se transformava num sorriso que dava pra ver até de costas.


–Isso é impossivel - ri.


–Nada é, se tem uma coisa que eu aprendi é isso. Muitas coisas que eu julgava impossiveis aconteceram. - ele falou.


–Cite uma - falei.


–Admitir que estou errado - ele falou.


–Quando amamos isso só faz piorar. - falei.


–E quais seus conceitos sobre isso? - a expressão dele era de constrangimento. Nem em um milhão de anos eu acharia que o Edward me faria uma pergunta dessas.


[Música: Bella's lullaby]


–Acho que redefinir meus conceitos sobre isso, diante de todas as circunstâncias. Mas... Eu não sei explicar, na verdade sei, mas não estava preparada pra tal pergunta ainda mais vinda de você. Eu acho que amor é você encontrar a perfeição. É esquecer que tem uma vida, e passar a aprender sobre a vida de outra pessoa. É pensar nela todo momento. É olhar nos olhos dessa pessoa e ver tudo o que precisa saber. Falar besteira só pra ser xingado. - ele riu - Desejar ela com você o tempo inteiro. Amar os defeitos e fazer deles qualidades. Sensações, choques, lágrimas, sorrisos automáticos e idiotas. Você começa a valorizar mais seus olhos do que qualquer outra parte do corpo. E em milhões de pessoas a sua volta, só ela vai chamar a sua atenção. - Edward suspirou. O incrivel era que em cada frase o Jake estava, e eu ainda tinha duvidado do amor que ele dizia sentir por mim. Foi ele que ligou pro meu telefone dizendo está pensando em mim, é ele que me elogia, me faz sorrir, xingá-lo, e talvez ele, talvez ele fosse aquela pessoa que eu sempre procurei. As vezes queria mandar nesse coração idiota, queria que pelo menos uma vez ele me obedecesse.


–Talvez você não tenha falhado – Edward me assustou sobresaltando em meio a meus pensamentos.


–Do que está falando? - o fitei.


–Você disse que alguém me ensinaria o que era amar, já que tinha falhado, mas você não falhou. - ele sorriu.


–Não? - perguntei.


–Não... - ele me fitou e um sorriso de canto surgiu em sua face - Nem por um segundo, você não falhou - aquele sorriso continuava me deixando maluca. - Não falhou.


–Dá pra parar de repetir e me explicar direito isso? - perguntei e ele ria iluminado.


–Não... Mas posso tentar se você quiser - ele sussurrou e eu me calei. Tudo parecia tão complexo. Meu coração acelerou de uma forma inacreditável, era incrivel como ele sempre estava contra as minhas vontades, como ele nunca me abedeceu como deveria. A respiração de Edward era extremamente forte em mim, me fazia tremer. O fitei, dessa vez eu parecia perdida nos seus olhos, naquele verde que eu gostava tanto, esmeraldas, agora brilhantes, com um brilho inconfundivel. E o que mais me prendia ali era que ele também fazia o mesmo com meus olhos, que não tinham nada de especial se comparado aos dele. E foi pela esmeralda que eu fui atraída e me aproximei, ali, centimetros dele, tentando decifrar sua expressão indecifrável que eu me perdi, novamente. Sua respiração fora do normal estava me enlouquecendo. Eu estava deixando ele me enlouquecer de novo? Estava. E eu estava querendo ficar louca dessa vez. Ou não estava? Direcionei meu polegar e passei no lábio de baixo que não estava ferido, passei calmamente o dedo, ri ao vê-lo fechar os olhos, um momento tão fofo e tão único. Eu nunca imaginaria essa cena, nem em um milhão de anos. Nunca achei que uma pessoa poderia me surpreender dessa maneira, me enlouquecer.

Deveria ser porque era exatamente esse o Edward que eu sempre procurei, bem, era o que eu achava. Esse era o digno Edward que eu sonhava todos os dias. A minha vontade nesse era beijá-lo de um jeito único que nunca beijei. Talvez fosse só um clima naquele momento, um certo clima de culpa e remorso. Não me faria mal beijá-lo, você deve isso, você nem o perdoou, isso é o mínimo que pode fazer para confortá-lo.

Não me faria mal agora, mas faria depois, não queria magoar nenhuma das partes. Não queria magoar a mim mesma. E não queria criar expectativas em cima da pessoa que sempre me desapontou.

Como se pode querer e ao mesmo tempo não querer? Amar e ao mesmo tempo não amar? E porque eu discutia comigo? Porque eu não estava sendo impulsiva? Porque simplesmente eu tenho um coração. Ele bate, ele bombeia o sangue e ele ama.

Um pouco tremendo, direcionei meu dedo a sua face machucada, aqueles curativos na sua face me deixavam deprimida. Pecorri sua pele devagar, sentindo um arrepio em cada toque, minha intenção não era lhe causar dor nenhuma, pelo contrário, era amenizar. Não, Bella, você não se sentia obrigada, você o queria. E pelo jeito, ele também. Queria não queria? Ele estava esperando, com os olhos fechados. Gemi baixo descordando com minha própria tese.

Beijei na bochecha, mas devido ao ferimento dela, foi mais no canto do lábio, não não era nada malicioso ou antiquado. Apenas uma forma de carinho. Beijei em seguida sua testa, devagar. Ele sorriu.


–Fica bem tá? - falei baixinho - Tenho orgulho de você.


–Be... - sua voz macia foi interrompida com batidas fortes na porta, me levantei de imediato e avistei a Jessica entrar estérica no quarto.


–Edward, Edward. Eu... Teria te ligado, mas... Eu fui roubada e acho que foi na sua casa - ela me encarou - Sabe, perdi meu celular, meus pertences incluindo minha lista telefônica e de e-mails, meu celular e quinhetos reais, meu cartão de crédito sem limite também foi levado. E ainda quando fui pentear meu cabelo ontem pra dormir, achei um chiclete. Tive que ir no cabeleleiro, e ela cortou três dedinhos! Três dedos! Eu mandei a vaca cortar dois dedos e ela cortou três. Se eu tivesse tempo, eu a processava.


–Não sei se percebeu, mas... O Edward tem problemas maiores que o seu. - argumentei.


–E quem te perguntou? Estou falando com meu Ed e não com você. - ela me encarou com a divina cara de barraqueira.


–Ninguém, só acho que perto de uma fatalidade dessas, perda de acessórios não são nada. - falei.


–Calada! Fala isso porque foi você quem me roubou. Quando é que você vai parar com isso? Você não me afeta em nada garota! - ri diante das suas palavras.


–Jessica, eu não sei se percebeu, mas eu não tô nem aí pra você. Sua vida já é medíocre o suficiente garota! - sua expressão era furiosa, e antes que abrisse a boca pra falar outra merda eu continuei - Bem... Se eu quisesse uma agenda cheia de contatos era só eu levar uma pra escola que todos fariam questão de me dar seus números, tenho dinheiro pra comprar um bom celular, tenho dinheiro o suficiente pra comprar a sua casa e quinhentos reais pra mim são meras moedas. Antes de acusar alguém usa o seu cérebro, porque até agora ele não passou de um acessório.


–Você não tem nenhuma moral pra falar comigo desse jeito. Ninguém quer você aqui não é mesmo Edward? - ela perguntou e Edward não respondeu nada - E além do mais tá se achando demais sendo que não tem nada– ela piscou e eu ri.


–Edward, vou comer alguma coisa - falei e Edward assentiu, me virei em seguida. Não valia a pena me rebaixar ao nivel dela.


–O Jacob por exemplo, porque olha... Você está precisando, e muito. - sem nem me questionar, me virei e lhe dei um tapa na cara com tudo.


–Cala essa sua boca imunda sua vadia. Olha, eu acho que vou, mas não vai ser pra isso aí que você ousou dizer, sabe pra que eu vou? Pra não te bater mais, porque você merece uma surra sua nojenta. - quase cuspi na sua cara de raiva, ela desacreditada me encarava, olhei pra Edward e ele também parecia assustado, antes de passar de qualquer limite eu saí do quarto.


O corredor estava bem iluminado pelo sol da grande janela de vidro do lado esquerdo. Observei um quarto aberto, uma criança segurava a mão de um idoso, que estava na cama, cheio de tubinhos ligados a ele. Este parecia tão... Cansado, mas um sorriso leve estampava seu rosto. Fiquei empé encarando a criança, ela deveria de fato ser muito apegado a seu avô. A criança apertava a mão do avô cansado extremamente forte. Como um dia apertei a mão do meu pai. Eu entendia o tamanho da dor do garotinho.


–Fica comigo vovô, não vai agora - a criança falou baixinho numa voz rouca e cheia de tristeza. - Eu preciso de você comigo vô.


–Não importa quanto eu esteja longe - sua voz estava altamente baixa e rouca, sendo forçada a sair - sempre estarei perto. Para todo o sempre. - o velhinho sussurrou, a criança não chorou, ao contrário, ela limpou as lágrimas que molhavam o seu rosto.


–Pra sempre - o garoto disse, em seguida seu avô deu um meio sorriso e fechou os olhos. O menino sorriu, apesar de um grupo de médicos invadirem o lugar tentando reanimar seu avô que partia, estava ali, sorrindo. Olhou pra cima, seus olhos brilhavam e um sorriso ainda maior iluminou seu rosto.


Um sorriso automatico apareceu no meu rosto. Meu pai sempre esteve comigo, em todos os momentos, eu que me esqueci do que deveria ser inesquecivel.


–Eu te amo pai... - sussurrei fechando os olhos, os abri e respirei forte. Os médicos já haviam desistido, o velhinho já havia morrido. Meu pai poderia estar morto, mas ele sempre esteve vivo, dentro de mim. E isso tinha uma importancia extremamente grande.


(...)


Encarei todos ali na sala. Nem a Ardolina, nem o Jake estavam ali, o resto parecia um tanto preocupado, menos o Orlindo que estava lixando a unha com uma lixa rosa de florzinha um pouco escrota.


–Ele está bem? - Carlisle perguntou e eu assenti.


–Já falei com meus amigos do beco. - Emmett falou.


–Ei, só basta um machucado, não queremos dois. - Esme falou.


–Fala como se eu não soubesse me defender - Emmett assumiu uma pôse de mandão.


–E não sabe. - ela falou.


–Sh, não espalha - ele sussurrou.


–Onde está minha vó? - perguntei.


–Ela foi embora, emprestei um carro a ela, ela disse que tinha muitas coisas a fazer - ele falou.


–Ela sabe dirigir? - me espantei. Eu realmente precisava conhecer minha vó melhor. Havia coisas sobre ela que eu não sabia.


Andei um pouco e pus a cabeça a fim de ver se o Jake estava comendo algo, mas não, ele não estava lá também. Encarei Alice, a fim de me informar sobre aquilo.


–Hã, já sei, já sei. O Jake te esperou por meia hora e depois se mandou. Foi de cortar o coração ele encarando o vazio enquanto esperava por você. Aliás porque demorou tanto tempo lá dentro? Meu Deus. Não há xingamentos que durem todo esse tempo... - ela falava alto o que chamou a atenção dos outros, a puxei pelo braço prum lugar longe pra que pudessemos falar.


–Acontece que não estávamos nos xingando– sorri.


–Ah, não...? - ela perguntou incrédula.


–Depois eu conto, agora eu tenho que ver o Jake. - falei.


–Não deveria deixá-lo sozinho da forma que deixou - ela falou e eu assenti - E além do mais está errando em não me contar o que conversaram lá dentro, desse jeito quem vai precisar de hopital vai ser eu o-k?


–Cala a boca garota - ri - Quer ir comigo na casa do Jake?


–Pra segurar vela? Dispenso. - ela correu e se juntou aos outros. Por incrivel que pareça, essa era a força de vontade da minha irmã. Enorme.


(...)


A casa do Jake estava vazia, eu não fazia ideia de onde poderia estar, mas não queria que ele ficasse triste comigo por muito tempo. Então resolvi ir no salão, talvez estejam fazendo uma faxina, talvez ele tenha decidido ir até lá. Observei o lugar, seu pai estava posicionado a frente de uma churraqueira ao longe, enquanto ao Jake estava encarando a piscina sentado numa cadeira. Olhei a piscina a nossa frente.


–Nem a usamos ontem - puxei assunto.


–Oi Bella... - ele falou, mas não moveu um músculo pra me cumprimentar.


–Está triste comigo Jake? - perguntei baixinho.


–Não... - ele falou.


–E porque está diferente? - perguntei.


Diferente? – ele debochou.


–É... - falei.


–Não estou diferente. - ele deu de ombros, altamente teimoso. Resolvi então encarar a piscina. - Como você agiria se quisessem roubar a coisa mais preciosa que você tem de você?


–Não entendi - falei.


–O que faria? - ele gemeu e eu não lhe respondi nada - Acha que eu não percebi não é? O Edward agora viu o quão grande era o prejuizo que teve. E agora ele quer roubar você de mim - ele falou.


–Tá maluco? - meu tom de voz demonstrava nervosismo - Edward... Roubar? - ri nervosa - Tudo bem que ele mudou e...


–Tá vendo? - ele revirou os olhos - Essa eu perdi, tenho certeza. Quero que seja sincera comigo. Vocês ficaram hoje?


Ficamos Jake, o Edward é tudo que eu preciso, nos acertamos. Nos beijamos e ele me fez diversas juras de amor, e eu acreditei em todas - Jake parecia um tanto desconfortavel na cadeira que sentava - inclusive a promessa que vamos viajar para tão tão distante e eu viverei meu conto de fadas com meu principe encantado. E aí vamos ser felizes para sempre. - ironizei, mas ele não riu como sempre fazia, continuou me encarando - Em tão tão distante... E... - sorri -Quer saber? Acho que tá na hora da minha carruagem, o Edward já deve estar me esperando nela pra partimos. - continuei ironizando - Vai ser uma viagem muito longa, estaremos adeptos a isso. Porque se eu quiser, eu estralo os dedos e já estaremos lá. Num passe de mágica também poderemos ter filhos. Afinal, é um conto de fadas. - Jake não parecia muito feliz - Não, não rolou e nem vai rolar nada entre eu e o Edward, e você não é burro porque lá no fundo sabe que eu não faria isso, que eu não magoaria você dessa maneira. Você sabe disso. E você é um idiota. E bem, eu não planejo ir embora daqui tão cedo, ah não ser que você queira me expulsar daqui - ele se levantou - Mas vou logo avisando que não vai nada fácil - sorri e ele sorriu junto, logo após enlaçou os braços na minha cintura e me beijou de leve.


–Curti a história - ele sussurrou rindo.


–Um pouco fantasiosa não? - perguntei.


–Diria que... Muito, bastante, mas também foi super criativa. - ele falou.


–Na verdade tão tão distante já existe, mas tá tão tão distante que eu não consigo imaginar. - ri.


–Desenhos não te fazem bem - ele riu e me puxou levemente mais contra si - Eu posso te ensinar um novo conto de fadas. Um que não terá fim, nem principe, nem carruagem, ou animais fantasiosos, mas ele vai ter uma princesa e um cara. - ele passou a olhar pros meus olhos - Hm, era uma vez um belo dia, esse cara viu uma princesa chorando no ponto. O cara conversou com a princesa, vendo que ela poderia fazer algo que a prejudicasse, ele não era bom com palavras, então pareceu não surtir nenhum efeito. Então a princesa foi embora. Logo depois a princesa volta, completamente mudada, e ela ignora o cara porque acha que ele é um grande canalha. - ri - Mas o cara não desiste, ele joga pedrinhas na janela da princesa e ela só desce porque estava fula e morrendo de vontade de quebrar sua cara. - ri de novo - E então a princesa ouve a história dele, eles viram amigos, melhores amigos, amigos inseparaveis e depois... Numa noite escura, na verdade, numa madrugada - ele riu - O cara declara tudo a princesa, a princesa fica em estado de choque, e o cara se arrepende, mas como num passe de mágica... Eles viram namorados.


–E o fim? - perguntei.


–Eu te falei que não existia um - dei um meio sorriso, era incrivel como ele me deixava sem jeito.


–Você é um idiota - falei.


–Me conta uma novidade - ele riu.


–Minha vó sabe dirigir - falei.


–Sério? - ele perguntou e eu assenti rindo, baguncei bem seu cabelo. - Tá liberado, não vou me vingar. Só desista da carreira de cabeleleira masculino. -Você vai passar a tarde comigo? - ele fez manha e eu assenti, um sorriso iluminou seu rosto.


–Vai ter que me suportar muito - falei.


–Sabe qual é a parte mais engraçada da minha história? - ele encarou a piscina.


–Qual? - perguntei.


–A parte que o cara... - ele tentou me carregar e eu neguei com a cabeça me firmando no chão, ele pigarreou - A parte que o cara... - ele conseguiu me tirar do chão facilmente dessa vez, me segurando com os dois braços, me chacoalhei de todas as formas e o encarei, seu sorrriso estava tão maléfico quanto eu poderia imaginar. - A parte que o cara joga a princesa na piscina.


–Não se atreva - berrei.


–Oh, sim - ele riu enquanto eu tentava escapar de suas mãos.


–Nunca mais te chamo de tartaruga - implorei.


–Sem acordos princesa, a história precisa de continuação. - ele me balançou nos seu braços, em seguida correu, me segurei com toda força, achei que ele pularia junto, mas o espertinho parou na beira da piscina e ficou me chacoalhando só pra pirraçar.


–Se fizer isso não vai gostar do que vai rolar em seguida - ameacei. Ele olhou pra piscina e em seguida me agitou, prendi a respiração a tempo, mas fui arremessada a água, que estava numa temperatura ótima, altamente refrescante. Fechei os olhos diante da sensação que sentia. Dei um pulo e agarrei a mão de Jacob, apoiei meus pés na parede da piscina e o puxei com tudo lá pra dentro. Quem diria que eu conseguiria puxar o grandalhão pra piscina.


–Eu ia entrar por conta própria, esperava pelo menos eu tirar a camisa apressadinha - ele pegou na camisa enchargada e fingiu irritação.


–Você não esperou eu tirar o vestido também - fiz careta e ele caiu na gargalhada.



Edward PDV


–Edward, você não entende. Ela estragou meu cabelo e roubou minhas coisas, sinceramente, eu achei que fosse mais corajoso. - Jessica buzinou no meu ouvido.


–Não é questão de coragem, é bom senso - sua expressão era de irritação - Eu sei, você sabe que ela nem estava lá, ela saiu na nossa frente.


–Ela pode ter voltado, parece até que você apanhou muito não é? Bateram muito na sua cabeça? A Isabella é esperta Edward - ela falou. E eu bufei em protesto - Porque está defendendo ela? Não tô entendendo - ela falou.


–Não estou, só preciso que use a lógica. A Bella tem um namorado, acredite, ela tem coisas mais importantes a fazer do que colocar chiclete no seu cabelo. Como você falou, ela é esperta, faria algo melhor. Por favor né Jessica? - debochei.


–Desde quando a chama de Bella? - ela me pegou de surpresa - De onde surgiu essa intimidade Edward? De onde? Ah, ontem Isabella, hoje Bella... Amanhã o que? Olha Edward, eu...


–De lugar nenhum, eu a chamo do nome que eu quiser. - falei e encarei o ar condicionado.


–Está me trocando não é? Por ela, Edward, POR ELA! - ela se exaltou - Escuta, não vou permitir que você fique com outra pelas minhas costas.


Ela sempre permitiu, mesmo sem saber.


–Não fiquei com ela. Não estou trocando ninguém por ninguém eu só quero que você cale essa sua boca, eu já tenho muitos problemas, acredite. Você vai acabar me deixando com dor de cabeça. E é o que eu menos preciso. - falei.


–Tudo bem não é? Então eu só sirvo pra isso não é mesmo? Olha, você que engula seus problemas tá legal? E que morra engasgado com todos eles - ela parecia estar com muita raiva. - Eu não vou perder meu tempo, e olha, eu quero as minhas coisas de volta, conversa com sua "amiguinha" talvez ela ainda não tenha queimado nada. - revirei os olhos. - Eu tô indo, mesmo que se arrependa e me peça pra ficar... - dei de ombros e ela virou as costas pra mim.

Bella PDV


–Hm, que tal se trocarem e indo abrindo essa cacetada de presentes? - o pai de Jake sugeriu, já estávamos um bom tempo na piscina.


–É uma boa ideia - falei.


–É... Contanto que não tenham me dado cuecas, o que seria uma boa oportunidade pra me zoar - ele riu e eu o acompanhei.


–Olha só, não é uma má ideia. Você tem o dom de ferrar consigo mesmo - ri e ele me jogou água. - Vamos.


Saí da piscina e Jake saiu encharcado em seguida. Dei-lhe um cascudo logo após que saiu.


–Senhor brilhante, como vou voltar pra casa assim? - me irritei olhando pro meu vestido encharcado, ele começou a rir alto de mim.


–Ótimo, vou adorar encharcar seu carro novo - seu sorriso sumiu, dando lugar a uma irritação o que me fez rir.


–Acho que meu pai trouxe umas roupas, já que vinhemos passar o dia aqui. Você deve ficar magnifica de calção - ele colocou a mão na boca pra abafar o riso. E eu o fuzilei com o olhar.

Meu celular vibrou e eu rapidamente o atendi.


–Hã... Alô? - identifiquei a voz de Alice.


–Fala!


–O Edward recebe alta essa tarde - ela falou.


–O que foi Bella? - Jake perguntou e eu desencostei o celular do rosto.


–Edward vai receber alta - falei e Jacob pareceu decepcionado.


–Tá, tchau - desliguei o telefone.


–Você pode ir Bella. - ele deu de ombros.


–Claro que não - ri - Eu não vou Jake, a namorada do Edward está lá com ele, e eu estou aqui, com você. Ele segurou no meu queixo e me beijou.


Edward PDV


Me colocaram numa cadeira de rodas e eu fui conduzido pra fora, claro que eu conseguiria ir andando, mas eles insistiram nisso e eu tive que me conformar. Imagine só o que as pessoas iriam pensar se me visse numa cadeira de rodas, no que Bella iria pensar. Os avistei na sala de espera. Encarei um por um, faltava Bella, ela não estava lá me esperando, achei que só comeria alguma coisa e... Ela deve ter ido embora com o Jacob, seu idiota. Emmett colocava a mão na cara pra disfarçar um riso, eu sei... Era engraçado. Mas não era legal ele ri de mim com minha presença.


–Se sente bem Edward? - Carlisle perguntou e eu assenti. Continuei olhando em volta em busca de Bella.


–Ela está com o Jake - Alice pegou no meu ombro. De certa forma eu já deveria ter imaginado isso. Mas ultimamente estou precisando muito que ela esteja perto de mim, nem que fosse pra brigar e me xingar.


–Aff, vocês vão me deixar dirigir não vão? - Emmett perguntou e Esme negou com a cabeça.


–Estou falando da cadeira de rodas mãe - Esme continuou balançando a cabeça em negação - Vai, vai, vai por favor mãe! Sério. - Emmett emplorou e ela acabou assentindo, neguei com a cabeça, o Emmett ia acabar me deixando paraplégico de verdade. - Que cara é essa? Eu vou devagar, prometo. - ele segurou na cadeira dando um sorrisinho bem sacana, alguma coisa me dizia que o meu fim havia chegado.


Emmett respirou fundo, fez pressão e em seguida começou a correr feito um adoidado, as rodinhas da frente da cadeira iam pro lado e pro outro, fazendo com que ele perdesse o controle e andasse em circulos, me deixando tonto.


–E aí cara? - ele falou - Tá gostando? - neguei com a cabeça. Ele abaixou e consertou as rodinhas - Agora já peguei a manha de dirigir esse tipo de veículo.


–Não é um veículo! - falei.


–Se tem rodas, é um veiculo - ele falou.


–Ah, essa eu perdi - falei. Emmett até que estava dirigindo bem, estávamos indo em direção ao elevador enquanto os outros ficavam pra trás. Ele apertou o botão pro elevador subir.


–E aí cara beleza? - ele perguntou.


–Beleza - ri, enquanto ele entrava comigo no elevador, apertou todos os botões de vez, sem nem esperar os outros.


–Emmett - gemi.


–Vamos admirar todos os andares, esse hospital dá uma adrenalina - ele ofegou - Você vai adorar.


–Desde que não comece a pular - falei.


–Só pulo na subida cara... - ele riu.


–Cara, não sei se é um bom momento pra isso... - comecei, estava mais do que na hora de fazer as pazes, o elevador parou, ninguém entrou, em seguida fechou as portas.


–Fala aí - ele falou.


–Desculpe por ser tão idiota com a sua... Namorada, a Victoria – falei, ele parecia um tanto assustado.


–Me pediu desculpas? - perguntou perplexo e eu assenti - Eu achei que veria o Obama usar fraldão antes de me pedir desculpas. - dessa vez eu tive que rir.


–Recebi a visita da fada da educação - rimos - Somos amigos cara, estava com saudades disso. - bati nas suas costas.


–Fico feliz por ter recebido a fada - o elevador parou novamente e a porta se abriu, ninguém entrou. - Mas, essa fada por um acaso se chama Bella?


–Hã? - o questionei.


–Não sou tão burro - ele coçou o cabelo e eu ri - Você a olha do mesmo jeito que a Victoria olha pra mim, você tenta falar coisas vagabundas, mas o seu olhar te denuncia. Você a olha como se a quisesse, e ao mesmo tempo a quisesse longe de você. - talvez aquilo fosse verdade, encarei o chão - Sabe Edward? Ódio excessivo demais pode ser amor, porque quem não se importa não diz nada.


–Calado! - ordenei.


–Calado é o caralho, o Edward está gamadão na Bella, acha mesmo que eu vou calar a boca? - Emmett me deu um cascudo. - E antes do Obama usar fraldão. - ri.


–Anda reparando muito no meu olhar hein garotão? - zoei de volta.


–Isso me lembra a missão L.O.V.E. E aí? - ele arqueou a sobrancelha.


–Bem lembrado, você ainda tá dentro ou a missão acabou? - perguntei.


–A missão L.O.V.E nunca terá fim! - ele riu orgulhoso de si.


–Fico feliz por estamos bem, sabe? Talvez o peixe ache um sapato útil - brinquei lembrando do que eu havia dito a ele quando brigamos.


–Cara... - ele falou baixinho.


–O que? - perguntei.


–Você tá muito boiola hoje - ele riu.


–É, eu sei. - falei.



Continua...


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Notas finais do capítulo

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