Já havia se passado um bom tempo desde o começo do meu namoro com Adrien, e agora já estávamos na Véspera de Natal.

O tempo passa rápido quando a gente se diverte. E bem devagar quando temos que fazer o dever de casa, aparentemente.

— O que você quer de presente? – Adrien questionou, enquanto andávamos de mãos dadas pelas ruas cobertas de neve da cidade. Paris ficava incrivelmente linda coberta de neve.

— Não precisa comprar nada.

— Preciso sim. – respondeu em um tom ofendido. – Como que eu não vou presentear o amor da minha vida toda? – mesmo com o frio, as minhas bochechas esquentaram de leve.

— Para de me deixar sem graça!

— Impossível te deixar sem graça. Você é muito graciosa. – soquei o ombro dele de leve, o fazendo rir – Ok, parei. – levantou a mão em sinal de rendição. – Mas eu quero te dar um presente, sim. E isso não quer dizer que você tenha que me dar um em troca também, só pra deixar claro.

— Você sabe que eu vou te dar um presente também, não sabe?

— Não sabia.

— Mas vai ganhar. – falei com uma expressão irritada.

— Quem sou eu pra negar? – nós rimos.

— Falando nisso, seu pai pretende comemorar o Natal esse ano? – a expressão de Adrien mudou e seu sorriso sumiu. Me senti mal por tocar no assunto, mas era importante que eu soubesse a resposta.

— Não sei. Ele normalmente gosta de fazer planos antecipados, mas como ele não disse nada... – não precisou terminar a frase para eu saber o que ele queria dizer.

— Olha, se você quiser passar o Natal na minha casa, é mais do que bem-vindo. E também, pode trazer o seu pai. Sei que seria difícil, mas o convite está feito. – ele sorriu.

— Obrigado por isso, Bugaboo.

— De nada, Kitty.

— Já disse que eu amo esse apelido? – me deu um beijo na ponta do nariz. Como estava gelado, os lábios quentes de Adrien causaram uma rápida sensação de choque térmico.

— Já. – revirei os olhos – Várias vezes.

***

Terminei de assar os biscoitos de Natal e os coloquei em um pote decorado. Em seguida ouvi a campainha tocar e fui atender com o avental de cozinha mesmo. Imaginei que fosse Adrien, afinal, ele tinha me avisado que passaria o Natal aqui, pois seu pai não planejaria comemorar.

— Oi. – eu estava certa, era realmente Adrien... E o seu pai.

— Oi Marinette. Desculpa por não avisar que meu pai vinha, foi meio de última hora.

— Não tem problema. Podem entrar.

— Obrigado, Marinette. – dei espaço para eles passarem e Gabriel agradeceu. Não acredito que Gabriel Agreste estava me vendo de avental sujo. – Sinto muito não ter dito nada, eu não pretendia comemorar o feriado. Contudo, Adrien insistiu e eu acabei cedendo.

— Imagina, Sr. Agreste. Quanto mais gente melhor. – balancei a minha mão – Pode ficar à vontade. – ele assentiu. Minha casa não era grande, fiquei pensando se o meu sogro odiaria isso ou não. – Podem deixar os casacos aqui. – apontei para o cabide e os dois deixaram as peças ali e foram para a sala. – Vocês querem biscoitos? Acabaram de sair do forno. – estendi o pote com os biscoitos que acabei de fazer e um guardanapo para pegarem, pois ainda estavam quentes.

— Obrigado.

Não demorou muito e meus pais subiram com o peru assado – que eles fizeram na padaria, pois o forno era maior – e Kim atrás com mais algumas coisas. O Sr. Agreste e os meus pais estavam conversando e se dando muito bem, o que era incrível para mim e Adrien.

O jantar foi muito agradável e felizmente Kim não disse nada absurdo que faria Gabriel Agreste questionar o estado psicológico dele ou da nossa família.

Depois meu pai foi lavar a louça e minha mãe foi preparar a sobremesa para servir, enquanto Gabriel conversava com eles. Eu e Adrien fomos para a sala esperar, junto com Kim.

— Não imaginei que o seu pai viria mesmo. – comentei, encarando ele animado ainda conversando com os meus pais.

— Pois é, nem eu. – nós rimos – Desculpa de novo por não ter avisado.

— Não tem problema. Só de ele ter vindo foi incrível.

— É. Acho que ele gosta mesmo de você. – sorri – Quando eu disse que passaria aqui, não demorou muito para convence-lo a vir também.

— Wow! Fico feliz que ele aprove o nosso relacionamento.

— Eu também. – Adrien meu deu um beijo.

— Ei! – Kim nos interrompeu – Estou de olho! – nós rimos.

— Desculpa, Kim. Mas se você olhar pra cima, vai ver que a culpa não é nossa. – apontei e nós três olhamos. Eu e Adrien estávamos sob o visco, cuja tradição diz que as pessoas que param em baixo dele, devem se beijar.

— Justo. – meu irmão concordou emburrado e voltou a assistir televisão.

Adrien sorriu e se aproximou mais, colocando a mão sobre o meu rosto.

— Isso é coisa sua, não é?

— Ops! – exclamei em um tom falso de culpa. Logo, o loiro se aproximou e me beijou. Coloquei a minha mão no seu ombro e Adrien entrelaçou a sua mão livre na minha. – Eu te amo, Adrien Agreste.

— Eu também te amo, Marinette Dupain-Cheng. – sorriamos feito dois bobos – E eu sei que ainda é cedo, mas queria dar o seu presente agora. – o loiro sussurrou. – Aqui, espero que goste. Feliz Natal! – estendeu uma caixinha pequena e eu abri. Era um par de brincos com estampa de joaninha.

— Meu Deus! Eu amei! – o abracei apertado.

— Pra combinar com o seu apelido.

— É perfeito, Adrien! – o beijei rapidamente. – Obrigada. – coloquei os brincos logo, pois eram realmente lindos.

— Que isso! Ficaram lindos em você. – sorri.

— Vou pegar o seu presente. Está no meu quarto.

— Tá bom.

Subi as escadas e notei que Kim tinha vindo atrás de mim. Só esperava que ele não quisesse me dar alguma lição ou falar sobre a importância de usar proteção. Ao menos hoje eu não merecia passar por isso.

— Posso falar com você rapidinho?

— Ok, mas rápido mesmo. Quero entregar o presente do Adrien.

— Tá, vem logo. – me chamou para o seu quarto – Senta aí. – apontou para a sua cama e eu o fiz. Kim foi até o seu guarda-roupas e começou a procurar por algo – Eu demorei muito pra conseguir encontrar as palavras certas pra te dizer, mas eu acho que não tem momento mais sincero do que o Natal. – ele finalmente encontrou o que procurava e veio até mim. Quando eu vi o que era, não acreditei.

— A minha caixa! – sim, a caixa de chapéus cor-de-rosa com bolinhas brancas onde ficavam todas as cartas para os garotos que já amei.

— É. Você não perdeu ela nem nada do tipo. Fui eu quem enviou as cartas. – ele sentou ao meu lado e me entregou a caixa. A peguei ainda chocada.

— O quê? Por quê?

— Olha, você já me escreveu muitas cartas e me deu de presente, claro, não com a mesma finalidade que essas. Mas eu sempre achei que os seus sentimentos precisassem sair do papel. As coisas que você escreve são fantásticas e essas cartas não podiam deixar de serem lidas. – permaneci de boca aberta ouvindo tudo – E também eu achei que isso fosse fazer você se tocar de que ama o Agreste e que ele sentia o mesmo por você.

— Isso foi tão fofo e irracional!

— É, sempre usam essas palavras para se referirem à mim.

— Obrigada, eu acho. – ainda estava chocada e não sabia nem o que responder.

— De nada, irmãzinha. Você é incrível. – bagunçou o meu cabelo e eu fiz careta.

Kim não tinha más intenções quando enviou as cartas. E o conhecendo bem, ele também não sabia as proporções que as coisas tomariam. De qualquer maneira, devo agradece-lo, pois caso contrário, possivelmente eu e Adrien não estaríamos juntos e felizes.

— E você é o melhor irmão do mundo. – o abracei apertado e corri até o meu quarto.

Deixei a caixa em cima da cama e peguei o presente de Adrien. Em seguida, corri até a sala.

— Aqui. – entreguei o embrulho – Feliz Natal!

— Obrigado. – ele abriu e sorriu largo quando viu o que era. O presente do meu namorado era um suéter com detalhes verdes e pretos que eu mesma tricotei. Tinha uma pata grande de gato na frente e várias patinhas nos detalhes das mangas e das barras. – Marinette, eu amei! – Adrien me abraçou apertado – E eu vou colocar é agora. – retirou o seu suéter e colocou o meu.

— Fico feliz que tenha gostado. Eu mesma fiz.

— Imaginei. Já que é tão incrível, só podia ser coisa sua. – sorri e me inclinei para beijá-lo.

— Espera. – me puxou para o outro canto da sala e apontou para cima. Estávamos em baixo do visco – Assim o seu irmão não pode protestar. – nós rimos. Adrien por fim se aproximou e me beijou delicadamente.

— Todos prontos para a sobremesa? – minha mãe questionou.

— Sim! – respondemos em uníssono.

— Eu só vou fazer uma coisa e já volto. – falei para o meu namorado, que assentiu. Então fui rapidamente para o meu quarto e peguei a minha caixa cor-de-rosa com bolinhas brancas, tão amada por mim.

Coloquei todas as cartas de volta na caixa – exceto a que tinha escrito para Adrien, pois estava com ele. E decidi escrever mais uma para o meu namorado, mas dessa vez ela ficaria comigo.

Adrien Agreste...

Não sei se me apaixonei por você uma vez, duas vezes, três vezes ou mais. Só sei que, mesmo não achando possível, eu te amo mais a cada dia que passa.

Você sempre foi paciente comigo. Paciente com a minha lerdeza, com as minhas loucuras, com os meus sentimentos, e principalmente, com as minhas inseguranças. O namorado perfeito.

Gosto de acreditar que fomos feitos um para o outro.

Somos incríveis juntos.

Ah! Eu tenho tanto a dizer. Mas definitivamente não quero perder nenhum momento do Natal mais especial de todos, com as nossas famílias reunidas.

Essa não é a primeira carta que eu escrevo para você e certamente não será a última.

Tudo isso começou sendo para todos os garotos que já amei. E você foi um deles.

Ps: Ainda amo você. E sempre vou amar.

Adrien Agreste, você é o único garoto que amo.

Agora e para sempre, Marinette Dupain-Cheng.