Meus pais entregaram a caixa de macarons para Chloé, que deu em troca uma nota alta, o que me fez arregalar os olhos.

— Podem ficar com o troco.

— Mas querida, é muito dinheiro. – minha mãe disse meio sem saber o que fazer e Chloé riu.

— Gostei da piada, Sra. Cheng. Até mais. – ela saiu e meus pais me olharam. Dei de ombros sem saber o que dizer e em seguida peguei uma caixinha com alguns croissants de chocolate, os melhores na minha opinião.

— Ei, Chloé! Espera! – fui até ela e estendi a caixa – Pega.

— O que é isso?

— Croissants de chocolate.

— Eu não comprei isso.

— Eu sei, mas eu estou dando eles pra você. Como agradecimento pela sua companhia hoje. – sorri simpática. Chloé me encarou com certa dúvida, mas acabou pegando a caixa.

— Obrigada, mas eu não tenho nada pra você.

— Não precisa. Como eu disse, você já me presenteou com a sua companhia. – a loira ainda me encarava com certa estranheza. Tudo isso parecia meio novo para ela, mas eu fico feliz de estar a “ajudando” de certa forma. – Obrigada. E espero que a gente possa sair de novo algum dia.

— Claro, vai ser legal. – por fim ela sorriu e saiu. Observei Chloé até que ela sumisse de vista e voltei até aonde meus pais estavam.

— Não sabia que se dava bem com a filha do prefeito.

— Pois é, ela mudou um pouco. E pra melhor.

— Fico feliz que sejam amigas. – minha mãe sorriu e me deu um macaron.

— Obrigada. Eu também. – o comi rapidamente e não demorou muito para que Adrien surgisse na minha frente, ofegante por provavelmente ter corrido até mim.

— Eu tenho más notícias. Eu juro que tentei de tudo, mas não consegui o seu ursinho. Até o Nathaniel ajudou, mas aí ele ganhou e deu a girafa de pelúcia pro Marc. Eu tentei subornar eles, mas a Alya ameaçou me bater se eu estragasse o gesto fofo. Aí eu fui em outros jogos, só que eu sou péssimo. Resumindo, desculpe por ser um namorado horrível. – Adrien parecia eu quando ficava agitada e começava a falar rápido e sem parar. Dei risada da sua preocupação e depositei um beijo rápido nos seus lábios.

— Você, de maneira alguma, é um namorado horrível. Não precisa se culpar por não ter conseguido o ursinho.

— É, mas eu queria ter um pra dizer que é o nosso filho. – bati minha mão na testa e balancei a cabeça em negação.

— Bom, então seus problemas acabaram. – peguei o gatinho de pelúcia que tinha conseguido no jogo com a Chloé – Eu consegui um. Pra você, amor. – repeti o termo que mexeu com os sentimentos dele da outra vez. Adrien abriu a boca e pegou o ursinho, em seguida me abraçou tão apertado que chegou a me levantar do chão. Quase não consegui respirar, mas tudo bem, pelo menos ele estava feliz.

— Eu amei! O nome dele vai ser Plagg, o que acha?

— Achei incrível.

— Oi, qual é a boa? – Alya se aproximou da gente, seguida por Nino, Nathaniel, Marc e Luka.

— A Marinette ganhou um ursinho e agora ele é o nosso filho e se chama Plagg.

— Eu perdi vocês por cinco minutos e vocês já têm o um filho?

— O que podemos fazer, Alya? As coisas acontecem rápido. – Adrien deu de ombros e eu senti minhas bochechas esquentarem.

— Cheguei para a alegria de todos. – Kim parou ao meu lado.

— Sabia que a Marinette e o Adrien têm um filho? – Nino disse e Kim olhou para a gente com uma expressão chocada.

— De mentira! – me apressei ao dizer e peguei o Plagg das mãos de Adrien – É um gatinho de pelúcia. Viu?

— Meu Deus, eu quase tive um infarto agora. – meu irmão colocou a mão sobre o coração, enquanto eu revirava os olhos e nossos amigos riam do possível ataque cardíaco dele.

— Parabéns, Nino. – Adrien olhou feio para o melhor amigo – Se o Kim fosse pro hospital, a culpa seria sua e teria que conviver com isso pelo resto da vida.

— Ok, chega todo mundo. – falei, erguendo as minhas mãos – Que tal a gente fazer alguma coisa, ao invés de discutirmos sobre hospitais e filhos?

— Eu acho uma boa.

— É.

— Ótima ideia.

— Vamos lá.

***

Adrien se jogou na minha cama, depois do dia cansativo, porém divertido com os nossos amigos na feira. Confesso que mesmo preocupada com a questão do meu vestido, eu consegui me divertir e esquecer isso por algumas horas.

— Não vai se acomodando, não. Você prometeu me ajudar com os últimos ajustes do meu vestido.

— Ah é. – ele sentou na cama – Não se preocupe, vou te ajudar sim.

— Mas antes... – fui até a minha escrivaninha e comecei a revirar as gavetas.

— O quê? – indagou confuso. Depois de alguns segundos procurando, finalmente encontrei o que tanto procurava.

— Antes de tudo, eu queria te dar isso. – estendi o envelope cor-de-rosa para ele.

— Essa é a carta que você tinha escrito pra mim antes? – assenti e Adrien a pegou com um semblante confuso.

Enquanto a gente se divertia na feira, eu fiquei refletindo sobre a questão das minhas cartas, principalmente a de Adrien. Eu sempre achei que elas tinham me ajudado a fazer os sentimentos pelos garotos irem embora, mas na verdade elas apenas guardaram eles.

Só me senti completamente resolvida em relação aos garotos que já amei depois de ter conversado com eles, após as cartas terem sido enviadas por engano. E eu acho que embora elas sejam importantes para mim, eu devo me desprender delas. Claro que isso não quer dizer que eu vá coloca-las fora. Eu vou guarda-las como uma lembrança. Exceto a de Adrien, porque eu não quero que o nosso amor seja uma lembrança, e sim que a gente viva ele todos os dias.

— Sim, eu acho que você deveria ficar com ela. – expliquei – Eu escrevi quando me apaixonei por você, mas como eu ainda sou apaixonada... Ela ainda é meio que válida. – ele riu.

— Mas ela não é o seu bem mais precioso?

— É, e quem melhor para ter o meu bem mais precioso, do que o garoto que eu amo? – o loiro sorriu e me beijou.

— Obrigado, Bugaboo. – agradeceu com uma expressão adorável, que quase me fez explodir de amores.

— Cuide bem dela.

— Vou cuidar. Vou guardar com a carta que você fez sobre a nossa amizade.

— Quem sabe você receba outra algum dia...

— Eu adoraria. Ainda mais com os seus elogios. – revirei os olhos e Adrien riu, me puxando para a cama. Sentei sobre o seu colo, enquanto ele me encarava – Ninguém nunca fez algo tão especial pra mim, tipo escrever uma carta assim.

— Aposto que sua fãs já escreveram várias cartas. – na época que ele era modelo da marca de roupas do seu pai, o que por castigo ele voltará a ser, Adrien recebia muitas declarações de fãs.

— Já recebi algumas mesmo e sou muito grato. Mas você me conhece com todos os meus defeitos e mesmo assim escreveu, é diferente. – Adrien, apesar de sempre se auto elogiar, também tinha esse pensamento de que era "difícil" amar ele. Quando viramos amigos, ele meio que tinha dúvidas sobre eu gostar dele como meu amigo de verdade ou não. Com o tempo fui mostrando que não me interessava quem ele era fora dali, porque eu amava aquele Adrien que estava comigo em todos os momentos, aquele Adrien que era o meu melhor amigo.

— Bem, você também me conhece com todos os meus defeitos... Nossa amizade sempre foi maior do que isso.

— Sim. E eu espero que o nosso namoro também seja. – sorri me sentindo contente ao ouvir aquilo.

— Vai ser. – me aproximei do seu rosto e o beijei lentamente, aproveitando cada segundo. – Seu rosto já está quase cem por cento.

— Pois é. Não podemos dizer o mesmo sobre o do Félix. – nós rimos.

— Agora vamos terminar o vestido, senão eu não vou conseguir ter paz. – levantei e comecei a puxá-lo.

— Ok, ok. Como quiser, my lady.

***

Estava sentada à minha escrivaninha, tomando uma xícara de leite quente enquanto Adrien dormia na minha cama. Tínhamos terminado o vestido há alguns minutos e eu estava fazendo um rápido lanche, enquanto ele descansava.

Sabia que daqui a pouco teria que acordá-lo para que ele fosse pra casa – se ele dormisse aqui, o pai dele e Kim certamente surtariam –, mas ao olhá-lo dormir como um anjo, senti uma sensação boa e a inspiração veio com tudo.

Rapidamente peguei um dos meus papéis para carta e comecei a escrever uma carta para Adrien, agora, sobre o nosso status de relacionamento atual.

Adrien me fazia sorrir com um simples olhar e isso muito antes da gente começar a namorar. Ele sempre fez eu me sentir bem comigo mesma, mesmo sem eu dizer o que me incomodava. Nós estamos namorando, mas acima de tudo somos ótimos amigos, que nunca deixaram de apoiar um ao outro.

Como eu disse antes, não me importava quem era Adrien Agreste para as pessoas. E sim, o Adrien que estava comigo em todos os momentos. Esse era o Adrien que eu amava.

Sempre que eu reviro os olhos quando Adrien conta uma piada ruim, não é porque eu fico brava e sim porque eu não consigo acreditar o quão idiota ele é. Mas é claro, de uma forma boa. E eu admito, quando ele falava de alguma garota e parecia que eu não estava muito afim de saber, é porque eu não estava nada afim de saber e sim, com ciúmes.

Sei que não tinha muito a oferecer, afinal, não sou a garota mais incrível, ou a mais rica, ou a mais bonita, mas eu amava Adrien mais do que tudo e estaria sempre ao seu lado. E às vezes eu me sinto impotente em não conseguir demonstrar o quanto eu me importo com ele e com o nosso relacionamento.

Acho que por muito tempo eu tive medo dos meus sentimentos por Adrien – que eu acredito – que sempre estiveram lá. E quando fingimos estar namorando, eles começaram a aparecer novamente e eu fiquei com medo. Me escondi atrás do disfarce de “ele é o meu melhor amigo”, quando na verdade eu me apaixonava cada vez mais, mesmo não imaginando ser possível.

Mesmo com inseguranças e ainda tendo um medo irracional de perder Adrien, eu faria de tudo por ele, porque eu o amo demais. Não quero mais esconder o que sinto.