Tony Stark-Rogers

Peguei uma panela e uma colher de pau na cozinha e fui até o meio da sala bater, esperando Harley, Peter e Morgan aparecerem. Logo os três descem me olhando confusos.

— Hey, crianças, que tal nós fazermos o jantar? — perguntei animado, e os três logo começaram a rir.

— Desculpa, pai. Você disse que nós vamos fazer o jantar? — Peter perguntou, tentando prender o riso.

— Sim! — afirmei, cruzando os braços.

— Nós? — Harley perguntou, gesticulando para nós quatro.

— É claro, estava pensando em fazer macarronada. — respondi, indo para a cozinha com eles me seguindo.

— Você lembra que quase botamos fogo na casa quando fomos fazer um café da manhã de aniversário pro papai Steve? — Morgan perguntou.

— Foi porque tentamos fazer muita coisa ao mesmo tempo. — falei, dando de ombros. — Agora só precisamos cozinhar macarrão, pôr carne moída pra cozinhar e fazer um molho. 

Na minha mente era bem óbvio que sairia perfeito, coisas simples e rápidas para um jantar, quando Steve voltasse do congresso de Psicologia ficaria bem orgulhoso de nós.

— Falando assim parece bem simples mesmo... — Harley falou, pensativo.

— É, vamos fazer o jantar. — Peter falou, já pegando os ingredientes.

— O melhor jantar de todos! — Morgan disse, indo ajudar o Peter.

— Não melhor do que o jantar do papai.

— Hey, eu também posso fazer algo simples. — reclamei, mas eles me ignoraram completamente.

Liguei o rádio – que foi uma maneira que Steve encontrou dos meninos não brigarem pra escolher as músicas favoritas que queriam ouvir – e começamos os processos de cortar tempero, pegar panelas, botar água no fogo.

Harley e Peter – com 17 e 14 anos respectivamente – podiam ir cortando o tempero e mexer com fogo enquanto Morgan – com 6 anos – só pegava os ingredientes que ela alcançava. Enquanto eu cantarolava as músicas do rádio com as crianças íamos mexendo com os ingredientes, quando era uma música que gostávamos fazíamos uma cena bem High School Musical com as coisas da cozinha.

Eu sentia falta de Steve, ele foi em um congresso de psicologia de três dias que acaba amanhã, nós estávamos muito bem pedindo comida mas não é só da comida que eu sinto falta, tinha saudade dos abraços, beijos, broncas e dos sorrisos. No começo foi difícil, ele trabalhava no turno da noite e eu no horário matutino, raramente achávamos uma brecha para ficar juntos, eu vivia com saudades dele e ele de mim, mas em algum momento as coisas foram se ajustando e aqui estamos 21 anos depois, casados, três filhos como sempre dizíamos que íamos ter e eu ainda sinto o gay panic que sentia desde o início só de ver ele sorrir.

— Pai, acho que o macarrão cozinhou demais. — Peter interrompeu meus pensamentos, cutucando o macarrão com o garfo.

Me aproximei para verificar e realmente estava cozido demais.

— Acho que dá pra fazer assim mesmo. — falei, separando ele.

— Acho que é só não mexer muito. — Harley opinou.

Concordamos e começamos a trabalhar no molho enquanto Morgan ia fazendo um suco de laranja para a gente, que se resumia apenas a misturar o açúcar.

Fui dar uma olhada na carne e desliguei o fogo rapidamente.

— Queimou bem no fundinho da panela. — falei, rindo de nervoso.

— Com o molho vai ficar bom, nem vai dar pra perceber. — Peter falou, dando tapinhas nas minhas costas.

— E com o meu suco vai ficar tudo muito bom. — Morgan afirmou, suspirei e continuei o nosso jantar enquanto os meninos arrumavam a mesa.

Coloquei a quantidade de tempero que achei que seria adequada e fui misturando as coisas até ter tudo pronto em uma panela.

— Jantar dos Stark-Rogers saindo! — exclamei animado, levando para a mesa onde todo mundo estava com expectativa.

— Até que o cheiro está bom. — Harley falou.

— Deve estar uma delícia. — Morgan confirmou.

Nos servimos e contamos até três para provar, imediatamente todo mundo cuspiu tudo fora.

— Isso tá horrível. — reclamei chateado, empurrando o prato.

— Gosto de amargo. — Peter confirmou.

— Está parecendo uma papa. — Harley disse.

— E meio salgado. — Morgan falou.

Todos nós suspiramos frustrados, bebendo o suco que era a única coisa boa ali.

Fui até a cozinha botar água pra ferver e peguei o meu estoque de Cup Noodles do armário, levando até os meninos para escolherem o sabor que queriam e fiz um pra cada enquanto eles foram pra sala colocar alguma coisa para a gente assistir.

Quando prontos dei um pra cada, estávamos todos amuados jogados no sofá comendo Cup Noodles, tristes com o nosso fracasso culinário.

— Eu tô com saudade da comida do papai. — Morgan resmungou.

— Eu também. — Peter, Harley e eu respondemos.

Estava tudo tão triste que deu até uma vontade de chorar, então a porta da frente se abriu e Steve entrou.

— Oi, alguém sentiu falta do papai? — Ele perguntou, sorrindo para nós.

— Papai! — As crianças praticamente gritaram e correram para abraçar ele.

— Você não vinha só amanhã? — Peter perguntou.

— Anteciparam o final das palestras, então vim para casa mais cedo. — Ele explicou, depois de beijar cada um deles, só então me aproximei para abraçá-lo.

— Senti saudades, babe. — resmunguei, suspirando e sentindo seu cheiro que eu tanto queria sentir, me sentindo imediatamente feliz.

— Eu também, baobei. — Ele sussurrou, me dando um beijo.

— Hey, crianças na sala. — Morgan falou, nos fazendo rir.

— E posso saber por que estão comendo isso aí? — Steve perguntou, vendo os nossos copos e arqueando a sobrancelha para mim.

— A gente tentou cozinhar mas tudo foi um fracasso. — Peter choramingou, respondendo por mim.

— Mas o meu suco de laranja estava muito, muito bom. — Morgan afirmou.

— Pelo visto só nós dois temos as técnicas da cozinha, Mormor. — Steve respondeu, pegando ela no colo. — O que vocês acham de um jantar decente?

— Por favor. — Harley pediu. — Eu pensei que ia morrer sem você aqui, o papai é um desastre.

— Meus sentimentos foram estilhaçados desse jeito? — perguntei fingindo tristeza e ele me abraçou rindo.

— Quero meus assistentes, talvez eu faça uma sobremesa. — Steve falou e todos comemoraram.

Era muito bom ter Steve em casa de novo, as crianças sempre ficavam mais felizes com nós dois aqui, além da comida decente é claro. Eu estava preparado para me agarrar em Steve como um coala e não me soltar mais por um bom tempo, mas antes temos que providenciar o jantar e dar a assistência que ele precisa para tudo.

Eu amo tanto a nossa família, mesmo que sem o Steve sejamos um grande desastre culinário.