In her arms escrita por Kin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu não poderia deixar de pensar nisso depois de ver o episódio seis até o oito seguidos, então escrevi.



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A noite se instalou quase que furiosamente sobre Halifax. A chuva deu o ar da graça, trazendo a esperança de vida para os planteios de Shibden. Dentro do salão, o calor provinha de uma lareira com madeiras cobertas de fuligem, mas no quarto do primeiro andar, Ann estava aquecida pelos edredons macios e os braços protuberantes de Anne Lister, sua esposa.

A jovem apreciou o barulho constante e calmo dos pingos batendo na janela velha, acomodando-se por entre os cabelos castanhos da mulher adormecida. Anne acabou cochilando depois de ler algumas das suas poesias favoritas para Ann, ela adorava mostrar coisas novas que havia descoberto na biblioteca da cidade, mas também estava bastante exausta do dia longo, resolvendo as negociações de sua mina de carvão.

A senhorita Walker, no entanto, estava bem alerta, ainda. Ela havia passado o dia na sala azul, desenhando algumas paisagens que recordou da viagem na Suíça, testou um pouco do seu francês com Eugénie e Cordingley e tomou um chá com Jeremy e Marian. Isso não tomou muito da energia que possuía. Os olhos azuis bem abertos percorreram a face cansada e tranquila de Anne no sono pacífico e repousante.

Ann achava que a senhorita Lister era perfeita. Um sorriso meigo escapou dos lábios quando ela se mexeu por cima do peito e procurando uma posição em que pudesse olhá-la mais de perto, quando as mãos de Anne se apertaram involuntariamente ao redor da cintura fina da esposa, puxando-a para perto novamente.

Deu-se por vencida e encaixou a mandíbula na clavícula de Anne, esfregando os ombros dela com as pontas dos dedos e ficando de bruços sobre o peito que subia e descia lentamente com a respiração profunda. Ann sentia-se protegida. Ela já teve muitos momentos de extrema solidão e medo trancada pelas paredes grandes de Crow Nest no passado, mas agora ela tinha essa mulher que a segurava com tamanha afeição e necessidade ali. Ela se perguntou o que havia feito para merecer tanto cuidado. 

Anne Lister era uma mulher cheia de conhecimentos, infinitos segredos guardados por trás das íris misteriosas, já havia vivido uma vida de aventuras e experiências diversificadas. E no fim, escolheu estar ali com ela, que mal colocava os pés para fora de casa, mas que aceitou o convite para desbravar o planeta com os braços abertos. Pensou que era o mínimo que poderia fazer, dado os presentes recebidos pelo simples fato de ela aparecer em sua vida: o amor e a coragem. Então deixou-se ser abraçada pela Srta. Lister e seu esplendor. Ficar ali nos braços mornos e grandes lhe permitia se sentir em casa. Ann queria poder escrever assim como Anne sobre isso, sobre como era ter liberdade de ser ela mesma, ainda que presa por um par de membros envolta do seu corpo. De certa forma, era como se suas almas estivessem se tocando e seu interior era preenchido por todo aquele sentimento de conforto e amor.

Nenhuma chuva ou frio poderiam alcançá-la agora que estava tão segura ali. Ann estava mergulhada no calor latente do abraço poderoso de Anne Lister. Todos os sintomas das ansiedades e depressão estavam desfeitos naquele momento, ela só conseguia sentir alívio, cuidado e uma entrega imensa. Silenciosamente, ela agradeceu aos céus por estar lá, abrindo um pequeno sorriso. 

Quando sentiu que o sono iria lhe atingir, pressionou um beijo quieto no pescoço de Anne, se aconchegando. Deu de cara com os olhos castanhos a se abrir no meio do percurso, surpreendendo-a brevemente. "Oh, eu lhe despertei? Me desculpe, Anne..." sussurrou timidamente, tremendo os lábios.

"Não precisa se desculpar, Adney." Ela olhou para os lados, procurando o relógio e acabando por se deparar com o livro ali ao lado. "Eu quem devo me desculpar por não terminar as poesias... Eu cochilei." Anne acariciou as coxas lisas da esposa, olhando-a com uma expressão que pedia desculpas. Ann deu uma risada curta e baixa, balançando a cabeça. "Não se preocupe com isso, você parecia exausta." Acariciou os cabelos escuros ternamente, fixando os olhos claros aos dela.

"Realmente eu tive um dia intenso, mas sei que você passou o resto da tarde me esperando depois do chá." Anne continou deslizando as mãos pela extensão suntuosa das pernas e quadris da Srta. Walker, sem conter um sorriso preguiçoso. "Marian é uma fofoqueira, você sabe." A revelação fez o rosto de Ann tornar-se um tom mais avermelhado que o de costume, arrancando uma risada constrangida dela.

"Oh meu bom Deus, essa Marian..." Ela mordeu o lábio, tentando desviar o olhar. "Eu também senti sua falta." Anne lhe olhou da forma mais apaixonada possível, trazendo-a para si para um beijo profundo e suave. Ann suspirou, enrolando os braços no pescoço da esposa e correspondendo o beijo de uma forma quase faminta, sem conseguir conter os nós no estômago que a seguraram desde que a Srta. Lister saiu do salão Shibden pelo início do almoço.

"De certa forma, também consigo sentir seus olhos em mim enquanto estou cochilando." Anne quebrou o beijo por um minuto, roçando a ponta do nariz pela linha da mandíbula de Ann e provocando leves arrepios nela. "O que estava pensando?" Ela encostou as testas juntas, acariciando os cabelos dourados por entre os dedos. "Oh... Eu..." Ann levantou os ombros, quase se embaralhando nas próprias palavras. "Você estava me segurando tão forte como se tivesse medo de eu ir embora... Só pensei em como você me faz sentir segura e amada dessa forma." Ela disse com uma confiança admirável, fazendo os olhos de Anne derreterem como chocolate. Não prendeu o sorriso bobo, deixou que aparecesse.

"Não é como se eu tivesse medo de você escapar..." Ela beijou os lábios rosados acima dos dela rapidamente, acariciando o tecido branco da camisola que separava as mãos da pele das costas esguias. "Mas eu já quase lhe perdi outras vezes, Ann." Roçou os narizes, fazendo um desenho circular na ponta. "Não quero te perder novamente."

"Eu estou sempre com você, Pony." Ann disse baixinho, tocando as mangas da camisa de Anne, subindo para a gola. "Você não vai me perder." Ela juntou os lábios num beijo molhado, deslizando a língua para a boca de Anne, sentindo-a dela deslizar lentamente e encaixar-se perfeitamente na sua. A Srta. Walker gemeu baixinho, tendo as mãos da esposa subindo por dentro da camisola e tocando as costas e a pele cremosa dos quadris e abdômen. "Eu acredito que não vou." Anne sorriu com a reação de Ann, puxando um pouco o tecido de linho branco. 

"Eu já disse que não," se contorceu, suspirando com os beijos no pescoço que a Lister colocou até o caminho da orelha. "Agora faça amor comigo, Anne..." A voz de Ann foi um misto de rouquidão e desejo velado.

A Srta. Lister segurou um riso de prazer ao ouvi-la reinvindicá-la. Ela colocou Ann sobre os travesseiros e a beijou avidamente, segurando-a consigo como se dependesse dela para viver. Ann Walker gemeu feliz, tendo a certeza de que era a mulher mais sortuda do Universo por estar enrolada em Anne Lister para o resto dos seus dias. Ela era o seu lar.


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Notas finais do capítulo

É isso. A intenção era pra ser curtinha mesmo. Espero que tenham apreciado tanto quanto eu quando escrevi.
Até uma próxima!



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