Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 9
Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal! Cá estamos em mais um dia 18! Dessa vez um pouco diferente, em meio a essa pandemia que estamos. Todos fazendo quarentena e só saindo de casa apenas para o necessário????

Pensando no nosso contexto, resolvi fazer um q&a rapidinho no twitter, com perguntas sobre o Corona, para nossos personagens responderem. Vale dizer que a situação muda muito rapidamente, e que as informações postadas eram válidas até a noite de 17/03/2020, quando fiz a pesquisa!

Também importante ressaltar que nada que você lê na internet substitui uma consulta (médica, psicológica, psiquiátrica, fisioterapeuta, etc etc)! Cuide de você e dos que estão ao seu redor, siga as orientações do Governo.

Boa leitura e até próximo dia 18, se tudo der certo com notícias melhores!



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Lily se convenceu de que era melhor não falar nada para Marlene das mensagens trocadas com Potter. A amiga com toda a certeza faria um grande estardalhaço, e Lily definitivamente não precisava disso.

Com todo o trabalho de esconder – ou melhor, de omitir — as conversas, Lily acabou se esquecendo de outras obrigações, como estudar o que ela queria ter estudado e preparar o café-da-manhã.

Para piorar, ela acordou levemente atrasada, então se alimentaria de barrinhas de cereal e torceria para conseguir uma pequena folga para comprar algo na lanchonete.

—Se você tivesse dito antes eu teria trazido alguma coisa – Marlene retrucou enquanto elas entravam no hospital.

—Um dia sem comer não faz mal. Vou almoçar em casa de qualquer jeito pra depois voltar pro noturno.

Marlene não aceitou a desculpa muito bem, e fez questão de deixar isso claro. Lily sorriu – sabia que era preocupação da amiga pelas práticas alimentares ruins que a faculdade as vezes causava.

Lily estaria mentindo se dissesse que não travou um pouco antes de entrar na sala de prescrição – a luz já estava acesa, indicando que tinha alguém na sala. Ela não queria dar logo de cara com Snape depois de toda a confusão.

—Oh, ei! Evans, você sobreviveu! – Black cumprimentou com um sorriso – McKinnon, bom dia.

Lily revirou os olhos, mas deu um pequeno sorriso.

—Snape não ia conseguir me derrubar só com uns xingamentos e gritos – Lily disse, dando de ombros. Black riu.

—Esse é o espírito! – Ele exclamou.

—Nada que uma boa dose de Vodka não resolva – Marlene confidenciou. Black arregalou os olhos e jogou os longos e sedosos cabelos para o lado.

—Você, bebendo dia de semana, Evans? Estou completamente chocado! – Black disse, fingindo espanto. Quando Lily estreitou os olhos na direção dele, ele apenas riu mais uma vez – Falando sério agora, estou com um paciente sem interno. Soube que você está precisando de um novo residente…

Lily sorriu em agradecimento, e sentou na cadeira indicada pelo residente.

—Esse paciente chegou ontem na emergência, queixando de distensão abdominal há alguns dias… 

Black apresentou o paciente brevemente, e Lily foi ver os controles da noite e se havia ocorrido alguma intercorrência, e logo em seguida foi ver o paciente em si. Não era uma história muito complexa: uma obstrução intestinal que estavam tentando resolver clinicamente, para não precisar de cirurgia.

—Como está ele? – Black perguntou quando Lily se sentou no computador para fazer a evolução.

—Ainda distendido, ainda sem flatos, ainda reclamando da sonda nasogástrica – Lily resumiu rapidamente – Quanto tempo vamos fazer conduta expectante?

—Bem, não é exatamente expectante – Black corrigiu – Estamos fazendo medidas, então é mais conduta conservadora, certo?

—Hum, certo – Lily respondeu.

—Então, ele já tem passado de cirurgia prévia, então pensamos em qual suspeita por isso? – Ele questionou.

Lily estava levemente surpresa com Black fazendo uma discussão dessa – ele sempre aparentara não ter muita paciência para internos. Ainda assim, ficou grata e conseguiu terminar a evolução bem mais rápido.

—Você já acabou? – Ele perguntou quando Lily saiu do computador e pegou o celular.

—É. Dei alta para o paciente que eu estava com Dr. Longbottom e… bem. – Ela explicou dando de ombros – Então já terminei.

—Aproveita para anunciar o quarto, Lil – Marlene pediu de um dos computadores.

Black fez uma cara especulativa.

—Desculpe, vocês estão anunciando um quarto? – Ele perguntou, sentando ao lado de Lily. A sala de prescrição já estava cheia de internos, e os residentes eram vistos passando nos corredores, visitando os pacientes.

—Sim – Lily confirmou – Temos um quarto livre há algum tempo e finalmente tomamos vergonha na cara em botar para alugar. Por quê? Te enxotaram de casa? – Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. Black riu.

—Ora, ora! Temos uma piadista? – Ele provocou – Eu sou a alma daquele apartamento! Nunca seria enxotado.

—Tudo bem, a gente acredita – Lily confirmou, acariciando o ombro dele sarcasticamente.

—Eu não conhecia esse seu lado, Evans. Mas estou gostando – Black disse, ainda sorrindo – Bem, meu interesse é: lembra da minha prima caloura?

—Aquela garota adorável de cabelo rosa? – Lily perguntou. Black assentiu.

—Aquela maluca mesmo. Bem, ela está a procura de um lugar para morar.

—Onde ela está atualmente?

—Comigo. E James, Remus e Peter – Black respondeu, com uma leve careta – Como pode perceber, um pouco apertado. Nós estamos nos revezando para ver quem dorme no sofá. 

Lily fez uma careta.

—Coitada de Tonks.

—De Tonks? Coitado de mim— Ele discordou – Ela é jovem, está no primeiro semestre e tem várias pessoas dispostas a tirar dúvidas. E por várias pessoas obviamente quero dizer Remus e James.

Lily bufou pelo nariz. 

—Bem, eu acho que seria uma boa. Ela poderia ir lá em casa hoje de tarde? Eu e Lene estaremos lá, e Mary também. Podemos conversar um pouco com ela e ver se interessa a todas.

Marlene ergueu o polegar em concordância sem desviar o olhar do computador.

—Excelente. Vou falar com ela então.

—Aproveita e pergunta como está para comprar ingresso da calourada – Marlene pediu.

—Ela vai pegar para mim e para os meninos. Vocês querem também? – Black ofereceu.

—Que dia abençoado – Marlene disse, finalmente se virando para eles – Se tiver como conseguir três. Mary também vai.

Black assentiu e voltou a digitar e Lily pegou os papeis do paciente.

—Sirius, Moody está lhe procurando.

Lily ergueu a cabeça de suas anotações e olhou em direção à voz. Potter estava ajeitando os óculos, olhando para ela e Black.

—Ei, Pontas! – Black disse com um sorriso – Tonks vai se mudar!

Potter franziu o cenho enquanto Lily ria e dava um leve tapa no ombro de Black.

—Eu disse que a gente vai conversar com ela, Black. Calma.

—Você está forçando as internas a aceitarem sua prima, Sirius? Isso é abuso de poder – Potter disse, fazendo Lily e Marlene sorrirem enquanto Black fazia uma careta.

—Muito pelo contrário, seu tapado. Elas comentaram que têm um quarto sobrando e eu fiz a conexão. Vai ser ótimo para Tonks! 

—Você só quer parar de dormir no sofá, Almofadinhas – Potter disse, revirando os olhos.

—E livrar Remus dela, não se esqueça! – Black adicionou – A pestinha está enchendo o saco dele com dúvidas e ele é muito… passivo para dizer não.

Potter soltou uma tosse que claramente estava escondendo uma risada, mas Black apenas estreitou os olhos.

—Moody ainda está lhe procurando – Potter disse. Black suspirou o guardou o celular no bolso do jaleco, se levantando e saindo da sala.

Potter, então, tomou o lugar de Black ao lado de Lily.

—Conseguiu algum paciente? – Ele perguntou. Lily sorriu.

—Black estava sem interno pra um paciente novo e me ofereceu – Ela explicou, mostrando os papeis. Potter sorriu.

—Que bom. O próximo paciente também é seu.

—Ah, obrigada! Ficar só com um é meio chato – Ela disse, e Potter concordou com a cabeça.

—Esse é o espírito – Ele respondeu – Se Snape passar, pode cuspir nele.

Lily teve que segurar a gargalhada, mas alguns risinhos escaparam, fazendo o residente rir também.

—Vou considerar isso – Ela comentou. Potter soltou uma piscadela e se levantou.

—Qualquer coisa é só falar. Agora preciso ver meus internos antes que eles façam besteira. – Ele disse – Fenwick, espero que não tenha esquecido de fazer a prescrição dessa vez!

Lily soltou um risinho e voltou ao seus papeis. Pouco tempo depois, Marlene se sentou ao seu lado, um pacote de biscoito em mãos.

—Come logo – Ela disse para Lily.

—Esse é seu lanche, Lene – Lily replicou.

—Eu comi pela manhã, você não.

—Eu trouxe comida, lembra? – A ruiva respondeu, abrindo a mochila e pegando suas barras de cereais. Marlene estreitou os olhos enquanto Lily comia.

—Seria bom avisar a Mary que a prima de Black vai no apartamento pela tarde, não? – Marlene sugeriu.

Lily assentiu e pegou o celular para avisar a amiga que teriam visita logo mais, e guardou o aparelho, focando nos dados de seu paciente para passar o caso. Havia ouvido que seria McGonagall naquele dia, e Lily estava determinada a fazer uma boa apresentação para ela.

Black voltou para a sala de prescrição acompanhado de seus dois amigos. Os três conversavam num tom de voz mais baixo do que o normal, mas com pequenos sorrisos ainda nos rostos. Black localizou Lily e se sentou ao lado dela novamente.

—Tonks disse que seria um prazer ir conversar com vocês hoje – Ele disse, depois se virou para Lupin – Evans e McKinnon têm um quarto sobrando. Vamos nos livrar da pirralha.

—Você realmente acha que falando assim vai ajudar Lily e Marlene a aceitarem sua prima? – Lupin questionou erguendo uma sobrancelha. As duas garotas sorriram.

—Eu não sei se influencia muito – Lily falou – Não conheço Black tanto assim, mas já deu pra perceber que ele tem uma tendência para o drama.

O comentário gerou uma risada de Potter e um grande sorriso de Lupin, enquanto Black apenas estreitou os olhos.

—Retiro o que disse hoje de manhã, Evans. Eu posso pedir para Tonks não levar os ingressos de vocês da calourada… 

—Tenho certeza que Lupin nos passaria o número dela – Marlene replicou. Lupin assentiu, coçando a orelha e ainda sorrindo.

—Traição, Lupin! – Black exclamou, se esforçando para manter o tom de voz baixo. A resposta, no entanto, não veio, pois a sala se abriu para a entrada de McGonagall – Isso não ficará assim, Evans! – Black sussurrou, fazendo Lily sorrir mais.

Lily não saberia dizer se McGonagall havia gostado ou não da sua passagem de caso. Apesar de sempre oferecer dicas e orientar, a preceptora não era muito expressiva. Não era de sorrir muito (exceto para pacientes), e seus lábios ficavam mais tempo pressionados em uma fina linha do que relaxados.

Ainda assim, Lily adorou a visita naquela manhã. Só parou de tomar notas quando falava sobre o paciente, ou respondia perguntas feitas pela preceptora. 

Apesar de McGonagall não demonstrar satisfação, Lily suspeitava que havia feito uma boa apresentação, a julgar pelo sorriso de Black.

Ela saiu com uma sensação de dever cumprido tão boa que nem mesmo a encarada de desprezo que Snape lhe mandou foi suficiente para lhe desanimar.

***

—Eu não consigo acreditar que vocês vão me forçar a aguentar outra médica na empresa medicina – Foi assim que Mary recepcionou Lily e Marlene em casa. As duas riram.

—Foi questão de oportunidade, Mary – Lily justificou.

—Então vocês acham que ela vai se dar bem aqui? – Mary perguntou. Lily deu de ombros.

—Não sei. Vamos conversar. Apesar do jeito que Black falou, deu para ver que a garota é legal naquele dia – Marlene respondeu – Só aceitaremos se for unânime, certo?

Lily ergueu os polegares indicando que concordava e foi lavar as mãos para fazer o almoço – era o dia dela na escala. Mary e Marlene ficaram na cozinha fazendo companhia.

—De qualquer sorte, ela está trazendo nossos ingressos da calourada! – Lily exclamou, fazendo Mary aplaudir rapidamente.

—Digna de ser considerada, então! 

Lily revirou os olhos mas riu com Marlene. A ruiva não sabia quase nada de cozinha – ou do resto de uma casa, para falar a verdade – até ter que se virar quando foi fazer faculdade. Sua mãe vivia dizendo como ela ter ido morar longe de casa tinha sido uma maravilha nesse quesito.

Naquele dia, por exemplo, ela estava fazendo ensopado de galinha com batatas cozidas, arroz integral com grãos (elas aderiram em parte à dieta de Mary) e um suco integral de laranja. A salada tinha sido providenciada por Mary mais cedo.

A sobremesa foi por conta de Marlene – um mousse de maracujá – e nem mesmo Mary de dieta conseguiu resistir.

Elas ainda estavam sentadas na mesa quando a campainha tocou, anunciada a chegada de Tonks. Lily arregalou os olhos e se levantou rapidamente para atender a porta.

—E aí, Lily, beleza? – Tonks cumprimentou alegremente. Lily se impressionou mais uma vez com a felicidade que emanava da garota (calouros, ela não conseguiu não pensar).

—Tonks! – Lily respondeu, olhando para o relógio e fazendo uma cara de confusão – Não que seja um problema, mas achei que tínhamos combinado mais tarde… tipo, daqui a uma hora.

Tonks fez uma careta e olhou para o relógio, e soltou um muxoxo.

—Droga, desculpa, Lily. Eu estou aprendendo a usar relógio analógico. Meu pai disse que uma estudante de medicina tinha que saber ler as horas como um adulto e tomou meu relógio digital – Ela disse, mostrando seu pulso – Ainda estou com um pouco de dificuldade. Para ser sincera, talvez ele só tenha tomado meu relógio porque era do Barney.

—Barney, o dinossauro roxo? – Marlene perguntou, da mesa, enquanto ela e Mary franziam a testa. Lily abriu mais a porta e deixou Tonks entrar.

—Hm, na verdade Barney dos Flintstones, mas essa é uma excelente ideia! – Tonks disse, com um sorriso – Oi, Marlene, oi, Mary. Obrigada por considerarem me deixar morar aqui. Peter jogando cueca suja em Sirius deixa de ser engraçado na décima oitava vez – Ela comentou franzindo o nariz em nojo. 

—Sem problemas – Mary tranquilizou a garota – Estávamos precisando de uma pessoa para morar aqui de qualquer jeito. Pode se sentar. Quer mousse de maracujá?

Tonks aceitou com um sorriso, e colocou a bolsa dela no chão com tranquilidade.

—Uau, está uma delícia! – Ela disse – Já valeu a pena ter vindo aqui só por isso.

Marlene sorriu em agradecimento, e Tonks arregalou os olhos batendo na testa.

—Antes que eu esqueça, os ingressos de vocês! – Ela explicou, pegando a bolsa no chão. Contudo, seu cotovelo bateu na mesa, e depois de uma exclamação de dor, derrubou o acessório no chão, espalhando todo o conteúdo perto da mesa – Oh, droga. Eu sou um pouco desastrada, me desculpem…

Lily já tinha um sorriso no rosto, e ficou feliz em ver que as colegas de apartamento olhavam para a garota mais nova do mesmo jeito que ela: com um certo afeto.

—Aha, aqui estão! – Tonks disse, entregando os ingressos para Lily, que estava mais perto.

—Obrigada, Tonks. Quanto te devemos? – A resposta de Tonks foi um gesto de indiferença com a mão.

—Depois eu passo a conta, fiquem tranquilas.

—Bom, então você é caloura? – Mary perguntou. Tonks assentiu, tomando mais um pouco do mousse.

—Exato. A situação na minha família é meio, hum… complicada, vamos dizer assim. Sirius é um dos poucos em quem eu e meus pais confiamos, então eu pedi ajuda dele quando fui aprovada. Os meninos são ótimos, mas… aquele apartamento precisa de uma intervenção. Ou de Euphemia.

Lily gostava do jeito acelerado da garota.

—Euphemia? – Marlene perguntou.

—É a mãe de James – Tonks explicou – Só ela consegue colocar James e Sirius na linha. Bem, mais Sirius, James é mais organizado. Peter fica com vergonha, mas nem ajuda tanto. O único que se salva naquele hospício é Remus.

—E você já tinha começado a procurar apartamentos? – Mary continuou.

—Estava vendo na internet ainda. Não tenho como pagar por um só meu, mas não vi muitas vagas. Na verdade, o de vocês foi o único que achei. No caso, Sirius.

—Certo, Tonks. – Lily disse – Bom, aqui nós dividimos as tarefas bem direitinho. Cada uma organiza seu quarto e lava suas roupas. Mas o resto da casa é bem dividido com escalas. Tipo, faxina, louças, almoço, compras. Desse jeito ninguém fica sobrecarregado.

Tonks assentiu.

—Hum, me parece ótimo. Bom, eu não sei cozinhar muito bem, mas posso aprender com vocês e enquanto eu não souber posso fazer mais parte de limpeza e tal.

Mary balançou a cabeça em aprovação.

—Temos algumas regrinhas em relação a barulho – Marlene continuou – Precisamos de silêncio para estudar, então qualquer música ou algo assim tem que ser baixa ou no fone.

—Parece perfeito pra mim – Tonks concordou.

—Festas e reuniões de amigos são sempre combinadas com pelo menos um dia de antecedência.

—Justíssimo.

—Lily e eu traremos uns amigos alguns dias para fazer provas de residência, mas ficaremos no quarto de uma das duas – Marlene disse. A garota mais nova balançou a cabeça positivamente.

—Se você tiver um namorado ou algo assim não temos problemas em você trazer ele pra cá – Mary disse – contanto que não… er… incomode, se me entende. 

Tonks franziu a testa, mas sinalizou que entendeu, enquanto Marlene bufou.

—Não fala assim. Pode trazer a pessoa, mas não sejam barulhentos – Marlene disse – E não temos problemas com caras casuais, ou garotas casuais se você preferir, contanto que não exagere. É uma casa de mulheres confiáveis e temos medo de abrir demais para estranhos, compreende?

—Completamente, faz todo o sentido – Tonks disse, e fez uma careta – Quão ruim seria para vocês se Sirius ocasionalmente invadisse o apartamento?

As três franziram a testa.

—Ele tinha esse costume antes de se mudar, e algo me diz que vai continuar. Ainda mais que ele gostou de vocês duas – Tonks explicou, apontando para Lily e Marlene – E talvez James o acompanhe. Ele também gostou de vocês.

—Você consegue fazer ele se calar pra gente estudar? – Marlene perguntou. Tonks afirmou que era capaz – Então tudo bem por mim. Mary, Lily?

As duas concordaram.

—O aluguel é pago todo dia 5 do mês, as contas são divididas igualmente por todas as moradoras. Nossas compras de mercado são para todas. Se você comprar algo especial que queira guardar, não temos problemas. Se tiver que guardar na geladeira, pegue uma fita adesiva com seu nome. Se não precisar de geladeira, deixa no seu quarto – Mary foi enumerando – Ah, você eventualmente vai ver Grey’s Anatomy.

—Eu prefiro House, mas não tenho nada contra – Tonks respondeu, dando de ombros. Mary estreitou os olhos.

—Estou em menor número nessa casa, então tem um limite de coisas de medicina – Mary completou. Tonks assentiu.

—Faz total sentido. Qualquer coisa joga uma almofada em mim. Eu não vou conseguir desviar nem que eu tente e vou me tocar.

As três outras riram, e se entreolharam.

—Quer conhecer seu quarto?

***

Lily entrou no hospital para o plantão noturno junto com Emmeline, que seria sua companheira naquela noite. Elas estavam conversando sobre um dos casos da enfermaria, que era mais raro, quando chegaram no conforto médico para deixar suas coisas.

Lily viu um dos residentes com quem não tinham muito contato conversando com Lupin e sorriu, se encaminhando para lá. Lupin estava recebendo o plantão – ficando a par dos pacientes que ainda estavam ali e as pendências.

Emmeline localizou Diggory, o interno que havia ficado durante o dia, e as duas foram na direção do colega que estava terminando uma sutura.

—Oh, hey, garotas. Vou terminar aqui com essa paciente e passo o que rolou hoje – Diggory falou, indicando o corte no braço da paciente. Lily franziu o nariz; não estava ficando tão bonito.

—Hum, se você fizer a distância da entrada e da saída mais simétrica em relação à borda fica melhor esteticamente falando – Lily sussurrou no ouvido dele, quando se aproximou para fingir observar melhor.

Diggory ergueu uma sobrancelha, mas não comentou nada. Lily e Emmeline foram para o balcão esperar o colega terminar o procedimento, que não durou muito.

—Escuta, Evans, eu sei que você se acha uma cirurgiã já – Diggory disse ao se aproximar – Mas eu sei fazer uma sutura. Guarda suas dicas pra quem pedir.

Lily ergueu as sobrancelhas, mas assentiu.

—Tranquilo, Diggory. Só falei mesmo porque eu sei que você sabe fazer uma sutura, e sei que consegue fazer melhor do que estava fazendo.

O loiro revirou os olhos, mas não comentou mais nada e começou a relatar as pendências. Lily mais uma vez foi anotando no caderno. Talvez ela não devesse ter dito nada, mas ela fora sincera. A sutura estava ficando ruim, e apesar de ali ser um hospital escola, não significava dizer que não se podia fazer o melhor possível.

—Ufa, pelo menos está vazio hoje – Emmeline comentou. Lily sorriu, e a colega sorriu de volta – Eu sei que você gosta quando fica cheio, mas preciso descansar. A calourada é sábado, sabe?

—Dá pra descansar plenamente amanhã, Emme – Lily comentou – Só vamos passar enfermaria e vamos pra casa.

—Você vai pra calourada esse ano? – Emmeline perguntou.

—Esse ano vou. Estou sentindo falta do clima de calouros, sabe? A esperança e animação – Lily respondeu dramaticamente, fazendo a colega rir – Vamos falar com Dr. Lupin, dizer que somos nós hoje à noite.

As duas garotas foram para o lado do residente, que estava analisando o computador atentamente. Quando ele percebeu as duas se aproximando, abriu um pequeno sorriso e gesticulou para que elas vissem o computador também.

—Veem algo de estranho nessa radiografia? – Ele perguntou. Lily e Emmeline observaram com mais atenção, mas não foram capazes de ver nada de errado. Lupin suspirou – Paciente está com suspeita de pneumoperitôneo, então deveríamos ver na radiografia de tórax, mas não está claro para mim.

Lily franziu o cenho.

—Nesse caso deveria prosseguir com a tomografia, certo? – Ela questionou.

—Seria o adequado, sim. Mas temos um trauma em uma, um protocolo AVC em outra e a terceira quebrada – Lupin explicou.

—Bom, podíamos fazer uma incidência de Laurell? – Lily sugeriu. Lupin pareceu ponderar momentaneamente.

—É uma boa ideia, Lily. Com a tecnologia da tomografia, acabamos esquecendo coisas mais simples. Fiquem aqui enquanto falo com algum preceptor. Frank está terminando de ver algumas pendências. Ele é o R2 da noite.

Lupin saiu andando com passos rápidos, e logo Frank apareceu, falando sobre as pendências e como dividir entre as duas garotas.

Lily não era muito próxima de Emmeline, mas definitivamente era melhor estar no plantão com ela do que com Amos. As tagarelagens ocasionais da garota ajudavam o tempo a passar mais rápido, ao contrário do papo chato de Diggory.

Lupin voltou com um papel carimbado e o paciente foi encaminhado para o setor de radiologia.

—Excelente lembrança, Lily – Lupin comentou. Lily sorriu.

—Estava estudando ontem, por sorte.

—Quer dizer então que você vai livrar Sirius de Tonks? – Ele perguntou.

—Acho que está mais para livrar Tonks dele – Lily replicou, fazendo Lupin sorrir.

—Sou obrigado a concordar. É um bom apartamento, mas não tem como aguentar nós quatro por muito tempo – Lupin concordou.

—Tonks mencionou algo sobre cuecas sujas sendo arremessadas… – Lily disse. Os cantos da boca de Lupin tremeram levemente. – Se lhe faz feliz, você foi salvo da crítica.

Lily acrescentou a ressalva olhando atentamente para Lupin, e não estava enganada: ele piscou duas vezes e coçou a orelha.

—Quando a comparação são os outros três, não é grande coisa… 

Lily e Emmeline, que estava ao lado, riram do comentário, mas não responderam pois nesse momento Potter se aproximou do balcão limpando os óculos.

—Hey, Aluado, tem comida em casa? – Ele perguntou – Evans, Vance, boa noite.

—Eu não sei. Sirius está em casa, pergunta a ele. – Lupin respondeu, e Potter fez uma careta.

—Antes estivesse. Foi pra casa de alguma garota.

—Tonks está na faculdade? – Lily sugeriu. Potter assentiu.

—Sim. Hey, muito legal de sua parte aceitar a pirralha – Ele comentou. Lily sorriu.

—Ela não é tão nova assim… – Lily contrapôs – Quatro anos a menos que eu!

Seis anos a menos que eu – Potter disse – E eu vi a garota com 10 anos. Eu posso chamar de pirralha. 

Lily soltou um riso.

—Como eu estava comentando com Lupin, ela é uma ótima garota. Não fizemos favor nenhum.

Potter sorriu de volta, se apoiando na bancada.

—Bom, vai ser um alívio não ver Sirius surtando mais – Potter falou dando de ombros.

—Sirius reclama demais – Lupin disse – Tonks não incomodava em nada.

—Quem ela mais incomodava era você, com todas aquelas perguntas de calouros – Potter riu – Eu até tenho paciência, mas nem tanta.

Lupin deu de ombros.

—Vai logo embora ou você vai ficar aqui a noite toda, Pontas. A cirurgia já demorou bastante – Ele ordenou.

—A gastrectomia só terminou agora? – Lily perguntou, erguendo as sobrancelhas. Potter sorriu e ajeitou os óculos.

—Acredita? Começou de tarde, é verdade, mas acabou agora só. Weasley gosta de deixar residente e interno operarem. Demorou mais por isso – Ele respondeu alegremente.

—Que bom que você estudou os passos então.

Potter concordou, ainda sorrindo, e bagunçou os cabelos, se desenconstando da bancada.

—Bem, tenho que ir. Aparentemente preciso comprar comida. Bom plantão pra vocês!

Lily não reparou, mas durante toda a conversa Emmeline olhava entre ela e Potter com olhares especulativos. Emmeline teria perguntado sobre a troca, não fosse pela chegada de dois pacientes, fazendo com que todos não lembrassem sequer que Potter havia passado ali.

Lily gostaria de dizer que o fluxo de pacientes se manteve, mas elas, Lupin e Longbottom haviam esperado pacientes por quase três horas, e nada. 

Dessa vez a ruiva aceitou o horário de descanso – ela e Lupin dormiriam no final do plantão. Emmeline e Frank deixaram os dois dizendo que qualquer problema era só chamar.

Quando finalmente chegou algum paciente, eles nem atenderam: era uma emergência ortopédica, então não iria para eles.

—Hey, Aluado! 

Lupin e Lily se viraram para o chamado, e sorriram.

—Oi, Rabicho – Lupin cumprimentou – Você se lembra de Lily, certo?

—Ah, Evans! – Pettigrew exclamou – Não foi você que fez Snape parecer um idiota? Quero dizer, mais do que ele já parece, claro.

Lily sentiu o sangue tomando conta de seu rosto, e Pettigrew riu.

—Você mesma! Como tá o plantão hoje?

—Você sabe que dá azar falar antes de acabar, Pete – Lupin comentou, um pequeno sorriso em seu rosto.

—Quanta superstição! Bom, cadê meu pé torcido? 

Lily indicou o paciente em questão e Pettigrew foi até a maca, apertando a mão e sorrindo.

—Então eu sou a interna que brigou com Snape? – Lily perguntou para Lupin, que riu – Não era assim que eu gostaria de ser conhecida…

Lupin sorriu e sacudiu a cabeça em negação.

—Estávamos comentando em casa, apenas. Os outros têm… problemas com Snape, então eles estavam falando e Pete ouviu.

Lily riu.

Isso eu percebi. Potter é o pior de todos, né? – Ela perguntou.

—Sim, é – Lupin confirmou, franzindo o cenho – Como percebeu?

—Bem, no fatídico dia nós tivemos que literalmente segurar Potter para ele não partir pro soco, então assumi que fosse por causa disso… 

A voz de Lily foi abaixando quando ela viu Lupin desviar o olhar e suspirar.

—Você é uma boa observadora, Lily – Ele comentou – Mas a reação exagerada dele não foi só por causa disso.

Lily ergueu as sobrancelhas, e Lupin suspirou novamente.

—Você ficou no meio do fogo cruzado, então suponho que mereça saber toda a história.

Ele pegou os bancos que tinham disponíveis e colocou atrás da bancada. Os dois sentaram de modo que não seriam ouvidos, mas ainda podiam manter toda a sala de emergência sob visualização.

—Você já sabe que eu, Sirius, James e Peter estudamos juntos desde o fundamental. Como qualquer grupo de crianças idiotas, nos demos até apelido: os Marotos. Sempre fomos muito próximos, ainda mais quando Sirius foi morar com James no ensino médio, mas essa é outra história.

Lily assentiu. Ela tinha se aproximado para ouvir melhor o que Lupin falava, pois o residente abaixara ainda mais a voz.

—Eles sempre foram meus melhores amigos. Na realidade, foram basicamente meus únicos amigos de verdade. Mary morava na vizinhança, mas o problema era mais comigo. Eu não saía muito para brincar. Isso não era problema para eles. Quando eu não podia sair, eles vinham até a minha casa. Os pais de James me pegavam para todos dormirmos na Mansão Potter.

—Er, Mansão? – Lily perguntou, erguendo as sobrancelhas. Remus soltou uma risada.

—É. James vem de uma família… abastada, digamos assim. O pai dele tem uma empresa farmacêutica, negócio de família. Mas o pai dele gosta de pesquisas. Ele é um dos maiores investidores em pesquisa médica.

—Wow, não sabia disso…  – Lily comentou. Lupin sorriu levemente.

—Antigamente James se gabava, mas ele amadureceu. Bem, um pouco, na verdade. E na faculdade nós encontramos com Snape. Éramos todos da mesma turma, o que foi um milagre – Lupin olhou para as mãos e deu um sorriso quase triste – Foi James que me convenceu a seguir meu sonho. Eu sempre quis fazer medicina, mas não tinha coragem. E James me deu essa coragem, assim como Sirius e Peter.

“James desde que chegou na faculdade, entrou no time de futebol, e se tornou capitão muito rápido. Ele e Sirius sempre chamaram muita atenção, sabe? Eles eram os melhores na maioria das matérias, menos pesquisa, por incrível que pareça. James nunca gostou, apesar do pai.

“Eu não sei bem como começou essa briga, mas Snape e James se desentenderam. Snape sempre tinha comentários… vamos dizer retrógrados, no mínimo. E James se irritava. Claro que não era apenas isso, James também provocava Snape, também procurava confusão. O tempo foi passando e James foi deixando mais de lado, só que continua o clima tenso. E Snape nunca aceitou bem que James e Sirius passaram na residência de primeira e ele não.”

Lily franziu a testa, em claro sinal de confusão.

Lupin suspirou.

—Snape ressente muito os meninos por causa disso também. E então Snape tenta sempre desestabilizar do jeito que consegue. – Lupin hesitou – E aí é o real motivo de James ter surtado tanto. Lily, eu sou portador de anemia falciforme.

Lily sentiu suas sobrancelhas erguendo.

—Felizmente não tenho muitas crises, mas tenho falcemia, não apenas o traço. Então minha infância não foi completamente normal por isso. Minha mãe não gostava que eu me arriscasse, compreensivelmente. Muitas crianças não me aceitavam bem, achavam minha cicatriz da esplenectomia horrível, eu não podia brincar muito na piscina, não saía quando o tempo mudava, tomava vários remédios… mas não James, Sirius e Peter. Eles acharam a minha cicatriz irada, e como tinha o formato de uma lua, segundo eles, me chamaram de Aluado.

Lupin abriu um sorriso imenso e olhou para Lily de novo.

—Eu devo tanto para eles, Lily. E James sabe disso. E ele sabe o preconceito que eu sofri porque não podia brincar como todo mundo, porque preciso tomar mais cuidado, e bem… porque eu sou negro, claro.

—Até o momento apoio ele completamente.

Lupin sorriu de novo.

—Ele fica muito envolvido e as vezes perde o ponto, como naquele dia. E Snape sabe disso, e é uma maneira que ele tem de provocar James, e James sempre cai na provocação. Tudo porque eu e Snape passamos juntos, e ele se sentiu ofendido que eu passei com ele.

—Mas por que ofendido? – Lily perguntou, confusa.

—Eu tive de trancar um semestre porque eu tive uma síndrome torácica aguda no sexto ano – Lupin explicou, e Lily arfou – Fiquei um mês e meio na UTI, e mais duas semanas no hospital. Eu não quis ir ao médico quando comecei a me sentir mal, e continuei no internato, e me contaminei com uma bactéria multirresistente. 

—Minha nossa…

—É por isso que James enche meu saco agora com tudo. Com razão. Eu tive uma crise desde que entrei na residência. Snape, que já achava insultante ter passado junto com o doente, ficou irritado porque tivemos que mexer na escala do dia que eu estava para acomodar.

Lily absorveu tudo em silêncio.

—Com a hidroxiureia, eu fico melhor controlado. Fleamont, o pai de James, tem uma linha de pesquisa só para tratamentos de anemia falciforme, e ele produz hidroxiureia e sempre me dá. Eu tenho uma doença um pouco limitante, é verdade. Mas eu sou muito grato por ser rodeado pelas pessoas eu sou.

Lily sorriu e ele sorriu de volta.

—Aqueles três fariam tudo por mim, como já fizeram. Por isso que quando eu impedi James de socar Snape eu só pensei “ele não vai se encrencar por minha causa de novo”, porque não seria a primeira vez. Mesmo que eu não seguisse meu sonho, Lily, eu seria feliz, só por ter aqueles três seguindo o sonho deles.

***

Q&A sobre Covid!

Lembrando mais uma vez: a situação muda muito rapidamente, e que as informações postadas eram válidas até a noite de 17/03/2020, quando fiz a pesquisa! 

Também importante ressaltar que nada que você lê na internet substitui uma consulta (médica, psicológica, psiquiátrica, fisioterapeuta, etc etc)! Cuide de você e dos que estão ao seu redor, siga as orientações do Governo.

 

@saintprongs: oi eu to com tosse seca, dor de garganta, leve febre de 37° e dor de cabeça

já posso me trancar no quarto pra sempre ou é só uma gripe comum?

Remus: se formos ao pé da letra, o termo correto é resfriado comum, a gripe é-

Sirius: cala a boca, Aluado. Claramente ela quer saber se é Covid-19 ou não. Ela não quer ir ao pé da letra. Para de ser literal.

James: por que vocês estão quebrando a hierarquia? Internos falam primeiro. Lily, pode falar, por favor?

Lily: hum... bem, esses sintomas são bem gerais, então pode ser Covid-19 ou um resfriado comum, certo?

James: certíssimo.

Lily: os casos suspeitos de Covid-19 são aqueles que o paciente apresenta febre, que é temperatura maior ou igual a 37,8°C, associado a sintomas respiratórios, como tosse, falta de ar...

Marlene: alguns também podem apresentar sintomas intestinais, como enjoo e diarreia.

Lily: verdade! Mas pra entrar na suspeita de Covid-19 tem que ter epidemiologia positiva, o que significa dizer que tem que ter viajado para fora do país ou ter tido contato com alguém que viajou. A depender do lugar, claro.

James: tudo correto, mas não responderam. Ela precisa fazer isolamento ou não?

Lily: bom... se ela tem epidemiologia positiva e sintomas, o ideal é não entrar em contato com idosos, usar uma máscara e procurar atendimento. Em alguns lugares do Brasil, já estamos na terceira fase epidemiológica: quando não se consegue estabelecer como o paciente se contaminou, ocorrendo transmissão comunitária, e os números aumentam exponencialmente, então se você não viajou ou não entrou em contato, mas está com sintomas em lugares em que não se consegue relacionar (São Paulo e Rio de Janeiro), pode ser Covid-19. A orientação para casos leves é ficar em casa, fazendo quarentena de 14 dias.

Marlene: e não vai visitar vovó! Acho que é isso, né, Potter?

James: por aí mesmo. A recomendação do Ministério da Saúde é que casos leves, com apenas um mal estar e coriza, nariz escorrendo, é pra ficar em casa e pensar que é só um resfriado comum. Se tiver febre e tosse, procura uma unidade básica de saúde ou um postinho, e avisa dos sintomas. Mas teve falta de ar, procura unidade de pronto atendimento, uma UPA ou outra emergência, que pode ser quadro mais grave. E sempre ressaltando para quando estiver em casa: isolamento, lavar mãos constantemente, evitar contato com outras pessoas, evitar tocar no rosto.

Marlene: tem um estudo que diz que crianças estão eliminando pelas fezes. Então lavem as mãos depois de limparem a bunda do bebê.

Lily: e de preferência continuem com esse hábito depois que a pandemia passar.

Marlene: e também depois de limpar suas próprias bundas. Higiene pessoal, galera.

Peter: e tomem banho.

Remus: er... ok. Seguindo orientações de sempre, tomem banho.

Sirius: por quanto tempo vamos fingir que estamos respeitando a hierarquia ao pedir pras internas falarem ao invés de admitir que não estamos tão atualizados?

James e Remus: cala a boca, Sirius.

 

@xktsuki: se uma pessoa fuma casualmente, tipo só umas duas vezes no mês, ela faz parte do grupo de risco?

como eu faço pra não surtar por qualquer sintoma parecido com o do coroninha? *desespero interno *

Marlene: isso pode ser chamado de tabagismo social, mas ainda assim é ruim. Fumar sempre faz mal para a saúde.

Mary: quem vê falando assim nem imagina que ela fuma um baseado de vez em quando...

Marlene: Mary, eu to fazendo recomendação médica, para de me desmoralizar!

Sirius: McKinnon... temos que conversar depois...

James: Sirius, depois. Marlene, por favor, continue.

Marlene: certo, então, as alterações do corpo começam uns trinta minutos depois que se fuma, e mesmo essas pessoas que fumam menos, têm chance maior de ter câncer, infarto e doenças crônicas pulmonares.

Lily: a conta que fazemos é por carga tabágica, que relaciona a quantidade de maços por dia com a quantidade de anos de fumo. Fumar um maço inteiro todo final de semana é pior que fumar um cigarro por dia.

Mary: ô do Proerd, vocês ainda não responderam a pergunta da garota.

Sirius: elas têm a tendência de se alongarem...

Lily: acaba dependendo do quanto você fuma, mesmo que só duas vezes por mês, e por quanto tempo fez isso, pra definir o grau de lesão pulmonar. Inclusive pacientes que têm outros problemas pulmonares correm risco de ter uma evolução pior, como asma e DPOC por exemplo.

Marlene: é sempre bom não fumar nunca, mas principalmente nesse momento, não fume, para tentar não ter o efeito deletério imediato do cigarro. O pulmão do fumante é pior do que o do não fumante de maneira geral, então responde pior a uma infecção séria como essa.

Lily: mas ainda não temos como afirmar quão mais grave é um paciente com tabagismo casual, porque falta literatura. Então minha dica é pare de fumar.

Mary: *cof* Proerd *cof*

Remus: e sobre não surtar com os sintomas parecidos... bem não é tão simples assim, e é completamente compreensível. É uma doença nova que pode ser grave. Pensa nos principais sintomas: tosse e febre maior que 37,8°C. Pensa se você teve contato com alguém que teve o teste ou viajou pro exterior. Falta de ar também é sintoma importante. Se não tiver assim, pode ficar mais tranquila. Se tiver algum sintoma, mas não estiver muito mal, pensa que a recuperação acontece na maioria das pessoas, e não sai de casa. Precisamos ser conscientes nesse momento, e agir pensando na comunidade. Nada de sair em eventos grandes e manifestações, nem ficar tocando em pessoas aleatoriamente, principalmente se você teve contato com pessoas com Coronavírus.

Peter: toma vitamina C e sucesso.

James: meu Deus, Rabicho, você ainda nem terminou a residência e já abandonou a medicina? Os estudos dizem que vitamina C não previne muito menos trata infecções respiratórias.

Tonks: é, essa até eu sabia. Tomem cuidado também com aqueles que prometem curas e etc. Medicina alternativa é uma coisa, e charlatanismo é outra.

Sirius: morte aos coaches.

 

@prongshits: o que acontece depois que a pessoa é infectada? é tipo um resfriado normal, que vai embora sozinho ou é mais complexo que isso?

e pra quem é do grupo de risco, quais os outros cuidados que tem que tomar

Sirius: perguntou sobre fisiopatologia, eu tô fora. Deus me livre.

James: você é tão insuportável.

Sirius: eu sei.

Lily: então, os vírus que causam doenças respiratórias, de maneira geral, acabam gerando uma inflamação nos pulmões. Ele se multiplica nas células pulmonares, que acabam morrendo, gerando inflamação e ocupando o espaço que tem a troca de oxigênio. A depender do paciente, essa resposta pode ser maior ou menor. Se for muita inflamação, o paciente fica mais grave.

Marlene: isso não é exclusivo do Covid-19. Vírus Influenza, H1N1... quando os pacientes ficam mais grave, esse é basicamente o mecanismo.

Remus: pessoas do grupo de risco têm que ficar em casa. Eu só falo isso, mas é muito importante. Grupo de risco não pode ter contato com pessoas que possam talvez transmitir. Nada de deixar crianças com os avós.

James: quando começar a termos casos suspeitos aqui no PA, Remus vai para casa.

Remus: sim, eu não posso arriscar outra infecção.

Sirius: usar máscara caso tenha necessidade extrema de sair, lavar as mãos constantemente e não tocar em ninguém. Grupo de risco deve procurar atendimento também.

Peter: sabia que asma é uma doença que já coloca em grupo de risco?

James: bem lembrado. Pressão alta e diabetes também. Grupos de risco têm que tomar cuidado. Inclusive, cadê sua máscara, Aluado?

 

@sheweasley: tem muita gente falando que vai ter gente que vai ter coronavirus, sarar sozinho e nem vai saber, isso é real possível ou é só viagem da galera?

Lily: possível sim! Essas pessoas que não manifestam sintomas nenhum são chamados de portadores assintomáticos: eles têm o vírus no corpo, mas não causa a doença.

Marlene: e isso não é exclusivo do coronavírus. Outros agentes infecciosos também podem fazer isso.

James: quais outras podem fazer isso?

Sirius: qual a relevância?

James: é um bate-papo e temos que incentivar as internas, Sirius.

Marlene: infecção por HIV, herpes, outras ISTs...

Lily: que são infecções sexualmente transmissíveis, antigamente chamadas de DSTs.

Remus: e por que esses pacientes são tão importantes?

Lily: porque eles acabam sendo os principais transmissores. Julgam que estão saudáveis e não fazem quarentena ou outras medidas, e acabam contaminando outras pessoas.

Marlene: os assintomáticos têm menos capacidade de transmissão, contudo estão em maior número, então transmitem mais.

James: o que torna a quarentena ainda mais crucial para interromper o ciclo de transmissão.

 

@regulus_blxck: tem como uma pessoa que pegou coronavírus pegar coronavírus de novo?

James: ainda é difícil dizer.

Sirius: só diz que você não sabe...

James: eu sei que não tem dados suficientes para definir isso.

Lily: realmente ainda não tem dados robustos. Uma publicação de 14 de Fevereiro disse que 14% dos pacientes ditos curados na província de Guangdong, na China, voltaram a ser infectados. Há outros relatos de pacientes que tiverem o teste positivo, foram tratados, teste negativou e depois voltou a apresentar sintomas, com o teste novamente positivo.

Marlene: mas dia 16 de Março saiu um relato de caso de uma paciente na Austrália que se recuperou e desenvolveu anticorpos que duraram pelo menos sete dias. Não se sabe se dura mais tempo ou não.

Peter: importante ressaltar que todas as informações ainda não permitem dizer coisas com certeza.

Sirius: e essa questão de ter mais de uma vez pode implicar em não ter uma vacina eficaz.

Mary: quê? Mas e a vacina de Cuba?!

Lily: fake news total. A medicação que disseram ser a vacina já existia, e já era usada inclusive aqui pra diversas doenças, como hepatite C.

Mary: mas Israel sim?

Marlene: eles vão iniciar os testes em humanos, mas pode demorar meses para que seja permitida a comercialização e uso amplo. E dia 17 a China anunciou que ira começar testes também.

Sirius: e os Estados Unidos.

James: e saiu hoje (18/03/2020) uma notícia que a China tem usado uma medicação japonesa, chamada Favipiravir, teve bons resultados, mas não consegui ler ainda, só a chamada da matéria.

Lily: isso mostra que as informações e condutas mudam com uma frequência muito rápida, então é sempre bom ficar ligado nas redes sociais do Ministério da Saúde e no aplicativo que lançaram. Pode pesquisar “coronavírus sus” nas lojas de apps. É muito informativo e vai atualizando sempre.

 

@rosesweasley: Minha mãe mandou eu parar de beijar na boca, mas eu passo o dia inteiro com a pessoa e ando de carro com ela

O contato que eu tenho com ele já não seria suficiente para uma possível contaminação, mesmo com todos os cuidados (higiene + álcool em gel)

Lily: quanto mais tempo se passa com alguém, e quanto mais íntimo for o contato, mais chances de contaminação.

Marlene: a transmissão é por gotículas, e sabe onde tem gotículas? Na boca.

Lily: as precauções para dentistas e profissionais de saúde que vão precisar fazer exames ou procedimentos em pacientes com suspeita de coronavírus são maiores, pois a exposição é maior. Então em teoria, sim, o risco é maior. Existe até uma recomendação formal de se evitar beijos e abraços nesse período. Mas se ele estiver contaminado e você passar muito tempo com ele em contato íntimo, sem ter certeza se lavou a mão depois de coçar o rosto, provavelmente irá se contaminar.

Marlene: sua mãe seguiu a recomendação.

Sirius: finalmente James vai ter uma desculpa para ficar sem beijar por tanto tempo!

 

@rosesweasley: Pq idosos estão no grupo de risco mas crianças agem apenas como transmissoras? Elas tb não são sensíveis?

Remus: os idosos acabam sendo grupo de risco por terem a resposta ao vírus prejudicada. O corpo não consegue recuperar tão bem. Toda doença é mais grave em idoso. Além do mais, as doenças que também colocam as pessoas nos grupos de risco são mais comuns em idosos.

Lily: e menos comum em crianças, então não compromete tanto. Mas o motivo de quase nenhuma criança ficar doente ainda não está esclarecido.

Sirius: que você saiba.

Lily: sim, bem, é. Desde a última vez que pesquisei, que foi literalmente ontem à noite. Saiu algo novo?

Sirius: sei lá.

 

@rosesweasley: Fala sobre máscara, sobre evitar outras doenças pra não baixar a imunidade e não precisar ir pra hospital

James: ahh, importante! Então, as máscaras são recomendadas para pessoas com sintomas e suspeita de estarem infectadas, ou seja, a pessoa que está tossindo e com febre. Essa pessoa merece uma máscara.

Lily: e a máscara recomendada é a máscara cirúrgica, aquela mais simples. A outra, maior, é chamada N95, e protege contra aerossóis.

Marlene: A transmissão do Covid-19 se dá por gotículas, que consegue ser protegido pela máscara cirúrgica.

Sirius: e, claro, a prioridade é da equipe de profissionais de saúde. Se você está com medo, imagina quem está na linha de frente. Em alguns lugares, esses materiais já estão em falta.

Remus: as taxas de infecção para profissionais de saúde variam de 8 a 20%. Se as pessoas compram sem necessidade, acaba para quem precisa.

James: o mesmo acontece com o álcool em gel. Quando as pessoas compram de maneira exagerada, falta para quem precisa.

Sirius: mas aquela outra máscara, a N-95, que é a que protege contra tuberculose, deve ser usada por profissionais em algumas situações especiais.

James: quanto às doenças, é sempre bom se manter saudável. No momento em que estamos, ir para hospital não apenas tem chance de se infectar, como sobrecarrega o nosso sistema de saúde, e prejudica atendimento.

Lily: existe também aquela recomendação de não ir pro hospital se tiver com sintomas leves, tipo só mal estar.

Sirius: o que vai ocasionar em menos quantidade de casos confirmados, e caso a pessoa respeite a quarentena, diminui a transmissão. Mas como vemos, as pessoas são idiotas.

Lily: algumas. Outras são, infelizmente, obrigadas pelos patrões e por ineficiência do Governo sob pena de perderem seu sustento. Não julgue todo mundo assim.

Sirius: ok. Algumas pessoas são idiotas.

 

@regulus_blxck: Eu quero fazer uma pergunta para o residente James Potter

James: pode falar. Até porque já deu o horário das meninas e eu não gosto de prender muito além e elas já foram.

Sirius: você precisa aprender a ser residente de verdade, Pontas.

@Regulus_blxck: Com esse surto de coronavírus para evitar o contato, como você faz para superar a vontade quase que incontrolável de beijar Lily Evans?

Sirius: HAHAHAHAHAHAHA ESSA É UMA EXCELENTE PERGUNTA!

James: *balbucia algo ininteligível*

Sirius: Aluado, olha como ele está vermelho!

Remus: deixa ele em paz, Sirius.

Peter: cadê?? Sai pra lá, Sirius! HAHAHA ele tá vermelho!

James: vocês são uns idiotas!

Sirius: e você tá gamado na interna! HAHAHAHA que coisa maravilhosa!!!

James: ok, terminamos aqui?

...

James: agora que eles saíram, por favor, não comenta nada disso com as meninas, tá bem? Não que seja verdade, mas ela ficaria desconfortável. Não que ela não seja bonita, sabe? É só que ela é uma interna e isso não... ela é bonita, e bem, o pensamento já passou pela minha cabeça, só que... Mas eu não... ah... esquece.


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