Era uma vez no rancho escrita por Rayanne Reis


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Resolvi dar um pouco mais de atenção, nesse capítulo, ao Seth e ao Vovô. Espero que gostem.



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—Garoto.  - Seth estava treinando a técnica que Carlisle o havia ensinado, quando o Vovô o chamou. – Vem cá. – Ele estava parcialmente escondido. – Anda logo, garoto. – Seth largou a corda no chão e foi até o Vovô. – Preciso da sua ajuda.

—Da minha? – Perguntou surpreso. Ele achava que o Vovô era o único que não gostava dele ali no rancho.

—Tem outro garoto por aqui? – Seth não tinha visto nenhum, então deveria ser com ele mesmo.

—No que posso te ajudar? – Tentou soar simpático.

—Vamos dar o troco nos McAdams. – Anunciou dando um sorriso que fez Seth dar um passo para trás.

—Olha, eu não quero fazer nada ilegal não. Meu pai é policial e já me mostrou como é a cadeia. Não quero ir para lá.

—Não vamos fazer nada ilegal. Só vamos mostrar para aquele velho que não se deve mexer com os Cullen.

—E como vamos fazer isso? – A ideia de fazer algo errado era tentadora demais para ele.

—Vamos destruir a cerca deles para as vacas sumirem. – Seth levou as mãos a cabeça.

—Isso é muito ilegal.

—Você entende de lei, garoto? – Ele negou. – Então você não sabe o que é ilegal. Pegue esse alicate e me siga. – Ordenou e Seth começou a andar atrás dele. Para uma pessoa idosa, o Vovô andava muito rápido.

—Sr. Cullen, tem certeza disso? – Seth queria participar daquela vingança, mas algo lhe dizia que aquilo era muito errado e que se a irmã descobrisse, ele estaria em sérios apuros.  – Podemos resolver isso de outra forma. As vacas não têm culpa de nada. E se alguma delas cair em um penhasco? Elas podem morrer. Podem cair no rio ou se perderem. Não vai ser só ele que vai sofrer. Os animais também vão. – Ele estava impressionado com o próprio discurso.

—Então, o que vamos fazer? – Vovô parou para descansar um pouco.

—Vamos jogar esterco no carro dele. – Ele sempre quis fazer aquilo.

—Tudo bem. – Vovô indicou onde ficavam os equipamentos necessários para a aventura dos dois. Seth encheu o carrinho de mão de esterco e os dois seguiram até o rancho dos McAdams. Eles encontraram um jipe estacionado perto dos limites entre os dois ranchos e Seth jogou todo o esterco dentro do carro.

—Eles não vão conseguir tirar aquele fedor tão cedo. – Seth correu até onde o Vovô o aguardava.

—Fez um bom trabalho, garoto. – Os dois começaram a rir e depois saíram correndo quando viram dois homens se aproximarem do jipe.

 -Será que eles vão nos culpar? – A aventura foi bem empolgante, mas agora ele estava com medo de ser descoberto.

—Ninguém te viu e eles não te conhecem. Acho que estamos a salvo. – Ele olhou em volta e começou a andar na direção oposta a que vieram. – Vem.

—Estamos indo para onde agora?

—É segredo. Vamos fazer um passeio agora. – Seth resolveu não fazer mais perguntas. Mas caminhar durante 40 minutos o estava deixando ansioso.

— Falta muito? Já estou cansando.

—Você reclama demais. Ele não reclama demais, querida? – Seth olhou em volta procurando por mais alguém e então se lembrou que ele falava com a esposa morta. Estremeceu, mas continuou a seguir o Vovô. Achou estranho o convite para um passeio, mas não quis rejeitar a oportunidade de conhecer um pouco mais do rancho. Talvez os dois pudessem até se tornar amigos. – Estamos chegando.

—Parece meio deserto aqui e já passa da hora do almoço. Estou com fome. – Reclamou e o Vovô tirou uma maçã de dentro da sacola.

—Agora pare de reclamar. – Seth agradeceu e os dois continuaram a desviar dos galhos até chegarem em uma cachoeira. Estavam na parte baixa, mas a visão ainda era de tirar o fôlego.

—Aqui é muito bonito. – Seth estava impressionado. Vovô se sentou no chão e começou a sussurrar. – O que disse?

—Estou conversando com a minha esposa. É feio interromper a conversa dos outros, garoto. – Seth se sentou um pouco mais afastado, não queria interromper a conversa. – Foi aqui que ela morreu. – Confidenciou e Seth aproximou. – Ninguém mais vem aqui. Todos acham que é um lugar triste, mas para mim é um lugar muito especial. Para nós dois, na verdade. Nosso primeiro encontro foi aqui e outras coisas também.

—Que coisas?

—Coisas de adulto. – Seth fez uma careta ao entender o que significava “outras coisas” – Aqui é o nosso lugar favorito. O acesso é difícil, então quase ninguém vem aqui. Só a família conhece o caminho seguro. Tem que saber evitar as cobras.

—Cobras? – Seth se colocou de pé em um pulo. – Cobras de verdade? Temos que sair daqui.

—Senta aí, garoto. Aqui é o lugar mais seguro. – Seth o obedeceu. – Como eu dizia... Aqui se tornou o nosso lugar especial. Trouxe meus netos algumas vezes, mas quase sempre era só eu e minha Dottie. Ela teve câncer. – As mãos dele começaram a tremer. – Passávamos boa parte do tempo no hospital. Eu não podia deixá-la sozinha e meu filho estava ocupado cuidando do rancho e Esme das crianças. Eles quase não lembram da avó. Tinham seis anos quando ela morreu. Dottie não queria morrer no hospital, então eu a ajudei a fugir e viemos para cá. Para o nosso lugar especial.

—Eu sinto muito por isso. Deve ser difícil perder alguém tão próximo. Você a amava muito?

—Mais do que você possa imaginar. Ela era tudo para mim. Ela me entendia quando eu mesmo não me entendia. Ela era uma mulher maravilhosa. – Secou uma lágrima e Seth tocou a mão dele o confortando. – Depois que ela morreu eu fiquei perdido. Às vezes me esqueço das coisas e meu coração ainda doí. Não consegui aprender a viver ser minha Dottie. Acho que logo me juntarei a ela.

—Logo, tipo, agora? -  Perguntou preocupado. – Eu nunca vi ninguém morto.

—Não agora. Mas em breve.

—Não fale assim, Vovô. Você tem que ficar bem para ver os seus bisnetos.

—Acho que isso não vai acontecer. – Deu uns tapinhas na perna dele. – Queria mostrar esse lugar para mais alguém. Ele não pode continuar a ser um lugar mal-assombrado. Dottie foi feliz aqui e queria que todos também fossem. Ela amava a vida e teria gostado de você, garoto.

—Como pode saber?

—Ela me disse. Foi por isso que te trouxe aqui. Cortar a cerca era só um teste. Mas gostei do que fez com o esterco. Foi muito engraçado.

—Foi mesmo. Só não conte para ninguém.

—Seu segredo está guardado comigo. E espero que o meu também. Quando eu morrer. – Seth fez o sinal da cruz. Não gostava de falar em morte. – Quero que joguem minhas cinzas aqui e que mais pessoas venham aqui. Limpem o caminho e se livrem das cobras.

—Olha, eu não vou mexer com cobra nenhuma e não quero ficar falando de morte. Isso é sinistro e atraí coisas ruins.

—Você é um medroso de primeira. – O acusou.

—E você fica aí falando que vai morrer logo. Sua Dottie não ia gostar disso. Ela não pode aproveitar os netos e nem conhecer os bisnetos, mas você pode. Fique forte e viva por muito tempo. Posso te ensinar algumas pegadinhas muito boas.

—Garoto, eu tenho 85 anos.

—Nossa, você é bem velho mesmo, hein? – Vovô o olhou o repreendendo. – Desculpa, quis dizer que o senhor é idoso.

—Tenho muito tempo de passado e pouco de futuro. Só quero garantir que esse lugar continue sendo especial.

—Tudo bem, vou tentar garantir que aqui seja um lugar especial. Mas não vou mexer com as cobras. – Seth apertou a mão dele. – Só não morra logo, por favor. Já vi pessoas viverem até os 100 anos. 15 anos é muito tempo.

—Vou tentar. – Sorriu e Seth respirou mais aliviado. – Agora vá nadar, a água daqui é ótima. – Ele não esperou um segundo convite e tirou a camisa se jogando na água.

—Ei, o senhor já participou de alguma guerra? – Perguntou se apoiando na borda.

—Guerra não é uma festa, garoto?

—Eu sei. E aí, já participou ou não?

—Já. – Vovô começou a contar várias histórias sobre a juventude e ele e Seth compartilharam alguns lanches que ele tinha na sacola.

[...]

—Graças a Deus você está bem. – Bella puxou o irmão para um abraço apertado. – Por onde andou, Seth? – O olhou de cima a baixo procurando por algum machucado. – Fiquei tão preocupada. – O esmagou em mais um abraço.

—Bella, estou bem. Pode me soltar? – Estava começando a ficar constrangido com todos o encarando.

—Onde vocês estavam?

—Andando por aí. – Deu de ombros.

—Esse por aí seria no rancho dos McAdams? – Seth empalideceu. Fora pego e não teria como escapar. – Quero a verdade, Seth. – Bella exigiu cruzando os braços.

—É, a gente passou por lá. – Olhou para o Vovô, mas ele estava alheio a conversa. – Depois andamos pelo rancho.

—E o que vocês fizeram no rancho dos McAdams? – Bella parecia o pai em um interrogatório.

—Só demos uma olhada. – Seth espirrou e Esme o abraçou.

—Tadinho. Vem, vou preparar um chá bem quente para você.

—Só um minuto, Esme. – Bella pediu. – Ele precisa contar a verdade primeiro. Estou esperando, Seth.

—Eu joguei esterco no carro dos McAdams. – Bella tinha esperanças de John McAdams estivesse mentindo. Pelo o que os Cullen contaram, ele não era o melhor dos vizinhos.

—Por quê?

—Vingança.

—Isso deve ter sido ideia sua, não é, Vovô? – Edward estava tentando segurar o riso. Ele gostou do que Seth havia feito.

—Não sei do que estão falando. Sou apenas um velho.

—A ideia foi toda dele. – Seth o dedurou.

—Isso, coloque a culpa no velho. – Vovô o olhou exasperado.

—Não importa de quem foi a ideia. – Bella pôs fim a discussão. – Já acertei tudo com o Sr. McAdams e amanhã bem cedo você vai até o rancho dele e vai limpar o carro todo.

—Ah, não, Bella. Aquilo está impossível de limpar. – Choramingou e ela o silenciou erguendo a mão.

—Você vai dar um jeito. Agora quero que peça desculpas aos Cullen.

—Bella, não precisa. Foi só uma brincadeira. – Edward não queria ver o cunhado sendo punido por algo que ele mesmo gostaria de fazer.

—Uma brincadeira que deixou consequências e que não vai se repetir. Não é mesmo, Seth?

—Sim. Peço desculpas. – Murmurou cabisbaixo. – O que fiz foi errado e não vai se repetir.

—Pois eu achei muito engraçado. – Vovô começou a rir. – O garoto merece um prêmio.

—Vou fazer um chá para você. – Esme abraçou Seth e o levou até a cozinha.

—Vem, vovô, já passou da hora de tomar o seu remédio. – Alice e Jasper o levaram até o quarto dele.

—Vou ligar para o John e tentar resolver as coisas. Não vamos fazer o garoto limpar o carro todo.

—Pai, a decisão é da Bella. – Ela sorriu em agradecimento pelo apoio.

—Então vou dizer que o Seth vai cedo para limpar o carro. – Ele saiu deixando os dois a sós.

—Acha que estou pegando pesado com ele?

—Como um adulto sensato e responsável, devo dizer que não. Ele fez algo errado e merece pagar por isso. Mas, como um vizinho revoltado, devo dizer que adorei o que ele fez. – Finalmente ele pode rir livremente.

—Não sei de onde ele tirou essa ideia. – Edward a abraçou.

—Ele é muito criativo. Deveria contratá-lo para te ajudar com as festas.

—Foi um dia e tanto. – Ela suspirou se aconchegando nele.

—Você é bem durona, sabia? Gostei desse seu jeito mandão. Nossos filhos vão... – Edward parou de falar.

—Nossos filhos hipotéticos vão ter uma mãe brava e um pai bonzinho? -  Tentou soar brincalhona.

—Cedo demais para falarmos sobre isso. Eu só estava brincando. – Edward deu um beijo na testa dela.

—Tudo bem, Edward. Estamos cansados e uma boa noite de sono cairia muito bem.

—Isso foi um convite? – Perguntou esperançoso. Ele queria passar o máximo de tempo possível ao lado de Bella. – Só quero dormir. Também estou cansado.

—Vou ver se o Seth está bem e te vejo em quinze minutos. – Deu um beijo nele e saiu cantarolando. A viagem estava sendo melhor do que ela esperava.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eles são uma dupla e tanto. Edward falando de filhos... Vamos ver no que isso vai dar.


—Vai ser a minha babá, hoje?
—As nossas irmãs estão ocupadas com as coisas do casamento. Pensei que seria uma boa oportunidade de passarmos um tempo juntos. O que acha?
—Vai me ajudar a limpar o jipe dos McAdams?
—Nem pensar. Mas você terá o meu apoio moral.

Bjs e até mais.



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