Era uma vez no rancho escrita por Rayanne Reis
Notas iniciais do capítulo
Olá pessoal, tudo bem?
Resolvi dar um pouco mais de atenção, nesse capítulo, ao Seth e ao Vovô. Espero que gostem.
—Garoto. - Seth estava treinando a técnica que Carlisle o havia ensinado, quando o Vovô o chamou. – Vem cá. – Ele estava parcialmente escondido. – Anda logo, garoto. – Seth largou a corda no chão e foi até o Vovô. – Preciso da sua ajuda.
—Da minha? – Perguntou surpreso. Ele achava que o Vovô era o único que não gostava dele ali no rancho.
—Tem outro garoto por aqui? – Seth não tinha visto nenhum, então deveria ser com ele mesmo.
—No que posso te ajudar? – Tentou soar simpático.
—Vamos dar o troco nos McAdams. – Anunciou dando um sorriso que fez Seth dar um passo para trás.
—Olha, eu não quero fazer nada ilegal não. Meu pai é policial e já me mostrou como é a cadeia. Não quero ir para lá.
—Não vamos fazer nada ilegal. Só vamos mostrar para aquele velho que não se deve mexer com os Cullen.
—E como vamos fazer isso? – A ideia de fazer algo errado era tentadora demais para ele.
—Vamos destruir a cerca deles para as vacas sumirem. – Seth levou as mãos a cabeça.
—Isso é muito ilegal.
—Você entende de lei, garoto? – Ele negou. – Então você não sabe o que é ilegal. Pegue esse alicate e me siga. – Ordenou e Seth começou a andar atrás dele. Para uma pessoa idosa, o Vovô andava muito rápido.
—Sr. Cullen, tem certeza disso? – Seth queria participar daquela vingança, mas algo lhe dizia que aquilo era muito errado e que se a irmã descobrisse, ele estaria em sérios apuros. – Podemos resolver isso de outra forma. As vacas não têm culpa de nada. E se alguma delas cair em um penhasco? Elas podem morrer. Podem cair no rio ou se perderem. Não vai ser só ele que vai sofrer. Os animais também vão. – Ele estava impressionado com o próprio discurso.
—Então, o que vamos fazer? – Vovô parou para descansar um pouco.
—Vamos jogar esterco no carro dele. – Ele sempre quis fazer aquilo.
—Tudo bem. – Vovô indicou onde ficavam os equipamentos necessários para a aventura dos dois. Seth encheu o carrinho de mão de esterco e os dois seguiram até o rancho dos McAdams. Eles encontraram um jipe estacionado perto dos limites entre os dois ranchos e Seth jogou todo o esterco dentro do carro.
—Eles não vão conseguir tirar aquele fedor tão cedo. – Seth correu até onde o Vovô o aguardava.
—Fez um bom trabalho, garoto. – Os dois começaram a rir e depois saíram correndo quando viram dois homens se aproximarem do jipe.
-Será que eles vão nos culpar? – A aventura foi bem empolgante, mas agora ele estava com medo de ser descoberto.
—Ninguém te viu e eles não te conhecem. Acho que estamos a salvo. – Ele olhou em volta e começou a andar na direção oposta a que vieram. – Vem.
—Estamos indo para onde agora?
—É segredo. Vamos fazer um passeio agora. – Seth resolveu não fazer mais perguntas. Mas caminhar durante 40 minutos o estava deixando ansioso.
— Falta muito? Já estou cansando.
—Você reclama demais. Ele não reclama demais, querida? – Seth olhou em volta procurando por mais alguém e então se lembrou que ele falava com a esposa morta. Estremeceu, mas continuou a seguir o Vovô. Achou estranho o convite para um passeio, mas não quis rejeitar a oportunidade de conhecer um pouco mais do rancho. Talvez os dois pudessem até se tornar amigos. – Estamos chegando.
—Parece meio deserto aqui e já passa da hora do almoço. Estou com fome. – Reclamou e o Vovô tirou uma maçã de dentro da sacola.
—Agora pare de reclamar. – Seth agradeceu e os dois continuaram a desviar dos galhos até chegarem em uma cachoeira. Estavam na parte baixa, mas a visão ainda era de tirar o fôlego.
—Aqui é muito bonito. – Seth estava impressionado. Vovô se sentou no chão e começou a sussurrar. – O que disse?
—Estou conversando com a minha esposa. É feio interromper a conversa dos outros, garoto. – Seth se sentou um pouco mais afastado, não queria interromper a conversa. – Foi aqui que ela morreu. – Confidenciou e Seth aproximou. – Ninguém mais vem aqui. Todos acham que é um lugar triste, mas para mim é um lugar muito especial. Para nós dois, na verdade. Nosso primeiro encontro foi aqui e outras coisas também.
—Que coisas?
—Coisas de adulto. – Seth fez uma careta ao entender o que significava “outras coisas” – Aqui é o nosso lugar favorito. O acesso é difícil, então quase ninguém vem aqui. Só a família conhece o caminho seguro. Tem que saber evitar as cobras.
—Cobras? – Seth se colocou de pé em um pulo. – Cobras de verdade? Temos que sair daqui.
—Senta aí, garoto. Aqui é o lugar mais seguro. – Seth o obedeceu. – Como eu dizia... Aqui se tornou o nosso lugar especial. Trouxe meus netos algumas vezes, mas quase sempre era só eu e minha Dottie. Ela teve câncer. – As mãos dele começaram a tremer. – Passávamos boa parte do tempo no hospital. Eu não podia deixá-la sozinha e meu filho estava ocupado cuidando do rancho e Esme das crianças. Eles quase não lembram da avó. Tinham seis anos quando ela morreu. Dottie não queria morrer no hospital, então eu a ajudei a fugir e viemos para cá. Para o nosso lugar especial.
—Eu sinto muito por isso. Deve ser difícil perder alguém tão próximo. Você a amava muito?
—Mais do que você possa imaginar. Ela era tudo para mim. Ela me entendia quando eu mesmo não me entendia. Ela era uma mulher maravilhosa. – Secou uma lágrima e Seth tocou a mão dele o confortando. – Depois que ela morreu eu fiquei perdido. Às vezes me esqueço das coisas e meu coração ainda doí. Não consegui aprender a viver ser minha Dottie. Acho que logo me juntarei a ela.
—Logo, tipo, agora? - Perguntou preocupado. – Eu nunca vi ninguém morto.
—Não agora. Mas em breve.
—Não fale assim, Vovô. Você tem que ficar bem para ver os seus bisnetos.
—Acho que isso não vai acontecer. – Deu uns tapinhas na perna dele. – Queria mostrar esse lugar para mais alguém. Ele não pode continuar a ser um lugar mal-assombrado. Dottie foi feliz aqui e queria que todos também fossem. Ela amava a vida e teria gostado de você, garoto.
—Como pode saber?
—Ela me disse. Foi por isso que te trouxe aqui. Cortar a cerca era só um teste. Mas gostei do que fez com o esterco. Foi muito engraçado.
—Foi mesmo. Só não conte para ninguém.
—Seu segredo está guardado comigo. E espero que o meu também. Quando eu morrer. – Seth fez o sinal da cruz. Não gostava de falar em morte. – Quero que joguem minhas cinzas aqui e que mais pessoas venham aqui. Limpem o caminho e se livrem das cobras.
—Olha, eu não vou mexer com cobra nenhuma e não quero ficar falando de morte. Isso é sinistro e atraí coisas ruins.
—Você é um medroso de primeira. – O acusou.
—E você fica aí falando que vai morrer logo. Sua Dottie não ia gostar disso. Ela não pode aproveitar os netos e nem conhecer os bisnetos, mas você pode. Fique forte e viva por muito tempo. Posso te ensinar algumas pegadinhas muito boas.
—Garoto, eu tenho 85 anos.
—Nossa, você é bem velho mesmo, hein? – Vovô o olhou o repreendendo. – Desculpa, quis dizer que o senhor é idoso.
—Tenho muito tempo de passado e pouco de futuro. Só quero garantir que esse lugar continue sendo especial.
—Tudo bem, vou tentar garantir que aqui seja um lugar especial. Mas não vou mexer com as cobras. – Seth apertou a mão dele. – Só não morra logo, por favor. Já vi pessoas viverem até os 100 anos. 15 anos é muito tempo.
—Vou tentar. – Sorriu e Seth respirou mais aliviado. – Agora vá nadar, a água daqui é ótima. – Ele não esperou um segundo convite e tirou a camisa se jogando na água.
—Ei, o senhor já participou de alguma guerra? – Perguntou se apoiando na borda.
—Guerra não é uma festa, garoto?
—Eu sei. E aí, já participou ou não?
—Já. – Vovô começou a contar várias histórias sobre a juventude e ele e Seth compartilharam alguns lanches que ele tinha na sacola.
[...]
—Graças a Deus você está bem. – Bella puxou o irmão para um abraço apertado. – Por onde andou, Seth? – O olhou de cima a baixo procurando por algum machucado. – Fiquei tão preocupada. – O esmagou em mais um abraço.
—Bella, estou bem. Pode me soltar? – Estava começando a ficar constrangido com todos o encarando.
—Onde vocês estavam?
—Andando por aí. – Deu de ombros.
—Esse por aí seria no rancho dos McAdams? – Seth empalideceu. Fora pego e não teria como escapar. – Quero a verdade, Seth. – Bella exigiu cruzando os braços.
—É, a gente passou por lá. – Olhou para o Vovô, mas ele estava alheio a conversa. – Depois andamos pelo rancho.
—E o que vocês fizeram no rancho dos McAdams? – Bella parecia o pai em um interrogatório.
—Só demos uma olhada. – Seth espirrou e Esme o abraçou.
—Tadinho. Vem, vou preparar um chá bem quente para você.
—Só um minuto, Esme. – Bella pediu. – Ele precisa contar a verdade primeiro. Estou esperando, Seth.
—Eu joguei esterco no carro dos McAdams. – Bella tinha esperanças de John McAdams estivesse mentindo. Pelo o que os Cullen contaram, ele não era o melhor dos vizinhos.
—Por quê?
—Vingança.
—Isso deve ter sido ideia sua, não é, Vovô? – Edward estava tentando segurar o riso. Ele gostou do que Seth havia feito.
—Não sei do que estão falando. Sou apenas um velho.
—A ideia foi toda dele. – Seth o dedurou.
—Isso, coloque a culpa no velho. – Vovô o olhou exasperado.
—Não importa de quem foi a ideia. – Bella pôs fim a discussão. – Já acertei tudo com o Sr. McAdams e amanhã bem cedo você vai até o rancho dele e vai limpar o carro todo.
—Ah, não, Bella. Aquilo está impossível de limpar. – Choramingou e ela o silenciou erguendo a mão.
—Você vai dar um jeito. Agora quero que peça desculpas aos Cullen.
—Bella, não precisa. Foi só uma brincadeira. – Edward não queria ver o cunhado sendo punido por algo que ele mesmo gostaria de fazer.
—Uma brincadeira que deixou consequências e que não vai se repetir. Não é mesmo, Seth?
—Sim. Peço desculpas. – Murmurou cabisbaixo. – O que fiz foi errado e não vai se repetir.
—Pois eu achei muito engraçado. – Vovô começou a rir. – O garoto merece um prêmio.
—Vou fazer um chá para você. – Esme abraçou Seth e o levou até a cozinha.
—Vem, vovô, já passou da hora de tomar o seu remédio. – Alice e Jasper o levaram até o quarto dele.
—Vou ligar para o John e tentar resolver as coisas. Não vamos fazer o garoto limpar o carro todo.
—Pai, a decisão é da Bella. – Ela sorriu em agradecimento pelo apoio.
—Então vou dizer que o Seth vai cedo para limpar o carro. – Ele saiu deixando os dois a sós.
—Acha que estou pegando pesado com ele?
—Como um adulto sensato e responsável, devo dizer que não. Ele fez algo errado e merece pagar por isso. Mas, como um vizinho revoltado, devo dizer que adorei o que ele fez. – Finalmente ele pode rir livremente.
—Não sei de onde ele tirou essa ideia. – Edward a abraçou.
—Ele é muito criativo. Deveria contratá-lo para te ajudar com as festas.
—Foi um dia e tanto. – Ela suspirou se aconchegando nele.
—Você é bem durona, sabia? Gostei desse seu jeito mandão. Nossos filhos vão... – Edward parou de falar.
—Nossos filhos hipotéticos vão ter uma mãe brava e um pai bonzinho? - Tentou soar brincalhona.
—Cedo demais para falarmos sobre isso. Eu só estava brincando. – Edward deu um beijo na testa dela.
—Tudo bem, Edward. Estamos cansados e uma boa noite de sono cairia muito bem.
—Isso foi um convite? – Perguntou esperançoso. Ele queria passar o máximo de tempo possível ao lado de Bella. – Só quero dormir. Também estou cansado.
—Vou ver se o Seth está bem e te vejo em quinze minutos. – Deu um beijo nele e saiu cantarolando. A viagem estava sendo melhor do que ela esperava.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O que acharam? Eles são uma dupla e tanto. Edward falando de filhos... Vamos ver no que isso vai dar.
—Vai ser a minha babá, hoje?
—As nossas irmãs estão ocupadas com as coisas do casamento. Pensei que seria uma boa oportunidade de passarmos um tempo juntos. O que acha?
—Vai me ajudar a limpar o jipe dos McAdams?
—Nem pensar. Mas você terá o meu apoio moral.
Bjs e até mais.