Não perderemos tempo - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

YAAAAAAAAAAAAY!

A vontade de escrever Hayffie demora, mas nunca some, né?

Bom, não vou me demorar por aqui e vou deixar a fic pra vocês!

Boa leitura! :)



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O refeitório do Distrito 13 sempre lota no almoço e no jantar por motivos óbvios. E hoje não é diferente. A programação diária que é "tatuada" na nossa pele todas as manhãs me diz para almoçar ao meio-dia. O espaço é grande e muita gente também opta por comer em outros setores.  

Essas são as únicas horas interessantes do dia neste fim de mundo, mesmo que eu odeie a comida daqui e ache um absurdo que não tenham café. 

Café! 

Ah o meu querido café. Sem ele os meus dias de tédio - que tem sido todos – parecem ainda mais pesados. Minhas pálpebras lutam para fechar, mas não posso deixar. Não agora. Ainda preciso de um pouco de energia para ao menos voltar ao meu compartimento 

Me levanto para levar a minha bandeja até a bancada. Respiro fundo e me concentro na noite de sono que me espera nesse pesadelo de lugar. Talvez dormir seja minha melhor opção no momento para esquecer que aceitei entrar nessa história. 

Ainda não encontrei a vantagem de estar aqui. 

Olho adiante e vejo Plutarch com seu sorriso de sempre vindo na minha direção. Ele parece até um pouco apressado. Me pergunto se é algo comigo e confirmo quando seu sorriso se alarga.  

— Estava procurando por você - ele diz, ainda com aquele sorriso estampado no rosto. 

Um pouco intrigada, franzo o cenho. 

— O que foi? 

— O príncipe encantado acordou – ele diz. - Parece que o beijo vai vir depois. 

A confusão parece estar bem exposta na minha cara. Plutarch parece s divertir com o que vê. 

— Tradução, por favor - peço, tentando ainda parecer séria. 

— Haymitch recebeu alta – explica. Meu coração erra uma batida e mais uma vez luto para manter a seriedade. Mordo o lábio inferior acreditando que isso pode ter denunciado minha ansiedade, principalmente quando ele completa: - Ele quer ver você. 

Tudo bem. Talvez Plutarch me conheça o suficiente para não precisar fazer qualquer tipo de comentário sobre a minha reação. Na verdade, ele só esboça seu sorriso aberto de sempre e me acompanha até a ala hospitalar. Quando ele me diz o número do compartimento em que Haymitch está, apresso o passo e não sei se ele também o faz.  

Paro em frente a porta e vejo através da pequena janela de vidro que me dá uma visão do compartimento. Haymitch está de pé ao lado da cama, a mão pousada em cima do lençol branco. Mordo o lábio mais uma vez. Olho por cima do ombro e vejo Plutarch se aproximando devagar, e quando ele faz menção para que eu entre, não penso duas vezes antes de segurar a maçaneta e abrir.  

Talvez eu não tenha raciocinado direito. 

— Acho que eu devia ter batido antes. 

Haymitch dá uma breve risada. Provavelmente não era o que uma pessoa gostaria de ouvir logo que saísse da reabilitação. 

Ele está diferente. Seus olhos não estão mais distantes. Ele parece atento, mas talvez haja uma ponta de tristeza em seus olhos. Saudades do vício. Ele sorri para mim e tomo isso como uma deixa para me aproximar.  

Os meus passos parecem lentos, considerando tudo o que está se passando na minha cabeça agora. Mordo o lábio quando chego mais perto e quando o vejo vindo também na minha direção, percebo-me ansiosa. Seus braços me contornam num abraço confortável.  

Automaticamente inalo o seu cheiro e, a princípio, não consigo identificar o que é. Haymitch tem um cheiro suave agora, como lavanda e algo mais. Ele tem um cheiro bom e eu poderia senti-lo pelo resto do dia. 

— Eu tô cheirando bem agora? - ele indaga e meu coração erra uma batida. Será que eu não fui discreta? 

— E-está ótimo - gaguejo e ele ri.  

— Sabe... eu tive um pouco de receio de te chamar aqui – franzo o cenho em confusão e deixo-o prosseguir. - Achei que fosse me dar uma daquelas broncas que sempre me dava nos Jogos. 

— Por que eu te daria uma bronca? - pergunto e me afasto um pouco para vê-lo. - Você estava na reabilitação, estava se curando! A última coisa que eu faria agora era te dar uma bronca, Haymitch! 

Ele ri da minha resposta e acabo rindo junto. Talvez eu esteja nervosa demais para puxar algum outro assunto, então quando o riso vai cessando o silêncio paira no ambiente. 

— Como você está? - pergunto para quebrar o silêncio que estava começando a se tornar constrangedor. 

— Sóbrio - ele diz. Reviro os olhos perante sua resposta óbvia.  

Haymitch estende sua mão pedindo a minha e, quando a seguro, ele observa atento. 

— Parece que desmontaram você - ele diz enquanto passa o polegar pelas minhas unhas pequenas. Seu cenho está franzido em uma aparente preocupação.  

— Mais um pouquinho e eles me deixam sem roupas – comento e ele ri brevemente.  

— Isso eu ia gostar – Haymitch solta e, em resposta, dou um tapa no seu ombro. Ele ri mais um pouco com a minha reação e acabo rindo também, mesmo que esteja com a face totalmente corada agora.  

— Você é ridículo - reclamo. Penso em aproveitar a deixa e falar com ele, mas Haymitch parece ser mais rápido. 

— Tudo bem, tudo bem – ele diz, segurando minha mão novamente. Ele abandona o tom brincalhão em questões de segundos. - Effie... eu preciso falar uma coisa com você e foi por isso que mandei Plutarch te chamar ao invés de qualquer outra pessoa – seu olhar se concentra na minha mão com as unhas pequenas. Ele umedece os lábios com a língua como se quisesse ganhar tempo para pensar no que dizer. - Nesse tempo em que estive aqui na... reabilitação... eu não consegui parar de pensar se você estava bem, se fizeram alguma coisa com você, enfim... - ele faz outra pausa. - Acho que foi quando eu percebi que estava realmente ficando sóbrio - Haymitch brinca com essa última parte, o que me diverte um pouco.  

— Haymitch, eu estou bem, eu... - desvio o olhar lembrando que não deveria estar mentindo. Não agora. - Olha, eles não foram os melhores anfitriões. E teve um momento em que... - engulo em seco e continuo. - Teve um momento em que eu realmente achei que iria acontecer algo ruim. Bem, não foi tão ruim quanto eu imaginava, mas foi. 

Seus dedos continuam afagando minha mão e sei que ele está inquieto. 

— Mas olha só... - digo, levando minha outra mão até a dele. Haymitch entrelaça os seus dedos nos meus e eu levanto o olhar. — Isso já foi. Você está aqui, eu estou aqui, Katniss está aqui também. Vamos continuar nesse inferno por não sei quanto tempo, então vamos ter que nos acostumar, infelizmente – acrescento, lembrando do quão desconfortável este lugar é. Ele ri um pouco quando menciono que estamos no inferno. - Pelo visto, eles não gostam da gente. 

— Definitivamente não - ele diz, me olhando nos olhos novamente. No entanto, seu olhar cai para a minha clavícula e sua mão segue o mesmo caminho. Ele encontra uma das marcas roxas que ficaram na minha pele e eu tentada esconder, pelo visto, sem muito sucesso. Seus dedos passeiam delicadamente pela região como se temesse que eu acabasse sentindo dor, e ainda sinto. Respiro fundo com o toque. - Eu não deveria ter deixado isso acontecer. 

— Não podemos voltar no tempo – lamento. Não só pelo que aconteceu quando chegamos aqui, mas na minha cabeça penso em várias oportunidades perdidas. Penso em todas as vezes que ele me cantava “de brincadeira” durante as festas. Na minha cabeça tudo aquilo era um jogo para conseguirmos mais ajuda para os tributos. Se tivessem interesse em nós, por que não teriam interesse em nos ajudar nos Jogos? Até que um dia eu parei de ver aquilo apenas como brincadeira. 

— Eu sei o que quer dizer – Haymitch diz e levanto o olhar novamente. Meu coração bate acelerado na incerteza de saber se ele realmente está pensando no mesmo que eu. Então penso novamente nas oportunidades perdidas, em todos os “sim” que deixei para trás. Levo minha mão até o seu rosto e o trago para mim. Nossos lábios se encontram num beijo lento, intenso e cheio de expectativas. Ele me envolve nos seus braços como se tivesse medo de me perder, com saudade, talvez. Por um instante minha mente esvazia. Não penso mais nas dores que senti quando chegamos aqui, não penso na minha aparente espera sem fim por notícias dele, não penso nos Jogos, na guerra, nada. Estou concentrada demais no que está acontecendo agora.  

É como se uma eternidade se passasse em segundos. Não faço ideia do que está acontecendo fora desta sala agora, mas sei que são muitas coisas. Mas nada delas importa neste momento. Ele está bem, está comigo. Não vamos mais perder nosso tempo. Não podemos mais. 


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Notas finais do capítulo

Reviews são sempre bem vindos ♥