O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 22
Um Pequeno Resgate


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, olha eu de novo!
Mais um capítulo pra vocês, e como sempre, muito, muito obrigada a todos que têm comentado, tem curtido e acompanhado essa fic, de verdade, vocês são o máximo!
E espero que aproveitem o capítulo, que tá um pouco curto hoje, mas igual de emocionante que o anterior.
Bjusss e até o próximo !!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781251/chapter/22

Tudo era escuro, não havia nenhuma réstia de luz, nem mesmo uma lamparina ou luminária nas paredes, aram apenas blocos de concreto frios, o barulho de água pingando no chão se misturava aos gritos dos prisioneiros nas celas ao lado, ou ao som estridente das grades de ferro sendo arrastadas; era tudo que sabia sobre o lugar, não sabia onde ficava e nem como chegava ali, quando acordava já estava naquele buraco escuro. Sentia frio, seu pequeno corpo tremia violentamente, não tinha uma cama ou coberta para se aquecer, apenas podia se encolher em um canto e abraçar as próprias pernas; também sentia fome, não lembrava quando fora a última vez que lhe trouxeram pão, mas sabia que fora há muitos dias. Quando seu papai viria busca-lo? Não queria ficar ali, não tinha feito nada de errado, estava se comportando, só não queria usar o monstro; mas tudo que queriam, era que ele usasse o monstro para machucar as pessoas, Gaara não gostava disso, mamãe tinha dito que bons meninos não machucam ninguém. Onde estava mamãe? Por que nunca mais fora vê-lo? Gaara queria ver sua mamãe, sabia que ela diria ao papai que ele tinha sido um bom menino e que não precisava estar ali; queria ir para casa, e brincar com Kankuro e as marionetes, queria fazer castelos de areia com Temari, o pequeno Gaara pensava nisso e chorava baixinho na escura cela.

— Abram a cela. — Gaara escuta a voz do lado de fora.

Logo a porta de aço se abre, e várias pessoas entram na cela, entre elas estava seu papai, todos segurando lamparinas que fizeram Gaara fechar os olhos, ficara tantos dias sem ver a luz, que agora ela machucava seus olhos; quando o Kazekage parou a frente de Gaara, ergueu seu rosto miúdo nas mãos, não tinha expressão alguma ao olhar para o filho.

— Tenho uma tarefa para você hoje, Gaara. — O Kazekage fala — Se fizer isso, você pode voltar para casa.

 Ao sinalizar para os guardas, eles jogam uma pessoa encapuzada na cela, o ruído surdo do corpo caindo no chão, fez eco pelos corredores; vendo a pessoa amarrada e sendo subjugada por dois Shinobis, Gaara compreendeu rápido o que seu papai queria.

— Agora preciso que você use a areia nele, Gaara. — O Kazekage fala e retira o capuz do homem — Use somente nele Gaara.

— Não papai, não posso...— Gaara chora desesperado vendo seu tio Yashamaru ajoelhado e amordaçado a sua frente — Papai... Não posso... Sou um bom menino... Mamãe disse que sou um bom menino... Tio Yashamaru, vamos pra casa? Mamãe vai dizer ao papai que Gaara é um bom menino...

— Você não é um bom menino, Gaara. — Rasa diz friamente — Você é uma arma feita para matar, matou sua mãe e agora vai matar seu tio!

— Não... Não... Gaara não fez... A mamãe estava aqui... A mamãe ama Gaara... — ele chora trêmulo no chão — Tio Yashamaru também...

— Ninguém ama você Gaara, e você matou sua mãe por que eu mandei, por que você é um monstro criado para Suna. — Rasa fala cheio de desprezo e quando sinaliza mais uma vez aos guardas, o corpo de uma mulher morta é jogado na cela, deixando Gaara em um estado catatônico — E agora vai matar Yashamaru e provar que pode ser uma boa arma!

Rasa deixa a sala acompanhado de seus guardas, ignorando totalmente o choro da criança, não se importaria de deixa-lo ali pelo tempo que fosse preciso, Gaara poderia cumprir a tarefa que lhe dera, ou poderiam morrer de fome os dois juntos; de todo jeito, o garoto só seria de utilidade para Suna, se conseguisse matar, do contrário, era totalmente descartável. Por anos investira naquele garoto, tentando molda-lo de acordo com o que a Vila necessitava, se queria ir adiante e conquistar as demais nações, precisaria que ele aprendesse a usar aquele poder, Gaara tinha que se tornar uma arma perfeita; e para isso não podia ter debilidades, por isso Karura fora eliminada, e agora Yashamaru também seria, os dois o deixaram fraco, encheram sua cabeça de pensamentos inúteis e agora tinha que fazer Gaara voltar a obedecer.

— Me escute, Gaara. — Yashamaru fala, conseguira se livrar da mordaça — Está tudo bem agora, vai ficar tudo bem.

— Tio Yashamaru... eu quero ir pra casa... tenho medo... — Gaara choraminga, seguindo a voz do homem no escuro.

— Eu também quero, e nós vamos, mas primeiro você tem que fazer o que Rasa disse. — Ele aconselha baixinho, para que a criança não escute a angustia em sua voz.

— Não... não posso... é errado, a mamãe disse que é errado. — Gaara rapidamente nega, estava muito assustado.

— Sim, é sim Gaara, é errado, mas é o único jeito de sairmos daqui. — Yashamaru explica e fecha os olhos ao sentir as mãozinhas do menino em seu rosto.

— Mas eu não quero ir sozinho... assim vou ficar sozinho... não quero isso tio Yashamaru... — o menino chora mais, abraçado ao homem que não podia retribuir seu abraço.

— Você não vai Gaara, não vai estar sozinho, você sabe por quê? — Yashamaru pede com a voz embargada.

— Por quê? — Gaara pergunta, a curiosidade o distraindo do medo.

— Por que Karura e eu estaremos sempre com você, Gaara. — o homem fala cheio de carinho e agora já não consegue mais impedir o choro — Sempre que se lembrar de nós, estaremos com você, por que minha irmã e eu te amamos muito e queremos que você viva bem; por isso Gaara, você deve fazer tudo que Rasa mandar, cresça e fique forte, até um dia não precisar mais fazer isso, e quando esse dia chegar, você será muito feliz Gaara, e Karura e eu estaremos ao seu lado em todo caminho, você pode fazer isso por nós Gaara?

— Não gosto disso... quero ir pra casa tio Yashamaru... — Gaara se desespera mais ainda, mesmo tendo apenas sete anos, sabia que aquilo era uma despedida.

— E nós vamos, Karura, você e eu, vamos pra casa! — Yashamaru encosta o rosto no menino, aquela seria a última vez que sentiria a calidez do sobrinho — Quando Rasa voltar, você deve fechar os olhos Gaara, feche bem os olhos e cubra os ouvidos, a besta fará o resto, você nunca deve olhar, jamais Gaara!

Eles permaneceram assim por mais três dias, nenhuma migalha de pão ou água foram levados àquela cela, Yashamaru sabia que aquilo tudo era para castigar Gaara por não obedecer, e rezava para que no futuro, a criança não voltasse a passar por aquilo outra vez, sem alguém que se importasse com ele, temia pelo que aconteceria com o sobrinho; Yashamaru passou seus últimos três dias de vida, rezando para que Gaara um dia fosse livre dessa maldição, que pudesse ser feliz e que não tivesse que viver com medo, pouco lhe importava a morte, tudo que queria era que seus desejos fossem ouvidos, e aquela criança inocente que sua irmã tanto amou, ficasse bem sem eles.

— Tio Yashamaru... — Gaara se agarra ao pescoço dele, se desesperando ao ouvir os barulhos da porta sendo destrancada.

— Shiii, está tudo bem Gaara, só feche os olhos como te pedi. — Yashamaru fala calmo e beija a testa da criança uma última vez — Você é um bom menino Gaara, Karura e eu amamos você!

Essa foi a última vez que Gaara ouviu a voz do tio, quando fechou obedientemente os olhos, Shukaku já aguardava ansioso e assumiu o controle de seu pequeno corpo, aceitando o sacrifício entregue com tão boa vontade; do momento que foi movido da cela, até ouvir as vozes dos irmãos em casa, Gaara não abriu os olhos, mas suas noites sempre eram povoadas pelos sons de carne rasgando e sangue escorrendo, o impedindo de dormir. Agora, alguns anos depois, essa fora a primeira noite de sono verdadeiro que teve, e a primeira vez que não escutara gritos de terror e nem sentira aquele cheiro pútrido de morte; e quando o sol anunciou um novo dia, tão brilhante e resplandecente como jamais havia visto, Gaara saudou o amanhecer sorrindo em muito tempo, lembrando daquelas pessoas guardadas e protegidas em seu coração.

— Estou me libertando, tio Yashamaru! — ele sussurra ao vento uivante da manhã.

Na clareira, o dia havia começado como de costume em todas as manhãs, Hinata levantara cedo para preparar o café e Naruto a seguia arrastando os pés, eles preparam a refeição, organizam a casa e estendem a roupa no varal, Hinata ainda rega as plantas do jardim antes que o sol se erga totalmente; tudo estava como de costume, os pássaros, o vento e a paisagem, à exceção do homenzarrão que ressonava no saco de dormir estendido na sala. Ele se despertou com o cheiro bom que vinha da cozinha, e sentou-se vagarosamente, buscando se orientar e averiguar onde estava; lembrou de chegar a Konoha e falar com o Hokage, que lhe dera a indicação daquela cabana, lembrou de chegar à clareira e encontrar a casa fechada, e quando se decidia se voltava outra hora ou esperava, os moradores retornaram. Jiraya sorriu ao recordar a reação do garoto, e pelo parecido que era com seus pais, tanto em aparência, quanto em gênio; se emocionou ao recordar que mesmo um pouco incômodo e desconfiado, Naruto lhe demonstrou gentileza e respeito, além de lhe estender sua hospitalidade. Estava curioso demais para se manter apenas observando, queria conversar e descobrir tudo que adiara na noite passada, por estar cansado pela viagem longa; queria saber tudo que acontecera ao garoto, durante esses doze anos que sua existência lhe fora omitida.

— Bom dia. — Jiraya os cumprimenta, anunciando que já estava desperto.

— Bom dia Jiraya-sama, está com fome? O que café já está servido. — Hinata o cumprimenta cordial, sabia que Naruto ficaria calado num primeiro momento, era seu feitio estudar as pessoas antes.

— Obrigado, mas pode me chamar apenas de Jiraya. — Ele aceita e senta-se a mesa caprichosamente preparada — Estive pensando isso ontem, mas você é uma Hyuuga, não é?

— Sim, sou uma Hyuuga. — Hinata afirma, servindo em seu prato, ovos e files de peixe — Sou filha de Hiashi, atual líder do clã.

— Então é a sucessora dele? — Jiraya pede confuso, o que uma Hyuuga da casa principal fazia ali?

— Não, fui excomungada quando tinha quatro anos, desde então sou uma Kunoichi de Konoha em treinamento. — A Hyuuga explica tranquilamente e beberica seu matcha.

— Ah, sinto muito se fui indelicado. — O Sannin pede rapidamente, talvez tivesse se intrometido demais.

— Está tudo bem, falar sobre isso não me afeta nem um pouco. — Hinata dá de ombros, o assunto nunca a incomodara, e agora que tinha encerrado qualquer sentimento restante pelos pais, estava mais à vontade ainda — Como pode ver, vivo aqui desde então.

— Mas vivem apenas os dois? Nenhum responsável? — Jiraya fica preocupado, como estiveram se vivendo sozinhos todo esse tempo?

— Segundo as leis da Vila, tivemos uma tutora tá os sete anos, depois disso fomos considerados legalmente responsáveis por nós mesmos. — Naruto fala pela primeira vez na manhã.

— Ah, tinha me esquecido dessa lei, acho que fiquei tempo demais fora. — Jiraya fala pesaroso, aquilo não devia ter sido assim — E o que faziam, foram para a Academia?

— Não, nós treinamos aqui até os onze, fizemos apenas o exame de Genins e agora vamos fazer a prova Chunin. — Hinata conta alguns detalhes.

— Vocês passaram a ser Genins apenas treinando aqui? — Jiraya pergunta perplexo.

— Tivemos bons senseis. — Naruto responde e sorri, o vovô não tinha contado uma vírgula — Kakashi, Kurenai, Gai, Anko, Ibiki, Asuma, Ebisu e Itachi; todos foram nossos senseis e nos ensinaram tudo que sabiam, foi assim que nos tornamos o time Deltha de Konoha.

— Um time especializado em operações especiais?! — o homem arregala os olhos.

— Respondemos apenas ao Hokage. — Hinata complementa indiferente a expressão atônita dele.

Antes que Jiraya possa externalizar mais uma, das muitas dúvidas que borbulhavam em sua mente, fora interrompido pelo barulho de passos correndo no soalho de madeira da cabana, e logo vira o garotinho da noite passada, se jogar felicíssimo no colo de Naruto; ao ver a expressão do Uzumaki se suavizar imensamente, ao abraçar o pequeno garoto, Jiraya se questionou que tipo de relação aqueles dois tinham, e viu surpreso a garotinha se juntar a primeira criança e abraçar Naruto fortemente.

— Naruto-nii, não me chamou para brincar! — Konohamaru protesta indignado.

— Primeiro de tudo, seja educado e cumprimente. — Naruto ralha com o Sarutobi, que fica com as bochechas vermelhas de vergonha — Segundo, as obrigações vêm primeiro e depois a diversão!

— Desculpa. — Konohamaru pede rapidamente e logo se vira para Jiraya — Bom dia!

— Bom dia! — Hanabi o imita antes de ser repreendida.

— Bom dia. — Jiraya responde impressionado.

— Agora os dois, troquem de roupa, arrumem a cama e venham tomar café. — Hinata ordena, fazendo uma cara séria que deixa os dois pequenos com os cabelos em pé.

Sem precisar ouvir duas vezes, eles correm de volta para o quarto, sabiam por experiência própria, que irritar a Hyuuga mais velha, lhes renderia um castigo bem longo; e quando pensaram em todos os dias que passariam decorando livros e resumindo artigos, sem poder brincar nem uma horinha, se apressaram em deixar suas camas impecáveis.

— O que fez durante esses anos, além de viajar pelo mundo? — Naruto questiona, chamando a atenção de Jiraya.

— Escrevi livros. — Ele conta emocionado, era a primeira pergunta que o afilhado lhe fazia e não queria desapontar.

— Livros? De que tipo? — Hinata pergunta, o colocando em uma saia justa.

— Divertidos, do tipo divertido. — Jiraya inventa algo rapidamente.

— Você não devia mentir pra esses dois. — Se escuta uma voz grave preencher toda a cabana, assustando o Sannin — Ele escreve livros pervertidos.

— Pervertidos? — Hinata questiona duvidosa.

— Quem disse isso? — Jiraya pergunta assustado, até onde sabia, não tinha mais ninguém ali.

— Sim Hyuuguinha, pervertidos do tipo que você não devia ler. — outra vez a voz é ouvida, e agora Jiraya entra em choque ao ver de onde vinha tal voz — Kurama! Já disse pra não trocar sem avisar! Hinata, não dê corda pra ele, anda muito mal criado.

— Você é muito briguento com ele, Naruto. — Hinata retruca e se diverte ao ver o Uzumaki revirar os olhos, ele nunca a contradizia — Então são livros para adultos?

— Como? — Jiraya ainda estava perdido com o que acabara de ver.

— Os livros, são aqueles da sessão proibida, não são? — Naruto mais afirma, do que pergunta.

— Como vocês sabem disso? — o Sannin pergunta se preocupando novamente.

— Tivemos curiosidade. — Hinata responde encolhendo os ombros.

É quando o homem começa a suar frio, olha de um para o outro e faz e refaz os cálculos em sua cabeça, numericamente falando era impossível, mas se isolasse os números, poderia ter acontecido, o ser humano sempre estava evoluindo afinal; o que seria aquilo? Um caso em um milhão? Talvez não o garoto, mas a menina poderia.

— Não me digam que ficaram curiosos e fizeram isso? — Jiraya pede, quase louco pelas hipóteses.

— Isso o que? — o Uzumaki fica completamente perdido.

— Isso... você sabe... — Jiraya sente o suor escorrer por sua testa, não aguentava mais a dúvida e resolveu perguntar diretamente — Fizeram isso e acabaram ganhando aquela menina?

Nesse instante, Naruto estava tomando alguns goles de suco, e acabou cuspindo tudo no chão, quando se afogou de maneira que saiu suco até por seu nariz; Hinata o acudiu vermelhíssima, tinha finalmente entendido o que estava subintendido e a vergonha fez suas orelhas esquentarem e os olhos lacrimejaram. Naruto não estava diferente, depois de ficar roxo pelo afogamento, ficara vermelho pela vergonha, não imaginara que as outras pessoas pensariam isso, se falassem que tentaram ler um livro adulto; mas agora entendia o porquê a bibliotecária os olhou impactada, quando pediram um livro daquela secção, alguns anos atrás.

— Não é nada disso... — Naruto fala tossindo muito, e tenta recuperar o ar perdido.

— Mas vocês são... — Jiraya ia falar algo, mas se cala vendo a vermelhidão dos dois, talvez sua intuição estivesse equivocada.

— É, mas as coisas não estão assim. — Naruto só faltava ter fumaça saindo das orelhas — A gente só tinha sete e ficamos curiosos por que a porta da secção tinha um símbolo de proibido, pensamos que eram livros sobre selamentos perigosos, essas coisas.

— Quando pedimos pra ler algum, a bibliotecária nos xingou um monte e disse pra não chegarmos perto dos “livros pervertidos de adultos”, foi o que ela disse. — Hinata conta de cabeça baixa, talvez ficasse um tempo sem conseguir encarar Naruto.

— Ah! — Jiraya suspira alto e coloca a mão no coração — Isso é um alivio.

— Mas isso é humanamente impossível! — Naruto protesta indignado, pensando que tipo de livros seu padrinho escrevia, pra pensar em algo assim — Nós só temos doze, nem em um Genjutsu que Hinata poderia parir aos sete!

— O quê? Aquela menina tem cinco anos? É tão pequena que pensei que tinha no máximo três! — Jiraya se justifica e ri da própria loucura — E se não leu os livros, o que sabe dessas coisas?

— Sei tudo que tem pra saber! — Naruto rebate alarmado, aquele homem era muito irracional, todos os escritores eram assim?

No meio daquela discussão de conhecimento dos dois, Hinata já havia virado uma lula, entrara em colapso quando escutara Naruto a exemplificando dando à luz, foi como se seus neurônios tivessem entrado em curto; uma coisa era ela sonhar com a família que possivelmente teriam dali muitos anos, outra bem diferente, era ouvi-lo discutindo e debatendo sobre parto, filhos e sexo bem na sua frente, como se fosse a coisa mais natural do mundo, quando apenas admitiram seus sentimentos um para o outro. Era Naruto quem estava muito à vontade com seu relacionamento, ao ponto de discutir coisas futuras tão abertamente, ou ela que estava sendo muito paranoica com uma simples conversa? Enquanto Hinata terminava de fazer sua própria análise do assunto, o homem e o rapaz que seguiram falando, se olharam seriamente e logo caíram na gargalhada, riram de chorar um do outro; o assunto era tão absurdo e irracional, quanto era de certa forma impróprio, mas estiveram discutindo e debatendo probabilidades seriamente, como se fosse a escolha do próximo Hokage.

— Você é igualzinho a sua mãe. — Jiraya fala depois de um tempo, estiveram rindo tanto, que sua barriga doía — Kushina também levava coisas malucas a sério, era imprevisível e seu temperamento muito volátil, era uma esplêndida Kunoichi!

— Kurama disse que mamãe era muito linda. — Naruto conta sentindo o riso ficar um pouco amargo, e inconscientemente coloca a mão sobre o peito.

— Ela era, sua mãe era belíssima! — Jiraya conta e seus olhos negros marejam, então se lembra de algo — Espere um minuto, tenho algo para mostrar.

Enquanto ele corria revirar seus pertences, Konohamaru e Hanabi se sentaram a mesa, e ainda envergonhados um com o outro, Naruto e Hinata tratam de servir as duas crianças, que estavam totalmente alheias ao que ocorrera antes; quando Jiraya retorna à cozinha, trazia consigo um livro grosso, que a Hyuuga temeu que fosse aberto, mas relaxou ao perceber que se tratava apenas de um álbum de fotos.

— Vê essa mulher aqui? — Jiraya aponta uma linda ruiva com seu uniforme Jounin e a bandana de Konoha na testa — Essa é sua mãe!

— Mamãe... — Naruto toca a foto delicadamente, tinha medo que ela fosse se partir — Não herdei muito dela, olha esse cabelo como é lindo! Queria ter o cabelo assim.

Vendo como a voz dele estava quebrada e sua expressão meio entristecida, Hinata segura a mão livre de Naruto, sabia sem que dissesse uma palavra, que ele estava precisando dela e do seu apoio.

— Tão linda como uma boneca! — Hinata fala e sorri para ele com ternura — Kakashi-sensei sempre disse que Minato-sama caiu de quatro por Kushina-sama, agora podemos entender, ele não teve nem chance!

O tom leve que a Hyuuga usa, trazendo a lembrança coisas boas, ajuda a afastar aquela sensação depressiva, e desata o aperto que o Uzumaki sentia no peito, permitindo que assim ele pudesse aproveitar ver sua mãe pela primeira vez na vida; a cumplicidade dos dois, mais uma vez se mostrava naturalmente, e como sempre, era tudo que necessitavam.

— Já esse rapaz aqui, é seu pai. — Dessa vez, Jiraya aponta para um rapaz loiro, que se não fosse pela falta das marcas de nascença, poderiam dizer que era Naruto — Foi o Shinobi mais formidável que já conheci, era um prodígio e a pessoa mais gentil do mundo.

— Sou... igual a ele... — Naruto constata abismado, sempre achara que era um exagero das pessoas, quando diziam que era idêntico ao pai, e ao ver com seus próprios olhos, não conseguiu evitar o sorriso bobo em seus lábios — Papai era muito forte, não era?

— Sim, era muito forte, muito inteligente e talentoso, se tornou Hokage aos vinte e dois anos. — Jiraya conta orgulhoso e saudoso, sua mente divagando em várias memorias — Mas era tão coração mole, sua mãe fazia o que bem queria dele, você sabia que Kushina era chamada de Pimenta Ardente na Vila?

— Não, por quê? — Naruto pede curioso, e antes de saber o motivo, já estava sorrindo.

— Por que ela era temperamental, e as crianças implicavam com ela por causa do cabelo, então Kushina revidava e no final sempre vencia, no final de tanto que ela brigou, o apelido pegou. — Jiraya conta e ele mesmo ri ao lembrar o pânico que os garotos sentiam ao ver Kushina brava.

— Mas isso é tão legal! — Naruto ri ao imaginar sua mãe impondo respeito.

— Naruto-nii disse que Hinata-nee é igual uma Bijuu quando está brava. — Konohamaru conta inocentemente, apesar de Naruto fazer sinais negativos desesperados às costas dela.

— Eu sou como o que, Uzumaki Naruto? — Hinata pede ameaçadoramente baixo.

— É-é-é-é tão bonitinha Hina, tão fofinha... qual era a pergunta? — Naruto tenta desconversar e vai se afastando da mesa — Nossa, olha que hora é! Tenho que entregar esse relatório na divisão e só lembrei agora.

— Estamos de folga Naruto. — Hinata o “lembra” e cruza os braços — Ou melhor, eu estou de folga e vou ir com as crianças buscar as gatas, você vai arrumar toda a casa e vai começar a preparar a área para o quarto de Hanabi.

— Você se deu muito mal agora, moleque. — Kurama se retorcia de tanto rir em sua cela.

— Cala a boca, não me pilha, Kurama! — Naruto retruca azedo, sabia que era verdade e não tinha nada que pudesse fazer.

Hinata lhe dá as costas e vai para o quarto se aprontar, Naruto não tem nem chance de contornar a situação, e enquanto ele pensava afoitamente no que faria para se desculpar, Jiraya tentava segurar a gargalhada que estava estrangulada na garganta; por fim o lendário Sannin precisou sair para fora, estava se matando de tanto rir, nunca vira alguém ficar tão pálido e gaguejar tanto em toda sua vida, Naruto tinha superado até mesmo Minato, já que esse último, tinha a sabia atitude de ficar calado em situações assim. Quando a Hyuuga sai de casa indo visitar sua ex-tutora e buscar suas gatinhas, que não puderam no dia anterior devido ao encontro com Gaara, o Uzumaki se coloca a trabalhar diligentemente e com afinco, deixa sua pequena casa brilhando e logo se dirige para o lado de fora, com Jiraya em seu encalço; e engenhoso como só ele era, Naruto fez diversos clones para trabalharem, decidiu que faria em um dia o trabalho de cinco, para impressionar Hinata. Eram quase onze horas da manhã, e mesmo na primavera, àquela hora o sol era muito quente, então Naruto decide fazer uma pausa e prepara alguns refrescos para os dois, já que Jiraya se disponibilizara em ajudar na tarefa; os dois se sentaram a sombra da cerejeira, disfrutando da brisa fresca que soprava, foi quando o Sannin notou algo no braço parcialmente exposto de Naruto.

— Que marcas são essas? — ele questiona intrigado.

— Essa? — Naruto indaga erguendo a manga e revelando a tatuagem — Ainda tem muita coisa para descobrir sobre mim, padrinho!

Jiraya fica simplesmente perplexo, não havia outra palavra que descrevesse melhor o que sentia nesse momento, além de perplexidade, quando vira Naruto na tarde anterior, julgara que sua postura e atitude se devia a que era um rapaz que tinha herdado as habilidades de Minato; mas aquilo ia muito além de herdar algum traço genético.

— Ela sabe? — o Sannin pede aturdido.

— Hinata? — o Uzumaki pergunta divertido e Jiraya assente franzindo o cenho — Como disse antes, somos uma dupla, além de estarmos juntos no time Deltha, estamos juntos na ANBU, não há nada que Hinata faça, que eu não a acompanharia, e vice e versa.

— Desde quando? — Jiraya tinha medo da resposta.

— Quando tínhamos sete anos, entramos no dia do golpe no clã Uchiha. — Naruto conta relembrando aquele dia turbulento.

— Hiruzen-sensei está maluco! — Jiraya se coloca em pé, tinha a intenção de ir pedir explicações ao Hokage, quando é barrado a meio passo.

— O vovô não está maluco, entendo suas preocupações, mas somos bem capazes de dar conta da tarefa. — Naruto tinha pego Jiraya desprevenido e o imobilizara completamente — Treinamos arduamente e continuamos até hoje, não temos intenção de parar ou de nos deixar capturar por ninguém!

Jiraya fica embasbacado com a força e agilidade de Naruto, assim como a seriedade na voz e olhar dele, era como se fosse uma pessoa totalmente diferente do rapaz que ria e brincava a algumas horas atrás; sem falar que fora tão rápido em pará-lo, que Jiraya nem viu como tinha feito aquilo. Resignado em aceitar que Naruto já era dono do próprio nariz e já tinha feito suas escolhas, o homem desistiu de seu intento e resolveu entender melhor a situação e descobrir tudo que pudesse; assim que a próxima hora de trabalho, foi preenchida por perguntas e respostas sobre suas carreiras na ANBU, suas funções, o tipo de missões que concluíram e que costumavam receber, e quando Jiraya recebe a informação de suas identidades, seu queixo literalmente vai ao chão. Mesmo ele vivendo remotamente e completamente ilhado do resto do mundo, já tinha ouvido falar sobre a famosa dupla de assassinos especiais de Konoha, e até mesmo tinha pensado em coletar informações e escrever um novo romance adulto inspirado em Neko e Kitsune; mas descobrir que os temidos Shinobis eram seu afilhado e sua namoradinha, fez com que seus olhos quase saltassem das órbitas. Ao chegar a hora do almoço, o Uzumaki preparou uma refeição rápida para os dois, adivinhara que Hinata iria querer passar o dia com Kurenai, tanto para matar a saudade dela, quanto por estar muito brava ainda e só de pensar nisso, o Uzumaki sentia calafrios; trabalhara o tempo todo pensando no que fazer para que Hinata o perdoasse, e sentia seu coração parando de soco, quando pensava que ela poderia nunca perdoa-lo, seu rosto adquiria um tom de verde enjoativo e só o que faltava era desmaiar.

Na Vila, Hinata estava felicíssima por passar esse tempo com Kurenai, tinha tantas coisas para conversar com a ex-tutora, que mal sabia por onde começava primeiro; logo, se decidiu pela novidade que a deixava radiante de alegria, cuja qual, Kurenai já esperava que fosse acontecer mais cedo ou mais tarde, e mesmo não sendo nenhuma surpresa, a mulher ficara extremamente contente, suas duas crianças finalmente tinham crescido e agora deram mais um passo em direção a vida de adulto. Elas conversaram também sobre a chegada do padrinho de Naruto, e a Hyuuga contou toda a história sobre Hiruzen ter mantido segredo sobre o nascimento do Uzumaki, e é claro que esse assunto trouxe à tona outro; e logo Kurenai estava gargalhando depois de ouvir sobre a interpretação errônea de Jiraya. Hinata também atualizou a mulher sobre seu encontro com Gaara no dia anterior, sabia que era possível que o vovô já tivesse informado a todos, mas não custava comentar por garantia; e por fim elas estavam falando no assunto que mais estava deixando Kurenai preocupa, a situação com o clã Hyuuga. Aproveitando que Konohamaru e Hanabi estavam entretidos brincando, Hinata contou tudo que acontecera no último domingo, como foram buscar a irmã para passar o dia com eles como sempre faziam, como ela vira àquela cena que jamais queria ter visto, como se descontrolou pela raiva e atacara Hiromi, e como Naruto conseguira a autorização necessária para que eles pudessem criar Hanabi; a Hyuuga contou tudo isso, e a cada palavra dita, suas mãos tremiam e seus olhos faiscavam de raiva, ainda queria castigar muito mais aquela mulher que um dia chamou de mãe.

Quando a Hyuuga e as crianças finalmente retornaram para casa, já passavam das quatro da tarde, tinham se divertido com Kurenai e Konohamaru e Hanabi davam indícios de que dormiriam com os pássaros aquela noite; eles caminharam até a clareira em meio a tropeços e bocejos, e quando avistaram a cabana, nem competiram para ver quem chegava primeiro na porta. Ao entrarem em casa, Hinata teve uma grata surpresa, a fazendo sorrir como boba ficando toda desconcertada e acanhada, e esquecera até o motivo de estar irritada; o caso é que Naruto trabalhara com afinco para concluir as tarefas que recebera, e logo depois se dedicara a outra tarefa, encontrar as flores silvestres mais belas e ornamenta-las cuidadosamente em ramos coloridos e caprichados, e distribuir esses ramos por toda cabana. Então quando Hinata pisou dentro de casa, foi recebida por um aroma inesquecível e o belíssimo colorido de diversas flores, por onde a Hyuuga olhasse, encontrava tulipas, íris, cosmos, lavanda, rosas, musgo rosa, fuji, girassóis e lótus; todas elas incrivelmente organizadas e distribuídas em pequenos ramos que ela sabia, tinham sido feitos com todo carinho e amor do mundo. Incapaz de se conter, Hinata derramou algumas lágrimas, estava emocionada demais para se segurar, sabia que poderia viver mil anos, jamais se esqueceria aquela linda surpresa; ela estava ali, parada na porta tentando se recompor, quando sentiu algo ser colocado em seus cabelos, e quando ergueu as mãos para pegar o objeto, soube que era uma coroa de flores, e nem precisava perguntar para saber quem estava atrás dela.

— Você me perdoa? — Naruto pede, a abraçando assim que Hinata se vira para olhá-lo, estava fazendo uma cara tão tristinha, que ela até ficou com dó por se irritar tanto.

— Você é um bobo. — é tudo que ela consegue dizer antes de esconder o rosto no peito dele, envergonhada demais para olhá-lo diretamente agora — Eu nem estava brava de verdade.

— Aquilo não era de verdade? — Naruto indaga incrédulo — Kami me ajude quando for de verdade!

— Você quer que chegue a ser de verdade? — Hinata provoca escondendo o riso.

— Não! — Naruto responde rápido, entrando em pânico só de imaginar — Está bom assim!

Encantada pela delicadeza que ele tivera e por saber que, por mais que fosse por um motivo bobo, Naruto dera importância para o que ela sentia, Hinata estava se sentindo nas nuvens; foi naquele clima de paz e tranquilidade, que o Uzumaki movido pelo fascínio de vê-la tão feliz, lhe dá um beijinho de surpresa nos lábios.

— Naruto! — Hinata se espanta com sua atitude e começa a olhar para os lados.

— Meu padrinho foi para a Vila. — Ele conta, adivinhando com o que ela estava preocupada — Ele disse que tem uma casa lá e que não queria incomodar, eu pedi pra ficar mais um pouco, mas ele disse que tinha algumas pessoas pra visitar.

— Mas ainda assim, tem as crianças... — Hinata argumenta com as bochechas muito coradas.

— Kono está no banho e a nanica está dormindo no sofá. — O Uzumaki fala sorrindo de um jeito que diz claramente “você não tem mais desculpa” — Mais algum problema?

— Você... cínico! — a Hyuuga xinga vermelhíssima e arranca uma gargalhada alta dele.

— Tudo bem Hina, eu só fiquei com saudade. — Naruto fala sincero e lhe dá um beijo sob a franja, logo a abraçando apertado — Não gosto quando a gente fica longe.

— Pensei que precisaria de um tempo, para conversar com seu padrinho. — Ela fala o abraçando de volta.

— Sim, a gente conversou bastante, conhecer ele, foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. — Naruto declara feliz, naquele dia, tinha recuperado um pouco do que perdera há doze anos atrás.

Como prometido, nos dias que se seguiram, Jiraya fora visita-los todos os dias, e logo depois que todos os senseis da dupla souberam do seu retorno a Vila, um almoço especial foi organizado em comemoração, e o local é lógico que fora a clareira; foi nesse dia, que o Uzumaki passara uma das maiores vergonhas de sua vida, quando Jiraya e Anko se juntaram para fazer troça dele, dizendo que Hinata o tinha na palma da mão, entre outras coisas que Naruto tinha vergonha só de cogitar pensar, e dessa forma terrível ele descobrira que o padrinho tinha uma personalidade totalmente oposta a séria e composta que mostrara no primeiro dia. O primeiro que descobriram sobre ele, foi que Jiraya não era somente um escritor de livros para adultos, ele era escritor do livro que Kakashi vivia lendo e fazendo aquelas expressões estranhas e medonhas, e também era um pervertido; Naruto notara isso num dia que estavam caminhando pela vila e Jiraya quis repentinamente ir nas termas da Vila, e o Uzumaki se deu conta tardiamente que era apenas para espiar as garotas do banho feminino, é claro que esse fato foi omitido da melhor maneira possível, já que contar a descoberta, implicaria em explicar como chegara a conclusão final. Também descobriram que era um Shinobi extremamente conhecido e respeitado e que também era muito forte, um dos mais fortes que a dupla já conhecera, e entre todas as descobertas que fizeram nesse curto período; a mais importante era que, em apenas alguns dias, Jiraya havia se tornado uma daquelas pessoas insubstituíveis que eles levariam para a vida toda.

Conforme os dias foram passando, a prova Chunin se aproximava mais e mais, e agora toda Konoha estava apinhada de gente de todas as vilas, como consequência disso, todas as missões externas foram suspensas e Jounins, Chunins e Genins, bem como o esquadrão ANBU, se concentraram em manter a segurança da Vila, evitar conflitos e monitorar e supervisionar o andamento dos preparativos; nesse ponto, o Genins que tomariam a prova naquele ano, ficaram totalmente sem assistência dos seus senseis e tiveram que se preparar para a prova, da forma que podiam e conseguiam, o que se tratando de jovens sem experiência real, ou teoria adequada, não era muito. Foi pensando nisso, o rapaz que viria a ser o Nara mais brilhante de todos os tempos, reuniu todos os seus colegas de Academia para uma proposta, era um sábado a tarde, quando todos se fizeram presentes e Shikamaru expôs sua ideia; não houve uma objeção, por mais estranho que pudesse parecer, todos estavam interessados e ansiosos, então decidiram por começar a por em prática no dia seguinte. Assim que eram duas da tarde, quando todos se reuniram novamente no pátio da Academia, e assim que Shikamaru fez a contagem e viu que não faltava mais ninguém, os guiou com a ajuda de Sai, Ino, Chouji, Neji, Tenten e Lee, pelo caminho que desconheciam e temiam; cada passo que davam, sentiam suas pernas bambearem e seus corações retumbarem no peito, imaginando centos de possibilidades, mas quando chegaram ao destino, não foi bem o que esperavam.

— Tem certeza que eles não estavam de missão? — Ino pergunta depois de baterem pela terceira vez.

— Tenho, estamos todos dispensados das missões a causa da prova Chunin. — Shikamaru responde convicto, ouvia o pessoal atrás começando a se impacientar.

— Será que não foram a Vila? Ouvi dizer que o padrinho do Naruto voltou, talvez foram visitar? — Lee sugestiona encolhendo os ombros.

— Você não disse que Hanabi está morando com eles agora? — Chouji questiona se sentando no chão para comer suas batatinhas.

— Sim, mas o que isso tem haver? — Ino pergunta confundida.

— É que é domingo, está quente. — Chouji explica com a boca cheia — Talvez tenham ido com ela na cachoeira.

— É claro! Como não lembrei disso antes?! — Shikamaru bate a mão na testa.

— Você é inteligente, não bom de memória. — Sai provoca debochado.

Como se fosse ensaiado para dar razão a Chouji, a dupla sai de uma trilha diferente, rindo um pouco alto e de mãos dadas, Naruto carregava Hanabi nos ombros e Hinata trazia Konohamaru pela mão, e todos os quatro estavam molhados; tinham saído aquela manhã, para fazer um piquenique a beira da cachoeira e passaram toda manhã e parte da tarde brincando na água, resolveram voltar embora quando os dois pequenos começaram a tremer de frio. Agora vendo toda aquela gente na sua clareira, os dois se entreolham desconfiados, afinal durante todos aqueles meses de Academia, nenhum colega além dos amigos, fora até a clareira; eles só relaxam a postura, quando avistam seus amigos entre o grupo, então voltam a caminhar até a entrada da cabana.

— O que está acontecendo aqui? — Naruto pergunta, baixando Hanabi com cuidado até o chão — Já pro banho, nanica.

— Naruto, reunimos o pessoal da Academia, pra vir pedir ajuda de vocês. — Sai começa a explicação.

— Nossa ajuda? — Hinata questiona desenrolando Konohamaru da toalha e também o mandando para o banho — Ajuda com o quê, exatamente?

— Como vocês sabem, todas as missões foram suspensas, e por conta disso, os Genins que vão tomar a prova pela primeira vez, ficaram completamente desassistidos. — Shikamaru dá sequencia a explicação — E pelo que vimos do pessoal das outras vilas, eles têm bem mais experiência e nesse caso, Konoha fará uma apresentação ridícula na prova e acabará sendo vista como fraca...

— Então pensaram em reunir todo mundo aqui pra treinar e querem que a gente ajude no treinamento, é isso? — Naruto deduz rapidamente.

— Sim, sei que a experiência de vocês é totalmente diferente, mas se puderem ajudar cada time a melhorar seus pontos fortes e reduzir suas debilidades. — Shikamaru pede nervoso, sabia pela cara de Naruto, que ele não tinha gostado da ideia — Sei que você gosta de tranquilidade e sossego, e te garanto que o pessoal não vai fazer bagunça e vão todos seguir o programa direitinho.

— Vocês sabem que a gente tem métodos um pouco diferentes, não é? — Hinata questiona seus ex-colegas.

— Sim, mas isso não importa, desde que consigamos passar pela prova e vencer as outras vilas. — Madoka toma a palavra em nome dos demais colegas.

— Nara desgraçado! Só me dá dor de cabeça. — Naruto reclama frustrado, mas aquilo era por Konoha também, além de que seria um treinamento a mais pra eles — Não quero ninguém xeretando na casa, sem algazarra, brigas e essas coisas, aqui tem horário para dormir e horário para levantar, cada um cuida das suas coisas e é responsável por suas coisas, e vamos manter uma barreira que impedirá quem não for de Konoha de ver o que fazemos aqui, quem não concorda com os termos, pode ir embora.

Shikamaru pensou que Naruto fosse protestar mais, mas se sentiu aliviado de que fora o contrário, e sabia que o amigo só acetara aquilo, por que era o único jeito de evitar que metade daqueles jovens morressem durante o ataque; apesar de estarem assustados com a forma brusca de Naruto falar, nenhum Genin desistiu, e assim que todos passaram a montar suas barracas em silêncio, inclusive o Time Sete, Hinata fez os selos rapidamente e logo uma barreira de quatro pontas foi ativada. Manter todos juntos ali até a prova poderia ser um problema, mas também seria muito efetivo para reduzir as falhas da vila, tendo em conta que aquela era a geração dos futuros Shinobis de Konoha; mesmo sendo irritante ver alguns rostos, era a chance de mudar algumas coisas que estavam mal no sistema. Sorrindo ao pensar no que os faria passar, até que estivessem aptos a pelo menos se defender e passar das eliminatórias, o Uzumaki entrou em casa sendo seguido dos amigos, os únicos que tinham permissão de entrar na cabana; talvez os dias seguintes fossem extremamente exaustivos, mas a dupla faria com que valessem cada segundo, e deduzindo que pensavam o mesmo, se entreolham e sorriem cúmplices, dariam aos ex-colegas, uma prova do que os aguardava no mundo a fora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sol e A Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.