O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 17
Nunca Toque Nela




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O dia amanhecia lindamente na clareira onde a pequena comitiva estava acampado, os pássaros cantando, pequenos animais saindo de suas tocas e o sol despontando no horizonte para reinar absoluto no céu, todos esses eram indícios de que seria mais um dia tranquilo; e assim que o céu da madrugada começara a clarear com o raiar do novo dia, os Genins e o Jounin saíram de suas barracas, os três mais novos apesar do temperamento difícil e sua idiotice crônica, tinham pelo menos os hábitos de um Shinobi, e o agora sensei agradecia por isso. Assim que os três se reuniram a volta da fogueira, eram observados pelo olhar experiente do Hatake, que estava intrigado com a falta de união do seu time, mesmo que eles tivessem passado quase um ano treinando na Academia, fazendo simulados de missões e trabalhando como time, ainda assim não tinham nenhuma relação entre si; de fato o único que tentava ter algum tipo de relação ali era o Inuzuka, e ainda assim suas tentativas eram todas direcionadas para a Haruno, e esta por sua vez só queria saber do Uchiha. Até mesmo agora, na hora em que deveriam se reunir e discutir o que fariam naquele dia, questionar sobre a missão ou fazer alguma verificação em busca de espiões ou bandidos, os três permaneciam sentados perto da fogueira como se aquele fosse um acampamento de férias; Kakashi se preparava para dar algum tipo de sermão a respeito, quando ele identifica uma aproximação pelo lado sul da clareira, então resolve ficar quieto e ver se seus alunos conseguiriam perceber que alguém se aproximava tão silenciosamente quanto eles, mas o único que parece notar algo é Sasuke, que arremessa uma kunai na direção dos recém chegados.

— Muito bom Uchiha, mas precisa de mais que uma kunai para matar um inimigo que está te emboscando, enquanto você senta tranquilamente a beira do fogo. — Naruto sai das sombras da floresta segurando a kunai em uma das mãos.

Sakura e Kiba arregalam os olhos ao perceber os dois saindo da escuridão da floresta, e ainda mais ao os verem as roupas que vestiam, iguais as que viam nos ANBUS da Vila, mas isso nem se comparava ao fato de que ambos caminhavam tão silenciosamente, que só foram vistos mesmo quando se revelaram, era como se eles tivessem pés felinos; o baque de saber que os dois colegas que se tornaram Genins junto deles podiam ser tão habilidosos em esconder sua presença, os fez perceber que ninjas mais experientes poderiam ser assim, se não mais e apesar de Sasuke ter percebido a aproximação de ambos, foi apenas quando eles já estavam a um passo de sair da mata fechada, e por mais que odiasse admitir, o Uchiha tinha foi obrigado a concordar que o Uzumaki tinha razão, se fossem bandidos o grupo teria sido pego desprevenido e a missão estaria completamente perdida.

— Manhã agitada? — Kakashi pergunta naturalmente sem desviar os olhos do seu livro.

Os anos de experiência lhe renderam uma boa percepção do odor de sangue fresco, mesmo que não estivesse perceptível aos olhos pouco treinados de seus alunos, ainda mais quando os dois estavam usando as costumeiras roupas escuras da organização, utilizadas especialmente em emboscadas e em longas vigílias.

— Saqueadores. — Naruto conta e deposita alguns peixes em uma das panelas — Hinata viu quando fomos pescar, estavam invadindo um vilarejo próximo antes de amanhecer.

— Então aquela fumaça a sudoeste era isso? — o Jounin questiona e os três Genins olham na direção informada, não tinham notado a fumaça negra tingindo o céu ainda.

— É, eles tentaram reagir um pouco. — Hinata fala retirando suas sandálias — Não deu muito certo no fim.

Sem dar tempo dos colegas fazerem mais perguntas, Hinata larga as frutas que trazia nos braços em uma das bacias, pega os cantis de água de todos e puxa Naruto pela mão, e com toda calma que somente ela era capaz de ter, caminha em direção ao lago, em completo silêncio eles enchem os recipientes de água, sem se preocupar com os rostos especulativos e cheios de dúvidas dos integrantes do time sete; e apesar de o Uzumaki achar que era mais do que justo que as tarefas do acampamento fossem divididas igualmente entre os grupos, não iria trazer o assunto logo cedo pela manhã, não depois de ter tido trabalho antes do dia amanhecer, deixaria para fazer isso mais tarde, quando todos estivessem de estômago cheio e fossem capazes de compreender tudo racionalmente, sabia que se falasse algo agora, serviria só para gerar mais briga. Depois de terem enchido os cantis e de terem dado de beber aos cavalos, sem fazer cerimônia alguma, os dois entram na água soltando suspiros por causa da temperatura, e assim que o fazem, suas vestes deixam a água antes cristalina, vermelha a sua volta; os seus ex-colegas que os observavam curiosos, ficam perplexos com a cena que passa diante dos seus olhos, principalmente depois que Naruto e Hinata, totalmente alheios ao time sete, retiram suas blusas de malha negra para lavá-las melhor. Como se aquela imagem fosse uma pequena premonição de toda verdade por trás dos dois, Sasuke, Sakura e Kiba sentem um arrepio quase que agourente, percorrer suas espinhas; vendo a reação dos seus alunos, Kakashi sorri minimamente, escondido atrás do seu livro, não podia culpa-los por sentir medo, afinal tudo naquela cena os induzia a isso, desde a água manchada de vermelho, até as cicatrizes esbranquiçadas que cobriam parte significativa das costas da Hyuuga e do Uzumaki. O Hatake achou a atitude dos dois interessante também, principalmente por Hinata não se importar em mostrar suas cicatrizes, coisa que para uma garota da idade dela, deveria ser algo impensável, e mesmo ele às vezes tinha um pouco de vaidade; mas no fundo o homem sabia por que a dupla não se importava, e o motivo era o simples fato deles se orgulharem daquelas marcas, elas contavam parte de sua história como Shinobis, faziam parte de quem eles se tornaram, da menor cicatriz causada por uma kunai, até o maior indício de perfuração por uma Naginata.

Assim que ficam limpos, Hinata e Naruto saem da água, os dois caminham até a barraca do Uzumaki indiferentes aos três que os encaravam com olhos esbugalhados, precisavam se aprontar para mais um dia de caminhada até o País da Terra, e ambos concordavam que deviam chegar a Vila da Pedra ainda naquela noite, por isso aquele seria um dia muito longo; Naruto volta a vestir seu Kimono e todas as demais peças da vestimenta de um cavaleiro, e por mais que achasse que estava ridículo usando aquilo, teria que aguentar até o final da missão ou até que os inimigos agissem, o que viesse primeiro. Quando calçava suas sandálias, Hinata saiu do seu lado da cortina improvisada que montaram para se trocar, a Yukata perfeitamente posta por cima de um novo top seco, parecia ter sido feita sob medidas para ela, naquele momento o pobre coração desavisado do Uzumaki parecia que ia saltar pela boca e ele desejou que sempre pudesse vê-la vestida assim; ficou tão distraído, que permaneceu imóvel por um tempo e quase não "acordou" a tempo de perceber que Hinata parara de costas à sua frente, num pedido mudo para que ele prendesse seu Obi, o que Naruto atendeu com o sorriso mais radiante do dia. Disfarçados novamente, eles recolhem seus poucos pertences jogados na barraca e saem novamente para se reunir com os outros, Yona e Kohaku já estavam entre eles e pelo que podiam ver, Kakashi se encarregara de começar a assar os peixes que pegaram; Naruto fica satisfeito por ver que a garota também podia acordar cedo, não queria se indispor com a filha de Koji por ter que fazê-la sair da cama cedo e dado ao seu gênio, era provável que acontecesse se não tomasse cuidado, muitas de suas missões fora do País do Fogo dependiam dessa frágil relação, mas naquele dia por sorte conseguiriam partir antes das oito da manhã.

— Onde você esteve à noite Hinata? — Yona questiona assim que a vê sentar-se ao seu lado.

— Com Naruto. — a Hyuuga responde simplesmente, estar sempre juntos era natural como respirar para eles.

— E onde se meteram? Quando não te encontrei na barraca, pedi ao Kohaku que fosse avisar Naruto, mas ele também não estava na sua barraca. — a garota desata a falar sem esconder sua curiosidade aguda.

— Ficamos de vigia fora do acampamento. — Naruto intervém, percebera Hinata ficando desconfortável com as perguntas.

— Tsc! Pensei que estavam namorando em algum canto. — Yona reclama desapontada.

A reação dos demais variou entre surpresa, espanto e vergonha, principalmente Naruto e Hinata, esses ficaram tão vermelhos quanto tomates, e Kakashi chegou a se afogar com a água que bebia, de tão surpreso que ficou com a forma direta como aquela garota disse o que pensava; o caso é que Yona não fizera por mal, para ela aquele assunto deveria estar mais do que resolvido, era nítido que ambos se amavam e por tanto, ela não via motivos para não estarem juntos, coisas como idade não faziam sentido para ela, ainda mais no seu caso. Desconfortáveis com a situação em que a princesa os deixara, eles contornam tudo fingindo que não ouviram o que fora dito, terminam a refeição rapidamente, desmontam o acampamento e Naruto explica a todos o que fariam naquele dia, e apesar de Yona não gostar da ideia de fazer tão poucas pausas no caminho e protestar contra isso, acabou concordando depois da intervenção de Kohaku; no momento em que se colocaram em movimento, o Uzumaki voltou toda sua atenção para a estrada e seus arredores, precisava manter o foco e evitar que fossem emboscados. O caminho é calmo e sem nada de anormal, o que confirmava a teoria dos dois de que talvez os inimigos estivessem aguardando no local de encontro, mas nem por isso baixaram a guarda; quando pararam em um pequeno vilarejo para almoçar, Naruto tratou de alimentar bem os cavalos e os deixou descansados para a próxima e mais longa etapa do percurso.

— Acho que devemos evitar qualquer ponte, é perfeito para nos cercarem. — o garoto sugestiona a Kakashi enquanto analisavam um mapa junto com Kohaku.

— Mas a rota vai ficar mais longa assim, tem certeza? — Kohaku pergunta indeciso.

— As coisas vão ficar complicadas se tivermos que lutar e proteger Yona estando em uma ponte, é como entregá-la de bandeja para eles. — Hinata justifica.

— Já que não tem jeito, na rota que seria mais curta depois dessa, vamos perder uma hora para dar a volta. — Kohaku marca o caminho no mapa.

Enquanto os quatro discutiam como fazer aquele caminho em segurança, já que era tão estreito quanto uma ponte, Sasuke os observava em silêncio, e por mais que não gostasse de admitir, percebera como o Uzumaki era bom em montar estratégias e fazer analises para prever os movimentos inimigos e sem precisar dizer uma palavra a respeito, estava assumindo a liderança da missão; o Uchiha estava tão frustrado por notar que um Jounin o seguia facilmente, e ver que o outro se sobressaia nesse aspecto, que começava a buscar obsessivamente uma forma para poder vencer Naruto naquela missão, mas se as coisas continuassem daquele jeito, ele estaria cada vez mais atrás do Uzumaki. Já o Inuzuka começava a ter um sentimento quase como agradecimento, por Naruto estar na missão também, já que ele sabia bem que se não tivessem o time Deltha ali, Sasuke já teria decidido tudo por si mesmo e deixado seus companheiros para trás, ou já teria os metido em algum problema; no último vilarejo mesmo, quando estavam almoçando, o jeito arrogante e superior que ele se dirige as pessoas quase causou uma briga, mas num piscar de olhos o Uzumaki interveio e fez todos se acalmarem, além dele ser o único que bate de frente com Sasuke, e por isso mesmo disse com todas as letras que se o Uchiha causasse qualquer dano ao andamento da missão, por menor que fosse, ele seria enviado de volta a Vila. Desde então Sasuke vinha se mantendo quieto, não reclamava de mais nada, para Kiba era um alívio que ele não tivesse ficado mais irritado ainda ou se ficou não deixou transparecer, mas Naruto achou aquilo muito estranho, e por isso decidiu que tomaria um cuidado redobrado com o Uchiha; logo que tudo ficou decidido, desde sua formação e até quem iria na vanguarda e quem iria na retaguarda, eles prosseguiram com a  viagem e agora estavam quase na divisa com o País da Terra. Na carruagem, Yona estava entediada e a todo momento colocava a cabeça pela janela e perguntava a Kohaku se já estavam chegando, nem mesmo os jogos que Hinata improvisara conseguiam entretê-la por muito tempo; a garota só se acalmou um pouco quando, depois de muito insistir e bater o pé, Kohaku permitiu que ela andasse a cavalo com ele, e já que aquele trecho da viagem estava tranquilo e sem qualquer sinal de que teriam problemas, tanto Kakashi quanto Naruto não viram problema em permitir que desfizessem sua formação um pouco. Na verdade o Uzumaki estava pensando que seria muito bom que a princesa gastasse sua energia, assim quando anoitecesse ela estaria cansada e permaneceria quieta, talvez até dormisse durante o percurso; e ele sabia por experiência própria que seguir viagem a noite era mais perigoso e sua atenção teria que ser redobrada, e por isso mesmo o único barulho que seria permitido seriam os cascos dos cavalos batendo no chão e as rodas da carruagem girando nas engrenagens.

— Sendo assim, vou andar um pouco também. — Hinata desce da carruagem sem muita cerimônia.

Sentia suas costas doloridas e as pernas dormentes por ficar na mesma posição por tanto tempo, ainda mais levando em conta que dormira empoleirada em cima de uma árvore; mas apesar do corpo rijo e suas costas protestantes, Hinata sorriu minimamente com a lembrança, o coração acelerou como sempre e a face se cobriu de rubor com o pensamento que atingiu sua mente logo em seguida. A Hyuuga que ainda aprendia sobre seus sentimentos com relação ao amigo, sentiu-se muito envergonhada ao pensar que se fosse com Naruto, ela não se importaria de dormir em outra árvore, desde que ele a estivesse abraçando e pudesse ouvir o som do seu coração, qualquer lugar seria o melhor lugar do mundo; abanando freneticamente a cabeça, como para espantar essas ideias, Hinata se afastou da carruagem, mas mal dera três passos, sentiu sua cintura ser enlaçada e seu corpo içado para cima com segurança e delicadeza, quando deu por si, estava sentada na sela do cavalo a frente de Naruto, e este sorria tão lindamente para ela, que Hinata pensou que ele seria capaz de ofuscar o próprio sol.

— A minha Ojou-sama não deveria andar, sabia? — Naruto fala brincalhão, e seus olhos azuis brilham ao ver o rosto dela corando.

— N-n-não seja bobo Naruto, eu sempre caminho nas missões. — Hinata mal consegue rebater, para satisfação do Uzumaki.

— Por isso mesmo, vou usar essa oportunidade direito, Ojou-sama. — Naruto fala próximo ao rosto dela e acaba fazendo Hinata inventar um novo tom de vermelho.

Na carruagem, Kakashi sorria por trás do seu livro, nesse ponto seu aluno estava se mostrando mais corajoso que o pai, que era um tremendo medroso quando se tratava de Kushina; o sensei se tranquilizou ao perceber que apesar de todo peso e dor que aquele garoto carregava, ele ainda seria capaz de encontrar seu caminho para a felicidade e não se desviaria dele tão facilmente como Kurenai temia; os três alunos que dividiam a boleia com o Hatake estavam irritados, já iam fazer dois dias que estavam em missão e ainda não tinham feito nada além de acompanhar a filha do Senhor Feudal, se perguntavam quando teriam alguma utilidade real, e o Uchiha se irritava mais que os outros a essas alturas, não suportava mais seguir as ordens do Uzumaki e pior ainda era ter que concordar que suas tomadas de decisão estavam corretas. Logo que a noite caiu, eles pararam para fazer uma rápida refeição a base de rações e alimentar os cavalos e como Naruto previra, Yona adormecera em seguida, e Hinata querendo ficar mais tempo com Naruto e também por que sabia que eles precisariam dos seus olhos em pleno funcionamento agora, pediu a Sakura que ficasse na carruagem com Yona, e pela primeira vez desde que a missão começara, a Haruno atendera alguma ordem sorrindo; a verdade é que não aguentava mais ficar sacolejando na boleia e pensava que dentro da carruagem deveria ser mais confortável. Eles seguiram em completo silêncio então, Naruto pedira que Kiba mantivesse Akamaru buscando por qualquer anormalidade que seu faro fosse capaz de identificar, e os fez apagar todas as luzes das lamparinas, e Hinata manteve seu Byakugan ativo a partir daquele momento; e apesar de Kiba sempre zombar dela e dizer que seus olhos eram estranhos, naquela hora se obrigou a admitir que eram os mais bonitos que já tinha visto, era como se fossem duas pedras banhadas pela luz da lua, brilhando no escuro. Mantendo aquele ritmo eles caminharam noite a dentro, quando já devia ser umas quatro da manhã, chegaram aos portões da Vila da Pedra, e depois de Kohaku fazer a identificação deles e de uma rápida inspeção na carruagem, eles tiveram permissão para passar; na pousada reservada para os participantes da reunião, todos foram direcionados aos seus quartos, Kakashi ficaria junto dos seus pupilos, Yona teria seu próprio aposento interligado ao de Kohaku para emergências e Naruto fez sua própria reserva, agora que podia se libertar da tensão da viagem até ali, seu corpo clamava por uma cama quente, pelo menos pelos próximos três dias poderia tentar descansar direito antes de refazer o caminho até Konoha.

Ao amanhecer do dia seguinte, os dois assumiram seus papeis com perfeição, os disfarces vestidos com elegância e a história do órfão que fora criado no castelo e se tornara um cavaleiro, e a filha da ramificação inferior dos Hyuuga's que fora enviada para ser dama de companhia depois de selada foram contadas a quem interessou com maestria; e como previsto, depois de descobrirem a origem dos dois jovens que acompanhavam a filha de Koji pela primeira vez, todos os presentes no salão perderam o interesse e se voltaram para seus assuntos, o que permitia a Naruto e Hinata passarem despercebidos enquanto investigavam os presentes e andavam pelo edifício sem levantar suspeitas. Do lado de fora da reunião, Kakashi, Sasuke, Sakura e Kiba recebiam toda atenção e eram seguidos por olhares hostis por onde iam, principalmente o Hatake, sua fama de “o ninja que copia” chegara mesmo ali, naquela Vila tão fechada para as demais nações; enquanto aguardavam a primeira reunião das negociações acabar, Kakashi buscava por seus inimigos e torcia para seu time não cometer nenhuma falha, ali qualquer deslize poderia desencadear outra guerra, e mesmo os tendo advertido milhares de vezes para não se portarem de forma suspeita, o temperamento dos alunos contribuía para o crescente medo do sensei. Na reunião, quando as coisas começaram a pender para um desentendimento que poria fim as negociações, Naruto demonstrou de forma esplêndida que aprendera muito bem as aulas sobre política que Asuma lhe dera, e seu dom natural para liderança mais uma vez se sobressaiu; por mais que todos os presentes fossem inimigos declarados, era certo que um acordo para comercialização entre as vilas das cinco grandes nações, iria beneficiar a todos, não somente o País do Fogo, de quem partira a proposta e por isso mesmo não deveriam desmerecer Yona como estavam fazendo, apenas por ser uma jovem garota em meio a tantos adultos experientes.

Ao fim do primeiro dia, onde as acusações e trocas de farpas são mais intensas, tudo parecia estar se encaminhando para um acordo tranquilo, os representantes de cada Senhor Feudal estavam até combinando de fazer uma celebração juntos; o que para a Hyuuga e o Uzumaki significava ficar extremamente alertas, aquele seria o momento perfeito para seus inimigos atacarem Yona. Vendo a tensão que a dupla deixara o salão, Kakashi se colocou em alerta também, ordenou que os três Genins se misturassem entre os moradores e ficassem atentos a tudo, e como uma medida extra, invocou Pakun e o disfarçou também, faria com que a garota o mantivesse junto de si enquanto estivesse comemorando; apreensivos e temerosos eles aguardaram tudo acabar para poder deixar Yona sob seus olhos novamente, e assim que ela deixou a churrascaria com os outros representantes, Naruto e Hinata praticamente a raptaram dali, queriam a todo custo evitar que a garota andasse por entre a multidão de pessoas, onde seria mais propensa a ser sequestrada, Kohaku ficara muito surpreso com a hostilidade com que os dois estavam agindo, mas os seguiu mesmo assim. Quando o primeiro dia de reuniões acabou, todos estavam exaustos, a tensão constante de não deixar passar nada, o cuidado extremo com as palavras, afim de evitar qualquer ofensa, por mais mínima que fosse, sem falar na ameaça eminente de um ataque a qualquer momento; todas essas coisas deixavam Naruto mais e mais agitado, sua cabeça não parava de formular planos e estratégias, e enquanto os demais descansavam do longo dia, ele permanecia acordado fazendo suas preparações, até o ponto de ficar quase sem pergaminhos, quando por fim conseguiu dormir já era quase manhã e ele ainda não tinha concluído qual o melhor plano de ação para a volta a Vila.

O segundo dia foi mais tranquilo com relação ao acordo comercial, e Yona teve tempo até mesmo de fazer turismo, para desespero dos seus acompanhantes; com tudo indo aparentemente bem, o Uzumaki e a Hyuuga começavam a se preocupar com outro detalhe importante. Estavam na Vila da Pedra há dois dias inteiros, tiveram toda a viagem até ali também, e ainda assim não sofreram nenhum ataque, isso levando em conta que aquela seria a melhor hora de agir, quem estava por trás de tudo, poderia facilmente sequestrar Yona ali e colocar a culpa no País da Terra, isso causaria um enorme caos e ainda dificultaria as buscas; e já que não agiram até agora, significava que estariam planejando atacar quando estivessem voltando? Não dava pra ter cem por cento de certeza, mas com base nas informações que tinham até agora, era bem possível que fosse isso, e sem mais nada que pudessem fazer além de se preparar, ficar alertas e manter uma abordagem defensiva com tudo e todos, eles só poderiam esperar agora. Com isso em mente a comitiva encerrou segundo dia após uma rápida reunião entre os times, e como na outra noite, Naruto se manteve acordado até tarde, traçando seus planos e criando alternativas para as mais diversas situações, imaginando todos os cenários possíveis para o seu retorno a Konoha, tentando prever os passos que o inimigo daria; assim quando o novo dia pintou o céu de um laranja tão lindo e quente, o jovem Uzumaki nem se dera conta de que aquele amanhecer era inteiramente dele, o seu dez de outubro havia chegado pela décima segunda vez. Enquanto escrevia freneticamente em seus pergaminhos, com as mãos lambuzadas de tinta e o nariz manchado, seus ombros que aos poucos deixavam de ser de um menino magricela, foram abraçados por braços delicados e mesmo sob as roupas mais grossas de frio, ele pode sentir o bater daquele coração que significava todo seu mundo; o calor do abraço o aqueceu mais do que a luz do sol que antes batia em suas costas, a sensação de estar em casa e aquele sentimento de plenitude o invadiram e Naruto se deixou ficar ali por um tempo, naquele lugar que era todo seu, de olhos fechados, sentindo o aroma do perfume que tanto conhecia, suspirou alto sendo curado de todo cansaço dos últimos dias.

— Feliz aniversário Naruto! — Hinata cantarola em seus ouvidos, o trazendo a realidade — Aqui, eu fiz um presente especial.

Ela se afasta entregando o embrulho feito cuidadosamente a mão, os olhos de lua cintilando de expectativa e o sorriso que brincava em seus lábios era o mais belo do mundo, Naruto pegou o embrulho sentindo um nó na garganta, olhou a amiga com toda ternura; em todos àqueles anos juntos, Hinata nunca se esquecera dele e sempre era a primeira a parabeniza-lo, conforme foram fazendo novos amigos, mais pessoas foram se juntando à sua celebração e o parabenizavam lhe desejando votos sinceros, mas a pessoa que o agora jovem rapaz mais aguardava era ela, e só de receber seu abraço carinhoso naquele dia que também lhe machucava tanto, Naruto já se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Para acabar com a agitação dela, que mal se aguentava parada, querendo saber se ele tinha gostado, o Uzumaki abre o embrulho e retira de dentro um cachecol vermelho de tricô, com pequenas folhas alaranjadas de plátanos bordadas em sua extensão, cada ponto feito com perfeição e cuidado e acima de tudo, ele sabia sem ninguém lhe dizer nada, com todo carinho que nem todas as palavras do universo poderiam chegar perto de transmitir; com um sorriso maior do que seu rosto poderia suportar, aquele sorriso que o fazia comprimir os olhos e ter a expressão de um garotinho, Naruto enrola o cachecol em seu pescoço e sem cerimônia alguma, abraça Hinata e gira com ela pelo quarto, arrancado gostosas gargalhadas da Hyuuga. Os dois permaneciam perdidos em seu pequeno mundo e nem ouviram a batida leve na porta do quarto, e só foram perceber os intrusos quando Kakashi pigarreia para chamar-lhes a atenção; só então Naruto solta Hinata, mas a mantinha próxima de si, e o sorriso radiante não deixou seu rosto nem quando notara a presença dos três Genins atrás do sensei. Esses últimos estavam muito confusos pela alegria que parecia transbordar por todos os lados do cômodo, e ainda mais por verem o tão sério e entediado Kakashi Hatake sorrindo abertamente; e por fim, mas não menos importante do que as outras informações captadas por aqueles olhos cheios de curiosidade, a quantidade assustadora de pergaminhos com relatórios, selos e estratégias descritas detalhadamente espalhados pelo chão, era impressionante pra não dizer absurda.

— Não me diga que passou a noite acordado trabalhando nisso, Naruto? — Kakashi pergunta divertido, perscrutando o rosto pintado do garoto — A propósito, feliz aniversário!

Mesmo com seu jeito fechado e aparentemente indiferente, Kakashi deixa de lado suas reservas e para espanto do seu time, abraça Naruto e lhe dá alguns tapas na cabeleira loira e sem nenhuma outra palavra, lhe entrega uma caixinha pequena sem qualquer indicação do seu conteúdo.

— Obrigado, sensei! — Naruto agradece e a abre para ver o que seria, ficando instantaneamente fascinado com a beleza das armas.

— Eu as guardei para quando você ficasse maior, mas acho que já têm maturidade suficiente para tê-las. — Kakashi explica e sua voz não esconde a dor que veio à tona em seu coração — Sei que pode ser uma lembrança dolorosa, mas acho que seu pai iria querer que você as usasse, essas foram as únicas que consegui recuperar, as últimas que o sensei usou!

Dessa vez Naruto não consegue conter suas emoções e sem se importar com quem o veria daquela forma, deixa que as lágrimas corram livres por seu rosto, retira as kunais da caixinha e as abraça contra o peito, como se fossem seu pai que estivesse naquele abraço; apesar da dor que estavam causando, aquelas pequenas armas eram o bem mais precioso que teria do seu pai em toda a vida, eram a sua identidade como ninja, significavam o quão forte e corajoso ele fora em sua última batalha, significavam o sacrifício que ele e sua mãe fizeram para manter seu filho e a Vila a salvos, e por isso mesmo entre lágrimas, Naruto conseguiu sorrir.

— Obrigado, Kakashi-sensei. — Naruto agradece novamente, e mesmo ainda com a voz falha, consegue se acalmar o suficiente para voltar ao trabalho — Imagino que queira saber o que faremos hoje?

— Sim, e pela sua confiança, deduzo que já tenha um plano. — Kakashi afirma, impressionado como sempre, com a maturidade de Naruto.

— Vamos trabalhar levando em conta que nossos inimigos não sabem que Yona tem dois times ninjas fazendo sua escolta, e por isso eu vou agir como isca, o mandante sabe por questão lógica que em uma emboscada, Kohaku nunca sairia do lado dela, é nessa parte que as funções de vocês entram, vão trabalhar juntamente com Hinata enquanto eu atraio os ataques dos mais dispersos, isso vai obrigar os demais atacarem vocês. — Naruto explica com a voz meio rouca e falha, mas se mantém firme em continuar com sua missão, como fora ensinado a fazer — Sei que parece perigoso agora, mas como os Nukenins contratados provavelmente serão iguais a mercenários, eles jamais vão atacar sem saber a real força de vocês, esse tipo de ninjas não costumam agir sob desvantagens, de qualquer forma.

Eles vão discutindo todos os detalhes da volta para casa, desde o caminho que seguiriam até quando entregariam Yona na mansão do Senhor Feudal, todos os detalhes de formação, as medidas de proteção que deveriam tomar e uma possível rota de fuga, caso as coisas não saíssem como esperavam; mais uma vez o Uzumaki surpreendeu os ex-colegas, quando revelou a localização de um abrigo na fronteira do País do Fogo, que segundo ele, poderiam usar caso precisassem fugir com Yona, já que ninguém esperaria que fossem esconder alguém importante como ela em uma área de criminosos e todos os tipos de conflitos. Num piscar de olhos o amanhecer daquele dez de outubro passara por eles, e logo o corredor da pousada fora invadido por sons de hospedes saindo dos seus quartos para tomar café da manhã, conversas altas das camareiras que terminavam a arrumação de algum quarto e reclamavam de algum cliente bagunceiro ou outro, e quando o relógio marcava sete e meia, todos estavam inteiramente despertos iniciando o novo dia; com todas as funções delegadas e explicadas, o caminho decorado e os pergaminhos selados, com exceção de um, os Genins e o Jounin também deixaram o quarto para dar início ao último dia na Vila da Pedra, e o Uzumaki com uma grande expectativa para o que descobriria quando fossem embora. As nove em ponto todos estavam em seus postos, Kakashi,  Sasuke, Sakura e Kiba juntamente com Akamaru, faziam a ronda igual aos ninjas de outras vilas que foram até ali escoltar seus respectivos representantes, Naruto e Hinata estavam mais uma vez junto de Yona e Kohaku, e para dar mais veracidade ao plano e manter as aparências até o fim, o jovem tenente ANBU achou por bem não revelar nenhum detalhe da ida ao verdadeiro cavaleiro da garota e nem a própria; sabia que estava assumindo um risco ao fazer uma aposta tão alta assim, mas com base no trabalho que tiveram nos outros dias para manter sua história tão verídica quanto possível, acabaram descobrindo que Yona não conseguia guardar qualquer informação por mais importante que fosse, e Kohaku não sabia manter segredo dela. E se as suspeitas de Hinata estivessem certas, eles estavam sendo vigiados desde quando chegaram ali, e por mais que o Byakugan pudesse lhe mostrar que estiveram na mira de diferentes olhares e quais eram os suspeitos, não poderiam agir precipitadamente até o verdadeiro se revelar; por não ter nenhuma indicação do momento que sofreriam o ataque e nem quem o faria, teriam que seguir com mais cautela do que o normal, um passo em falso e toda a missão estaria fadada ao fracasso.

Com todos os detalhes do acordo comercial acertados, todas as cláusulas do contrato firmadas e todas as vilas satisfeitas com seu quinhão, as assinaturas foram feitas no papel e cada representante ficou com uma via idêntica e igualmente legal; ao retornarem aos quartos para recolherem suas coisas, Naruto ficara satisfeito ao ver que o pergaminho que não selara havia sumido, a partir dali o seu contra ataque começara e do modo que ele queria que fosse, antes do início da investida inimiga. Yona ficara confusa quando Hinata entrara em seu quarto e em sua função de dama de companhia, passara a recolher seus pertences e ordenara que a princesa vestisse algo quente para a noite, e sem dar ouvido aos seus protestos levou toda sua bagagem para o corredor onde Naruto aguardava com Sasuke para levar a carruagem; Kakashi e Kiba já os aguardavam e iam atrelando os cavalos e aprontando os dois que seriam usados por Naruto e Kohaku, Sakura ficara encarregada de fechar a conta na pousada e cancelar os compromissos de Yona para a noite com os demais representantes, deixando um presente de despedida como desculpas para não ser rude e sob a alegação de que Koji a chamara ao País do Fogo com urgência. Kohaku também ficara espantado com a mudança repentina nos planos, mas diferente da garota, não reclamou e apenas seguiu sem questionar as ordens que Naruto, Kakashi e Hinata lhe davam, sabia instintivamente que algo estava acontecendo; o Uzumaki sorriu abertamente para a Hyuuga, como previram, todas as peças do tabuleiro começaram a se mover ao notar a grande movimentação deles, teria que agradecer a Shikamaru depois, por lhe ensinar aquela estratégia. O sol já marcava quatro da tarde no céu, quando a comitiva deixava a Vila da Pedra, e como acontecera no dia que chegaram, seus passos foram seguidos por olhares curiosos, hostis e astutos, e assim que deixaram os portões da Vila, Naruto decidiu dar mais informação aos batedores infiltrados, fazendo um sinal a Kakashi e Kohaku discretamente, fizeram os cavalos sair do passo marchado para um galope mais rápido e impaciente; assim, não eram nem seis horas da tarde quando chegaram próximos a fronteira, por sorte ainda estavam no meio do outono, ou o céu já estaria completamente escuro àquela hora, e agora que tinham se afastado o suficiente do território do País da Terra em si, diminuíram a velocidade, todos sabiam que teriam que manter toda sua atenção no caminho a frente, em qualquer ruído ou movimento por menor que fosse, ainda mais quando a estrada começou o seu trecho que era dentro da floresta.

Hinata se mantinha tensa dentro da carruagem, os leques preparados nas mãos e o Byakugan perscrutando cada milímetro de mata, e quando seus olhos encontraram o que Naruto disse para buscar, a uma distância de uns quinze quilômetros à frente, o assobio quase musical dela alertou os demais, aquele era o sinal que indicava que inimigos foram avistados; apesar de saber que com a ajuda de Hinata poderiam facilmente contornar os inimigos e evitar um confronto, e por algum motivo era a primeira vez em anos que desejava não ter que lutar, Naruto tinha ordens a seguir, tinha que concluir a missão e eliminar mais um criminoso mascarado de inocente. A Hyuuga percebia a agitação do amigo e seus batimentos irregulares, e sabia que aquilo não era normal e que alguma coisa devia estar lhe incomodando, já que Naruto se mantinha calmo durante uma missão, analisava tudo friamente e quando tomava uma decisão ia até o final; por isso Hinata se preocupava, não era do seu feitio se deixar levar por emoções antes de uma luta, e se aquilo estava acontecendo, algo não estava certo. Assim que a possibilidade de terem interpretado algo erroneamente surgiu em sua mente, a garota passou a rever todos as etapas do plano em busca de falhas ou pontos fracos, e por mais que buscasse incansavelmente algum erro, não encontrava; sem as informações completas do inimigo, a extensão do seu poder de ataque, o nível ou perícia das pessoas com quem lutariam, era difícil montar uma estratégia e ainda manter a segurança de Yona, e ainda assim Naruto conseguira elaborar um, não entendia por que estava tão inquieto, mas agora que já estavam em movimento não poderia pará-lo, sabia o quanto ele era obstinado, cumpriria a missão a qualquer custo. Quanto mais se aproximavam do local avistado por Hinata, mais Naruto se dividia entre a vontade de concluir o plano, e a vontade de dar meia volta e correr para o abrigo; seu desconforto era tanto, que até deixava transparecer no seu rosto, e mesmo Kiba que era tão desligado, percebia que tinha algo de errado, mas enquanto o sensei não desse outra ordem, não poderia fazer o que seu instinto lhe dizia, naquela hora o lado selvagem do Inuzuka estava adivinhando que veriam uma parte do Uzumaki, que nunca mais seria apagada de suas memórias, para o mal e para o bem. Foi imediato, assim que estavam dentro do perímetro de alcance dos inimigos, eles agiram; era passado das sete da noite quando foram atacados por uma parte do grupo, as shurikens voaram em sua direção e como um verdadeiro raio, o Uzumaki saltou a frente dos outros, usando sua lança as rebatia defendendo os demais; estava finalmente começando como calculara.

— Kohaku-san, proteja Yona-sama! — Naruto ordena alto, para se sobressair ao tilintar do ferro em atrito.

Atrás de si, Kakashi já tinha entrado em posição com seu time, e quando outra parte do grupo os cercou por trás, Yona e Hinata já haviam sido retiradas da carruagem por Kohaku e colocadas no perímetro de proteção formado pelo time sete com Akamaru transformado perto delas, como Naruto dissera para fazer; os olhos da Hyuuga monitoravam a chegada de mais inimigos e seus lábios se moviam rapidamente escondidos pelos leques, para que os ouvidos apurados de Kakashi e Kiba pudessem ouvir e direcionar suas defesas e orientar a Haruno e o Uchiha. A sua frente, Naruto já tinha desembainhado a Katana e como disse que faria, mantinha a maior parte dos ataques concentrados em si, e começava a irritar os Nukenins por não conseguirem passar por um simples garoto, e ainda mais pelo número de baixas que sofriam, e essa pressão era tudo que ele desejava que sentissem, só assim o mandante se revelaria; a rapidez que aquele garoto movia seu corpo e os atacava, a precisão com que usava a espada deixava os homens receosos de atacar, e essa hesitação era fatal para qualquer um que o enfrentasse frente a frente, cada vez mais corpos se empilhavam ao redor do Uzumaki, e como se a cena em si já não fosse terrível o suficiente para Sakura e Kiba, a inexpressividade no rosto de Naruto tornava tudo mais sinistro. Hinata não se surpreendeu, o amigo sempre era assim nas missões, impiedoso, preciso e indiferente da morte o rodeando; eles não podiam ter piedade, não podiam hesitar e nem voltar atrás, quando recebiam um alvo, deviam se esquecer que eram pessoas como eles, deviam se desligar de qualquer sentimento humano quando estavam em missão, só assim conseguiam cumprir suas ordens com perfeição, esse era o seu trabalho, simplesmente matar por outras vidas.

— Por que ainda não passaram por esse garoto?! — um homem aparentando estar na casa dos quarenta anos finalmente se revela — Ataquem com tudo e me tragam Yona!

Mais Nukenins deixam as sombras e partem para o ataque, tanto na linha de frente onde Naruto os mantinha ocupados, quanto na retaguarda, onde Kakashi coordenava seus alunos para ficarem na defensiva, cuidavam apenas dos ninjas que se aproximavam demais do perímetro, mantendo assim um controle de quantos chegassem perto demais; como Naruto disse que fariam, mercenários e outros Nukenins de aluguel, nunca atacavam sem ver a extensão de poder dos seus alvos, e enquanto não soubessem exatamente como passar pelo time sete, se manteriam fazendo apenas ataques seguros, testando suas defesas e a perícia dos Genins. Mas apesar de Kakashi e Naruto terem os alertado para não se precipitarem e não quebrarem a formação, Kohaku já havia sido ferido por que Kiba fez um ataque impensado; além desse deslize ter dado mais confiança aos inimigos, que agora atacavam mais ferozmente, exigindo toda habilidade dos jovens Genins, e percebendo a mudança de atitude dos Nukenins, Kakashi decide não dar sorte para o azar e passa a usar o seu único Sharingan, ato que causa insegurança nos inimigos, todos ali sabiam quem era aquele homem, Kakashi do Sharingan, o ninja que copia era tão temido no mundo Shinobi quanto os tão falados Neko e Kitsune.

— Yona, minha querida, por que não desiste? Você quer ver seus amigos morrendo? Veja Kohaku já está ferido. — o homem apela para a garota que chorava descontroladamente ao lado de Hinata.

Era um fato que a garota estava em pânico, nunca vira uma batalha real em toda sua vida, e ver todos aqueles corpos, membros e sangue que Naruto espalhava pelo chão da floresta, para ela era como a visão do próprio inferno; e quando os ninjas que os rodeavam feriram seu amado Kohaku, Yona se desesperou mais, e agora ouvindo as palavras venenosas que o conselheiro mais antigo e ambicioso do seu pai lhe dizia, acreditou que fossem verdadeiras e começava a dar passos em sua direção, se tinha uma chance de evitar que os outros se machucassem, ela faria sem pensar duas vezes. Antes que Yona desse mais um passo, seu braço foi segurado por Hinata, a expressão severa da Hyuuga e aqueles olhos impressionantes fizeram a princesa parar congelada no lugar; era como se aquele branco pálido visse sua alma e todos os seus pensamentos e segredos, não conseguia se desprender daquele olhar.

— Não vou permitir que faça isso, todos sabemos que podemos nos ferir aqui, e nem por isso desistimos de protegê-la, então confie em nós. — Hinata fala firme, os olhos de lua faiscando a cada palavra dita, se desviaram por segundos, indo até onde Naruto mantinha a luta concentrada sem descansar um momento sequer — Mais do que isso, confie nele, que é tachado de monstro pelas pessoas da nossa Vila, e mesmo assim seria capaz de entregar a vida pra proteger essas mesmas pessoas! Naruto nunca permitirá que esse homem tenha o que quer.

Hinata estava preocupada, cada vez mais Nukenins os cercavam e ainda não sabiam se poderiam concluir o plano, não sem saber se o item chegara até as mãos do conselheiro, e quanto mais tinham que aguardar, mais arriscada a situação se tornava; a Hyuuga sabia que teria que deixar seu disfarce logo e lutar também, ou não venceriam tantos ninjas.

— Vê se cala a boca tio! — Naruto grita ao homem, pensara o mesmo que Hinata, precisava provocá-lo e fazê-lo falar — Ela já te deu um pé na bunda, já está de casamento marcado com outro, você não tem amor próprio não? Quer passar o resto da vida casado com uma mulher que te acha um velho asqueroso?

A gargalhada que o conselheiro dá, causa ecos pela floresta e faz os pássaros que haviam se recolhido aos seus ninhos, se assustarem e alçarem voo contra a vontade.

— Não me importa o que ela pensa de mim, só quero o título que esse casamento trás, não estou nem um pouco interessado nessa pirralha arrogante. — o conselheiro Ayato desdenha convencido.

— Vai ter que passar por mim então tio, e eu não sou um velhote que dorme junto com o sol igual você, tenho bem mais resistência. — Naruto provoca mais.

— Concordo que isso seria um problema, e se vocês não tivessem um traidor entre os seus, até poderiam sair vivos daqui. — Ayato rebate sentindo o gosto da vitória em cada palavra e retira das vestes finas, um rolo de pergaminho — Devia saber que não é idolatrada por todos Yona, sua dama de companhia foi muito esperta ao escolher ficar do meu lado, e quando ela deixou esse pergaminho para os meus informantes hoje mais cedo, eu ganhei essa luta. Agora se vocês quiserem se ajoelhar e implorar por perdão ao próximo Senhor Feudal do País do Fogo, eu posso pensar em poupar suas vidas!

Enquanto Naruto se preparava para concluir o plano, algo atrás de si saiu totalmente do controle e do previsto; Sasuke que já estava irritado e não aguentava mais seguir as ordens de Naruto e Kakashi, decidira agir por sua conta, ignorando os avisos do sensei, quando três Nukenins avançaram para atacá-los, o Uchiha saiu da formação. Aquela era a sua hora, iria mostrar que era tão bom quanto o Uzumaki, não suportava ver ele dando uma de herói e roubando toda a cena, toda aquela conversa mole dele estava dando nos nervos; o que Sasuke não percebera é que aquela atitude era tudo que os Nukenins aguardavam e provocaram com seus ataques espalhados, queriam gerar estresse e cansaço para forçar a defesa a dar um passo em falso para ter uma abertura, uma tática simples de batalha vista tantas vezes com Iruka. A partir dali tudo aconteceu em segundos, Sasuke quebrou a formação e atacou três ninjas sozinho, a voz elevada de Kakashi o repreendendo chamou a atenção de Naruto, e quando ele olhou para trás preocupado com os demais, foi bem a tempo de ver o resto do grupo que os cercava atacando ao mesmo tempo, obrigando Kakashi, Kiba e Kohaku a sair da formação também e contra-atacar; nesse milésimo de segundo Sakura entrou em colapso, estava em desespero e mal conseguia se defender antes, e agora que cinco ninjas corriam em sua direção, a Haruno não conseguia nem erguer a kunai em suas mão para se defender, paralisada de medo. Foi nesse instante que Naruto viu a pior coisa que poderia acontecer em seus doze anos de vida, no momento que Hinata viu os inimigos entrando no alcance dos oito trigramas do seu Byakugan, sua mente trabalhou na velocidade da luz para reagir ao ataque de forma segura para Yona, já que ela era a última defesa da garota caso os outros falhassem; suas mãos fizeram os selos num piscar de olhos e três clones de água surgiram no seu lugar para proteger a princesa, enquanto ela mesma se movia com toda sua agilidade e flexibilidade, se colocando a frente de Sakura. Os leques cortaram dois ao meio esguichando sangue no seu rosto e na  Yukata que vestia, a deixando mais vermelha que a própria cor do tecido, o terceiro foi pego pelos punhos gentis e seu coração explodiu no instante seguinte; mas o quarto e o quinto foram mais rápidos que os movimentos hábeis da Hyuuga, e no momento que ela lançava senbons envenenadas nos pescoços dos ninjas, as espadas dos dois perfuravam o pequeno corpo da garota, uma atravessara seu abdômen alguns dedos abaixo das costelas, outra a transpassara o ombro esquerdo de Hinata, centímetros acima do seu coração.

Foi o grito de pavor de Sakura que chamou a atenção dos outros quatro que ainda lutavam agora espalhados a sua frente, e eles assistiram estarrecidos os dois ninjas caindo assim que o veneno se espalhou por sua corrente sanguínea, deixando suas armas atravessadas em Hinata, que mesmo ferida e em completa desvantagem, conseguira abater os cinco Nukenins; por mais que seus olhos estivessem ficando turvos por sua corrente de chakra constante ter sido quebrada e a perda de sangue, Hinata deu passos lentos em direção aos ninjas que restavam, contorcendo o rosto arrancou ela mesma as armas de si e quando já estava a uma distância segura dos companheiros, olhou para Naruto e sorriu com os lábios banhados por seu sangue, poderia custar sua vida, mas ela havia jurado naquele dia de chuva, quando descobrira seus sentimentos por seu amigo de infância, nunca permitiria que ele perdesse qualquer batalha ou sua vida, ela garantiria que Naruto saísse dali com a missão cumprida. Com sua mente trabalhando para fazer seu corpo inerte voltar a vida, o Uzumaki viu com medo crescente em seu coração, Hinata assumir a posição de luta dos Hyuuga’s e no momento seguinte fazer o Jutsu de defesa absoluta do clã, a Rotação; os ninjas mais próximos que estavam em um raio de oito metros da garota, foram engolidos e arremessados longe pela esfera de chakra azul dela, e dessa vez junto com seu chakra, manchas vermelhas surgiram, originadas do sangue que as feridas dela jorravam no vórtice. Ao ver aquela cena impressionante, tanto aliados quanto inimigos pararam imóveis no lugar, um único borrão amarelo se movia entre todos, desviando até chegar a cratera que o Jutsu de Hinata criara, segundos antes do seu corpo esgotado tocar o chão; Naruto a segurou com mãos tremulas, quase com medo de que ela pudesse quebrar e quando os olhos azuis se encontraram com os perolados, outro sentimento muito poderoso tomou conta do Uzumaki. Kakashi deu um passo para ir até eles, mas parou com o segundo na metade do ato, quando sentiu aquela pressão tomando conta da floresta, o ar ficou pesado, o vento formava pequenos ciclones e o rugido animalesco que crescia até fazer eco, fazia todos se encolherem; Akamaru voltou a sua forma normal e correu se esconder nas roupas do dono, que assistia assombrado junto com os colegas de time, a opressora quantidade de chakra vermelho emergindo da cratera onde Hinata e Naruto estavam.

— Se afastem agora! — Kakashi ordena aos alunos e mesmo sem entender nada, eles obedecem.

Os quatro se reagrupam junto com Sakura, onde ela permanecera com Yona, os clones de água se desfazendo atrás da princesa, e para o Hatake aquele era um mal sinal, significava que Hinata tinha perdido a consciência; como se fosse para confirmar os medos do ex-ANBU, mais um grito horripilante foi ouvido, e logo depois eles viram Naruto saindo da cratera, permanecia agachado como uma pequena fera, os olhos vermelhos, as garras cravadas na terra, as presas salientes para fora dos lábios e o chakra vermelho envolvendo seu corpo. Um milésimo de segundo depois, ele estava em cima do primeiro Nukenin em seu caminho, as garras estraçalhando a carne do homem que só podia gritar e se debater, isso até Naruto cravar a mão em seu peito e arrancar seu coração; antes que os outros pensassem em correr, o garoto já estava em cima deles os atacando. Naruto rasgava, mordia e arrancava pedaços, estava totalmente irado, não só matava os inimigos, mas os despedaçava inteiros antes de dar o golpe final, os fazia gritar e implorar pela morte; era horripilante para quem assistia, o medo tomava conta de todos controlando seus corpos e eles não conseguiam se mover e nem desviar o olhar. E por mais que soubesse que não era bom para o garoto ficar daquela forma, Kakashi percebeu depois dos primeiros segundos que o Uzumaki estava com raiva, mas não irracional e ainda distinguia perfeitamente os aliados dos inimigos, e acabou suspirando involuntariamente, sentira medo e não sabia o que fazer para controlar Naruto, caso se voltasse contra eles, nem sabia se poderia mesmo fazer algo a respeito, não quando via a forma impressionante que ele estava aniquilando aqueles Nukenins com nada além das mãos; em questão de minutos, os quase cento e cinquenta homens que restavam entre os mercenários contratados pelo conselheiro Ayato, estavam praticamente todos mortos em uma pilha crescentes de corpos que Naruto fazia.

— S-s-sen-sei, o que....— Sakura tenta perguntar, tremia dos pés à cabeça e era amparada por Kiba para permanecer em pé.

— O que Naruto é? — Kakashi indaga com sua tranquilidade de volta ao normal — Naruto é o Jinchuuriki da Kyuubi que atacou a Vila doze anos atrás, foi seu pai que selou a raposa nele, no seu último suspiro de vida, desde então Naruto vêm defendendo Konoha, mantendo a Kyuubi presa em seu corpo.

— Então esse é o poder da raposa? — Kiba questiona, entendia agora por que Akamaru tinha tanto medo do Uzumaki.

— Não, o poder da Kyuubi é muito mais esmagador que isso, essa é só a raiva que Naruto está sentindo agora. — Kakashi responde tranquilamente.

Já não estava apreensivo com o que via diante dos seus olhos, depois que tinha se acalmado, conseguira se lembrar da vez que Hiashi tentara levar Hinata de volta ao clã e acabaram ferindo a garota, Naruto ficara do mesmo jeito, se transformara em uma pequena besta incontrolável; a única diferença é que agora a extensão da sua raiva era maior e mais devastadora.

— Não devíamos cuidar da Hyuuga? — Sasuke pede com raiva, ver aquilo o deixava ciente de quanto sua tentativa de se sobressair fora torpe.

— Estão vendo ali? — Kakashi pergunta e aponta para o local onde a garota caíra, se não prestassem atenção não poderiam ver o clarão vermelho ali — Naruto está ali com ela a curando.

Ao mesmo tempo que cinco olhos se esbugalhavam diante daquela constatação, o último corpo caia no chão frio da floresta e agora Naruto se dirigia para o conselheiro Ayato, esse nem conseguira correr ou se esconder, ficara parado onde caíra depois de ver o garoto arrancar o coração do Nukenin, sentado em sua própria urina e agora que via o Uzumaki se aproximando, chorava compulsivamente; por mais que ouvisse as suplicas do homem, Naruto apenas quebrou seu pescoço com uma das mãos, não precisava se preocupar com interrogatórios, afinal antes de deixar a Vila da Pedra, quatro equipes ANBU foram atrás dos seus cúmplices a mando de Hinata. No segundo que o corpo bate no chão, o Uzumaki já não estava ali, os cinco que o buscavam com os olhos o encontraram assim que o som do primeiro soco foi ouvido, e quando todos o avistaram , ficaram em pânico novamente; Naruto estava desferindo vários socos no rosto de Sasuke, e quando Kakashi pensa em interferir, escuta a voz dele indicando que estava bem ciente do que fazia.

— Seu merda! Você só tinha que manter a formação! — ele grita e bate mais e mais no Uchiha — Era só uma droga de formação! Imbecil, egoísta, eu quero tanto acabar com a tua raça!

— Para! O que você está fazendo?! — Sakura grita desesperada, tentando ir até os dois, mas é impedida por Kiba.

— Cala a boca! — Naruto rosna a fazendo calar — Hinata foi ferida porque esse merda não sabe seguir ordens! Você estaria morta se dependesse dele, até quando vai defender esse lixo?!

Descontando toda a raiva acumulada que sentia do irmão mais novo do seu sensei, Naruto seguia batendo impiedosamente e apesar de Sasuke conseguir prever seus movimentos com o Sharingan, não era rápido o bastante para se defender ou revidar.

— Não, por favor. — Sakura chora de olhos fechados, não aguentava ver aquilo e não entendia por que Kakashi não impedia.

— Chega Sakura! — agora é Kiba quem grita com a garota — Você sabe que é verdade, ele nunca faz nada pelo time, só pensa em si mesmo e ainda coloca os outros em perigo, deixa de ser idiota!

Ignorando os protestos da Haruno, Naruto seguiu batendo em Sasuke, suas mãos doíam e protestavam, e provavelmente as juntas dos seus dedos já estavam em carne viva, e mesmo assim não parou; Kakashi sabia que não poderia parar o ex-pupilo, nem se tentasse conseguiria impedir Naruto agora, e por isso mesmo tratou de levar Yona e Kohaku para longe dali, antes que a garota desmaiasse pelo choque, e enquanto isso, Kiba tratava de manter Sakura bem firme junto de si, para que não se intrometesse, seu instinto lhe dizia que não seria algo bom interromper o acerto de contas do Uzumaki. Naruto só deu sinais de que pararia de bater em Sasuke, quando a própria Kyuubi interveio avisando que o Uchiha tinha perdido a consciência; parou definitivamente apenas quando seu clone saiu da cratera na terra, trazendo Hinata nos braços, o rosto manchado de sangue estava pálido, mas apesar disso suas feridas haviam sido curadas completamente, graças ao chakra da raposa. Ele largou o corpo imóvel do Uchiha sem se importar se fora longe demais ou não, igual a uma fera quando perde o interesse na presa, seus braços se estenderam para o clone e o corpo pequeno de Hinata foi passado para o Uzumaki, que já voltava ao normal, agora os únicos indícios do que fizera a minutos, eram os mortos pelo chão e o sangue que banhava suas roupas. Naruto sentiu suas pernas virando gelatina, quando tomou o pulso de Hinata e seus batimentos estavam regulares e sua respiração estava normal; inconscientemente ele soltou um suspiro de alívio e seus olhos vazaram todo medo e apreensão que estava sentindo.

— Ela está bem? — o Hatake questiona, vendo que o garoto voltara ao normal.

— Só precisa descansar. — Naruto responde sem tirar os olhos dela — Vou voltar a vila com ela, agora não tem mais perigo e nossa missão foi concluída.

— Tem certeza? E se houver mais algum envolvido? E como tudo isso aconteceu? — Kohaku questiona, deixando seus temores de lado, precisava entender a parte do plano que ele não sabia.

— Antes de sairmos de Konoha, o Hokage deu a Naruto e Hinata um pergaminho com informações sobre a situação complicada da missão. — Kakashi toma a frente, sabia que Naruto não queria explicar nada e só aguardava o momento que dissessem que não precisariam mais dele, para poder ir embora — Tudo foi relatado aos dois antes de saírem da Vila, as ameaças que Yona-sama vinha recebendo, as revoltas dos conselheiros quando Koji-sama anunciou o casamento de vocês, essas informações eles dividiram comigo depois e na primeira noite de acampamento, Hinata solicitou ao Snadaime, uma lista com todos os funcionários, conselheiros e os demais envolvidos que sabiam sobre o casamento, depois quando chegamos a Vila da Pedra, ela reconheceu uma das ex-damas da mansão do Senhor do Fogo na pousada, a partir daí os dois fizeram várias investigações e verificações, até descobrirem que essa mulher esteve visitando vários membros do conselho e um deles em especial, Naruto então decidiu deixar uma pista falsa para capturar o culpado por instigar os demais e armar tudo isso. Quando saímos do País da Terra hoje, outra equipe de Konoha já se dirigia pra lá, para prender os envolvidos, e nós deveríamos dar um fim aos Nukenins contratados e prender o mandante, que com certeza estaria por perto.

— Por que ele se arriscaria a se revelar para nós? — Kohaku questiona meio perdido pela quantidade de informações.

— Porque ele estava confiante de que ganharia, o conselheiro Ayato não sabia que duas equipes escoltavam Yona, o plano dele era capturá-la aqui e levá-la a algum lugar perto das fronteiras entre os Países e realizar uma cerimonia de casamento as pressas. — Naruto explica já montando no cavalo que andara a missão toda, as mochilas dos dois já presas na cela pelo seu clone — Depois de casados, ele poderia assumir como o novo Senhor Feudal do País do Fogo.

— Então aquele pergaminho era só uma pista falsa? — Kiba finalmente resolve tirar suas próprias dúvidas sobre o plano.

— Não, esse pergaminho tem um selo que me permite prender quem o estiver segurando, quando o selo é ativado. — Naruto responde mostrando o pequeno rolo de papel que estava em seu bolso — Se aquele imbecil não tivesse quebrado a formação, eu teria ativado o selo quando o vi nas mãos do conselheiro, e então cuidaríamos dos Nukenins sem outros problemas.

Com todas as partes do plano reveladas, Sakura e Kiba perceberam como tudo era bem mais simples do que parecia, e eles só precisariam manter a formação e quando o sinal fosse dado, Kakashi e Naruto cercariam os ninjas por fora como haviam dito, e Hinata os ajudaria a manter o perímetro com segurança; a Haruno não queria admitir, mas tinha que reconhecer que se tivessem seguido todas as etapas como deveriam, todo aquele terror teria sido evitado, e ela também não teria ficado em dívida com a Hyuuga.

— Sensei, vou pedir para alguém vir limpar essa bagunça, você cuida de levar Yona para casa? — Naruto pergunta atropelando as próximas perguntas que viessem, não se importava com mais nada agora que a missão fora concluída.

— Não quer levá-la até os nossos médicos? — Kohaku pergunta, preocupado com a pequena Hyuuga.

— Eu mesmo vou cuidar da Hina. — o Uzumaki refuta a ideia de pronto.

Sabia que tudo que precisava fazer agora, era levar a amiga para casa e deixá-la repousar bastante, suas feridas já estavam todas curadas e não representavam mais nenhum risco; mas quando a viu sendo ferida bem diante dos seus olhos, Naruto sentiu o maior medo de toda a sua vida, foi como se todas as partes do seu corpo estivessem sendo estilhaçadas e quebradas ao mesmo tempo, a pior sensação que já teve, e que nunca mais quer que se repita, nem no seu pior pesadelo. Após ouvir a confirmação de Kakashi, de que ele cuidaria de terminar a escolta de Yona e Kohaku, o Uzumaki partiu ruma a Konoha em um galope moderado, para manter Hinata o mais confortável possível em seus braços; ele até pensou que seria uma boa ideia levar amiga até os médicos da mansão de Koji, mas percebera enquanto conversavam, que tanto a garota quanto Kohaku, tremiam como vara verde quando olhavam para ele, Naruto sabia sem precisar de mais pistas, que os dois estavam com muito medo dele ainda, e não podia culpa-los por isso. Deixando um dos integrantes do time sete desacordado e os outros perplexos e assombrados pelo modo como a missão fora concluída, o Uzumaki se afasta na noite, depois de ter certeza que Hinata estava bem e que Kurama poderia mantê-la protegida até que chegassem em casa; já os três Shinobis de Konoha que ficaram para trás, assistindo Naruto se afastar rapidamente na escuridão da noite, aprenderam um dos fatos mais importantes que lembrariam sobre o garoto, para o resto de suas vidas: no futuro, em qualquer situação ou missão que fosse, Hinata nunca deveria ser ferida como naquela tarde, ou as consequências seriam mais devastadoras do que seus olhos testemunharam, e isso era uma certeza unanime nos pensamentos de todos os presentes.


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