The Sirens escrita por jduarte


Capítulo 5
Sand Under Your Feet


Notas iniciais do capítulo

E aí, xuxus? Espero que gostem!
Eu ameiii os reviews que recebi dos capítulos anteriores, me faz ter muito mais vontade de postar hahaha
Todas as críticas são bem vindas!

Beijos,
Ju!



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Larguei minhas bolsas em cima da mesa de jantar, cansada demais para pensar em algo além de meu cansaço físico e mental. Era impossível não voltar ao que tinha ouvido anteriormente e não surtar.

Fiona havia me dado uma tarefa irrecusável, e eu precisaria dar o meu melhor. A ciência precisava de mim, não é?

Chutei meus sapatos para longe e me afundei no sofá, retirando fundo e tampando meus olhos para tentar impedir que as lágrimas viessem com toda força.

Era inevitável.

A incerteza que pairava sobre minha cabeça, não somente sobre o trabalho, mas sobre tudo o que realmente importava em minha vida, parecia sufocante.

Abracei meus joelhos firmemente junto ao peito e deixei que as lágrimas viessem sem me importar com nada e nem ninguém. Aproveitei que meu irmão não se encontrava em casa, e deixei tudo o que estava me incomodando, sair em forma de lágrimas gordas e quentes, que escorriam por meu rosto e vertiam no sofá de tecido escuro.

Uma batida na porta fez com que eu me sobressaltasse, e limpasse as lágrimas furiosamente.

— Já vai! - gritei, esperando que a pessoa do outro lado da porta conseguisse me ouvir com clareza.

Olhei para meu reflexo no espelho e constatei que meu rosto estava sim, absurdamente vermelho e manchado por conta da crise de choro.

Mas não tinha como esconder.

Abri a porta e dei de cara com Alix. Seus cabelos encaracolados e loiros contrastavam com a pele morena queimada pelo sol. Uma das bênçãos de se morar literalmente do lado da praia. Definitivamente não algo que eu tinha adquirido durante os anos, já que ficar no sol me deixava parecendo um camarão queimado.

— Nessa! Que ótimo te encontrar! – ela disse alegre demais para meu gosto.

Alix era um raio de sol ambulante. Um raio de sol curioso e fofoqueiro.

— Alix, – minha voz falhou e eu tossi para limpar a garganta. — posso te ajudar com alguma coisa?

Seu sorriso pareceu vacilar e eu engoli seco. Talvez ela tivesse percebido somente agora que eu tinha tido uma recém crise de choro.

— Ah… – ela hesitou por alguns segundos e eu mudei o peso de perna, desconfortável com o silêncio que começava a incomodar. — Eu fiquei preocupada com seu pai nesses últimos dias, e decidi vim ver se vocês precisam de algo.

Meu coração se encheu com uma sensação que eu jamais havia sentido. Ninguém cuidava de mim há muitos anos e saber que Alix se importava, mesmo que fosse de seu jeito estranho, reconfortava-me de uma maneira boa.

— É muita bondade sua, Alix, mas estamos muito bem, obrigada por perguntar. – respondi, sentindo-me mais leve.

Percebi que Alix carregava consigo uma sacola relativamente grande, aconchegada em seu colo.

Ela seguiu meus olhos e corou, me estendendo a sacola com cuidado.

— Trouxe um pouco da sopa que fiz hoje. Achei que não tivessem comido ainda… – sua voz ficou baixa.

— Agradeço de verdade. – respondi e sorri, enquanto pegava a comida de suas mãos. — Kai me disse que você ficou preocupada comigo ontem, por eu ter saído para caminhar pela praia…

Seu rosto se tornou tão vermelho quanto a blusa que ela estava usando. Alix apertou os próprios dedos em nervosismo e eu sorri.

— Foi um dia daqueles, e eu precisava espairecer um pouco. – fiz questão de dizer.

Alix me olhou com os olhos marejados e respirou fundo.

— Sei que é bobeira, mas desde que sua mãe desapareceu, e com os Sirens sendo avistados por toda praia, todo cuidado é pouco. – ela parou para respirar novamente e me encarou.

Engoli seco.

Falar sobre o desaparecimento de minha mãe não estava em meus planos. Era um dos assuntos que eu veementemente ignorava. O passado era duro demais comigo.

— Todos esses anos observando você e seu irmão crescendo, foi quase como se eu tivesse criado vocês indiretamente, – sua voz falhou e uma lágrima grande e gorda caiu em suas mãos. — seu pai não é uma pessoa ruim, Nessa, ele só está desamparado e perdido…

Bufei e enfiei a mão livre em meu bolso de trás da calça.

— Meu pai pode ter todas as desculpas do mundo, mas eu não consigo passar a mão em sua cabeça. Não depois do que ele fez comigo, sinto muito Alix.

Ela assentiu.

— Eu entendo, Nessa. Talvez um dia, quem sabe, você possa encontrar em si uma maneira de perdoá-lo por tudo o que ele fez.

— Talvez. – concordei, e a olhei tristemente. — Mas hoje não é o dia.

Ela deixou o cabelo pender em seu rosto, provavelmente escondendo o rosto vermelho de mim e então soluçou.

— Desculpe, é muito difícil para mim.

Revirei os olhos, usando a irritação como mecanismo para não desabar a chorar novamente. Era possível sentir o formigamento no fundo de meu nariz.

— Vai ficar tudo bem. – respondi. Toquei em seus ombros, e murmurei. — Muito obrigada pela sopa, farei questão de que Kai coma mais tarde.

Ela respondeu qualquer coisa sem nexo e se virou para ir embora antes que eu pudesse lhe pedir para repetir.

Alix era uma boa pessoa, mesmo com todas as fofocas, suas preocupações eram no mínimo inofensivas. Ela havia realmente cuidado de mim e de Kai por mais tempo do que eu gostaria de admitir, então parte de mim entendia de onde vinha toda a preocupação dela. Mas ela não tinha direito de exigir nada.

Muito menos que eu perdoasse meu pai por tudo o que ele havia feito comigo.

Tudo, menos isso.

Coloquei a sopa na geladeira depois de ter fechado e trancado a porta de casa, e assinei um bilhete para meu irmão, dizendo-lhe que já estaria de volta.

Troquei de roupa, soltei meu cabelo que estava completamente amassado por ter passado o dia inteiro preso no topo de minha cabeça, e calcei meus chinelos.

Hoje estava um dia perfeito para andar pela praia.

O Sol já havia se posto, o vento estava refrescante, tudo se encaixava maravilhosamente bem.

O caminho até a praia foi tranquilo visto que morávamos praticamente com o pé na areia, o cheiro do mar me acolheu e eu inspirei fundo, ouvindo com atenção o barulho das ondas que batiam nas pedras do píer perto de onde eu me encontrava.

Pensei em me sentar, apreciar as ondas que iam e vinham com calmaria, e percebi que precisava andar, tirar minha mente dos problemas de hoje e das incertezas que ainda me sobrecarregavam.

Uma brisa gelada passou por mim, e eu tive que me proteger do vento abraçando meu próprio corpo. Uma silhueta na beira da praia me pegou desprevenida. Parecia-se muito com uma pessoa deitada, observando o céu estrelado. Me aproximei, forçando meus olhos a enxergarem mais perfeitamente e ofeguei.

Era um homem. E ele estava desacordado.

Meu coração começou a bater desenfreado e eu corri para seu lado, esperando realmente que meus olhos estivessem me enganando e que aquele homem não estivesse desacordado coisíssima nenhuma.

Ajoelhei-me ao seu lado e senti sua pulsação com a ponta dos dedos em seu pescoço. Ele estava com os batimentos mais fracos e a respiração pesada.

O homem era uma das pessoas mais bonitas que eu já havia visto na vida. Seus traços eram angulosos, praticamente alienígenas de tão perfeitos. Ele tinha os cabelos compridos, sobrancelhas levemente arqueadas, e os lábios cheios. O homem também tinha um hematoma no maxilar quadrado e bem definido.

Toquei em seu rosto, temendo que ele fosse um boneco, e os olhos do homem se abriram rapidamente, focando-se em mim. Dei um pulo para trás. Seus olhos eram verdes e ele parecia confuso.

O homem tentou se levantar, impulsionando o corpo com ajuda dos cotovelos e fez uma careta, levando a mão ao tronco.

— Acho melhor ficar deitado, não sei o que aconteceu com você. – disse e fiz com que ele deitasse novamente.

Seu olhar penetrante fez com que eu corasse de vergonha. Ele me analisava cuidadosamente. O homem suspirou pesado e tirou uma mecha do cabelo molhado da frente dos olhos.

— Qual é o seu nome? – perguntei, verdadeiramente curiosa.

Ele pareceu pensar por um tempo.

— Wade.

Sua voz me pegou completamente desprevenida. Era grossa, mas ao mesmo tempo tão macia quanto uma seda. Wade era um nome lindo.

— Meu nome é Nerissa. Você se lembra o que aconteceu? – tornei a indagar. Peguei meu telefone do bolso e o desbloqueei. — Vou chamar uma ambulância para você…

As mãos de Wade foram rápidas em minha direção. Ele segurou meus dedos frios com sua mão gélida e bronzeada e então balançou a cabeça fervorosamente de um lado para o outro.

— Sem médicos. Por favor. Eu só preciso descansar, estou bem. – Wade tentou me convencer.

Bufei e me levantei.

Meu subconsciente gritava comigo.

— Wade, não posso deixar que você fique sozinho na praia… Você ao menos se lembra do que aconteceu? - insisti.

Suas sobrancelhas se uniram em confusão e ele respirou fundo, balançando a cabeça negativamente, mas parecendo não ter muita certeza sobre o que dizia.

Um palavrão cabeludo passou por meus lábios antes que eu pudesse impedi-lo e eu apertei a ponte de meu nariz, tentando manter a calma. Diversas ideias passavam por minha cabeça como um raio, tentando achar uma maneira de ajudar Wade.

— Ok, consigo encontrar um lugar para você descansar por algum tempo. – sussurrei, esticando as mãos em direção à Wade. — Precisa de ajuda para levantar?

Seus dedos frios e calejados seguraram em minhas mãos para apoio e o homem se levantou. E ele era alto demais perto de mim. Um rubor se espalhou por minha face quando percebi que meu rosto estava perto demais de seu tronco parcialmente desnudo e eu respirei fundo.

Se controle, Nerissa, me adverti mentalmente.

— Siga-me então.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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