happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 26
Enrubescida e nua como estou


Notas iniciais do capítulo

Oi gente

Vim numa madrugada bem x trazer para você mais um pedaço dessa história.
Vou dizer a real que é: viajei na batata aqui escrevendo esse capítulo, perdoem-me pela falta de embasamento nos acontecimentos, mas tudo é para uma maior dramaticidade e eu, realmente, espero que gostem!



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Capítulo 26 – Enrubescida e nua como estou

|ROSALIE|

Pelo período em que pude, tentei forçar minha mente para longe de toda e qualquer ideia que poderíamos ter sobre Royce King II. Emmett estava comigo naquela, desconversamos por quanto tempo pudemos sobre aquilo, mas no dia vinte e nove meu pai foi tomar café-da-manhã conosco na residência Swan e nós fomos obrigados a engolir todo o receio em trazer aquele assunto a tona.

—Vamos almoçar hoje com Irina – ele avisou e eu franzi o cenho.

—É necessário?

—E muito, vocês estarão sozinhos na bancada de acusação e ela vai ser a voz de vocês dois no tribunal, você vai querer estar em boa sintonia com ela, confie em mim quando eu a digo isso – ele falou sério, esperando que Henri arrotasse em seu colo.

—Vocês? – Emmett perguntou confuso.

—Sim, entramos com tentativa de estupro e homicídio, e quem levou o tiro foi você, então você também é parte do processo.

Emmett assentiu.

—Não vai estar lá conosco? – perguntei voltando a minha dúvida principal.

—Logo atrás de vocês, mas Irina escolheu por uma abordagem diferente da qual eu sugeri e ela é a sua advogada, então temos que confiar e respeitar o que elas nos propõe – ele disse solenemente.

—Está bem – murmurei desgostosa.

Emmett abraçou meu ombro depositando um beijo em minha cabeça, então Bella entrou na casa dos Swan pela porta da garagem ao mesmo tempo que Henri nos presenteava com um sonoro arroto.

—Esse é o bebê da madrinha – ela falou orgulhosa, colocando o saco pardo em cima do balcão da cozinha, e nós rimos.

Edward apareceu cantarolando com dois sacos de compras nos braços.

—Saúde – ele falou e meu pai beijou o rosto do meu filho, o aninhando em seu peito.

—Caíram da cama? – perguntei curiosa e eles sorriram dividindo um olhar cúmplice.

—Vou lá buscar – Edward falou rindo e correndo para a garagem.

—Bom dia – escutei alguém falar da porta.

Olhei para o relógio constatando que eram mesmo nove e meia da manhã enquanto muita coisa acontecia na casa central de Fork Angeles.

—Bom dia, Esme – escutei tio Charlie dizer – Cadê o doutor? – perguntou mal humorado.

—Ele chegou tarde ontem, deixei ele descansar – ela contou e entrou na cozinha com tio Charlie.

Nos cumprimentamos e logo tia Renée desceu, quando Edward voltou da garagem com uma sacola grande de uma loja grande que tinha em Port Angeles.

—O que é isso? – Emmett perguntou curioso.

—Muito bem. Eu e minha esposa tivemos uma ideia esplêndida – Edward contou e tio Charlie fez careta junto com Bella.

—Eu não sou nem noiva – Bella se defendeu.

Ao mesmo tempo que tio Charlie se ofendia: -Não dei minha benção pra ninguém.

—Como são insuportáveis – Edward murmurou – E você, magrela, não foi por falta de pedidos.

Bella gargalhou, mas era verdade, ele deveria pedir Bella em casamento, pelo menos, uma vez ao mês, sempre das formas mais estúpidas e ela nunca aceitou, mas também nunca rolou o ajoelhamento nem um anel, então eu sabia que era mais piada que propriamente um pedido, mas eles não perdiam a graça.

—Certo, que a Bella não quer casar com o Edward eu sei, o que é esse saco? – Emmett perguntou impaciente comendo a torrada.

Tomei mais do meu chá esperando as explicações.

—Sabemos que não estão animados para festa de ano novo nenhuma das que recebemos convites, então queríamos sugerir... – Bella fez suspense começando um som como “rufar de tambores” no tampo da ilha da casa dos Swan.

—FESTA DE PIJAMA DE ANO NOVO – Edward gritou puxando um macacão cinza adornado com flocos de neve brancos.

Eu gargalhei, amando a ideia e logo todos foram se animando, vendo que eles compraram um para cada do mesmo cor e modelo. Até mesmo Henri tinha o seu e eu amei o quão bregas e adoráveis meus irmãos tinham sido com aquela ideia. Tia Renée e tia Esme logo começaram a combinar sobre a decoração e nós entrávamos em consenso sobre a ceia.

Foi uma boa passagem de ano, cheia de amor, conforto e família. Mesmo minha mãe e meu pai tendo ido para uma festa antes de vir para a nossa ceia, ainda assim aquilo não tirou a mágica de nada. Henri estava dormindo, mas diante aos desejos animados que nos expusemos no andar de baixo, ele acordou aumentando toda a nossa festa.

Perto das duas da manhã nós já íamos dormir combinando de acordar no dia seguinte para o café da manhã nos Cullen já que a cozinha dos Swan estava uma zona de guerra.

Sentada na cama de Emmett com as costas na cabeceira, eu amamentava Henri enquanto comecei a acariciar seu rostinho com a mão livre. Suas bochechas roliças, os cabelos - que estavam mais presentes na cabecinha dele - mostravam que ele puxaria para o pai dele naquele quesito, mas os olhos que encaravam-me eram os mesmo que eu olhava todos os dias no espelho, mostrando que Henri decidiu dividir muito bem, parecendo ter escolhido o que melhor havia de mim e em Emmett, trazendo em si uma beleza que parecia de outro mundo.

—Ele deve ser o neném mais lindo de todo o mundo, você não acha? – perguntei bobamente levantando a cabeça ao sentir Emmett se sentar aos meus pés.

Ele sorria amplamente, parecendo completamente apaixonado enquanto seu olhar não estava exatamente em Henri, mas no momento que eu dividia com o nosso filho.

—No começo desse ano, quando nós deixamos todos saberem sobre ele numa noite fria como essa, nessa mesma casa, a gente fez abrigo nesse quarto aqui quando a reação divergiu do que a qual esperávamos – ele dizia parecido imerso em lembranças, e eu o encarei enquanto sentia nosso filho se nutrir pela sucção ligeiramente dolorida – Você não sabe, nem teria como, mas depois de você adormecer eu fiquei aqui parado, encarando você dormir bem aonde você está agora – um suspiro longo e ele se aproximou mais de mim e de nosso filho – Não foi um ano fácil, sinto que abrimos mão de tanto ao mesmo tempo que parece que não desistimos de nada e, eu não sei, ver você agora, nesse lugar, nessa casa, com esse presente em seus braços, eu não sei se eu realmente mudaria alguma coisa, Rose – sussurrou amoroso – Desde eu levar Kate ao baile até o momento que eu fui retirado da sala de parto em Nova Iorque, tudo construiu uma história tão conturbada, mas tão linda para mim. Linda porque nós crescemos tanto nas adversidades que perco o fôlego quando lembro de tudo, mas sinto meu coração inflar em todo e qualquer momento que eu posso encarar vocês dois assim – ele falou apaixonado, sua perna encostada na minha e eu sorri, já chorando lágrimas silenciosas – Eu amo você mais que tudo, sou muito feliz por ser o papai do seu filho – finalizou e eu sorri.

—Não acho que eu deixaria outra pessoa tomar esse lugar, mesmo quando não andávamos no mesmo continente – declarei enquanto ele limpava minhas lágrimas com delicadeza – E penso que estive te esperando, mesmo quando parecia que nunca mais estaríamos assim.

Ele encostou os lábios aos meus com delicadeza, mas me afastei quando Henri soltou meu peito. Foi muito engraçado soltar Emmett para ver o que tinha de errado e encontrar nosso filho encarando o pai dele, completamente apaixonado.

—Oi ursinho do papai – Emm sorriu quando viu que ele o encarava – O que foi, filhotinho? Você já mamou?

Neguei quando ele me olhou então continuei amamentando Henri. Um peito e depois o outro, ele agora mamava muito bem. Emmett entregou-me minha garrafa de água e eu agradeci, ainda concentrada na coisa que eu mais amava fazer na vida. Quando acabei, Emmett o fez arrotar e eu fui escovar os dentes. Trocamos a fralda do neném e Emmett o fez dormir antes de colocá-lo em seu berço.

Senti os braços protetores ao meu redor quando fechei os olhos e pensei que gostaria de sussurrar para a Rosalie do ano passado – que nesse momento deveria estar chegando no hospital depois de um dos momentos mais traumáticos das nossas vidas – que, apesar de tudo, das provas parecerem mais difíceis do que as que poderíamos aguentar, ainda assim, que ela confiasse, as coisas ficariam bem.

.

Vestir aquele vestido naquele dia pareceu uma tarefa mais difícil do que realmente era. Desci as escadas sozinha já que Henri dormia tranquilamente e ele não precisava realmente ir conosco para aquele pesadelo.

Tentei manter-me forte, mudar o pensamento. A justiça seria feita, Royce já não poderia machucar-me e, mesmo que tentasse, o meu anjo estaria ao meu lado.

Coloquei meu pé calçado com as botas de salto no último degrau da escada quando Emmett apareceu vindo da cozinha. Ele sorriu para mim tristemente e eu suspirei, deixei meu sobretudo no cabide da sala antes de segui-lo para nosso desjejum. Todos estava ali, apenas tia Renée e tia Esme não estavam vestidas para nos acompanhar.

—Tem certeza que há leite o suficiente? – perguntei a Emmett novamente e ele sorriu, apertando minha mão.

—Mais do que suficiente, ursinha – ele sussurrou beijando meu rosto – Você ainda vai ter que tirar o leite do seu peito durante a audiência caso tome o tempo que seu pai pensa, mas ele garantiu que todos sabem que você é lactante e que as pausas são esperadas.

—Certo – sussurrei, mesmo que já soubesse de tudo o que ele falara, agia como se não soubesse porque pensar em qualquer amenidade era melhor do que lembrar que, em pouco tempo, eu teria que reviver o pior momento de toda a minha vida e, mais que isso, expô-lo para quantas pessoas estivessem lá.

Nos dividimos em dois carros e seguimos para Port Angeles. Bella, Edward, tio Charlie, tio Carlisle, Emmett e eu éramos testemunhas, minha mãe ia por mim e papai por motivos óbvios. Não demoramos para chegar em nosso destino, com certeza muito menos do que eu gostaria, mas entrei firmando uma pose demonstrando a confiança que eu não sentia.

—Rosalie – Irina disse cordial.

Nossas reuniões eram sempre muito calmantes para mim, ela realmente era muito boa no que fazia e, de quebra para a parte mais mimada que habitava em mim, a aparência dela remetia-me muito mais a Tanya do que a Kate, então consegui confiar mais plenamente na doutora Denali.

—Doutora – cumprimentei cordial.

Entramos depois dela cumprimentar a todos e falar como escolheu a entrada deles. Sentamos os três na bancada de acusação, eu no meio dos dois e não consegui conter a respiração profunda que soltei quando Royce apareceu ladeado por dois guardas, seu sorriso não o fazia parecer um preso e sim o professor de literatura da Forks High School, aquilo me desestabilizou.

Por que ele estava tão bem? Quase feliz?

Reparei um senhor muito bem vestido atrás da bancada de Royce que não possuía um, mas sim três advogados de defesa cheios de documentos na mesa, senti meu coração acelerar e eu me remexi desconfortável sem aguentar domar o nervosismo que me tomou.

—Rose, tudo bem? – Irina perguntou e eu a olhei, curiosa.

—É necessário três advogados? – perguntei insegura.

—Ele vai tentar se declarar inocente, realmente precisa do time para isso, mas não se preocupe. Eu gosto do desafio – ela disse brincalhona e eu sorri, mesmo não encontrando graça alguma na cena que se passava ao meu redor.

Senti uma mão forte se entrelaçando a minha e olhei para o lado, encontrando com Emmett que sorria confiante para mim.

—Estou aqui – ele disse e eu suspirei, realmente sentindo uma paz maior tomar meu peito com aquela frase.

O juiz entrou e todos nos levantamos como forma de respeito. Ele deu início a sessão entregando a palavra para Irina que ajeitou seu vestido ao levantar.

—Na madrugada do dia primeiro de janeiro do ano passado a minha cliente estava em uma festa acompanhada por seus amigos e irmão quando foi abordada pelo réu, seu antigo professor de literatura da escola de Forks. A abordagem começou amigável, mas seguiu-se com ele injetando drogas no braço esquerdo de Rosalie Lilian Hale e a arrastando, contra a vontade dela, para o estacionamento nos fundos do bar onde houve uma tentativa grotesca de estupro, seguida por uma tentativa de homicídio contra o senhor Emmett Lorenzo Swan, o rapaz que tirou a vítima da mira do senhor Royce King II. Nesse tribunal hoje assistiremos não um, mas três advogados representados pelo doutor Smith tentar absolver o senhor King da responsabilidade que ele carrega.

Achei o discurso de Irina com tranquilidade de ver que eu seria mesmo muito bem representada e então o discurso da defesa reforçava que Royce era um professor que tinha sido seduzido pela aluna que mudou de ideia e agora, com medo dos pais, tentava cancelar sua culpa em tudo. Eu pensava em todo o discurso como se ele falasse de outra pessoa, porque não queria sentir-me tão julgada daquela forma, mas desde o começo reparei que o julgamento não seria fácil.

Irina apresentou todas as nossas provas. Depois as testemunhas de Royce chegaram, alguns vizinhos falando bem dele, os garçons do pub dizendo que era um local para pessoas maiores de vinte um anos – ou seja, o que eu com dezoito fazia ali? – e, até mesmo, a senhorita Cooper e a professora de francês a escola foram testemunhar, mas elas foram neutras. Disseram da cordialidade e etiqueta de Royce e também da minha inteligência e ótimas notas e comportamento.

Logo Riley subiu na cadeira contando sobre toda a investigação, seguido por tio Charlie embasando seu discurso e, com orgulho, reparei como o juiz dava credibilidade para o sargento do condado. Pateticamente assisti o advogado se embaralhar para perguntar coisas a tio Charlie e desistir, no meio do interrogatório.

O juiz então chamou a próxima testemunha: doutor Carlisle Cullen. Não foi confortável ver tio Carlisle contar sobre aquela noite, como tiveram que limpar meu sistema da droga, como eu estava machucada e, até mesmo minhas genitálias estavam arranhadas, mesmo com a falta clara de penetração. Ele era simples e conciso em seu discurso.

Bella foi logo depois, contando sobre nossa comemoração e quando eu sumi, quando ela chegou no estacionamento que eu já estava desacordada e Emmett baleado, eu me remexi desconfortável e sorri ao sentir uma mão na minha, Emm passava-me força e confiança e sorri castamente.

Edward contou sobre meu pré-relacionamento com Royce, como ele costumava ser cordial, mesmo que meio ciumento. Depois embasou o discurso de Bella.

Irina chamou Emmett e foi quando a tensão aumentou no recinto. Eu nunca havia visto Emmett contando aquela história e percebi que aquilo não era algo que eu, necessariamente, gostaria de escutar.

Ele começou contando sobre o meu desaparecimento, então ele indo atrás de mim, como ele pareceu saber que estávamos no estacionamento, quando ouviu meu grito e o som do tapa, então tirando Royce de cima de mim, quase sem calças, ele tentando fugir, Royce quebrando o vidro do carro, o tiro em seu ombro, ele me agasalhando e cuidando de mim, depois ele de peito aberto para Royce completamente descontrolado, então citou Vera, como Royce a chamava, então o oficial Biers salvando a noite. Irina se deu por satisfeita, não perguntou nada a ele, mas o advogado de defesa não foi tão esperto assim.

—Como o senhor sabia que aquilo não era consensual? – o advogado pediu.

—Não penso que alguém almeja ter relacionamentos em neve.

—Há fetiches estranhos por aí, senhor Swan – o advogado argumentou.

—É, mas quando uma mulher fala “não”, a gente deveria entender o recado – ele falou irritado.

—Ela não disse não, ao menos você não ouviu, você disse que ela pediu apenas para ele a soltá-la – o advogado disse e eu revirei os olhos.

—Senhor, o senhor está se fazendo ou tem realmente problemas cognitivos? – Emmett disse e eu segurei uma risada enquanto o advogado protestava – Só pergunto porque não imagino como alguém pode diferenciar as duas sentenças.

—Poderia ser com outra conotação, quase como uma brincadeira.

—É, o senhor se faz – Emmett murmurou – Não é brincadeira quando alguém está desmaiado.

O advogado bufou.

—Ela estava drogada.

—Pelo seu cliente.

—Protesto. Quero que isso seja retirado dos altos, meritíssimo, a testemunha acusa o meu cliente sem provas.

—Retirado, continue – o juiz disse imparcialmente.

—Se a pessoa está drogada ou bêbada demais também é abuso quando ela diz que é, qualquer pouca consciência apresentada que tira da pessoa seu discernimento para a escolha o é – Emmett falou simplesmente.

O advogado revirou os olhos, deixando para lá o interrogatório estranho que ele fazia.

Eu fui a próxima chamada, contei tudo o que aconteceu e como aconteceu. Desde que encontrei Royce na balada até o momento em que acordei no hospital, Irina saiu de perto de mim agradecendo e então o advogado voltou.

—Senhorita Hale, a senhorita estava em um local ilegalmente, bebendo e se drogando e o meu cliente a encontrou, estou certo? – perguntou altivo.

—Nem um pouco, apenas na parte em que diz que nos esbarramos no local em que eu escolhi passar a virada do ano – falei séria.

—Estava ilegalmente – ele falou sério.

Suspirei contendo-me em assentir, ele riu em escárnio.

—E, senhorita Hale, é correto afirmar que a senhora teve um relacionamento com o meu cliente antes do acontecido? – perguntou irônico.

—Alguns meses antes eu saí em alguns encontros com o senhor King – falei.

—Mesmo ele sendo o seu professor?

—Ele já não me dava aula quando eu saí com ele pela primeira vez.

—Mas assumo que saiu das aulas dele para que pudessem começar o relacionamento entre vocês dois.

—Não.

—Mas não era a senhorita que vivia atrás dele pelo colégio?

—Porque ele era meu orientador, tinha aceitado me ajudar a dissertar melhor.

—Ele era um professor do que?

—Literatura, mas...

—E ele ajudava mais alguém além da senhorita?

Franzi o cenho, confusa.

—Eu não sei.

—E seus pais sabiam da relação da senhorita com alguém mais velho?

—Eles sabiam que eu estava saindo com alguém.

—Com um professor que lecionava em sua escola?

—Não necessariamente, mas...

—E vocês tinham uma relação... Adulta? – ele perguntou e eu franzi o cenho.

—Não compreendi a pergunta.

—Reformule – o juiz ordenou.

—A senhora já teve relações consensuais com o senhor King?

Senti meu sangue fugir de meu rosto, engoli em seco antes de assumir aquilo que eu não tinha contado ao meu pai nem para ninguém fora da roda dos meus cinco melhores amigos da vida toda.

—Uma vez.

—Então foi consensual – o advogado disse tentando me confundir.

—A vez em que houve penetração sim, em maio do ano passado, mas em dezembro não, nada consensual, o senhor King me drogou – eu falei fora de mim.

—Protesto. Ela também acusa o meu cliente sem provas.

—Protesto – Irina falou firme – Ela não está acusando, está contando seu lado dos fatos.

—Concedido doutora Denali – o juíz falou – Mais alguma pergunta Doutor Smith?

—Por enquanto é só – ele falou indo se sentar.

Então Royce foi chamado, passando quase em câmera lenta ao meu lado e eu senti-me encolher perto dele, Irina deu a mão para mim quando passei por ela, reparando que eu estava instável e, assim, assentiu para Emmett ir me ajudar a voltar ao meu lugar.

Ela começou as perguntas pedindo para ele contar a visão dele na noite e ele foi um dissimulado. Disse que estava no bar e se surpreendeu ao me ver no banheiro, que eu o convidei para dançar e, quando ele tentou me levar para a pista de dança eu o puxei para o carro, começamos a usar drogas no estacionamento já que ele havia perdido a chave do carro e então, começamos a nos beijar, esquentando ainda mais. O pedi para sair de cima de mim para ele colocar o casaco no chão e eu sentir menos frio.

—E é quando o senhor Swan entra na história.

—Sequer o vi chegar, estava concentrado em Rose e ele tomou-me em um soco, a puxou do chão e ela desmaiou devido às drogas, ele começou a tentar arrumar briga, mas eu senti as drogas fazerem efeito.

—E por isso o senhor atirou nele? Com a sua arma, arma essa que o senhor leva em seu carro?

—Eu tenho que me defender, o mundo está perigoso e achei que estava ajudando Rosalie porque ela estava desacordada.

—Sem mais perguntas – Irina falou voltando para nós.

O advogado de defesa perguntou inúmeras coisas que fizeram parecer que eu implorava por Royce e, depois no pub, voltei a minha atitude “usual”. Agradeci quando o advogado anunciou não haver mais perguntas para Royce.

—Haverá uma pausa de uma hora para o almoço e retornaremos com o julgamento, pontualmente, à uma hora e vinte minutos – o juiz avisou batendo o martelo.

Saí do local meio atordoada com tudo o que tinha ouvido. Há um ano quando eu acusava-me de ser a culpada por tudo aquilo, muitas pessoas vinham contra dizendo que não era o caso, eu era a vítima, mas naquele tribunal acontecia o completo oposto, eu tentava mostrar que eu era a vítima enquanto o advogado tentou mostrar que a culpa era minha.

Eu estava desconcertada e sentia-me exposta demais.

—Por que não me falou? – meu pai demandou assim que começamos a andar para o restaurante próximo.

—O que?

—Que já havia sido íntima de Royce – ele falou sério.

—Não era relevante.

—É claro que era, Rosalie, se você já o deixou tocá-la antes era relevante.

—Ela não deixou quando ele a tocou em dezembro, John. Não é não. Mesmo que ela tivesse pelada na frente dele por livre e espontânea vontade, se ela fala que não é para tocá-la, ele não tem direito de tocá-la – Emmett disse em minha defesa.

—Não estou dizendo que é o caso – meu pai tentou se explicar.

Irina apareceu perto de mim, segurando a minha mão. Enquanto meu pai e Emmett se mantinham na conversa sem sentido.

—Sei que é muito difícil tentar provar que você não quis algo quando é contra um homem tão poderoso e persuasivo como Royce – ela disse calmamente – Eu entendo você isso, mas saiba que a culpa não foi sua. Mesmo que a relação consensual não tenha sido apenas uma vez, seu parceiro está certo. Se você disse, em qualquer momento, “não” a sua vontade tem que ser respeitada – ela falou e eu sorri, agradecendo por ela dizer aquilo para mim.

Almoçamos rapidamente e voltamos para o julgamento.

Os advogados de Royce me olhavam de maneira quase debochada e Emmett entrou em minha frente bloqueando-os de me enxergar, abracei-o antes de nos sentarmos.

—Eles estão tentando te desestabilizar, estão tentando vender a sua imagem como uma rebelde sem causa que se arrependeu de dizer sim, mas sua postura está perfeita, não se preocupe quanto a isso, continue transparente como é e eu cuido do resto, eles nem sonham com a minha arma secreta – Irina sorriu irônica para os advogados ao nosso lado.

Royce voltou um pouco antes do juiz aparecer se sentando em seu assento privilegiado. Ele retomou a sessão e o advogado da defesa deu outro discurso reforçando o que Irina havia dito a pouco, ele pintava-me como uma selvagem que não era confiável e tentava acabar com a carreira promissora de um pobre professor.

Eu senti nojo da profissão que aquele homem exercia, aquele tipo de advocacia em que ele tentava ludibriar as pessoas com falsas ideias e teorias infundadas, onde claramente, para ele, o que menos importava era fazer justiça. Nada importava se, no final, ele conseguiria tirar a culpa de seu cliente – independente dele ser culpado ou não.

—Meritíssimo, pergunto se meu pedido feito durante o recesso foi acatado – Irina se levantou.

—Sim, há mais uma testemunha para escutarmos.

Olhei para ela que piscou e lembrei de um fato que meu pai dissera quando me ligou.

—Senhora Vera King – o juiz falou altivo e a porta abriu como um plot twist de um bom filme.

A mulher que adentrou o lugar era linda, parecia confiante e andou com calma para onde meu pai a esperava e, juntos, eles entraram no espaço que tínhamos à frente do juiz.

—Meritíssimo, peço licença, como advogado da senhora Vera para a apresentação de novas evidências assim como cópias de um processo que tramita nesta mesma vara. Outro processo que carrega Royce King II como réu, movida pela senhora Vera – papai disse e o juiz ficou curioso, tanto que ignorou o protesto que o advogado de defesa gritou.

Vera se posicionou na cadeira de testemunha após fazer o juramento e olhos para Irina que se levantou.

—Vera, a senhora conhece Rosalie Hale? – perguntou Irina.

—Não – Vera falou séria.

Eu reparei em sua pose quase travada, a forma que ela, cuidadosamente, ignorava Royce e como os olhos dele queimavam na mulher sentada.

—E o que a senhora conhece o senhor Royce King II? – Irina perguntou.

—Sim – a mulher disse se encolhendo.

—A senhora pode contar o por que está aqui?

—Meu advogado disse que estou nos autos do processo e foi atrás de mim, depois de achar as queixas que retirei contra Royce.

—Queixas de...

—Abuso, estupro, violência doméstica, cárcere privado e... Assassinato – ela falou séria.

Vera contou sobre seus motivos de fugir, sobre o suborno dado pelo pai de Royce e tudo o que tio Charlie e Riley descobriram sem muita dificuldade.

—São acusações – o advogado de defesa protestou.

—Todas apresentadas em um processo que tramita neste fórum, doutor Smith, novamente é o ponto de vista da testemunha e não suposições – Irina rebateu.

Irina então apresentou uma comparação da foto da formatura na faculdade de Vera e a minha formatura do ensino médio, nós poderíamos facilmente passar por irmãs.

O advogado de defesa, desconcertado, tentou reverter a situação, mas eu encarava a forma doentia que Royce encarava Vera. Foi só quando ela se levantou e deslizou fazendo com que o guarda a segurasse pelos cotovelos que Royce mostrou a sua verdadeira face, quase como um show particular.

—SOLTE-A, SEU ANIMAL IMUNDO – Royce gritou quase pulando a mesa.

Vera se assustou e puxou o policial como segurança dela, ela se escondeu atrás do rapaz amedrontada e Royce soltou um barulho de sua garganta que se assemelhava a um rosnado.

—Ela é minha – ele falou em um tom normal, quase dominante, os advogados o seguraram pedindo calma, mas era o mesmo homem que eu vi na noite de ano novo do ano interior, o monstro descontrolado.

—Doutor Smith, controle o seu cliente – o juiz falava por cima de todo o burburinho que acontecia.

Papai foi até onde Vera estava e temi por ele quando reparei como Royce quase se soltou.

—ELA É APENAS MINHA – ele voltou a gritar.

—Tire-a daqui – o juiz demandou.

Dois policiais escoltaram Vera para fora e vi tio Charlie falar com Bella e a puxar para fora com ele e Riley. Sentia-me confusa e amedrontada, mas Emmett me segurou firme não deixando Royce ter o olhar em mim.

Irina, genialmente, não deixou os ânimos se acalmarem.

—Foi esse homem que atentou contra os meus clientes na madrugada de primeiro de janeiro do ano anterior, meritíssimo, o mesmo marido possessivo que quase matou sua ex-esposa e, incansavelmente é protegido por dinheiro e status. Esse homem representa um perigo para a sociedade e isso foi muito bem demonstrado aqui, sequer um agente da segurança pública é autoridade o bastante para a mente deturpada do réu.

—Protesto meritíssimo, é  uma opinião da doutora.

—Eu retiro – Irina sorriu irônica, voltando a se sentar.

—Eu não preciso deliberar, tudo foi apresentado em pratos limpos na tarde de hoje – o juiz anunciou.

Assisti o velho King sair do tribunal sem olhar para trás e pensei o que seria de Royce a partir dali.

O juiz demandou o agendamento da audiência de Vera, ordenando a não presença do réu já que havia decidido que ele apresentou o comportamento perigoso o bastante perto da acusante e, pelos crimes cometidos contra Emmett e eu, ele foi condenado culpado, sem chance de pagar fiança e eu senti-me leve ao sair da sala de audiência.

Vera estava sentada, tomando água com uma criança de cerca de cinco anos no colo adormecida. Aproximei-me dela, reparando que era com Bella que ela conversava.

—Não é fácil vê-lo assim, tão perto. Eu o amei muito, antes do pesadelo todo começar.

—Otis é... – Bella começou sem parecer concluir a pergunta.

—Sim. É dele, ele não sabe. Já tinha me feito perder um bebê antes e, assim que descobri sobre Otis, criei forças e fugi para fora da casa dele. O denunciei por proteção, mas logo que o senhor King entrou em contato comigo oferecendo-me dinheiro e uma nova vida eu agarrei, com unhas e dentes, eu precisava desaparecer.

—Eu entendo você – sussurrei imaginando o que eu faria se fosse Henri e eu no lugar dela.

Ela me olhou séria, então baixou a cabeça.

—Sinto-me tão culpada por-

Pensei no que ela poderia querer dizer com aquilo e imaginei se seria possível ela se sentir responsável por o que aconteceu comigo.

—Não termine, se for por mim, a culpa não é sua...

—Não diretamente, mas quando descobri tudo o que aconteceu... Eu me senti quase feliz Rosalie por ele ter desenvolvido essa obsessão por você repentinamente.

A encarei surpresa, quase ofendida com o que ela dizia.

—Desculpa, me desculpa, mas eu preciso ser sincera. Vim aqui para ajudar só porque eu morri de medo, ele – ela engasgou, mas logo voltou a dizer – Ele me conhece muito bem, sempre foi assim, como se lesse minha maldita mente. Seu pai me mostrou o depoimento dele quando falavam de mim, em seu primeiro depoimento na delegacia, quando ele ainda estava drogado, ele disse que você lembrava ele de mim, que parou de procurar-me por cidades pequenas quando te viu – ela disse, mas não respondi nada porque ainda não entendia o que ela queria dizer – Ele ia me encontrar, Rosalie, eu estava na Califórnia, numa cidade pequena e ele estava próximo de me achar, acharam uma caderneta no carro dele, a cidade que eu moro era a quarta da lista que ele estava seguindo, se você não existisse em Forks-

Entendi o que ela disse, ele iria chegar nela. Teria a encontrado porque ela não o esperava, pelo o que eu entendi, quando ela aceitou o dinheiro do senhor King ele a garantiu que ela estaria segura porque Royce estava numa clínica de reabilitação, mas Royce não era apenas alcoólatra, ele era um psicopata perigosíssimo.

—Falo que fiquei feliz porque você tinha alguém que se importava, eu nunca tive muitos amigos, mas você teve Emmett que salvou você e teria te salvado até no meio do inferno e seu pai e sogro cuidaram de tudo, de toda a investigação para que ele pagasse, até mesmo um médico ao seu dispor você teve – ela disse – Sinto-me culpada pelo quase alívio que senti quando vi que você dispunha de tudo isso e, por conta de sua adversidade, agora eu posso respirar realmente aliviada e cuidar do meu filho.

Eu poderia tomá-la como um verdadeiro monstro egoísta, mas eu a entendia. Do fundo do coração entendi o que ela queria dizer. Não era que ela estava feliz com aquilo, mas o alívio que ela disse, à proteção da qual eu dispunha a ajudou e eu também fiquei grata por minhas costas tão largas terem sido capaz de proteger mais do que a mim e meu filho, mas também Vera e o filho dela.

Depois de algumas semanas, com uma ligação, papai me contou que Royce tinha pego prisão perpétua além da justiça obrigar o pai dele a arcar com uma quantia exorbitante de dólares por danos morais contra Vera.

E foi como eu apaixonei-me ainda mais pela profissão que eu dividia com o meu pai, sonhando em um dia ser capaz de demandar – segundo a lei – como um bandido como Royce passaria o resto de sua vida.


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Notas finais do capítulo

O título do capítulo faz uma alusão a como a Rose se sentiu sendo exposta e julgada como foi pelos advogados do Royce, não é algo fácil, mas resolvi pintar como as coisas nem sempre dão certo desde o começo, mesmo com todas as provas apresentadas, principalmente contra um homem influente.

Como eu disse, não sei se um julgamento funciona assim, mas tentei ser o mais coerente possível, além do mais, quis contar mais um pouco sobre a Vera tadinha.

O que acharam? Royce mereceu né! Não se esqueçam que ainda tem muito o que rolar, o que querem ver no próximo: Cirurgia do Tony, Alice na Italia, Jasper... Falem que eu lhes escuto.

Ansiosa pelas opiniões, beijão!



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