Dodecaedro - Versão ShinoKiba escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Destinos se unem e Trazem Novos Caminhos


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAA

E não é que eu encaixei um POV do Kiba ali? Não tem jeito, amo demais esse pestinha pra não colocar um minimo dos sentimentos dele no texto. Huahsauhsua perdão senhor, por minha existência medíocre.

Gente... esse é o último! Semana que vem finalizo com o epílogo (que já está digitado)

Boa leitura ♥



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Troca equivalente dispensa juros,
o preço já foi pago muitas, muitas vezes.

— Você é meu Dodecaedro. Seu castigo é ficar comigo pelo resto da eternidade.

—--

— Do... o quê é isso? — Kiba perguntou sem conseguir desviar a mirada, enlaçado pelas íris detrás da barreira dos óculos.

Qual resposta Aburame Shino deveria oferecer? Explicar que dodecaedro era considerado o mais soberano e harmonioso dentre os sólidos geométricos?  Ou recorrer a Platão e contar como o aclamado filósofo usou a perfeição dodecaédrica para explicar o próprio Universo? Quem sabe ainda, contar sobre a extinta explicação da raça humana para clarificar a questão: Dodecaedro era o nome vampírico para “Almas Gêmeas”.

— Vou te explicar — Shino afastou-se, encerrando o contato e o assunto — Teremos muito tempo para isso.

O Ômega balançou a cabeça de leve, confuso. Tinha acabado de ser vítima de algum truque do dono daquele território? A intuição disse que não. Seu lado animal vinha reagindo de um modo engraçado desde que decidiu arriscar a investida temerária. Só conseguia manter tanta calma graças à essa mesma parte irracional, que interferia de modo incisivo em suas ações, como nunca aconteceu antes. Até segundos atrás Kiba acreditou que fosse simples conformismo, ele apostou alto e perdeu. Rifou a vida e precisava lidar com as consequências. Lutaria se fosse preciso, mas precisava ter certeza sobre a segurança dos filhotes antes de arriscar qualquer gesto em retaliação. Ele nasceu com uma veia impulsiva, era do tipo que age antes e pensa depois. E aprendeu com a vida que essa postura nunca trazia nada equivalente, fosse bônus ou ônus. Via de regra, impulsividade custava caro, cobrava juros. Kiba já havia pagado alto demais e aprendeu a lição. Seguir a maré podia protegê-lo de sentir muita, muita dor.

Shino não disse mais nada, apenas saiu do quarto sabendo que seria seguido. E foi. Em alguns segundos captou a presença dois passos atrás de si. Precaução e receio vinham em ondas leves, somadas com curiosidade; entregues a si envoltas em um agradável e tentador aroma de morangos.

O convite.

Lascívia.

Compreendeu os rumores que vinham do oeste, sobre o grupo de Puro-Sangues construindo um abrigo seguro para os Dodecaedros que encontravam. Aqueles vampiros experimentaram a vida humana uma vez. Já conheciam sensações estonteantes como as que atingiam Shino naquela breve interação.

Para ele, tudo era extremamente novo e desafiador.

Em silêncio saíram do quarto. Houve uma leve exclamação de surpresa vinda do shifter, ao se deparar com o longo corredor, ladeado por várias outras portas. A mansão tinha três pisos, aquele era o segundo deles. Toda a construção somava traços de estilo clássico, barroco e gótico; acumulando detalhes que agradavam Shino. Nada traziam do período contemporâneo, fato que se mostrou acertado quando a humanidade caiu e levou consigo mordomias como energia elétrica.

O espaço era arejado e claro, graças ao grande vitral que dominava o final do corredor e trazia o remonte de um quadro angelical. Impressionou Kiba, que perdeu alguns segundo admirando a arte que nunca viu igual antes.

Shino não esperou. Seguiu em frente, pois o garoto teria a chance de admirar tudo o que desejasse pelo tempo que fosse necessário. A estada dele ali não seria nada menos do que eterna.

 O corredor levava a uma ampla escadaria dupla, com degraus recobertos por uma tapeçaria que parecia preta, apenas ao observar de perto se notava que o tom era causado por uma ilusão de óptica, graças a infinitos arabescos negros bordados sobre um fundo prateado. A peça dava acesso a um salão ovalar duas vezes maior do que o quarto em que Kiba estava. Todos os móveis eram clássicos, de aparência sólida e requintada. A luz que varava pelas janelas altas ajudava a criar uma atmosfera de...

Kiba não sabia explicar. Sentia como se estivesse em um lugar de conto de fadas, ainda que desconhecesse totalmente o conceito. Ele cresceu em um mundo que não dava espaço para sonhos e romantismos, onde somente sobreviver importava.

O vampiro captou traços de deslumbramento flutuarem através do rascunho de vínculo. Teve que resistir a súbita vontade de explicar mais sobre tudo naquela sala apenas para impressionar o outro. Admitia que tal postura era infantil demais para ele, senhor daquelas terras, mestre que obliterou o tempo. Talvez nem tudo que vinha com um Dodecaedro fosse digno de vanglória.

— Você vai... no sol?! — o tom chocado de Kiba soou alto no silêncio que até então reinava entre eles — Vampiros não... hum... sabe? Você é um mesmo? — a pergunta mal escapou dos lábios de Kiba e ele se sentiu bobo por questionar o óbvio.

Shino parou próximo à porta. Divertiu-se com a dúvida muito pertinente.

— Sim, eu sou. Existem dois tipos de vampiros: os que são transformados e os que nascem assim. Eu nasci assim, tenho imunidade ao sol e a todos esses conceitos do senso comum — a condição de Shino era sabidamente rara. Conhecia apenas mais um mestre nascido nas trevas, com quem não tinha contato a um bom par de séculos. Vampiros abraçados por um Alta Geração também eram considerados Puro-Sangue, como era o caso daqueles irmãos que moravam n extremo Oeste. Criaturas que nasceram humanas, receberam a mordida de um Segunda Geração e eram tão fortes que ousavam se autodeclarar “Puro-Sangue”.

— Oh... — Kiba avaliou a informação — E decapitação? Estaca no peito? — perguntou com curiosidade sincera.

— Nunca tentei — Shino respondeu com certo gracejo — Nem pretendo.

O Ômega calou-se, preservando-se de dizer algo indevido. Obviamente não planejava fazer nenhuma daquelas coisas contra o vampiro. Pela demonstração de força na caverna sabia que não teria a menor chance.

Shino entendeu como um sinal para continuarem em frente. Ele abriu a porta e deu passagem a um jardim de tirar o fôlego.  Sol ameno incidia sobre um carpete de grama verde de um jeito que Kiba nunca viu antes. E incontáveis qualidades de flores rodeavam na distância, como uma cerca viva de beleza sem igual.

Como um lugar tão bonito podia pertencer a um monstro? Era isso que as lendas contavam, não? Que aquele homem que o recepcionava tinha fama tal que nem mesmo o pior demônio no inferno se atrevia a pisar em seu território.

Impressionado e em dúvida, Kiba encarou o vampiro. Conquanto fosse impossível tirar respostas da expressão indiferente exibida pela face de pele marmórea. Beleza. Sim, pela primeira vez notava como o inesperado anfitrião era bonito. E elegante, refinado. Dono de maneiras controladas e nada extravagantes. Um contraste interessante comparado aos trajes exóticos que o recobriam.

— Venha — Shino chamou.

Fizeram o contorno da grande mansão, caminhando com calma sobre o tapete natural rumo aos fundos da propriedade. Apenas para se deparar com uma cena que quase fez o coração de Kiba falhar. Ele parou de caminhar e tentou entender o contexto que esbaldou seus olhos.

Nunca, nem na mais secreta esperança, acreditou que um dia veria algo assim.

Algo que, antes de ver, ouviu.

As vozinhas infantis animadas. Gritinhos.

E risos.

O filhote de cabelos loiros era Naruto. Kiba o encontrou quando era um bebê recém-nascido, perecendo de fome nos braços daquela que parecia ser a mãe, morta há tempo suficiente para ser uma visão de dar pesadelos. Que naquele momento corria pelo gramado segurando firme dois grandes bolinhos nas mãos, com as bochechas infladas de comida visível graças a boca aberta que ria de felicidade.

O menino era perseguido por Sasuke, filhote de cabelos negros e péssimo humor. Juntara-se ao grupo cerca de três anos atrás, quando Kiba e Naruto o encontraram vagando por um território hostil, correndo o risco de cair nas garras dos piores tipos imagináveis. Ao tentar salvá-lo Kiba descobriu que era apenas uma isca para alvos adultos. Sua pior cicatriz nasceu nesse dia. Salvou-se por um triz, levando os dois filhotes consigo.

Naquele instante, Sasuke corria atrás de Naruto com um objeto de madeira nas mãos, tentando acertá-lo. A dinâmica deles era um infinito “morde e assopra”, divertia Kiba quase sempre. O que Sasuke levava era um carrinho, veículo que existiu e desapareceu muito antes que algum daqueles shifters sequer sonhasse em nascer. Nenhum deles sabia da informação, obviamente. E não fazia diferença.

Por fim, a jovem fêmea, que pareava em idade com os garotinhos, algo entre cinco e seis anos, não podiam afirmar com certeza. Foi a última a se juntar ao pequeno grupo, quando Kiba a encontrou ferida e largada na beira da estrada, para morrer à mingua. Desconhecia a história daquela menina, mas às vezes Ino acordava chorando, trazida à consciência por pesadelos terríveis que Kiba queria sugar para si, sempre que a abraçava e garantia que tudo ficaria bem.

Menina que estava sentada na grama, comendo calmamente um bolinho enquanto uma mulher de exóticos olhos perolados penteava os cabelos loiros. A dupla recém-chegada estava longe o bastante para não ser notada, ainda que fosse possível para Kiba ver os lábios da mulher se movendo, como se cantarolasse alguma canção.

— Vocês vieram aqui e macularam meu território. Tive a intenção de eliminá-los como pragas, porém descobri que você é meu Dodecaedro — Shino falou com sinceridade, fazendo Kiba desviar os olhos da cena adorável e encará-lo — Não permitirei que saia daqui. Mas não posso simplesmente viver em guerra com você ou forçá-lo a assumir o seu papel ao meu lado. Eis o que ofereço: se me aceitar, as crianças poderão ficar aqui em um lar, com segurança, alimento... pelo tempo que desejarem. Caso você recuse minha oferta, os três filhotes terão que partir. Te darei um prazo para refletir: terá quinze anos para...

— Eu aceito — Kiba cortou o discurso surpreendendo o vampiro.

— Aceita...? Nem terminei de explicar a situação.

O Ômega riu baixinho. Não havia humor ou diversão naquele som, que trouxe consigo tanta amargura que partiu o coração de Shino. Coração que nunca existiu em seu peito, até que encontrasse Dodecaedro. Pois era isso que Dodecaedro representava para um vampiro: coração, alma... tudo o que fazia de um humano, humano.

— Caralho, cara! Tem ideia de como é a vida lá fora? Você imagina o que eu tive que fazer em troca de comida ou de um mínimo de segurança?— Kiba lançou as perguntas no ar. E Shino sabia a resposta. Ele viu as marcas. Todas elas — Se me promete a segurança deles, então não importa o que faça comigo. Esse é o mundo em que a gente vive. Ver os três bem é tudo o que eu quero.

A realidade que veio com o Grande Advento não permitia descanso. Os fracos eram eliminados sem a menor chance. Sem misericórdia. Kiba passou por tanta coisa, viu os pequeninos sofrerem tanta coisa que, de repente, o plano de invadir a propriedade de um monstro como diziam ser Aburame Shino era uma doce tentação.

Por que não? O vampiro era mestre de uma área considerável. Algo que se equiparava a uma pequena cidade em extensão. Se Kiba e os três filhotes fossem até os limites, ficassem ali na divisa, bem no paredão... vivendo escondidinhos e a salvo, sem perturbar a ninguém... talvez o tal Aburame Shino nem soubesse que estavam ali!

Nada no mundo descreveria a felicidade de Kiba em encontrar a caverna. Abrigo seguro! Um teto sobre as cabeças deles. Procurou comida, mas era escassa. Podia cozinhar sopa rala com algumas ervas, algo para enganar o estomago e que impediria de morrerem de fome. Condições precárias, sim. Melhores do que as alternativas que tinham: nenhum demônio os caçaria, nenhuma criatura tentaria devorá-los depois de alguma tortura. Ino não era mais um alvo em potencial, como todas as fêmeas sempre são. O próprio Kiba, um raro Ômega, conseguiu dormir duas noites inteiras sem medo de serem atacados.

Seria aquela paz a clareira no fim do caminho?

O lugar que apenas as boas pessoas encontravam como recompensa?

E então foram descobertos pelo dono do lugar. Mesmo dono que lhe oferecia uma espécie de acordo. Que Aburame Shino fizesse qualquer coisa com seu corpo e sua alma, desde que os três filhotes ficassem a salvo, Kiba não pediria mais nada.

— Só me dê a sua palavra — o garoto pediu — De que eles ficarão bem e...

Não conseguiu completar a frase. Um doloroso aperto na garganta fez a emoção transbordar. Anos acumulados de tensão e medo vieram a toda. Quantos? Quinze? Catorze? Dezesseis? Não sabia. Conhecer a própria idade era uma dádiva que shifters como Kiba nunca recebiam.

A emoção do Ômega expandiu-se mansinha. Alcançou Shino, dando-lhe forte vontade de aproximar-se e abraçá-lo. Só não o fez porque ouviu gritinhos de alarde quando tal emoção foi além dos dois, envolveu os filhotes ao longe e até mesmo a serviçal de olhos raros.

Em questão de segundos Naruto, Sasuke e Ino corriam até ambos. E sem medo algum se colocavam entre o vampiro e o Ômega que consideravam como pai, defendendo-o como tantas e tantas vezes Kiba fizera por eles.

Aburame Shino baixou os olhos e fitou os filhotes. Sentiu a fúria infante que substituiu a alegria de antes. Naruto chegou mesmo a rosnar baixinho. Sem medo, sem hesitação. Aqueles Betas fariam qualquer coisa pelo Ômega. E vice-versa.

Compreendeu a atitude deles. A partir daquele instante ele próprio não faria menos por seu Dodecaedro.

— Tem a minha palavra — Shino garantiu com toda a certeza e toda a firmeza que uma existência como a dele poderia reunir — Vou protegê-los de qualquer mal que se atreva vir aqui. Vou proteger os filhotes. E a você também.


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Notas finais do capítulo

Logo finalizo

:D



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