Confissão escrita por yin-yang


Capítulo 1
Capítulo único.




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Tudo parece estranho quando eu a vejo esboçar para mim aquele sorriso que só ela sabe dar. É simplesmente perfeito e assustador ao mesmo tempo. Seu jeito me cativa e me machuca, o que me faz pensar se eu vivendo um delírio ou presenciando o irreal.

Por favor, não me entendam mal. À primeira vista, eu posso soar incomodado— bem, talvez eu realmente estivesse, só que não de maneira negativa —entretanto, para ser honesto, eu somente não consigo acreditar que isso esteja acontecendo comigo.

 

“Eu amo você.”

 

Essas foram as palavras que ela proferiu quando os fogos de artifícios estouravam no grande céu estrelado do festival de Tanabata. Apesar do estrondo, eu pude decifrar sem esforços o que seus lábios articulavam. O que eu não conseguia era processar e digerir a informação. Como?

Naquele momento, eu a olho no fundo dos olhos, como se, ali, eu pudesse encontrar a resposta daquilo que eu almejava. Tudo estava tão confuso e eu mal consigo me situar.

Sim, eu não estava nem um pouco preparado pra isso. Ela havia me pego de surpresa.

 

— Você esteve sempre comigo, mesmo depois de toda a mágoa -- disse ela ao quebrar o longo silêncio que havia pairado sobre nós.

 

Ela acertou em cheio, porque minha garganta parecia ter trancado. Eu estava terrivelmente nervoso. Em momento algum ela desviou seu olhar do meu, confiante. Eu podia ver, diante de mim, a grande e forte mulher que aquela menina souke havia se tornado.

A segurar com certa força aquele uchiwa, ela também deixava transparecer certo nervosismo, mas nem por isso sua determinação parecia abalada. Dona de toda minha atenção, Hinata-sama continuou:

 

— Você não desistiu de mim, mesmo quando podia seguir em frente. Você se preocupou com os meus sentimentos, mesmo quando seu orgulho pudesse se quebrar... Você me amou, mesmo quando eu amei outro... Você me conquistou, mesmo quando nunca teve intenção de me ter. E é por isso por esse ser você, Neji nii-san, que eu compreendi o que é ser amada e não deixada para depois.

 

A donzela assim parou por um momento para respirar fundo e eu pude ver as bochechas dela sendo coradas em tom róseo como o pêssego. Essa bendita expressão que me desarma por inteiro.

Em choque, eu ainda não havia conseguido falar algo. Ela já conhecia meus sentimentos e, naquele presente instante, ela estava correspondendo a eles. Eu não conseguia encontrar palavras para traduzir o que eu sentia ali. Para ser franco, foi a primeira vez que alguém conseguiu me atravessar e chegar tão perto do meu eu.

E então ela sorriu e tocou em minha mão com as dela, tão delicadas e gentis.

 

“Obrigada.”

 

Quando sua voz ecoou na minha mente, eu não pude mais responder por mim mesmo. Silenciosamente, sem que outra palavra fosse trocada entre nós, eu a envolvi em meus braços e, sem pensar duas vezes, tomei seus dóceis e suaves lábios para mim. Com cuidado, eu acariciei aquele rosto quente e macio com meu polegar.

Honestamente, eu já estava preparado para ser afastado e ser tapeado com aquela atitude ousada. Entretanto, para minha surpresa, eu senti meu beijo ser retribuído, amável e carinhoso, assim como ela é. Meu coração palpitava acelerado e forte, como se o peito fosse pequeno diante de tamanha emoção. Talvez ela pudesse senti-lo bater, mas o que importava naquele momento?

Eu queria que aquele momento durasse por toda a eternidade, que o fôlego nunca cessasse e o relógio do tempo simplesmente parasse. Nada mais me importava – nada além de estar com ela.

Ao fim do ósculo, nossos olhares voltavam a se encontrar e ficamos ali, admirando um ao outro, por um tempo. Eu não conseguia parar de fitá-la. Como um ímã, eu não queria me soltar dela. Logo mais, eu voltei a abraçá-la forte e a recostou mais para si. Agora era minha mãe que estava trêmula.

 

— Isso... Não é um sonho, não é? -- Perguntei para me certificar, sentindo o corpo dela contra o meu. -- Você não vai embora a lugar algum, não é?

 

Assim, ela me abraçou de volta e eu pude sentir as mãos dela apertar o tecido da minha yukata. Ela negou com a cabeça, feminina, toda querida.

 

— Isso não é um sonho, Neji nii-san... -- Disse-me ela doce, tão amável. -- E eu não vou a lugar algum. Eu estou aqui só para você.

 

Incapaz de conter meus sentimentos – agora tão expostos e visíveis para ela -- lágrimas se formavam nos meus olhos e essas caíam silenciosas. Eu não estava acostumado com aquilo. Eu podia realmente ser feliz com ela?

 

— Está tudo bem, Neji nii-san. -- Sua voz era melodiosa e ecoava com calmaria até mim. -- Não há nada de errado em se permitir... Não há nada errado em amar, em viver.

 

Ela levava suas mãos ao meu rosto e delicadamente limpava minhas lágrimas. Minha prima sorriu, querida, tão gentil que pensei que eu fosse desmoronar com tão pouco.

 

— E daqui para frente, não precisa mais amar escondido e carregar o fardo sozinho... Vamos fazer isso juntos, está bem? Até que o peso se torne leve, até que a dor se transforme em sorriso e as cinzas em flores. Eu quero viver esse amor com você.

 

Amável, ela sorriu uma vez mais. Assim como eu, os olhos dela também estavam úmidos e lacrimejantes. Suspirei, agora a apertar de leve o nariz alheio, sorrindo de canto, sem jeito.

 

— Então vamos começar por não chorar, sim, Hinata-sama? Odiaria saber que a fiz chorar novamente. -- Pedi, ainda que pudesse soar de maneira rude. Eu realmente tenho dificuldades de me expressar.

 

O desejo que às estrelas jurei ser inalcançável, agora era mais do que real. Não sei dizer se fui presenteado pelo meu aniversário ou atendido pelos céus naquela noite de amor celeste; tudo o que eu sei é que eu a amo – se uma vez eu já morri pela felicidade dela, agora quero aprender a viver pela nossa nova história.


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