Na sala de guerra, tentavam decidir os próximos passos para o exército élfico do Reino de Visdominnis para se defender no meio de uma guerra enquanto sua rainha definhava pela idade.

— Com a Kelda tomada, o exército de Khalock chegou ao mar. - dizia um general - Vão pegar nossas ilhas.

— Poucos elfos vivem por lá. - comentou uma comandante. - Mas o inimigo tem aproximadamente mil homens.

— Mais do que precisam para tomar as ilhas. - completou Lierin, a princesa, olhando para o mapa.

De longos cabelos dourados e olhos azuis inteligentes, a princesa seria uma donzela padrão, se não estivesse sentada imóvel numa elegante cadeira de rodas.

— Não temos muitos soldados nas ilhas. A maior parte deles está perto dos rios que levam até aqui ou longe demais. - disse o general - Usemos o caminho escondido nas cordilheiras e os rios para mandar mais soldados. Chegaremos de surpresa por trás!

— Não. - disse Lierin - A capital ficará desprotegida. Sem ela, perdemos e ninguém sobreviverá. 

— Não virão para a capital. As ilhas estão perto e fáceis para eles. - disse o general.

— Ilhas pouco interessantes para eles que têm o caminho quase totalmente livre pelas planícies de gelo até o rio e até aqui. Deixe parte de nosso exército como está, no rio, outra parte, mande pelas passagens das cordilheiras para às planícies de gelo. Querem nos enganar ao fazer-nos mandar nossos homens para as ilhas.

— Ridículo! - reclamou o comandante.

— Lembre-se. Estou no comando e em breve serei rainha. - alertou friamente Lierin.

— Será nossa perdição. - rangeu o general entredentes - Nem um dedo consegue mexer!

— Já defendi meu povo das linhas de frente. - respondeu Lierin - Se agora tenho que defender da sala de guerra, meu cérebro basta. Mande os soldados para as planícies, general.

A expressão do general mostrava que ele não aceitaria isso facilmente. Mas, ele não podia fazer nada depois de Lierin dizer, firmemente, que aquilo era uma ordem. Depois de horas de planejamento, a palavra se espalhou. Parte ficaria do exército, parte iria para as planícies de gelo. Tudo enquanto a jovem princesa tinha sua cadeira empurrada para o quarto por uma elfa alta de cabelos rebeldes vermelhos.

—  Queria poder lutar, Allynna. - lamentava a princesa quando Allynna carregou-a no colo e deitou-a em sua cama - Mas aqui estou nesse corpo inútil enquanto meu povo luta.

— Existem várias formas de luta. - disse Allynna - Suas decisões diminuirão nossas perdas e terminarão a guerra.

— Sonho grande esse. - disse Lierin rindo.

A risada de Lierin era como música para Allynna que abriu um raro sorriso e não resistiu a se aproximar lentamente e selar os lábios da princesa brevemente com um doce beijo. As duas logo se separaram, e então se olharam com ternura antes de trocarem outro beijo. Um longo, dessa vez.

Acabar a guerra era complicado, mas talvez isso se tornou mais fácil quando, de fato, o exército inimigo foi para a planície de gelo e lá encontrou sua primeira derrota.