De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 16
Capítulo 15 - O endereço do diabo


Notas iniciais do capítulo

Bom, nós já vimos o reencontro da Bella e do Edward, agora vamos ver o da Bella e da Kate! Já adianto que vai ter muuuitas palavras de baixo calão e se não gostarem, melhor nem ler.
PS: O plot está perto de ser revelado! Mais precisamente no próximo capítulo!
Era para ser no anterior, mas tudo ficou com mais de 13 mil palavras e a leitura ficaria muita cansativa, então tive que dividir em três, mas acho que vou postar esse e o próximo capítulo de uma vez só.

Boa leitura!



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PDV Bella

Batuquei nervosamente minhas unhas sobre a mesa enquanto esperava Kate chegar. A sala de aula já estava vazia, o sinal havia tocado há alguns poucos minutos e eu encarava o nada.

O dia tinha se arrastado lentamente comigo conferindo meu relógio de pulso a cada dois minutos.

Como estava desconcentrada para dar aulas que exigiam um pouco mais da minha atenção, decidi passar textos com atividades e pedi para os alunos fazerem uma cartinha para o dia das mães que seria no domingo. Isso os ocupou bastante então tive tempo de elaborar melhor o que diria para minha ex melhor amiga.

Mas desenvolver meu plano perfeito não evitou que eu ficasse o tempo todo encarando Noah e Dimitri com inquietação enquanto esses faziam a lição, e quando notavam a atenção que eu lhes dava, eu sorria constrangida ou desviava o olhar rapidamente para que não percebessem meu interesse neles.

Não que isso funcionasse muito, já que todos os dias eu os chamava em minha mesa quando o sinal do intervalo soava e ficávamos conversando sobre suas preferências e acontecimentos de suas pequenas vida. E eu queria saber de tudo, até joguei um jogo violento no videogame portátil que Dimitri carregava em sua mochila e tive que aturá-los rindo da minha tentativa fracassada de sobreviver aos zumbis que me atacavam.

Eu percebi que Noah era o mais tímido, mas foi o que aceitou minhas tentativas de aproximação desde o começo, enquanto Dimitri ficava impaciente por querer ir brincar com os outros garotos, mas não ir por não querer deixar o irmão sozinho, o que eu achei um amor, mas depois de dois dias, Dimitri já estava mais a vontade comigo e falava sem parar, durante o intervalo inteiro, sobre os filmes, videogames e comidas que mais gostava; com certeza falar demais foi algo que aprendeu com Kate.

Eu reagia como uma criança curiosa a cada história que eles me contavam, não conseguindo deixar de sentir um frio na espinha a cada vez que citavam Kate. Eu reparava o jeito como eles a citavam, sempre a chamando de “mamãe” e com muito carinho, eles o admiravam e eu fiquei feliz por saber que eles muito provavelmente nunca haviam presenciado um de seus ataques ou adquirido suas neuras.

Quando o intervalo terminava e todos voltavam a seus devidos lugares, eu já estava bem mais leve, mas nunca deixando de lado a ideia de fazer com Kate a mesma coisa que ela fez comigo. Era arriscado, eu sabia, mas por mais que Emmett já tivesse me avisado das consequências, não podia evitar ponderar essa opção. Eu queria que Kate sentisse exatamente a mesma coisa que eu senti, o mesmo desespero e angustia que me afligia e que não me deixava dormir durante anos. Ela pagaria por cada mísero dia.

Notei que travava o maxilar e meus dentes já começavam a doer pela força que eu colocava ali, assim como minhas unhas que quase perfuravam as palmas de minhas mãos que suavam.

Respirei fundo na tentativa de me acalmar o máximo, não queria gaguejar na frente de Kate, sabia o quanto ela poderia ser debochada e eu estaria preparada para isso. Inspirei  pelo nariz e expirei pela boca três vezes, como meu pai me ensinou para controlar meus sentimentos e ser menos impulsiva na minha pré adolescência.

Funcionou. Aos poucos, relaxei minhas mãos e flexionei os dedos que por estarem tensos, doíam e desfiz a pressão em meu maxilar, mas não deixei de morder a parte interna de minha bochecha e remexer meus dedos, dos pés e das mãos, a cada segundo.

Eu já estava mais inquieta do que o normal, pronta para me levantar achando que Kate não viria, quando um toque tímido na porta fez meu coração dar um pulo.

— Sim? – Minha voz saiu engasgada e baixa e eu tive que limpar a garganta e tenta novamente e mais alto – Sim?

Noah colocou apenas sua cabecinha com cabelos arrumadinhos de uma linda cor para dentro da sala.

— Oi Isa, minha mãe já chegou – Ele disse timidamente, apertando os lábios nervosamente e ofeguei com sua fala.

Empenhando-me em soar segura, endireitei minha postura e dei um sorriso forçado em sua direção.

— Obrigado por avisar Noah. Pode pedir para ela entrar, por favor?

Ele assentiu e então voltou a fechar a porta.

Levantei-me apressadamente, fazendo um irritante barulho com a cadeira no processo e fui o mais rápido que podia em direção à janela, ficando de frente para ela e de costas para a porta.

“Sim, bem dramático e teatral” Pensei segurando um sorriso.

Mais uma vez, arrumei minha postura e cruzei as mãos nas minhas costas.

Houve mais uma batida na porta e soube que havia chegado a hora.

— Entre – Disse rispidamente alterando um pouco minha voz e ouvi quando a porta se abriu e se fechou, e então, passos vieram em minha direção.

Engoli em seco ainda encarando a janela sem de fato enxergar o que se encontrava do outro lado.

— Hãn, bom dia, eu sou a mãe do Noah e do Dimitri, eles me disseram que a senhora queria falar comigo – Sua fina voz soou por toda a sala e eu fechei os olhos, respirando pesarosamente para não voar na cara dela naquele mesmo segundo.

— Uhum – Concordei ainda tentando conter minha raiva e tremedeira.

— Olha, se foi alguma coisa que eles fizeram pode me dizer. Foi o Dimitri, né? Ele sempre foi o mais atentado, mas pode deixar que eu resolvo com ele, não precisa suspender e nem nada, eu irei conversar com ele e o Dimi pedirá desculpas seja lá pelo o que for. Nós podemos resolver isso sem muito escarcéu, eu consigo um...

— Cala a boca – A cortei sem mais conseguir me segurar.

Acho que pelo choque por minhas palavras, Kate ficou em silêncio por alguns poucos segundos.

Apoiei minhas mãos no parapeito da janela aberta, jogando parte do peso de meu corpo ali por medo de minhas pernas cederam a qualquer momento devido à adrenalina.

— O que!? – Kate finalmente guinchou furiosa levantando seu tom de voz – Qual o seu problema? Por que não se vira e me enfrenta, professorazinha? Você por acaso sabe quem eu sou!?

Ri com vontade daquele discurso que teria feito a antiga Kate fingir que vomitava.

— Eu sei bem quem você é Katrina Denali – Finalmente, virei lentamente com um sorriso debochado no rosto, encontrando uma Kate estática com os olhos arregalados – E o meu problema é você.

Kate abriu e fechou a boca diversas vezes, como se não soubesse o que dizer. Arqueei uma sobrancelha em sua direção, divertida.

— Perdeu a fala ao me ver? Não precisa me elogiar, eu me arrumei especialmente para esse momento.

— Vo-você...como conseguiu me encontrar? – Ela sussurrou desconcertada.

— Eu? Oh não querida, foi você que me encontrou, eu trabalho aqui. Surpresa!

Sua expressão perdida se transformou em uma carranca feia, eu sabia que ela estava com ódio porque eu também estava. Era a única coisa que eu sentia naquele momento.

— Fique longe de mim e de minha família – Kate grunhiu.

Dei um risinho.

— Poxa, isso não vai rolar.

— Eu estou falando sério Isabella, não quero ter que chamar a polícia para você.

— Para mim!? Não fui eu que cometi um crime! – Exclamei alto, perdendo minha pose.

Kate riu pelo nariz.

— A lei está ao MEU favor! E eu digo que é melhor pelo bem da sua vida não se meter comigo, porque em todos esses anos eu ainda fui muito paciente e generosa com você me enchendo o saco! Caia fora dessa cidade ou eu vou usar todos os meus recursos para que ninguém nunca mais ouça falar de você.

— Eu não vou a lugar nenhum! Você que veio até mim, vamos resolver isso de uma vez por todas, Katrina! Afinal, qual a porra do seu problema? Você é uma mulher de quase trinta anos que foge de a cada mensagem que eu mando, pulando de estado em estado. Afinal, se a lei está ao seu favor, então porque foge? Eu digo porquê: Porque você uma covarde que não tem coragem de olhar em meus olhos e me enfrentar depois de tudo o que fez!

— Quer falar sobre fugir, Isabella!? – Ela riu – Pra falar sobre isso você tem que ter escrúpulos! Eu fujo para proteger minha família, não por um motivo idiota como você! Não me faça rir da sua falta de noção!

— Cala a boca – Rosnei entredentes levantando meu queixo para encará-la melhor devido a sua altura.

Estávamos perigosamente perto, como cachorros prestes a se atacarem, nunca deixando os olhos uma da outra ou perdendo qualquer movimento.

— Edward ficou tão tristinho quando soube que a Bella namorada dele tinha ido embora que mal saia do quarto durante meses! Sabe, no começo eu realmente tinha pena dele, mas depois eu só pude ficar feliz por meu primo ter se livrado de uma pessoa tão idiota quanto você!

— Cala a boca – Repeti sentindo meu corpo todo tremer.

— Não vamos esquecer de todo aquele jogo que você fez de “Ai, meu papai morreu e eu tenho que honrar sua memória! Não vou em festas mas dou de primeira para o primo da minha melhor amiga!”, por Deus, Isabella, isso tudo era tão estúpido e entediante! No fim você fez bem em nos deixar em paz, Carlisle e Esme nunca a aceitariam mesmo! Ninguém dessa família pensa em você, então caia fora enquanto ainda é tempo. Você é uma intrusa aqui, nunca será bem vinda por mais que tente! Edward ficou tão bem depois! Eu mesma fiz questão de levá-lo a várias festas e apresentá-lo a várias amigas minhas! E ele adorou, me agradece até hoje e eu duvido que ainda pense em você enquanto fode com meia dúzia de mulheres por di-

Espalmei minha mão em seu rosto com toda a força que tinha, adorando a sensação e fazendo os cabelos loiros de Kate voarem para o lado junto com seu rosto. Não suportava ouvir mais nenhuma uma palavra daquilo.

Kate se voltou para mim com a boca aberta, chocada e uma mão sobre a bochecha machucada.

— Você é louca!

— Você ainda não viu nada! Lave a merda da sua boca antes de falar o quê não sabe! Não cabe a você e nem a porra de ninguém julgar o quê vivi e como vivi! Me acha uma puta por eu ter dado pro seu primo rápido demais? Foda-se, eu também te acho uma puta por ser a porra de uma ratazana covarde que mente e manipula tudo e todos ao seu redor!

— Não aponte a porra desse dedo para mim!

— Eu não terminei de falar e você vai sentar aí nessa cadeira que nem a vadia obediente que eu sei que você é e me escutar até quando eu quiser, para aí sim eu pensar se vou deixar você sair dessa sala com a porra dessa sua cara de sonsa intacta!

Eu agora gritava e sabia que poderiam nos ouvir do corredor, mas não me importei. Naquele momento eu só pensava em arrebentar Kate.

Ela sorriu, mas a vi hesitar.

— Vai me bater, Bellinha? O quê você quer não se resolve assim. Pense em como seu papai ficaria chateado ao ver sua filha voltar a ser uma delinquente!

Rosnei e antes que pudesse pegar em seu pescoço, Kate se esquivou.

— Bom, como você mesmo disse que não vai embora, então eu irei – Se virou pegando sua bolsa em cima de uma das carteiras.

— Ah, não vai não! – Agarrei seu braço com força e ela enfiou suas unhas em minha mão que a segurava.

— Me solte agora ou eu vou começar a gritar. Não quer perder seu emprego, quer? Já não tem mais nada mesmo, não esqueça que dar aulas é a única coisa que lhe resta.

Merda! Ela estava certa, se soubessem o que aconteceu eu seria expulsa na hora e provavelmente teria que mudar de estado para encontrar uma escola que não soubesse sobre a professora que atacava mães de alunos.

Afrouxei o aperto e ela sorriu convencida, puxando o braço.

— Boa garota – Piscou para mim e seguiu para a porta, mas antes que pudesse passar por ela, se voltou para mim com um sorriso debochado no rosto – Sabe, quando você parou de passar o natal e os aniversários com a gente, os meninos até chegaram a perguntar de você. Mas sabe o que foi que eu disse? Que você havia morrido, e que agora nossas vidas seriam bem melhores sem a tia chata deles. Então eu queimei todas as suas fotos que tínhamos em casa e meus meninos nunca, nunca mais perguntaram de você ou rolaram uma lágrima por sua “morte” – Ela abriu um sorriso brilhante e abriu a porta, desfilando para fora da sala.

Eu ainda processava cada palavra quando escutei os gritos no corredor.

— Noah! Dimitri! Vamos logo, para o carro! Não fico mais um minuto nessa escola, nessa cidade e nesse país!

— A gente vai se mudar de novo?

— Hoje mesmo se possível. Anda! Pro carro agora mesmo!

Eu vi vermelho.

Ah, ela não iria não.

Como um touro que em uma tourada, saí da sala e encontrei meu alvo na metade do corredor com Noah e Dimitri atrás, visivelmente confusos.

— Mas mãe, eu não quero ir de novo! Eu gostei daqui e já tenho amigos!

— Dimitri Taylor! Eu decido por vocês! Faça outros amigos!

Fui pisando duro em sua direção, sem conseguir ver mais nada além da loira em minha frente que estava de costas. Seria um bom momento para eu avançar nela e quebrar seu fino pescoço, mas antes que eu pudesse atacá-la, Noah me notou e acenou animado em minha direção.

— Oi Professora Isa!

Kate olhou para trás e agarrou os braços dos dois meninos, forçando-os a continuarem andando rápido.

— Anda!

Ela os arrastou até o estacionamento e desligou rapidamente o alarme do carro, empurrando as crianças para o banco de trás e fechando a porta com força, exatamente no momento que cheguei até ela, a pressionando contra a porta do carro e prendendo seus pulsos em minhas mãos, para que ela não me tivesse como reagir.

Kate arregalou seus olhos azuis quando me viu tão próxima. Eu estava ofegante e com certeza descabelada, como um animal faminto encurralando sua presa.

— Experimente fugir de novo. Eu mesma caço e te mato. Quer falar do meu pai? Pode falar, só não esqueça que ele era policial e me ensinou a como usar uma arma – Sussurrei deixando transparecer que eu não estava brincando. Não era apenas uma ameaça, era uma promessa.

— Vai me matar? Eu tenho uma família, eu tenho filhos para criar. Se eu morrer, quem vai cuidar deles? Oh Isabella, eu sei que essas crianças são seu ponto fraco, e no momento, você as está assustando – Indicou com a cabeça a janela da porta traseira do carro, onde Noah e Dimitri nos observavam assustados; vendo isso, soltei os pulsos de Kate envergonhada.

— Você só está mostrando para eles e para todos nesse estacionamento o quão descontrolada é – Continuou, massageando os pulsos e olhei em volta notando que algumas pessoas nos encaravam com curiosidade – E eu posso não saber usar uma arma, mas posso contratar um exército para enfrentá-la. Não se esqueça: Saia do nosso caminho, Isa – Ela cuspiu a última palavra se desencostou do carro, abrindo a porta e a batendo com força antes de partir cantando os pneus.

A última coisa que vi foram os olhares confusos e assustados de Noah e Dimitri em minha direção.

Querendo explodir, chutei o pneu do carro ao lado e cacei as chaves do meu carro nos bolsos, marchando em direção a ele, ignorando os olhares sobre mim.

Entrei no carro e fiz o que mais estava com vontade no momento.

Eu gritei.

Muito.

Descontroladamente.

Estapeando e apertando o volante, e estofado e arranhando e perfurando minhas próprias mãos.

Até parar, respirar fundo e puxar meu celular do bolso traseiro de minha calça.

Ao ver o endereço ali, eu suspirei aliviada por ter outra chance de encontrar Kate.

Mas antes que eu pudesse dirigir até sua casa, uma outra coisa na nota me chamou me chamou a atenção.

“Me ligue quando puder para marcarmos de sair, tenho algumas perguntas a fazer”

E logo depois, um número de celular.

Apertei o telefone com força. Eu queria poder explicar tudo, mesmo sabendo que Edward me odiaria e não aceitaria, eu queria poder esclarecer as coisas, ele não merecia mais ficar no escuro.

Mas antes eu tinha uma prioridade, e nesse momento eu estava dirigindo até ela.

Até o endereço do diabo.


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Notas finais do capítulo

CAGUEI VOU POSTAR A CONTINUAÇÃO AGR TO MT ANIOSA



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