De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 11
Capítulo 10 - E eu volto para dezembro o tempo todo


Notas iniciais do capítulo

Quem aí tá curiosa pra saber por onde anda a Bella?
Bora descobrir!



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SETE ANOS DEPOIS

18 de Abril de 2019

PDV Bella

Bati minhas mãos uma na outra na tentativa de tirar o excesso de giz que se acumulava nas pontas dos meus dedos logo depois de escrever a data na lousa.

— Então – Me virei para a turma. As crianças tinham de seis a oito anos naquela sala e eu era a responsável por aquela faixa de idade na escola – Quem pode me dizer o nome do nosso presidente?

A turma ficou em silêncio...durante alguns milésimos de segundo.

— É O TRUMP, É O TRUMP!

— Alec! Já avisei que precisa levantar a mão antes de falar! – Repreendi o garotinho de cabelo preto tigelinha.

— Desculpa, prô – Ele levantou a mão, animado e eu bufei apontando em sua direção para que ele prosseguisse – É O TRUMP, É O TRUMP!

— Sim, Alec, é o Donald Trump.

— Eu sabia! Eu sou irado! – Sorriu orgulhoso e fingiu levantar uma lapela que não existia.

— Tudo bem, agora me digam: Vocês sabem a história de cada presidente dos Estados Unidos?

— Nãããããããooo – A sala ecoou.

— SIM! – Alec gritou, mas eu o ignorei.

— Então... – Fiz um suspense – Vamos aprender!

Ao contrário do que eu achava, as crianças soltaram um muxoxo e se afundaram nas cadeiras.

Apenas um se mantinha quicando em sua cadeira com um sorriso maníaco no rosto e os olhos esbugalhados: Alec.

— Tudo bem, vamos começar por George Washington. Ele é aquele cara que fica na nota de um dólar.

— Aquele velho branco? - Pietra Brandon fez uma careta. Ela usava uma bandana preta com desenhos brancos que prendia seu cabelo afro, deixando-o para cima.

Torci a boca.

— Hãn, é. O velho branco - Concordei já me arrependendo.

— Podemos escrever assim na prova? - Mallory perguntou visivelmente confusa.

— Não! Se responderem isso, será zero! - Apontei o dedo indicador em sua direção e ela rapidamente concordou com a cabeça, balançando seus cachos loiros - Voltando, o nosso segundo presidente foi o John Adams, e o terceiro foi Thomas Jefferson e...ALEC! O quê é isso!?

O garotinho ficou ainda mais branco e tentou esconder algo debaixo da carteira.

— Na-nada prô, pode continuar, tô adorando saber sobre homens brancos – Deu um sorriso amarelo e piscou várias vezes.

Fui até a sua mesa e todos me acompanharam com o olhar, Alec estava visivelmente tremendo.

Baixei meus olhos para seu colo e encontrei ali uma revistinha de carros.

Expirei aliviada por não ser algo pior.

— Me dá, no final da aula você pega de volta – Estendi a mão e ele me entregou a revistinha com um resmungo.

Já fazia quatro anos eu que dava aulas, e mesmo assim, todos os dias era uma surpresa diferente. Eu amava lidar com as crianças e formar mentes tão jovens. Fazer a faculdade de pedagogia foi a melhor decisão que já tomei - e a única boa.

Assim que atingi o último ano da faculdade, comecei os estágios nas escolas e até me ofereceram emprego fixo em uma delas, mas eu não aguentava mais o frio e a monotonia do Canadá, então voltei para os Estados Unidos e me mudei para o Arizona com minha família. Não queria mais voltar para a Pensilvânia, tudo ali fazia eu me lembrar de Charlie então, mesmo com uma dor no peito, vendemos nossa casa e viemos pegar um sol nesse estado que fervia.

O dia passou devagar e assim que o sinal bateu, me despedi dos meus alunos – devolvendo a revistinha para Alec - e rumei para casa.

Assim que pisei na mansão - achando que teria descanso -, um grito me fez pular.

— BELLA? – Emmett gritou da sala de estar - Bella, é você? Me ajuda a levantar, ô coisinha.

— EU NÃO, VAI FAZER UM REGIME! – Gritei de volta.

— POR FAVOR ISABELLA, EU FAÇO O QUE VOCÊ QUISER!

Suspirei deixando minhas coisas sobre a bancada da cozinha e fui acudir meu irmão.

Emmett estava deitado no sofá com um pote de salgadinhos em mãos e com várias outras embalagens de comida aos seus pés de elefante.

— Ainda bem que você chegou, Bellinha, Dolly foi ao mercado e eu estou há duas horas sendo obrigado a assistir jogo de futebol americano porquê não consigo pegar o controle para colocar em Naruto!

— Você já não assistiu esse negócio um trilhão de vezes? Para quê rever? – Perguntei gemendo com seu peso enquanto o puxava pelos braços para fazê-lo se sentar.

Emmett estava tão gordo que mesmo sentado, ocupava dois lugares do sofá.

— É porque...o...Naruto...é...incrível – Respondeu ofegante pelo esforço.

Me joguei no lugar vago ao seu lado, também ofegante.

— Emm, você disse que estava tentando.

— Eu estou tentando! Essas comidas foram apenas um deslize!

O encarei, cética.

— Um deslize que já dura anos. Emm, você está com mais de 210 quilos!

Ele bufou e encarou seu balde de salgadinhos

— Você sabe o que vou fazer se você não voltar a fazer terapia e tentar de verdade – Continuei – Vai conhecer o Doutor Nowzaradan .

Virou a cabeça rapidamente para me olhar com súplica nos olhos.

— Nem pense em me inscrever em Quilos Mortais!

— Por que não? Você tem muitos quilos e eles são mortais – Dei de ombros.

— Bella – Choramingou – Eu prometo que vou me comportar.

— Ótimo, ligue marcando a terapia agora mesmo e largue este balde.

— Também não tem que ser assim né, tem que ir aos poucos, não pode ser algo abrupto...- Emmett calou a boca quando notou meu olhar de morte e a tela do meu celular que agora estava no perfil do Doutor Nowzaradan – Pensando bem, eu vou ligar agora mesmo.

Ele me estendeu o balde com os salgadinhos com um olhar triste e eu o tomei de suas mãos, levando-o até a cozinha para que Emmett não tivesse mais acesso àquilo.

— Ei – Dolly entrou com os braços cheios de sacola e as depositou em cima da mesa – Como vai, criança?

— Oi Dolly – Dei um beijo estalado em sua bochecha enrugada.

— Como foi a aula hoje? Muitas novidades? – Começou com sua rodada de perguntas diária enquanto retirava as compras de dentro das sacolas e eu a ajudava.

— Foi tranquilo. Nada de novo – Murmurei e peguei uma alface para guardar na geladeira – Dolly, o Emmett estava lá na sala comendo porcaria de novo, não conseguia nem levantar.

Ela parou de se mover e a vi assumir uma postura assassina.

— O quê!? Aquele moleque vai se ver comigo! Eu dou duro na cozinha fazendo essas saladas horríveis e essas comidas sem sal pela saúde dele e assim que viro as costas ele me dá uma facada jogando todo meu esforço no lixo? Eu vou ir dar uma chinela naquele mamute, com licença.

Dolly marchou até a sala, onde foi possível ouvir um baque e logo após uma sessão de xingamentos, juntamente com Emmett choramingando.

— Bella, sua cagueta! – Emmett gritou e eu ri da cozinha.

Dolly voltou sem um sapato, praguejando.

Engoli minha risada antes que Dolly decidisse se livrar do seu outro sapato o jogando na minha cara por rir de Emmett.

— Ele me prometeu voltar à terapia – Contei.

— Hum, eu duvido. Ele precisa voltar a fazer exercícios físicos logo, daqui a pouco não vai mais conseguir ir trabalhar, nem foi hoje.

Revirei os olhos.

Emmett tinha aberto uma empresa de advocacia alguns anos atrás e por ser seu próprio chefe, achava que não precisava fazer mais nada.

— Sabe o que seria bom para ele? Um personal treiner. Ele dá muito perdido nos professores da academia, precisa de um que foque apenas nele.

Terminamos de guardar as compras e recostamos na bancada.

— Gostei da ideia – Dolly concordou balançando a cabeça e olhando para o nada.

— Legal, pode cuidar disso? Eu estou atolada, preciso corrigir pilhas de lições e provas. Mas antes de escolher, quero que me mostre para pode avaliar se gosto ou não da pessoa. Você lembra como pesquisa coisas no computador, né?

— É claro que lembro, acha que tenho quantos anos? 85?

— Não, eu lhe daria uns 96 – Brinquei e Dolly me encarou com sangue nos olhos.

— Quer levar uma chinelada que nem o Emmett? – Ameaçou.

— Não, não, minha linda. Você parece ter 26 aninhos – Me aproximei apertando suas bochechas e ela bateu em minhas mãos.

— Vá à merda, Isabella.

Dei um risinho e andei de costas, observando sua carranca, até sair da cozinha.

Segui para o meu quarto no segundo andar e retirei da bolsa as pilhas de lições que precisava corrigir.

“Quais cores teremos se misturarmos vermelho e azul?”

"Como diz a pensadora contemporânea Halsey, Você era vermelho, e gostou de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás então você decidiu que roxo não era para você".

Que?

"Quanto é 7 + 9?"

"79"

Seu pensamento até que faz sentido, mas não.

“Escreva uma frase AFIRMATIVA”

“Eu não colei na prova!”

Sorri orgulhosa.

"Quais são os três países da América do Norte?"

"Mas América é o nome do nosso país".

— Santa mãe de Deus - Larguei a caneta em um ímpeto e conferi o nome do aluno. Phil Thompson - É Phil, o Emmett também achava isso.

Desviei a atenção das atividades pensando em meu irmão.

Estava preocupada com sua saúde, logo Emmett não conseguiria mais andar ou trabalhar. Ele sempre teve problemas com comida, mas sua compulsão alimentar só piorou depois que fui embora do país, então eu me culpava um pouco pelo estado que ele se encontrava agora.

Se eu não tivesse sido tão burra, poderia ter evitado isso e outras coisas ruins.

Balancei a cabeça, tentando expulsar o pensamento invasor. Isso não, não agora. Quando eu estivesse em minha cama a noite, eu poderia me remoer e chorar o quanto quisesse, mas no momento precisava trabalhar.

A tela do meu celular se acendeu, revelando uma chamada de vídeo de Alice e eu logo atendi.

— Oi, coisinha! Como está aí? – Cumprimentei quando vi a figura de cabelos escuros curtos e mechas rosa do outro lado.

— Oi Bella! Aqui tá um tédio, como sempre. Não aguento esses caipiras. E aí?

Alice estava no último ano de Administração, no Texas.

Suspirei.

Desculpa fazer você ir para essa faculdade por falta de dinheiro.

— Bella, já conversamos sobre isso. Você precisou daquele tempo fora para se afastar de tudo e eu entendo. Certo que aqui não é Nova York como eu queria, mas não deixa de ser uma boa faculdade. E eu fiz muitos amigos aqui, não valeria à pena sair na metade do curso mesmo depois que Emmett ganhou o processo.

Depois que tinha ultrapassado os 180 quilos, Emmett havia processado o Mc Donald’s por excedência de anúncios, o que, segundo ele, o levou a procurar tanto pela rede, fazendo com que ficasse obeso.

Surpreendentemente, meu irmão ganhou o processo e a rede de fast food foi obrigada a lhe pagar uma indenização muito alta.

Com a grana, nos mudamos de estado e compramos a mansão – não tão mansão assim, a casa era três da nossa antiga e o que a diferenciava era a estrutura toda em madeira e decoração extremamente brega que era remetida ao século retrasado, que foi escolhida à dedo por Emmett.

— Tudo bem.

— Mas então, como estão as coisas?

— O mesmo de sempre: Trabalho e mais trabalho, eu e Dolly tentando controlar Emmett e ele comendo escondido...

— Droga, ele vai acabar se matando assim.

— Nem me fale.

Ficamos alguns segundos em silêncio até Alice parecer se lembrar de algo.

— Então, Bellinha, na verdade eu te liguei pra pedir uma coisinha.

Fechei os olhos, já esperando pela bomba.

— Diga.

— Credo, não precisa fazer essa cara. É o seguinte: Será que você pode transferir um dinheiro para mim? É que eu preciso comprar o ingresso para o show do GOT7 que vai ter aqui em Dallas em Julho.

Ela se encolheu a medida que foi terminando o pedido.

Franzi o nariz.

— Pelo amor de Deus, Alice, toma vergonha na sua cara. Você já tem 22 anos! Isso é bandinha de adolescente!

Não se fala mais “banda”— Ela revirou os olhos – Por favor, por favor. Lembrando que você não me deu presente de aniversário mês passado!

— Eu dei sim! Um celular novo!

Ah, isso não conta— Ela fez um gesto com a mão como se dissesse “Esquece isso” – Vai transferir ou não?

— Por que não pede ao Emmett? Ele que é o rico.

Porque, querida irmã, ele iria me fazer assinar um contrato para garantir que eu devolvesse o valor, e sabemos que quem cuida do dinheiro é você. Ele nem iria notar a diferença.

— Você deveria ir trabalhar, isso sim— Resmunguei – Mas ta bom, eu te mando.

OBRIGADA MELHOR IRMÃ DO MUNDO! MAL POSSO ESPERAR PARA VER O JACKSON!

— De todas as fases que você já teve, essa está sendo a pior, você nem entende o que eles falam. Só declínio. O que aconteceu com o Harry Styles e a banda dele mesmo?

Allie fez uma cara de choro.

A One Direction acabou há anos, Isabella. E você tinha razão, ele não é hétero, é bissexual. Não que isso seja ruim, até porque queria que ele ficasse com o Louis, apenas não gosto de concordar com você.

Dei um sorriso presunçoso.

— Eu sei que sou a irmã mais inteligente.

— A mais chata também. Tchau, preciso terminar minhas tarefas — Se despediu me mandando um beijo.

— Tchau, coisinha! – Nem terminei de falar e a pilantra aproveitadora encerrou a chamada de vídeo.

É, algumas coisas nunca mudavam.

Mais tarde, quando estava prestes a dormir, fiz meu ritual diário e me permiti chorar o choro que estava entalado desde aquela tarde.

Meu travesseiro era meu fiel escudeiro naqueles momentos e eu o agarrava como se minha vida dependesse dele.

Limpando meu rosto, fui até o banheiro do quarto. Não iria conseguir dormir com a cara colando pela lágrimas.

Esfreguei a água da torneira em meus olhos e encarei meu reflexo no espelho.

Eu estava vermelha, assim como meus olhos. Gotas de água escorriam do meu rosto até meu pescoço e se perdiam pela entrada da minha camisola, meus cabelos escuros e agora curtos na altura do pescoço, colados na pele molhada.

Voltei para a cama depois de me enxugar na toalha de rosto.

Fechei os olhos tentando ignorar a dor de cabeça que se alastrava por detrás dos meus olhos.

Eu amava minha família, minha profissão, minha nova casa, minhas crianças, minha nova vida.

Mas sabia que algo faltava.

Algo que talvez eu nunca conseguisse recuperar.

O que eu pensava todas as noites antes de dormir não era como eu recuperaria isso, mas sim como eu poderia ter evitado.

Então toda vez que fecho os olhos, eu volto para aquele dezembro.

 

Acordei com meu despertador e logo me arrumei para o trabalho.

Sexta-feira era meu dia favorito da semana, quando eu via meus alunos sabendo que não os veria por dois dias. O equilíbrio perfeito.

Na cozinha, encontrei Dolly já acordada, de costas para mim, o que achei uma ótima oportunidade para ir até ela de fininho e começar a cantar em seu ouvido.

"If I should stay

Well, I would only be in your way

And so I'll go, and yet I know

That I'll think of you each step of my way..."

 

“Se eu ficasse

Eu só te atrapalharia

Então eu vou embora, mas eu sei

Que pensarei em você

Em cada passo do caminho...”

Dolly apenas balançou a cabeça negativamente enquanto continuava a fazer o café, ainda de costas para mim.

Inalei o máximo de ar que podia para o refrão, abraçando a cintura da minha babá.

"And I will always love you

I will always love you..."

 

“E eu sempre vou te amar

Eu sempre vou te amar...”

— Ai, Isabella! Vai gritar no ouvido dos seus alunos! Inferno - Praguejou.

— Apenas uma música da Dolly Parton para outra Dolly.

— Essa música é da Whitney Houston.

— Eu faço isso todos os dias com músicas diferentes dela, tive que apelar para alguma regravação.

Me sentei na mesa começando a me servir.

— Emmett acordou? - Perguntei de boca cheia.

— Ainda não, mas hoje ele vai trabalhar nem que eu o tire da cama na base da força - Dolly logo se sentou comigo para comer.

— E você teria forças, velhota? - Provoquei.

— Garota eu só não te dou uma surra porque não quero ter que te buscar do outro lado da casa depois. Você é muito magra, voaria - Mordeu uma torrada para disfarçar seu sorriso brincalhão.

— Não sabia que ensinavam luta no asilo.

Dolly jogou a torrada que segurava em minha cara em um movimento rápido e a parte com a manteiga grudou em minha bochecha esquerda antes de escorregar e cair na mesa.

— Dolly! Eu já estava pronta para ir trabalhar! - Exclamei enquanto limpava meu rosto.

— Problema seu - Murmurou como se nada tivesse acontecido.

— Ei, prometo que quando voltar do trabalho te ajudo a escolher um personal pro Emm.

— Não precisa, eu já escolhi. Ela vem hoje a tarde. Eu enfatizei que era risco de vida ou morte e a menina pareceu se comover.

— O que? Achei que você iria querer minha opinião.

— Foi ontem a noite, eu te chamei mas acho que já estava dormindo.

— Hum, é. Eu estava - Tomei um gole do meu café para disfarçar.

Dolly notou minha mudança.

— Isabella...você está bem?

Assenti, não querendo mais prolongar aquele assunto.

— É sobre aquilo de novo, não é?

Assenti mais uma vez.

— Por que não liga e...

— Dolly, já expliquei que as coisas não funcionam assim. Não tenho o número há anos, nem deve se lembrar de mim – A interrompi.

O silêncio pairou pela mesa e focamos nosso olhar sobre a colher que eu mexia despretensiosamente dentro do meu copo de café.

— Eu preciso ir – Me levantei não me importando em arrastar a cadeira que fez um barulho alto.

— Bella – Dolly chamou, mas eu já estava na soleira da porta.

— Tchau, Dolly!

Meu dia passou rápido, todos estavam animados por ser sexta-feira e a animação das crianças passou para mim, o que agradeci internamente. Não suportava quando tinha as crises como aconteceu na noite anterior ou durante o café com Dolly.

Dar aulas era cansativo, tinha de ficar sempre atenta sobre cada criança de cada turma. Entender suas dificuldades, seus limites, seus pontos fortes e garantir que todas estivessem aprendendo de forma igual.

No fim, todo esse trabalho valia a pena.

Já com o peito aliviado e me sentindo mais leve, dirigi até em casa, que não era longe da escola, dava tempo de cantar quatro músicas selecionadas do meu spotify. Felizmente, todas eram agitadas e alegres.

— Cheguei, pessoal! – Anunciei animada assim que passei pela porta da cozinha, jogando minhas bolsas em cima da bancada.

— Oi, criança – Dolly me cumprimentou, não parecia abalada pela forma que a tratei de manhã e também não fiz questão de pedir desculpas para não relembrar do evento.

— Onde está Emmett? Estranhei que ele ainda não me pediu para pegar nada.

Dolly tirou uma fôrma com vários brócolis de dentro do forno e nós duas fizemos uma careta para aquilo.

O Emmett me pagaria por me fazer comer essas coisas.

— Ele está nos fundos com a personal. Me xingou de todos os nomes quando contei a ele que agora teria exercícios em casa mesmo.

— Beleza, vou lá dar uma olhada.

Saí da cozinha indo em direção aos fundos, onde tínhamos um enorme quintal com uma piscina não muito grande e espreguiçadeiras.

— Vai, vai, vai! Você consegue! ISSO! Agora o outro braço! – Ouvi uma voz feminina antes de chegar ao gramado.

Emmett estava sentado em uma cadeira e em cada mão, um peso que deveria ter menos de 1 quilo de tão pequeno, mas que mesmo assim, o estava fazendo suar e fazer caretas ao levantar os braços para o alto.

À sua frente e de costas para mim, uma mulher com os cabelos loiros em um rabo de cavalo e roupa de ginástica azul.

— E aí, Emmett. Curtindo o dia? – Zombei.

Emmett soltou um gemido em resposta.

A mulher loira se virou em minha direção revelando seu rosto.

— Bella!? – Ela gritou surpresa.

— Ai meu Deus.


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Notas finais do capítulo

*Dolly Parton é uma cantora country muito famosa nos Estados Unidos.

Músicas: I will always love you - Dolly Parton (regravação)
Back to december - Taylor Swift (Título do capítulo)
Colors - Halsey (Resposta da atividade)

E ai, quem será a loira misteriosa?



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