A jovem acordou atordoada, sentia seus músculos protestarem e sua cabeça estava nublada pelas horas de sono que havia tido e, alguns minutos depois quando notou que sua cabeça havia parado de girar, se ergueu ficando ereta e percebeu que novamente fora mudada de lugar e agora estava em um quarto que pelo seu entendimento raso em decoração, era de estilo tradicional e exalava poder.

O quarto possuía paredes brancas e móveis da cor do mais puro ébano, no centro havia uma cama dossel estilo princesa também branca que fazia par com um conjunto de lençóis tão negros e macios ao toque que a jovem tinha certeza de que eram de seda e, que em sua opinião, combinavam perfeitamente com a cortina vitoriana que emoldurava a enorme janela — que estava fechada, então não poderia saber em qual hora do dia se encontrava — e dava charme e requinte ao local. Era óbvio que o quarto era de algum nobre bruxo e pelo que havia entendido, certamente esse magnífico quarto era de Druella, a pessoa no qual havia sido confundida pela senhora que lhe ajudou quando estava desacordada.

Novamente olhando ao redor do quarto notou um espelho na parede esquerda bem ao seu lado e se encarou, finalmente percebendo que havia algo realmente muito errado.

—" Mas... o que?” — Agora Hermione sabia que estava ficando louca, onde estavam seus olhos marrons com nuances douradas? Seus cabelos loiros escuros com cachos indomáveis? E sua pele bronzeada pelo sol que tomava todos os dias encostada em árvores ao redor do lago negro enquanto lia um bom livro? Sentia-se presa no corpo de uma linda boneca de porcelana de pele branca e sem marcas, cabelos claros — tão claros que quem olhasse poderia facilmente confundir-lhe com alguma lady, parente da nobre família Malfoy — e olhos tão negros quanto os lençóis da cama em que havia acordado.

Sabia que havia alguma explicação totalmente lógica para isso, sabia também que não podia contar com ninguém desse tempo, mas precisava de respostas rapidamente. Logo abriu o armário e pegou o primeiro vestido que viu, era comportado, cheio de babados e preto como a maioria das peças em que havia passado rapidamente os olhos ao se vestir, saiu pela porta e percebeu que não saberia andar pela casa que certamente era enorme, então chamou pelo primeiro elfo que lhe veio à cabeça e que sabia que residia ali — “Monstro?” — e com isso o barulho característico de aparatação dos elfos soou e Monstro estava em sua frente, mais jovial mas ainda sim sujo e com vestes esfarrapadas.

— “Monstro está aqui senhorita Rosier, em quê Monstro pode ser útil?” — pergunta o elfo, fitando-a com seus grandes olhos cheios de admiração por estar na presença de uma Rosier, futura Black.

— “Monstro por favor, me conte quem sou eu, sofri um acidente com uma poção, não me recordo de nada e não sei quando irá passar.” — pediu Hermione, torcendo para soar tão elegante quanto Draco Malfoy que era sua inspiração no momento, mas sem conseguir largar sua gentileza característica.

— “Senhorita Rosier é tão educada com Monstro, Monstro irá te contar tudo sim, sim! Mas primeiro a senhorita precisa de um lugar adequado.” — concordou o elfo rapidamente, estalando os dedos e levando-os para uma sala que lhe parecia um local comum para damas tomarem chá, bem arejado e com uma grande vista para o lindo jardim enfeitiçado, onde suas flores nunca morriam e a menina olhava realmente impressionada o lugar — havia lido sobre a mansão Black no livro dos Sagrados Vinte e Oito e sempre quisera conhecer o tal jardim —, logo Monstro puxou uma das elegantes cadeiras e Hermione, o mais graciosamente que conseguira, sentara-se nela enquanto aguardava o elfo conjurar um pequeno banco de madeira, se sentando nele logo em seguida e se aprumava para contar a história da donzela que estava em sua frente.

—" Senhorita Druella Rosier tem 15 anos, está no quinto ano em Hogwarts e retornará nesse fim de semana, possui um irmão chamado Evan Rosier que estuda em Durmstrang e é amiga de Walburga Black com quem conversa bastante, Monstro sabe que sim.
Monstro também sabe que a senhorita é boa nas aulas e é fina e graciosa, monitora da casa Slytherin também, Monstro ouviu!” — relata Monstro, que havia descido do banquinho e agora se encontrava ajoelhado em frente aos pés de Hermione-Druella, com seu grande nariz encostado ao chão enquanto suas mãos acariciavam os sapatos lustrados da garota claramente estava desconfortável.

— “Obrigada Monstro, sua cooperação foi de grande ajuda.” — agradece ao elfo enquanto se levanta para voltar ao quarto.

— “Monstro está a sua disposição, tenha uma ótima recuperação senhorita Rosier” — Monstro deseja e logo sumiu em um ploc discreto.

“— Isso não me ajudou em muita coisa, mas é melhor que nada, preciso fingir ser Druella até conseguir acesso à biblioteca de Hogwarts ou ao diretor Dumbledore, com certeza ele saberá o que fazer. —" pensa Hermione, logo se pondo a explorar a enorme casa dos livros.

Não havia passado uma hora olhando os quadros quando ouviu outro ploc e soube que havia um elfo atrás dela, logo virou-se e encarou uma pequena elfa jovem, com olhos maiores que de Monstro e que parecia muito feliz em ver-lhe.

— “Mestra Druella, Flipy veio chamar a mestra para o almoço, mas Flipy não encontrou em lugar nenhum e teve que rastrear a magia da mestra, desculpa Flipy!” — pede a elfa, agora batendo incansavelmente sua cabeça desproporcional ao corpo contra a parede, logo Hermione-Druella a segura pelos pequenos ombros finos e lhe garante e pede apressadamente para a elfa não voltar a se mutilar —“Está tudo bem Flipy, por favor, me leve até o salão” —, e a elfa não tardou a puxar a mão da mestra com suas próprias — e pequenas — mãozinhas, a levando para uma grande escada ao fim do corredor e dobrando tantas esquinas que havia se perdido depois da terceira direita e segunda esquerda.

Após alguns minutos andando, chegaram a uma bela sala de jantar com cores predominantemente brancas e pratas, com um lindo lustre de cristais que ficava em cima da grande mesa de jantar, onde haviam seis pessoas já sentadas e reconhecera de cara os membros black Callidora, Cassiopeia, Walburga, Pollux, Cygnus e Orion dos livros que lia. Sabia que Druella havia se casado com Cygnus e eles noivariam no final do sétimo ano, adquirindo também o sobrenome Black, duas das casas Sagradas. Callidora se casaria com Longbottom, Orion com Walburga e Pollux já era casado com Irma Crabble, tinha notado também que a idosa que lhe recebeu ao despertar não estava presente, fato que havia lhe intrigado.

Cassiopeia havia tomado à palavra ao notar a futura nora parada na grande porta da sala — “Querida, está atrasada. Mas como você precisava se recuperar isso será desconsiderado, venha e sente-se ao lado de Cygnus!” — Exclama a matriarca, rígida, mas que agia de forma para que seu filho ficasse próximo da bela Rosier.

— “Obrigada senhora, fico grata que entenda” — responde Hermione-Druella de forma polida e, com o máximo de etiqueta que possuía, sentou ao lado de Cygnus e encarou rapidamente Walburga, que a olhava com o cenho franzido, talvez houvesse sim alguém em quem confiar.

— “Já que estamos todos aqui... Spooky. — Cassiopeia chama um elfo adulto que logo aparece ao seu lado com roupas bem melhores que dos outros elfos que Hermione-Druella havia encontrado — provavelmente por pertencer a cozinha —, o elfo possuía feições submissas e rosto baixo — “Traga-nos o almoço, tenho certeza que será muito agradável.” — exclama ao olhar todos os rostos da mesa, um por um.