Vozes dos Ancestrais escrita por Fanny Tanlakian


Capítulo 1
Espelho


Notas iniciais do capítulo

Oie gente, tenham uma bioa leitura!



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Beatrice olhava o relógio entediada enquanto sua mãe colocava todos os pertences dentro da mochila vermelha, escutava uma música melancólica sentada na mesa esperando alguma ideia para terminar seu trabalho de faculdade. Enrolava os dedos nos longos cabelos castanhos, nos pés o cachorro dálmatas brincava com uma bolinha verde. Lorena O´ Neil veio apressada trazendo as malas, respirou fundo ainda estava triste pela a filha mais velha sair de casa, porém logo se conteve era por uma boa causa sua sogra precisava de ajuda, já tinha idade avançada e nada melhor que mandar a primogênita uma garota feliz em ajudar.

Cansada ouvia tudo zumbir, o barulho dos irmãos conversando na sala pareciam estar dentro da sua cabeça. Sai da cozinha e vai para fora, a rua estava quieta apenas tinha umas crianças conversando, observa a bola rolar até bater nela, esta então se agacha para pegar sente um arrepio tudo tinha ficado silencioso como se tivesse somente ela ali. Levanta mas não vê ninguém por perto, estranhando solta o objeto no chão e retorna a sua casa. Lorena cortava algum legume, o som da faca batendo na tábua era repetitivo e irritante.

Sobe as escadas indo para o quarto deita na cama ficando uns minutos encarando nada, escuta alguém sussurrar a chamando mas ignora talvez fosse loucura da sua cabeça mas cada vez o som ficava alto, se ergue procurando da onde vinha aquele barulho. O corredor escuro evidenciava a noite chegando, ela tenta ligar as luzes contudo não ascendem.

— Você sabe porque sempre queima as lâmpadas desse lugar? - questiona encosta na porta da cozinha.

— Queria saber também, seu pai disse que a fiação é muito antiga talvez seja por isso.

Ela vai no armário pegar algo para beliscar enquanto o jantar não estava pronto ao se aproximar da mãe nota os dedos sangrando, a mulher cortava a própria mão invés do legume. Grita de pavor dando uns passos para trás mas quando a outra se vira tudo some, ela franzi as sobrancelhas não entendendo o que viu.

— Querida está tudo bem?

— S-sua mão ........

— O que?

Beatrice diz para esquecer voltando para seu trabalho talvez estava divagando demais.

                          ...............

Os primeiros raios solares se manifestavam a família O´Neil já estava na rodoviária esperando o ônibus, poucas pessoas caminhavam por ali, todos tinham cara de sono, inclusive eles. Após uma hora o veículo estaciona no local de embarque dão abraços de despedidas, Beatrice da um beijo nos irmãos mais novos e entra se sentando num banco vendo seus parentes ficarem mais distantes.

Durante o trajeto olhava o bairro onde cresceu se distanciar, árvores enormes envolviam a estrada ficando como um túnel apoiada na janela fechou os olhos e quando menos esperou adormeceu.

Estava numa poltrona vermelha mas o lugar onde se situava era cercada por uma floresta ao seu lado havia vários troncos posicionados para cima compondo uma grande fogueira. No horizonte surgiam mulherees caminhando com capuzes pretos, apesar disso via que não usavam nada por baixo. Cantavam numa língua desconhecida, ficaram em círculo levantando as mãos para o céu cinza se contorciam, começa a chover mas não era água e sim um líquido escuro. Algo pega seus pés pela terra a puxando, agora afogava numa margem de um lago as mesmas mulheres seguravam ela, tentava espernear mas seu ar já estava faltando, enquanto isso continuavam com aquela melodia.

Grita apavorada, sozinha num lugar frio e escuro somente tinha uma cadeira onde uma estranha sentada de costa, tudo zumbiu várias vozes falando juntas ecoavam. A mulher virou seu rosto, seus olhos pretos eram frios esta numa rapidez aparece na frente dela, lembra apenas de tentar correr.

Acordou com um balanço do motorista havia chegado no seu destino, desceu meio sem rumo olhou para os lados uma alguém vinha buscá-la foi que sua mãe dissera. Procurava ansiosa em meio a multidão então notou uma pessoa discretamente segurando um sulfite escrito seu nome, caminha até lá.

Um homem alto devia ter uns 1,90 , usava casaco preto longo e boina cinza, ela o fita esperando este dar a primeira palavra.

— Eu sou Hugo estou aqui para levá-la.

— Ah.... me chamo B......

— Já estou informado sobre você senhorita.

— OK então.

Ele a encaminha para um carro pequeno escuro, o caminho não foi longo. Logo chegaram no bairro, a casa de dois andares bege apareceu ficava meio isolada em relação as outras moradias, enormes árvores secas cercava o local. Entram e são recebidos por uma mulher de cabelos pretos que usava roupas brancas de enfermeira.

— Oi sou Srta. Death.

— Death? Tipo morte mesmo?

— É o que todos dizem.

— Ela vai dormir no quarto da Ellen?

— Sim.

— Ótimo! Eu assumo daqui - disse ao homem.

As duas sobem as escadas até chegar no cômodo um tanto grande, ela joga suas coisas na cama olhando a grande estante cheia de livros.

— Venha vou te apresentar aos moradores e regras.

— Regras?

— Sim e deve segui-las sem exceção.

Elas descem tinham mais duas mulheres e outros homens sentados perto de uma senhora numa cadeira de rodas que deveria ser sua avó. Nunca tinha a visto pessoalmente somente por foto, Srta. Death diz o nome de todos, tinha Sally a governanta, Samantha uma adolescente que se preocupava mais em mexer no celular, Robert e Mário. Muita gente mora aqui, pensou.

— Agora as regras - fala entregando um papel para ela - Estão todas aí, nunca as desobedeça.

— Já sabe quem sou então vou para meu quarto - disse Samantha.

— Vamos deixá-la a sós com sua avó - pronuncia a governanta e todos se dispersam.

A mulher senta numa poltrona perto onde sua familiar estava, aquela senhora tinha olhar vazio e assustadores parecia morta.

— Bom, minha mãe me mandou disse que você precisava de ajuda.

Não recebe nenhuma resposta insiste em algumas perguntas mas a outra continua sem falas. Desiste suspirando frustrada se levanta para sair dali quando ouve murmúrios, a velha tentava pronunciar algo.

— Cuidado...... eles podem te ouvir - diz numa voz áspera e cansada.

— Quem? - pergunta.

Fica no silêncio novamente, Beatrice caminha para o novo quarto passando pelo corredor passa por uma porta entreaberta, onde tinha os números 413.

— Ei garota venha cá - falava alguma pessoa lá dentro.

— Está falando comigo?

— Isso entre aqui.

— Mais um morador quanta gente tem nessa casa?

Ela ia na direção da voz, estava colocando sua mão no trinco quando Srta. Death intercepta fechando aquela porta num estrondo alto.

— Nunca vá nesse quarto, não leu as regras?!

— Ah.... alguém me chamava, o que tem aqui?

— Não importa, escute qualquer coisa que escutar daqui ignore se ver esse lugar aberto, feche imediatamente nem se importando com as vozes.

A mulher assustada com tudo, a outra tinha se mostrada alegre até agora, estava séria seu humor havia mudado completamente. A enfermeira ajudava guardar as roupas, enquanto isso ela observava aquela pessoa que usava trajes apertados suas curvas bem delineadas ficava marcadas. Tinha uma mecha roxa nos cabelos e delineador perfeitamente desenhado nos olhos.

— Não compreendo se você é uma enfermeira porque minha avó necessita de mim?

— Ordens dela mesma, fez questão de alguém da família aqui.

— E quais são meus afazeres exatamente?

— A velha não deu uma lista?

— Ela nem me respondeu direito.

— Entendo. Vou providenciar.

— Enquanto isso vou fazer o que?

— Pode fazer tudo.

Quando terminou ela a deixou ali sozinha com pensamentos confusos, decidi então ler as tais regras.

INSTRUÇÕES:

1- Nunca vá a floresta durante a noite ou quando estiver sozinha.

2- Entre meia-noite e três horas permaneça no seu quarto mesmo que ouça gritos.

3 - É normal ouvir sussurros, arrepios e arranhões na casa.

4- Apenas tem Srta. Death, Sally, Samantha, Robert, Mário, A velha Madame e Hugo como moradores caso ver mais pessoas dizendo residir aqui ignore e saia de perto.

5- Não atenda telefones aqui pode deixar tocar até desligar.

6 -Se ouvir miados, latidos ou qualquer outro som de animais não vá atrás.

7 -Entre ás oito e dez horas tranque a Madame no quarto dela mesmo que esta insista.

8 - Sempre mantenha o 413 fechado.

Qualquer dúvida pergunte a um de nós e lembra-se mesmo que ache estranho não confie na sua avó!

Paralisada estava sem fala, o que significava tudo aquilo? E mais porque não podia contar com sua própria parente afinal foi ela mesma o motivo dela estar ali.

Foi no banheiro precisava processar tudo, lava o rosto então fica com frio de repente, a porta range alto, fecha a torneira mas não queria parar de correr água. Desesperada colocava força porém foi inútil, um grito agudo ecoa pelo lugar na banheira transbordava o líquido escuro esverdeado mãos brancas pálidas saem segurando na beirada, uma mulher de capuz preto sai as luzes piscam mesmo estando de dia. Ela grita saindo correndo sem olhar para trás, tropeça no degrau caindo na escada. Se levanta na sua frente o espelho perto da lareira estava refletida uma imagem de uma moça virada seus cabelos negros cobria a costa conforme esta virava o rosto seu reflexo ficava translúcido. Seu rosto não era humana e sim de algum animal, os olhos pretos a encarava sente uma dor no pescoço como se queimassem sua carne. Beatrice cai de joelhos desacordada e a última coisa que vê é um vulto saindo do espelho sorrindo friamente para sumir pelos corredores da casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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