Siblings escrita por hrhbruna


Capítulo 8
07


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos que visitaram, favoritaram e seguiram a história. Adoraria conhecê-los melhor! Se puder, deixe seu comentário ♥



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A morte acontece.

Nós viemos e vamos.

Quanto mais cedo for, melhor.

VAMPIRE DIARIES

 

Não acontecia com muita frequência, mas as vezes Charlotte se sentava no salão comunal a noite, quando todos estavam no jantar, para fazer suas tarefas e aquela era uma das raras ocasiões que Draco se juntava a ela. Ele havia silenciosamente se sentado de frente para ela e começado a arranhar a pena cumprindo os vinte centímetros de relatório que McGonagall havia exigido.

Ele o fazia com dificuldade. Um dos braços estava imobilizado devido a um acidente com o Hipogrifo no dia anterior. A princípio Charlotte considerara bem feito, porque Draco havia provocado o animal e o subestimado, mas depois sentiu um pouco – pouquíssimo – de pena do rapaz. Ele parecia estar sentindo bastante dor.

Normalmente Charlotte não puxaria assunto, mas naquela noite resolveu comentar algo que há muito ela queria falar com Malfoy.

— Eu não sabia que você era canhoto. — comentou apontando a pena para a mão que ele usava para escrever.

— Eu sou ambidestro. — Draco corrigiu.

— Você usa as duas mãos.

— Sim.

— Eu nunca tinha notado.

Charlotte nunca tinha pensado no quão útil aquilo poderia ser. Tanto ela quanto Harry eram destros.

— Ei... sabe a caixinha de música que você me deu de presente? — disse subitamente se lembrando de algo.

— Sim... — confirmou o rapaz sem tirar os olhos do trabalho.

Aquilo era algo que Charlotte admirava muito em Draco. Ele era extremamente concentrado em absolutamente tudo que resolvia fazer e tudo que ele fazia era extremamente bem feito. Mesmo com um braço imobilizado ele conseguia fazer seu trabalho.

A letra, a estética do texto, ele também nunca borrava a tinta e nem rasurava. Charlotte tampouco, mas ela falava aquilo baseado no garrancho de Blaise e o serviço porco que seu irmão costumava fazer.

— Eu nunca cheguei a comentar com você, mas a música que ela toca é uma música trouxa. — revelou Charlotte com um grande sorriso. — Você sabia disso?

Draco pela primeira vez tirou a atenção do que fazia para olhar para Charlotte. Procurava vestígios de uma brincadeira, mas percebeu que a ruiva falava sério.

— Impossível. — Draco respondeu de forma curta e tornou a escrever.

— Não só é possível como é de um musical trouxa chamado Anastasia. Era meu favorito na infância.

Charlotte corou um pouco ao revelar aquilo. De madrugada ela costumava ligar a televisão em som muito baixo e assistir ao velho musical que tia Petúnia também tanto gostava.

Draco parecia irredutível. Ele negou com a cabeça.

— Impossível, Charlotte. Aquela caixa de música é bastante antiga. — ele falou com a voz firme. — Pertencia a minha mãe.

Aquilo a pegou desprevenida. Charlotte engasgou.

Que diabos. Por que Malfoy a daria um presente de família?

— E por que, em nome de Merlin, você me daria uma herança familiar de presente?

— Não é uma herança familiar. — Draco defendeu-se e ficou desconcertado.

Charlotte não pensou que viveria para ver o dia que Draco Malfoy ficaria corado e constrangido por algo.

—... só é algo que ela tinha. Eu não sabia o que lhe dar de presente, ela sugeriu a caixa de música e foi isso.

— Draco, se isso é algo do século passado, que pertenceu a uma família mui antiga e nobre, então é uma herança sim. Mas eu não entendo! Você poderia ter me mandado chocolates, todos mandam chocolates!

— Eu não queria dar-lhe tão pouco. — Draco franziu o cenho em indignação. — Por que está fazendo grande coisa disso afinal? É só uma caixa de música idiota.

Não, não era. Tanto Draco quanto Charlotte sabiam que não era somente uma caixa de música velha.

— Eu só me pergunto porque sua mãe achou que você deveria presentear uma estranha com uma caixa de música que está há gerações na família dela.

— Você não é uma estranha. Somos amigos.

— Nós não somos amigos, Draco. Nós somos colegas de casa e casualmente parceiros em classe.

— Vou me lembrar disso quando for colar de mim nas provas práticas de Poções.

Charlotte riu levemente.

Voltou a se concentrar em seu dever, mas ainda estava intrigada que Draco tivesse a presenteado com algo que pertencera a sua mãe.

— Não se preocupe Potter. É só uma caixa velha. Minha mãe se livraria dela de qualquer forma...

—x-

Se fosse completamente honesta, Charlotte não fazia a menor questão de frequentar as aulas de Lupin. Não importava quão excelente professor ele fosse, quão interessante fossem suas aulas, ela gostaria de não ter que frequentá-las.

Blaise, por outro lado, ficava sempre empolgado. Ele achava Lupin o melhor professor de Hogwarts.

— Vocês sabem o que há dentro desse armário? — perguntou o homem.

Em seu costumeiro tom sereno, o professor andava pela sala com as mãos escondidas atrás do próprio corpo. Os alunos pareciam enfeitiçados por Lupin e sua didática formidável, acompanhando-o com os olhos e sedentos por qualquer bobagem que aquele homem tivesse a dizer.

— É um Bicho-Papão. — respondeu Dean Thomas da Grifinória.

— Muito bom, Sr. Thomas. E alguém pode dizer qual a forma do Bicho-Papão?

O grupo de terceiranistas ofegou por alguns segundos quando o armário se remexeu de uma forma mais violenta.

— Ninguém sabe. — Hermione Granger respondeu. — O Bicho-Papão é um transformista e assume a forma que a pessoa mais teme na vida. Isso faz com que sejam tão...

— Assustadores. Exatamente, Srta. Granger. — confirmou o professor com um semblante satisfeito.

Lupin presenteou a Grifinória com dez pontos e tanto Thomas quanto Granger ficaram cheios de si. Charlotte, por outro lado, ficava cada vez mais impaciente e ansiosa para ir embora.

— Ele é brilhante. — Zabini sussurrou enquanto o professor explicava a maneira adequada de combater o Bicho-Papão. — Finalmente temos um bom professor de DCAT.

— Superestimado. — sussurrou de volta ao melhor amigo.

— Ora. Você só tem uma cisma.

— Cisma eu tenho com o Snape. Agora, o Lupin eu simplesmente não confio nele.

 Blaise revirou os olhos.

—... repitam: Riddikulus!

            O coro de alunos repetiu a palavra.

— Mais alto e mais claro. — pediu o homem. — Riddikulus!

Riddikulus!

— Essa aula que é ridícula. — sussurrou Malfoy no ouvido de Charlotte.

A jovem o ignorou. Estava o ignorando desde a revelação sobre a caixa de músicas e quanto mais Charlotte o evitava, mais ela tinha a sensação que Draco se tornava mais determinado em impressioná-la.

— Quer sair daqui? — Draco murmurou.

Antes que ela tivesse a oportunidade para respondê-lo, Blaise virou para trás enraivecido.

— Cale a boca e pare de atormentar Charlotte, Malfoy!

— Charlotte Malfoy soa muito melhor que Charlotte Zabini, Blaise, não vá querer discordar.. — Draco provocou zombeteiramente conseguindo deixar Blaise desconcertado. Ele ignorou o comando do colega de sala e voltou a falar com Charlotte. — Posso fingir uma dor e você diz que vai me acompanhar a enfermaria.

Era tentador demais. Charlotte não estava mais aguentando continuar em sala, mas ao olhar para Blaise percebeu que o amigo parecia completamente aterrorizado pela ideia.

— Preste atenção na aula, Malfoy. — resmungou endireitando a postura e voltando a prestar atenção em Lupin.

Quando o Prof. Lupin sugeriu que eles formassem uma fila e um a um enfrentasse o bicho-papão que estava preso dentro de um armário velho, Charlotte não gostou da ideia. Todos estavam achando absurdamente engraçado, porém, porque o contrafeitiço para combater o Bicho-Papão justamente era o riso.

Longbottom travestiu o Prof. Snape com as roupas de sua avó, Parvati transformou uma grande serpente num palhaço idiota e Ron fez uma aranha gigante escorregar com patins em cada garra pela sala de aula.

Teria chegado a vez de Charlotte se não tivesse sido tão insistente em evitar a criatura e sempre deixar as pessoas passarem na sua frente. Até que a vez de Harry se aproximava...

Charlotte não achou que o irmão seria tão tolo. Ela começou a se sentir ansiosa e enjoada. Aquela mistura de sentimentos e sensações que a faziam temer pelo que Harry poderia encarar.

O Bicho-Papão tomaria a forma de Lorde Voldemort? Se é que, após tudo que Harry a contara, havia mesmo uma forma para aquela... entidade?

Entretanto, o Bicho-Papão girou em torno de si mesmo e se transformou em algo que não era nem completamente sólido e nem completamente fumaça. A temperatura do ambiente caiu de uma forma muito semelhante no trem e então a criatura tomou a forma definitiva de um dementador.

A princípio Charlotte se reprimiu, ela observou enquanto a criatura avançou na direção de Harry. Percebeu a ansiedade dos demais alunos quando notaram que Harry tinha ficado estático, completamente tomado pela inércia do pânico de não estar preparado para aquela situação.

Antes que percebesse, Charlotte passou entre o corpo de alunos paralisados e se enfiou entre o irmão e a criatura.

— Charlotte! — escutou Blaise gritar seu nome.

Mas Charlotte não respondeu. A criatura tornou a girar em torno de si mesma e tomou outra forma.

Um garoto franzino, cabelos rebeldes, e com uma cicatriz em forma de raio. Embora aquele menino fosse uma exata cópia de Harry, seu irmão gêmeo, seus olhos eram vermelhos e seu rosto trazia um sorriso maldoso incaracterístico do grifinório.

O tempo parou naquele momento. O menino caminhou na direção de Charlotte, o ambiente se tornou perturbadoramente silencioso, e quando o bicho-papão transformado em Harry parou diante de Charlotte, ele tocou em seu braço e ela caiu de joelhos gritando.


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