Love Live! Rebellion!! escrita por Kemur


Capítulo 5
Erika


Notas iniciais do capítulo

Eita que Kemurzinho está a todo vapor.
Esse é de longe, o maior cap que eu já escrevi na vida e com certeza um dos melhores.
Então vamos aproveitar o friozinho e ler enquanto toma uma caneca de chocolate quente, ou café se você gosta de beber terra.
Boa leitura!



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— Hm... – Julia emanava uma aura de estresse.

— Ficar emburrada não vai te ajudar. – disse Moe tentando acalmar Julia.

Julia estava sentindo uma mescla de raiva, frustração e confusão. Ela simplesmente foi rejeitada numa velocidade maior que o Usain Bolt numa maratona olímpica.

— Ela ao menos podia ter explicado... – Julia reclama.

— A gente vai ter que arrumar outra pessoa. – disse Moe. — Por hora, vamos nos focar em seu... Julia?

Julia já não estava mais lá.

— Ela não foi... – Moe se levanta e vai até o andar inferior, apenas para encontrar Julia confrontando Erika.

— Por quê? – Julia pergunta.

— Porque eu não quero, simples. – Erika responde.

— Se não me contar o porquê de não querer, vou te incomodar até me responder. – Julia faz uma ameaça.

— Julia, ela já disse que não quer! – Moe começa a puxar Julia pelo braço. — Desculpe, ela quis incomodar.

— Quis sim! – Julia se livra de Moe. — Você não querer tem algo a ver com você sempre estar tão melancólica?

— Hã? – Erika se surpreende com as palavras de Julia.

— Eu notei isso no dia que nos conhecemos. – Julia explica. — Você está sofrendo por algo, não está? Me conta o que foi e se é isso que está te impedindo de me ajudar e ai eu te deixo em paz.

— Eu não sou obrigada a te contar nada! – Erika gritou. — Não somos amigas e nem nada, então por que está tão preocupada?

Aquelas palavras destruíram Julia. Ela sentiu novamente algo parecido com o que sentiu ao ver seus pais quando foi presa injustamente. Rejeição, ódio e perda total de confiança.

— Não me procure de novo! – Erika entra na sala.

— Julia, vamos voltar... – Moe põe a mão no ombro de Julia.

— Sim... – Julia sentia um enorme vazio em seu peito. Lentamente ela seguiu a amiga.

As últimas aulas do dia passaram. Julia tinha perdido novamente todo o brilho que havia recuperado no dia anterior. Após o término das aulas, quem participava de clubes se dirigiram até as salas dos clubes e  o restante foi para casa. Porém, Julia ficou na sala. Sua mente pesava e seu peito doía, ela sentiu vontade chorar e gritar, mas ela mal sentia que era capaz de fazer algum ruído.

— Ei, Julia... – disse Moe. — Vamos para casa?

— Eu... Não... – a voz da garota estava tão baixa que aquelas palavras quase foram um sussurro.

— Julia, eu preciso te contar algo... – disse Moe. — Eu sei por que a Kurogane-san não quis aceitar te ajudar.

— Hã? Como assim? – Julia começa a encarar Moe.

— Quando você disse o nome dela, na hora eu não lembrei. Porém, quando eu vi o rosto dela...

— Desembucha. – Julia trocou seu olhar triste por um olhar sério.

— Ela é filha de um músico muito  popular aqui no Japão. Seu nome é Shinji Kurogane. – Moe começa a explicar. — Ele dizia em entrevistas que era muito orgulhoso da filha e que super apoiava ela querer formar uma banda, mas... – Moe faz uma pausa. — Há quatro anos, ela ia se apresentar numa competição de música, eram as finais e quem vencesse iria ser contratada por uma agência, assim ela poderia iniciar sua carreira na música sem ter a ajuda do pai. Porém, ela não foi para a apresentação.

— Hã? Por quê?

— No dia da apresentação, a mãe dela sofreu um acidente de carro, enquanto ia até o local do evento e... Ela morreu antes que o resgate chegasse... – Julia fica chocada ao escutar tais palavras. — Disseram que iriam adiar a apresentação por conta disso, mas ela entregou uma nota de desistência e então parou pra sempre com a música por conta disso.

— Por quê? Eu a vi cantar... – Julia então se lembra da tristeza no olhar da garota cantando no telhado. — Nessa noite sua luz me guiará, vai curar cicatrizes, me salvar...  Ela estava procurando por salvação...

Julia pôs as mãos na cabeça, encostou a testa na mesa e apertou sua cabeça até que seus cabelos se prendessem entre os dedos. Ela começou a se odiar por dentro, ela sabia que tinha problemas pesados, mas ela foi egoísta e não pensou nos sentimentos dos outros.

— Idiota... Idiota... – Julia começou a chorar.

— Julia? – Moe pega seu lenço e oferece a ela. — Acalme-se.

— A música dela me salvou... Aquilo não era pra mim, era pra ela... – Julia soca a mesa com força. — Eu não mereço isso.

— Julia, me escuta. – Moe puxa Julia pelo ombro, a fazendo levantar a cabeça. — Amanhã, vá até ela e peça desculpas. Ficar aqui chorando não vai melhorar em nada a situação.

— Só isso não vai adiantar, eu não tinha o direito... – Moe da um tapa em Julia.

— Escuta aqui, você disse que a música dela te salvou, não foi? Não sei pelo que passou antes de vir pra cá, mas se já foi salva, agora vá lá e retribua o favor! Saiba que aqui no Japão a gente preza muito pelo companheirismo, então se alguém te ajudou, retribua o favor.

— Moe...

— Ao menos que queira nunca mais olhar na cara dela. – Moe terminou.

— Heh. – Julia se levanta e da um peteleco na cabeça de Moe.

— Ai, por que fez isso?!

— Saiba que se fosse em outra ocasião, você teria tido um destino pior por ter me batido na cara. – Julia vai em direção a porta da sala. — Mas já que conseguiu melhorar meu astral, vou retribuir e te deixar viva.

— Eh?! Não é assim que se retribui um favor! – Moe vai até ela. — Você ao menos devia me pagar um sorvete.

...

Erika ainda se lembra daquele dia. Ela estava então nervosa com as finais que mal podia ficar parada. Caminhando de um lado para o outro para ver se o nervosismo passava.

— Ei, papai. – disse Erika. — A mamãe já está vindo?

— Estou tentando ligar para ela, mas ela não atende. – seu pai respondeu. — Ela deve estar dirigindo agora... Ah, falando nela. Alô? Sim, sou eu... Hã?! Como?!

— O que foi, papai? – Erika se preocupa.

— Sim! Já estou a caminho! – Shinji desliga e cai de joelhos por um momento.

— Papai, o que foi?!

— Sua mãe... Sofreu um acidente no caminho para cá... E não sobreviveu...

O que Erika entendia por mundo, naquela hora simplesmente se desfez. Todo o nervosismo que ela sentia foi trocado por um único sentimento, a culpa.

Erika por anos se culpou pela morte da mãe, pois se não fosse por ela querer se tornar uma música profissional por conta própria ao invés de ter aceitado a ajuda de seu pai, isso nunca teria acontecido. Ela nunca mais sequer tocou em seu antigo violão e sempre cantava, era uma forma de se desculpar com sua mãe pelo que fez a ela.

— Pai, cheguei. – disse Erika ao entrar na loja de instrumentos.

— Bem vinda... – Shinji, seu pai começa a encarar ela. — Alguma coisa aconteceu na escola?

— Ah... Não... Eu só briguei com uma... – Erika queria dizer ao seu pai, mas ela não sabia se Julia iria a odiar pelo que disse.

— Brigou com quem?

— Foi com uma senpai, mas foi só uma discussão besta.

— Tem certeza? Não parece que foi só um discussão besta. – Shinji se aproxima da filha. — Foi aquela que me contou sobre ontem?

— Sim... – Erika responde. — Ela queria que eu escrevesse uma música para ela, mas eu recusei.

— Entendo... – Shinji abraça a filha. — Tenho certeza de que ela só não sabia sobre você mesmo.

— Espero que assim seja... – ela devolve o abraço. — Precisa de ajuda aqui?

— Não, nem está tão movimentado hoje. – Shinji responde.

— Entendo. – Erika desfaz o abraço. — Qualquer coisa me chama.

— Ok.

Erika foi até os fundos da loja, subiu as escadas e então chegou em casa. O pai de Erika também abandonou a música e abriu essa loja após o acidente de sua mãe. Apesar de que ele já queria se aposentar para poder passar mais tempo com a família.

Caminhando devagar, ainda pensando no que disse à Julia, Erika vai até seu quarto que ainda estava decorado com os mesmo posters rasgados de bandas que ela gostava e se inspirava, mas que rasgou após a morte de sua mãe. Ao canto, estava seu violão que ela nunca mais tirou do lugar desde que voltou do funeral.

Ela anda até sua escrivaninha, onde estava um caderno com várias e incompletas letras de músicas que ela escrevia quando jovem. Seu pai vendo o que ela havia feito aos posters, resolveu guardar o caderno para caso um dia ela resolvesse voltar com a música. Há alguns meses ela os encontrou, enquanto limpava a casa.

“Então, eu quero formar um clube de idols escolares e preciso de alguém que possa compor uma música pra mim.” – Erika se lembra do pedido de Julia.

“Você parece entender disso, você quer se juntar ao clube?”

— Eu quero... Mas eu não consigo... – lágrimas começam a escorrer no rosto da garota.

“Eu tô passando por uns maus bocados e depois de escutar sua música... Eu sinto que meu mundo foi salvo.”

— Desculpa, senpai... Eu não consigo...

...

Era o horário do almoço. Julia procurou por Erika na escola inteira, mas não a encontrava em lugar nenhum. Até que então, decidiu ir par ao último lugar que imaginava poder encontrar ela. O telhado, onde tudo começou.

— Lá está ela... – Julia murmurou ao ver Erika sentada no chão e encostada no grade de arame, enquanto comia sua marmita. — Julia Akutagawa, cria coragem. – Julia bate em rosto com ambas as mãos e então começa a se aproximar da garota.

— Se veio me pedir para escrever sua música, é melhor ir atrás de outra.- disse Erika ao notar Julia se aproximando.

— Eu não vim para isso. – Julia, ainda de pé, encosta no grade. — Eu vim pedir desculpas.

— Hã? – Erika não olha para Julia.

— Moe me contou sobre sua mãe, então percebi o quão idiota eu fui em querer te forçar a fazer algo que não podia. – Julia explica. — Então, me desculpa por tudo.

— Não... – Erika sussurra. — A culpa foi minha...

— Eu só quero saber de uma coisa. – disse Julia.

— Hã? O que é? – Erika continua sem encarar Julia.

— Eu sou... fofa?

— Hã? – Erika se surpreende com a pergunta e encara Julia confusa.

— Eu perguntei se você me acha fofa. – Julia se agacha na frente de Erika e a encara com uma expressão agressiva.

— É... Como dizer...

— Eu pareço uma delinquente, não é? – Julia ri e se levanta. — Moe me disse a mesma coisa.

— Mas por que me perguntou isso?

— É porque eu estou séria sobre virar uma idol escolar. – Julia responde. — Idols tem que serem fofas, mas eu não sou nenhum pouco fofa. Sou agressiva, um pouco assustadora e não nego que já fui uma delinquente, enquanto morava nos Estados Unidos. – Julia se põe de costas e começa a olhar para o céu. — Eu me meti em uma confusão grande lá onde eu morava e meu pai me expulsou de casa, minha mãe simplesmente achou que seria melhor eu vir para cá e morar com meu tio Ryu. 

— Julia-senpai...

— Ser expulsa de casa e “deportada” pra cá fez com que meu mundo perdesse as cores. Fosse um completo cinza e com sons monótonos. – Julia se vira para Erika novamente. — Eu já tinha praticamente desistido de continuar viva caso não o meu mundo não mudasse. E foi ai que...

— Você me escutou cantando...

— Sim. – Julia sorriu. — Naquela hora eu senti como se toda minha dor tivesse ido embora e que finalmente a luz que buscava havia aparecido. Graças a você eu pude perceber que meu mundo não estava perdido e que tinha chances de recomeçar a minha vida.

— E como decidiu que iria virar uma idol escolar?

— Ainda com sua música na cabeça, acabei indo para Akiba com a Moe. – Julia se aproxima do grade de arame e começa a encarar o pátio da escola. — Enquanto a gente corria por lá, acabamos parando em frente a UTX, onde eu vi o grupo A.L.I.C.E cantando no telão da escola. Elas estavam incríveis e a música delas me fez querer brilhar igual, não... Brilhar ainda mais!

— Brilhar? Se é a fama que procura, não posso te ajudar em nada.

— Acho que você não entendeu. – Julia encosta na grade. — Enquanto cantava, você brilhava tanto que cheguei a achar que fosse um anjo.

— Anjo? – Erika olha confusa. — Não está exagerando?

— Não. Tenho plena certeza de que era um anjo. – Julia ri. — Dizem que apenas de poder enxergar um anjo já é um sinal da salvação. Não acha engraçado? Eu te vi brilhar como um anjo e sua música me salvou do vazio que estava vivendo.

— Aonde quer chegar?

— É ai que eu quero chegar. – Julia aponta para Erika. — Quando Moe me contou sobre sua mãe, ela me fez perceber que o brilho que tanto almejo é o da salvação. Por isso eu quero brilhar forte o suficiente, muito mais do que um simples anjo, um arcanjo! Assim eu posso te salvar dessa melancolia que tanto te incomoda.

Naquele momento, Erika sentiu algo tocar o seu coração. As palavras de Julia a fez sentir como se as correntes que a prendiam fossem quebradas. Por um único instante, Erika enxergou Julia como um verdadeiro anjo que lhe estendeu a mão e a levou para os céus, fazendo com que o coração da garota que abandonou o sonho por conta de um trauma bater mais forte do que nunca.

   — Senpai... – Erika sorria, enquanto seu rosto era encharcado por lágrimas. — Desculpa... Eu não queria ter dito aquelas coisas horríveis pra você ontem!

— Está tudo bem, Erika. – Julia lhe oferece um lenço.

— Senpai... Eu quero... Não... – ela limpa as lágrimas e se levanta, após colocar sua marmita no chão. — Eu me chamo Erika Kurogane! Me permita entrar no clube de idols escolares! Eu juro que vou dar meu melhor para ajudar nas músicas e nas apresentações, então por favor, me aceite no clube!

— Seja bem-vinda, Erika. – Julia sorriu de forma confortante.

— Obrigada, senpai. – Erika volta a chorar.

— Poxa, assim me você deixa sem jeito. – Julia abraça Erika.

— Por quê? – Erika questiona.

— Sempre que alguém chora, é dever dos amigos reconfortá-los. – Erika se emociona ainda mais e devolve o abraço ainda chorando.

— Obrigada, de verdade. Muito obrigada.

Naquela noite, após fechar a loja. Shinji subia as escadas, mas acabou escutando um som, uma melodia, era um violão tocando e vinha de dentro da casa.

— Filha? – Shinji se surpreende ao ver Erika com seu antigo violão. — O que está fazendo?

— Compondo uma música. – Erika sorri ao se lembrar da visão angelical de Julia. — Ou melhor, tentando.

— Decidiu fazer isso por sua amiga?

— Não... eu decidi fazer por mim mesmo. – Erika olha para seu pai com o maior sorriso que seu rosto jamais teve. — Eu decidi que... Vou me tornar uma idol escolar, junto da Julia-senpai.


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Notas finais do capítulo

Ah Erika, minha querida. Como amo escrever sobre ela.
E ai, o que acharam?
Até!



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