Lembranças escrita por Holanda


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Nessa rota alternativa, quem morreu na queda da Beacon foi o Jaune e Pyrrha segue Ruby junto de Ren e Nora para Mistral.



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Pyrrha estava tendo aquele sonho novamente. Não, ela jamais chamaria de sonho, era uma lembrança em forma de pesadelo. Uma lembrança vívida que sempre voltava para atormentá-la. Pyrrha podia sentir o cheiro de fumaça, os metais retorcidos sobre seu corpo, a dor da flecha quente e brilhante que perfurou seu ombro esquerdo, apenas alguns centímetros acima de seu coração, ela podia ouvir o salto alto estalando no chão com os passos que se aproximavam cada vez mais dela, soando mais alto que os ecos de luta e gritos de grimms ao redor.

— Você lutou bem, não se sinta mal, você nunca teve chance. — Aquela mulher lhe lançou um sorriso contido, mas que pingava sadismo.

As duas haviam acabado de lutar no alto da torre da Beacon. Pyrrha perdeu. Agora ela estava presa embaixo de uma grande viga de metal, sua perna esmagada sob o peso do entulho, sua aura esgotada e uma ferida aberta em seu ombro. Até sua confiável arma, Miló Akoúo, tinha sido quebrada.

Parecia o momento de aceitar seu destino. Era inevitável, os olhos frios e ao mesmo tempo cheios de fogo da donzela cruel não deixava dúvidas.

— Você acredita em destino? — Cinder perguntou com uma voz aveludada.

Pyrrha fechou os olhos, pelo menos, Jaune estaria bem.

— Sim.

Cinder sorriu e ergueu a mão com uma chama tremulando em sua palma.

— Eu também.

Pyrrha esperou o fogo vir, mas não veio.

— Pyrrha!

Ela abriu os olhos quando ouviu seu nome ser proferido por uma voz que ela conhecia bem: Jaune.

Não! Não! Não podia ser verdade.

— Jaune? Não! — Ela gritou em desespero.

Não adiantou, ela viu em câmera lenta a mesma cena novamente. Jaune correu com sua espada em mãos cegamente na direção de Cinder que simplesmente se virou, com um balançar de mãos, invocou uma espada de vidro incandescente parando facilmente o ataque de Jaune, a donzela puxou um sorriso sádico e Pyrrha de repente não queria mais aceitar o destino e fez um esforço para tentar se levantar.

Foi inútil.

— Nãaaao! Jaune, não!

Ela se ouviu gritar, viu quando Cinder perfurou de uma vez Jaune com uma espada com a outra mão. Ele caiu de joelhos e olhou perplexo para a arma enfiada na altura de seu peito.

— Não… — Pyrrha sentiu as lágrimas correrem soltas por sua face, Jaune olhou nos olhos dela.

— Desculpe.

A próxima coisa que Pyrrha consegue se lembrar é de ouvir o grito de Ruby Rose e então sua visão foi banhada por um branco total.

Ela acordou de supetão se erguendo e olhando em volta. Pyrrha viu Ren dormindo calmamente, seu rosto tão pacífico como sempre, Nora a seu lado estava esparramada no saco de dormir rosa, com uma das mãos caída sobre sua barriga.

— Panquecas… — murmurou Nora em seu sono pesado.

Pyrrha não pôde deixar de sorrir, sua colega era realmente uma alegria de se conviver.

De repente ela lembrou-se de sua nova companheira de time. Pyrrha olhou para o outro lado e encontrou um saco de dormir vermelho vazio.

Quando Pyrrha acordou depois da queda da Beacon, ela ficou sabendo de várias tragédias. Jaune não sobreviveu, Cinder e seu grupo fugiram, o time RWBY se desmantelou, Weiss foi levava para Atlas, Blake desapareceu e Yang estava resignada em Patch após perder seu braço direito.

Após o período de recuperação, Ruby os procurou pedindo ajuda. Ela não conseguia ficar de braços cruzados, era algo que Pyrrha podia compreender, pois ela sentia o mesmo. Seria o que Jaune ia querer, que eles seguissem em frente, que não parassem de lutar.

No final do inverno, ela partiu para Anima com Ren e Nora sob a liderança de Ruby.

Naquele período, Pyrrha passou a se aproximar mais de Ruby, conhecer melhor a garota que era mais amiga de Jaune. Mas tinha algo que ela começou a reparar sobre a pequena garota… ela escondia alguma coisa sob uma camada de otimismo.

Pyrrha pensou em se levantar e procurar Ruby, mas seu corpo não se moveu por um instante, ela olhou para baixo e viu que estava apertando a borda do saco de dormir com as mãos com tanta força que o sangue sumiu da ponta de seus dedos. Pyrrha soltou a respiração, inalou novamente, o cheiro da floresta entrando em seu nariz, soltou o ar novamente e parecia que seus nervos estavam se acalmando.

Ela conseguiu se levantar puxando sua nova arma, criada com uma combinação das partes de sua própria arma com Crocea Mors.

Miló combinada com a espada de Jaune, virou uma lança grande e poderosa, Akoúo agora tinha uma borda branca que era capaz de se expandir e aumentar a circunferências de seu escudo o deixando maior e mais robusto.

Pyrrha os guardou nas costas e seguiu em frente notando algumas pétalas de rosa vermelha no chão, certamente Ruby estaria por perto. Ela se deslocou entre as árvores, o vento agitando suavemente os fios de seu cabelo, não demorou até ela ver a pessoa que estava procurando.

Ela viu Ruby sentada em um tronco caído olhando para a lua por entre a copa das árvores. Pyrrha se aproximou lentamente, ela se julgou silenciosa, mas parecia que não foi tão quieta como imaginava.

— Sonhos ruins também? — Ruby perguntou de repente, ela não desviou seu olhar do alto.

Pyrrha não respondeu a princípio.

— Eu também fico revendo aquilo. — Ruby continuou como se lesse seus pensamentos,  Pyrrha deu mais alguns passos a frente até esta ao lado da garota. — Toda vez que sinto que está difícil aceitar o que aconteceu, eu penso na minha mãe. — Ruby soltou um pequeno riso. — Soa estranho, mas eu falo com ela sabe, isso me ajuda.

Pyrrha tentou ler a expressão de Ruby, ela teve aquela sensação novamente, que havia algo escondido ali, mas depois de alguns segundos ela desistiu de tentar ver algo que era impossível e simplesmente se sentou no tronco caído ao lado da garota.

— A gente luta para que coisas assim não se repitam, não é? — Ruby finalmente se virou e olhou para o lado, um sorriso um tanto triste em seu rosto. — Eu acho que seria isso que minha mãe diria. Eu a tenho como um exemplo, para ser forte e lutar pelo que é certo.

Pyrrha sorriu para a garota.

— Você é uma boa líder, Ruby, estou feliz de ter decidido vir com você.

Ruby abriu um sorriso genuíno.

— Obrigada, estou feliz que vocês tenham vindo comigo. — O sorriso de Ruby vacilou. — Mas não sei se sou assim tão boa líder, meu time… — Ela olhou para as próprias mãos como se não soubesse o que fazer com elas.

Pyrrha colocou uma mão no ombro da menina e chamou a atenção dela, quando seus olhos se encontraram, ela disse:

— Somos uma equipe, eu sei que não substitui seu time, mas estamos aqui com você.

— Obrigada, Pyrrha. — Ruby se inclinou e ela a recebeu em um abraço, fechando seus braços ao redor da menina de uma forma protetora.

Pyrrha fechou os olhos e encostou o queixo no topo da cabeça da garota menor, enquanto Ruby escondia seu rosto no pescoço dela.

As duas compartilhavam uma lembrança dolorosa e difícil e justamente por causa disso, acharam algum conforto uma na outra.


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