Filha da Tormenta. escrita por Khaleesi


Capítulo 21
Corvo de Três Olhos.


Notas iniciais do capítulo

Céus, quanto tempo, hein? Mas estou de volta, dessa vez para ficar. Sobre meu sumiço tão repentino e tão longo, bem: estava sem criatividade, um nada vinha na minha cabeça para escrever, algo horrível para qualquer pessoa. Mas agora, depois de muita luta (e muita pesquisa), cá estou eu. Espero que todos estejam bem, visto a situação em que o mundo todo se encontra. Que todos estejam se mantendo seguros em suas casas, tomando todos os cuidados para que isso acabe tão rápido quanto como surgiu. Enfim, sem mais delongas, aqui vai um capítulo:



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Arya caminhava lentamente pelo pátio de Winterfell observando o movimento das pessoas enquanto trabalhavam arduamente, se preparando para o inverno rigoroso que se aproximava. O inverno está para chegar, ela pode escutar a voz do pai. Mas seus pensamentos no homem não duraram, pois o praguejar de alguém lhe chamou a atenção. Brienne de Tarth ajudava seu escudeiro a se levantar para uma nova rodada de treino. O som das espadas voltou a ecoar alto, mas durou pouco tempo até o homem tornar a cair no chão.

-Você precisa observar mais o movimento do seu inimigo, perceber onde ele se apoia, esperar ele investir sobre você um pouco para poder atacá-lo -ela disse calmamente, enquanto se aproximava dos dois.

- Milady- eles a reverenciaram, fazendo a garota Stark revirar os olhos em descontentamento.

- Não sou uma lady. Arya, só Arya- ela ralhou, enquanto desembainhava sua Agulha, apontando-a em convite para Brienne.- Podemos?

- Não sei se seria apropriado, Arya. Posso chamar algum dos treinadores disponíveis para a senhorita, creio que seriam mais adequados.

-Oh, certamente seriam. Mas se eu os quisesse, não estaria aqui chamando você para uma pequena justa. Não tema, prometo não machucá-la -sorriu zombeteira, arrancando um olhar afetado da mulher a sua frente.

-Bem, se assim deseja… Mas receio que sua espada não seja a mais apropriada.

- Está com medo? - Arya interrompeu, e logo se posicionou. Brienne segurou sua espada com as duas mãos e avançou sobre a garota, que recuou enquanto defendia as investidas. Ela é muito forte, pensou. Mas é muito lenta.

As duas continuavam as investidas uma sobre a outra, chamando a atenção de quem passava por perto. Todos já haviam visto Brienne em ação com uma espada, estava sempre pelo pátio treinando com Podrick, mas não possuíam noção do quanto a filha de Ned Stark poderia ser tão habilidosa com uma espada. Sansa estava passando por perto do pátio com Mindinho em seu encalço, quando a movimentação chamou-lhe a atenção. Ela se aproximou, a tempo de ver a irmã ser lançada ao chão e sua espada voar pelos ares. 

O impacto de sua costa no chão fez com que Arya ficasse sem ar, mas logo tratou de se pôr de pé de uma maneira impressionante enquanto ria. Talvez não devesse ter subestimado a mulher loira e ofegante à sua frente. Arya sentiu o peso do olhar de sua irmã sobre ela, e a encarou de volta.

-Onde aprendeu a lutar assim? - Brienne aproximou-se dela, a curiosidade explícita em sua voz, assim como o incômodo ao perceber que novamente Mindinho estava rodeando Sansa. 

- Ninguém - respondeu Arya, intrigada com a presença de Mindinho ao lado da irmã mais velha. Não gostava da presença do homem no seu lar, dos seus olhares e sussurros frequentes nos ouvidos de Sansa. Quando os dois saíram de perto, a Stark mais nova segredou para Brienne:-Não entendo o que ele ainda faz aqui. 

*** 

Sansa voltou a caminhar pelos pátios de Winterfell, estava fazendo um ótimo trabalho cuidando dos mantimentos, obras e da confecção das armaduras. 

-Não deveriam forrar as armaduras com couro para o inverno que se aproxima? - Ela questionou o Ferreiro.

- É claro, irei providenciar isso. Com sua licença, Milady- ele falou, antes de se retirar.

- Está fazendo um ótimo trabalho, Lady Sansa - Mindinho falou, tomando seus braços. Ela enrijeceu o corpo, desconfortável. - Você nasceu para fazer isso. Comandar.

- Os nortenhos estão se preocupando só com a ameaça além da Muralha. 

- E deveriam mesmo, Senhor- Sansa respondeu seca.

- Conheço Cersei melhor do que ninguém aqui. Dar as costas à ela…- Mindinho não completou a frase, fora interrompido pela ruiva ao seu lado.

- Você não conhece Cersei melhor do que ninguém aqui.

-Eu quis dizer que…

- Que a assassina dos meus pais e irmão é perigosa? Sábio conselho - ela o interrompeu novamente, a voz carregada de ironia.

- Há duas opções. Os mortos derrotam os vivos, e nesse caso, nossos problemas acabam. Ou a vida vai vencer. Mas e depois? - Mindinho parou, colocando-se de frente à Sansa, enquanto colocava as mãos dela por entre as suas. A garota o olhava assustada.-Não lute no Norte ou no Sul. Lute toda batalha, em todo lugar sempre, na sua mente. Todos são seus amigos, todos são seus inimigos. Todas as séries de acontecimentos está ocorrendo ao mesmo tempo. Viva dessa forma e nada a pegará de surpresa. Tudo o que acontecer você já previu.

Mindinho a encarava como se pudesse ver a sua alma, e aquilo a assustava. Mas logo ela pôs a se desvencilhar de suas garras, quando um soldado gritou por seu nome, chamando a atenção de todos. Ela se virou bruscamente, enquanto soltava a respiração que nem havia percebido ter segurado. 

— Lady Sansa, no portão!— O homem chegou até ela, ofegante a deixando alarmada, mas o seguiu imediatamente em passos apressados até o portão. 

Ao chegar lá, mal podia acreditar em que seus olhos viam.

 

***

Havia três dias que Bran havia saído da Muralha com Meera. Já tinha passado muito tempo lá, era hora de finalmente voltar para casa e permitir que a sua companheira nessa longa jornada pudesse retornar finalmente para o seu lar. E também, ele precisava do Represeiro. Era o único mais perto, e deveria servir o suficiente para que ele aprimorasse seus poderes conforme a ameaça se aproximava. Ele podia senti-los mais perto a cada dia. Precisava estar pronto. 

Estava perto do anoitecer quando se aproximaram das grandes muralhas do castelo de sua família. Foram recebidos por dois soldados jovens, que perguntaram quem eles eram.

— Sou Meera Reed — a garota franzina respondeu, temerosa — e este é Brandon Stark, filho de Ned Stark. 

Não podiam negar que não era o garoto, ele sabia disso. Sua condição era conhecida por todos, desde o dia que caíra das altas janelas de uma das torres do castelo. Enquanto um correu feito um louco à procura de sua irmão, o outro ajudou-lhes a entrar. Tudo era diferente do que Bran Stark se lembrava, e ele se lembrava ainda mais agora. 

Não demorou para que todos se aproximassem do jovem em suas cadeiras de rodas, o olhando curiosamente enquanto cochichavam uns com os outros. Mas seus olhos logo perceberam os longos cabelos ruivos de sua irmã mais velha por entre a multidão. Quando ela se pôs em sua frente, as lágrimas quentes banhavam as maçãs de seu rosto. O que ainda restava de Bran dentro daquele corpo sentiu vontade de confortá-la. Mas ele já não era mais Brandon Stark. Ele era o Corvo de Três Olhos agora, e Brandon Stark era apenas o corpo onde ele habitava.

— Olá, Sansa — sua voz soou pelo pátio, gélida. E a jovem mulher correu para abraçá-lo. Ele podia sentir todos os sentimentos que emanava dela. Quando o soltou, ele pediu para que pudessem ir para o Represeiro. Era como se necessitasse dele ainda mais, agora que estava tão perto.

Depois de garantir que Meera fosse alimentada e aquecida, Sansa empurrou gentilmente seu irmão para o lugar onde o senhor seu pai rezava todos os dias. Já não acreditava mais nos deuses, mas aquele era um lugar especial para ela.

— Queria que Jon estivesse aqui — ela disse enquanto se sentava em um tronco caído na neve. 

— Ele está onde deveria estar agora — ele respondeu, sem olhar para ela, que ignorou isso.

— Você é o último filho legítimo de nosso pai, você é o Lorde de Winterfell agora — aquilo pegou Bran de surpresa. Ele podia sentir uma nova aura rodear a mulher à sua frente agora.

— Jamais poderei ser lorde de lugar algum. Sou o Corvo de Três Olhos agora.

— E o que isso quer dizer?— questionou Sansa, após um tempo em silêncio.

— Quer dizer que eu posso ver tudo. Tudo que já aconteceu com todos, tudo o que está acontecendo agora. Mas tudo está em pedaços, e eu preciso aprender a ver melhor. Pois quando a Longa Noite voltar, eu preciso estar pronto. 

— E como você sabe disso? 

— O Corvo de Três olhos me contou — o olhar intrigado de Sansa o deixava inquieto.— É difícil de explicar… Eu sinto muito pelo que aconteceu com você. Sinto muito que tenha sido aqui. Estava uma noite tão bonita, e você estava linda naquele vestido branco. 

As lembranças daquela noite invadiram a mente de Sansa, a deixando novamente perturbada. Sentiu os olhos arderem com as lágrimas que tornaram a aparecer. E por um momento, era como se ainda pudesse sentir as mãos de Ramsay em seu corpo novamente. Então ela se levantou rapidamente.

— Eu preciso voltar, Bran — ela falou, ofegante enquanto lutava com o nó em sua garganta. 

— Eu ficarei um pouco mais — ele respondeu, mas ela já havia virado as costas para ele e caminhava apressada. Ele realmente sentia muito.

Quando entrou no castelo, Arya a parou imediatamente, fazendo com que a ruiva desse um pulo de susto.

— É verdade o que dizem? Que Bran está aqui?

— Sim, é verdade. Ele está no Represeiro agora. Mas… ele está estranho.

— Estranho como? 

— Ele disse que tem visões. Algo sobre ser o Corvo de Três Olhos. Isso lhe diz alguma coisa?

Arya tentou se lembrar de algo, mas nada lhe veio à memória. Talvez a velha ama tenha chegado a lhe dizer algo em uma de suas histórias, mas fazia tanto tempo desde então.

— Bem, seja lá o que isso queira dizer, acho que está na hora de escrevermos para Jon, avisar que vocês estão em casa. Quem sabe assim ele volte logo.


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