Adeus, Harry escrita por SrtaGaladriel


Capítulo 1
Capítulo Único




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Petúnia Dursley observou a sala, a sala da sua futura antiga casa, observando o cômodo com poucos pertences e moveis; O que era de valor, seja monetário ou em memórias, foi embalado, guardado e colocado no carro deles. Restou apenas aqueles que nenhum deles achou importante levar. 

Ela morava naquela casa desde seu casamento com Vernon Dursley; E isso tinha sido há quase vinte, ou vinte um anos, Petúnia não sabia dizer de certeza. Eles tinham comprado aquela casa com o dinheiro do fundo dele, assim como Petúnia ajudou dando o dinheiro que recebeu de herança dos falecidos pais. Foi entre aquelas paredes que Petúnia criou lembranças da sua nova família, assim como criou o filho.Foi ali que ela formou sua família e era ali que planejava viver até os fins dos seus dias.   Deixar aquela casa, e sua história, era uma coisa difícil a se fazer.

Do lado de fora, Vernon reclamava em alto e bom som sobre a mudança. Petúnia conseguia enxergar perfeitamente o marido com o rosto vermelho, as veias inchadas de raiva, e seus movimentos bruscos parado no meio do jardim gritando coisas que faria os vizinhos acharem que ele enlouqueceu.  Assim como a mulher, Vernon não queria deixar aquela casa. A ideia de não poder mais sentar em sua poltrona velha e gasta para assistir aqueles programas de TV besta que tanto gostava, lhe desagradava.

Acima dela, em seu quarto, Dudley tentava colocar em sua mala mais coisas do que cabia.  Seus passos pesados estralando no chão, suas mãos tremiam tanto que ele deixava cair o mesmo objeto varias vezes no caminho da cômoda até a mala. Ele até podia não compreender totalmente por que ele precisava sair urgentemente daquela casa, mas sabia que era algo sério – mortalmente sério.  

—  Vocês tem que ir — O garoto avisou entrando na sala

A mulher observou o garoto, quase um homem, e soltou um longo suspiro. Ali estava o motivo de ela ter que deixar sua casa, sua vida, tudo para trás. Ali estava o motivo dela não ter paz. Ali estava o motivo de ela conviver diariamente com a culpa todos os dias.

Harry Potter.

O filho único dos falecidos James Potter E Lilian Evans.

O menino-que-sobreviveu.

O garoto órfão.

Uma coisa que ela sentia vergonha de confessar era que ela não conseguia olhá-lo. Ele podia ter a aparência do pai, alto e com cabelos rebeldes, mas aqueles olhos.. aqueles olhos verdes.. eram o reflexo de Lilian. Eram o passado de Petúnia lhe assombrando constantemente. Era como ver Lilian ali.

Lilian.

Petúnia sempre teve a irmã como uma melhor amiga. Mas, então Petúnia a perdeu. Não uma, mas duas vezes. A primeira foi quando Lilian se mostrou uma bruxa, seus sinais de magia fascinaram seus pais e ela fora mandada para uma escola especial, e o fato de Petúnia não ter a mesma magia as dividiu – divisão essa que a própria Petúnia causou. Ela excluiu sua irmã de sua vida, movida totalmente e vergonhosamente por inveja, ignorando as tentativas da irmã de conciliar-se. Então, a segunda vez, Petúnia a perdeu de modo definitivo. Em 31 de Outubro de 1981, Lilian fora morta por um bruxo louco; Deixando para trás uma irmã extremante arrependida e um filho órfão. 

Enquanto todos diziam que ela tinha sido boa em criar o filho da irmã falecida,Petúnia não conseguia deixar de pensar em como aquilo estava errado. Ela não estava sendo boa. Ela não tinha escolha. Ela teve que abrigá-lo, teve que alimentá-lo, teve que cuidar e lhe ensinar tudo que ensinava ao seu próprio garotinho. Mas, ele não era seu. Ela não conseguia vê-lo como seu filho, nem sobrinho, ela só o via como uma obrigação indesejada.  E toda vez que aqueles olhos verdes voltavam-se para ela, Petúnia via o reflexo de sua irmã através daquela criança; Tudo que ela sentia por Lilian - inveja, a raiva, a negação - voltou-se para aquele menino indefeso.

—  Ele esta atrás de mim — Harry avisou quando notou que ela não teve qualquer reação ao seu aviso anterior —  Precisam ir. Não estão seguros aqui. Se ele os pegar... vai matá-los, não importando se sabem ou não meu paradeiro.

Petúnia não se iludia pensando que a proteção de Harry e sua preocupação eram resultado do amor dele por eles, ela sabia que Harry fazia isso por que, amando ou não, eles eram sua família – eles merecendo isso ou não. Ela também tinha consciência que não merecia essa proteção, nem sua preocupação, tinha sido horrível com ele por anos; O manteve dormindo sob as escadas, nunca lhe deu nada além de coisas usadas e o sufocou na sombra do filho. Nunca o amou, não cantou para ele dormir, não o acolheu em seus braços quando ele tinha pesadelos, nunca sentiu nada por ele além da inveja e da raiva.

A culpa caiu sobre seus ombros quando notou o que faria a seguir. Ela partiria, ela e sua família, mas não Harry. Ele permaneceria. Enquanto ela ficaria segura, ele iria enfrentar o perigo, a morte em pessoa, para acabar de vez com tudo aquilo – tendo um final feliz ou não. E era em atos assim, vindos dele, que Petúnia via outra vez sua irmã refletida nele.

 Assim como sua mãe, Harry estava colocando a segurança de todos acima da sua, e assim como ela, estava se encaminhando para um confronto mortal com o homem que o marcou e que tirou dele a chance de ter uma família que o amasse verdadeiramente. Petúnia odiava – e amava secretamente – a nobreza que acompanhava aqueles olhos verdes.

— Adeus, Harry.

Petúnia não sabia se voltaria a ver aquele garoto, aquele que ela criou desde pequeno, e que agora se encaminhava para uma guerra que podia levar sua vida – assim como levou a de seus pais.  E tudo que ela conseguia pensar era na culpa que carregaria para sempre: Culpa por ter excluído sua irmã de sua vida. Culpa por se deixar dominar pela inveja. Culpa por não ter conseguido amar um garotinho sem mãe. Culpa por não conseguir amar Harry Potter, o filho de Lilian Evans.

E então, Petúnia notou que estava perdendo Lilian por uma terceira vez. Dessa vez, entretanto, ela permitiu chorar por essa perda.


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